Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele.

Platão

– Capítulo Trinta e Seis –

Eles Voltaram

Draco não sabia como reagir ao presenciar aquela cena, ali diante do corpo morto de seu pai. Um homem que embora tenha errado tanto na vida, soube admitir os seus erros e não merecia uma morte como aquela.

Agatha se aproximou de Draco, meio sem saber como se portar, pois, embora ainda fossem casados, eles não eram mais um casal. Meio sem jeito, ela o abraçou e ele correspondeu ao abraço como se aquela fosse a única coisa que ele podia fazer no momento.

Não se sabia quanto tempo eles ficaram ali, mas, o corpo já havia sido retirado do local, alguns aurores já haviam ido embora, talvez para tentar encontrar os comensais que fugiram. Outros desaparataram com as crianças que estavam na casa e com as que ficaram escondidas na floresta, mas Harry, Gina, Rony e Hermione continuavam ali, em silêncio, apenas testemunhando a cena de Draco e Agatha abraçados desde o acontecido.

Agatha de repente o soltou e fitou seus olhos, que naquele momento só tinha dor e frustração.

- Você não precisa ser forte o tempo todo Draco. – disse Agatha com nítidas lágrimas em seus olhos – Uma hora você vai ter que chorar.

- Fica comigo. – pediu Draco com a voz rouca.

- Sempre.

Então eles se beijaram, se beijaram como há muito tempo não acontecia, como se não tivesse passado muito tempo desde a época de escola em que a paixão dominava seus corpos, pena que uma morte que tenha revivido esse sentimentos nos dois.

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Já havia se passado um mês desde a morte de Lúcio e as prisões dos comensais detidos. Ninguém quis conversar sobre o assunto de como aconteceram às coisas, pois, doía lembrar que Lúcio havia feito parte disso.

Draco não falava muito, mas, já parecia estar superando o ocorrido, Agatha dava-lhe todo o apoio possível, e enquanto a Jacob, Scorpius e Kendra eles simplesmente passavam os dias trancados no quarto.

- Não quero ver ninguém. – gritou Kendra do seu quarto quando alguém batera na porta.

- Nem mesmo eu? – perguntou Alvo já abrindo a porta.

- Não quero conversar Alvo. – disse Kendra colocando um travesseiro sobre a sua cabeça, tapando o seu rosto.

- Uma hora você vai ter que sair do seu quarto. – disse Alvo se sentando na beirada da cama.

- Eu sinto falta do meu avô. – disse Kendra tirando o travesseiro do seu rosto, ela estava completamente vermelha, acompanhado de seus olhos que estavam inchados.

- Eu sei. – disse Alvo compreensivo – Mas eu tenho certeza que ele não ia querer te ver sofrendo assim.

Kendra não disse nada, mas levantou para encarar Alvo.

- Sev, ele se jogou na frente da mamãe do seu pai. – disse Kendra com a voz falha.

- Li, ele morreu como um herói. – disse Alvo abrindo um sorriso – E você como uma Malfoy deveria sentir orgulho disso.

- Eu não vou conseguir me acostumar. – lamentou-se Kendra – Eu nem tive tempo de dizer adeus.

- Você pode fazer isso agora. – disse Alvo se sentando mais próximo a Kendra, e então eles se abraçaram.

- Adeus vovô. – disse Kendra baixinho.

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- Oi. – disse Rose para Scorpius se sentando ao seu lado.

Eles estavam sentados no chão, perto da pia da cozinha.

- Oi. – disse Scorpius sem emoção.

- Que bom te ver longe do quarto. – disse Rose com um sorrisinho.

- Eu queria ficar sozinho e lá todo mundo me pertubava. – disse Scorpius simplesmente.

- Me desculpa, eu vou embora, então. – disse ela fazendo menção de levantar.

- Não. – disse Scorpius segurando o braço dela – Fica comigo.

Rose voltou a se acomodar ao lado de Scorpius.

- Sabe o que o meu avô sempre dizia? – Rose balançou a cabeça negativamente – *Que um Malfoy sempre deve fazer o seu trabalho perfeitamente, sem nenhum erro.

- Então ele certamente o fez, sem nenhum erro. – disse Rose pegando na mão de Scorpius.

Scorpius assentiu.

- Está preparado para voltar à escola amanhã? – Rose perguntou meio insegura.

- Não. – respondeu Scorpius respirando fundo – Mas eu supero.

- Estarei com você. – disse Rose amavelmente.

- Obrigado. – disse Scorpius erguendo a mão de Rose e dando um beijo em seguida.

Depois ele fitou os olhos azuis de Rose e acariciou o seu rosto, Rose fechou os olhos como que aproveitando o momento.

- Scorp. – Rose começou num sussuro – Me perdoa pelo o que eu fiz, eu estava confusa...

- Shiii. – disse Scorpius colocando um dedo nos lábios de Rose – Eu não quero mais lembrar disso, vamos esquecer.

Rose assentiu sorrindo e em seguida Scorpius a beijou, ele estava segurando essa vontade de tomá-la para si, fazia muito tempo, mesmo depois do que ela lhe fez, mas ele sabia que não conseguiria ficar com raiva da garota por muito tempo, pois, o que ele sentia era mais forte.

- Eu quero lembrar desses momentos a partir de agora. – disse Scorpius quando parou de beijá-la.

- Então é por isso que vocês sumiram? – disse Tiago encostado na pia da cozinha, olhando pra eles com pura malícia – Hei Jake, Fred, vem ver isso.

Jacob entrou na cozinha, ele estava péssimo, seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos vermelhos e inchados.

- Peguei os dois se beijando.

- Se beijando? – disse Jacob incrédulo enquanto Fred fazia cara de interrogação.

- Jake... – começou Rose, mas, foi cortada por outra pessoa.

- Quem é que estava se beijando? – perguntou Alvo entrando na cozinha de mãos dadas com Kendra que parecia emburrada por sair do quarto.

- Rose e Scorpius. – disse Jake sorrindo de lado.

- Minha irmã! – exclamou Hugo também entrando na cozinha com Lílian.

- Saco! – exclamou Scorpius se levantando junto com Rose – Vocês combinaram ou coisa parecida?

- Perai. – disse Fred ainda com uma interrogação da cabeça – Você não gostava do Jake?

- Ela tava confusa. – disse Kendra se manifestando pela primeira vez – Eu disse isso a ela.

- Você gostava de mim? – disse Jacob confuso.

- Eu sei a dor que você deve estar sentindo agora Jake. – disse Fred colocando a mão no ombro do amigo – Sei que você gostava dela.

- Gostava de quem? – perguntou Tiago dividoso.

- Gostava de mim. – disse Rose obvia.

- Da Rose! – disse Alvo e Lílian ao mesmo tempo.

- Isso é ridículo! – disse Tiago e Kendra ao mesmo tempo.

- Por que é ridículo? – perguntou Scorpius irritado.

- Por que eu não gosto da Rose, definitivamente – disse Jacob firme.

- E todas aquelas coisas que você me falava? – perguntou Rose atônita.

- Eu disse que ele fala assim com todas. – disse Kendra girando os olhos.

- Mas de qual Weasley você estava falando então? – perguntou Fred.

- Da sua irmã. – disse Tiago com um sorrisinho.

- Da minha irmã!

- Isso da Roxy. – confirmou Jacob.

- De mim? – perguntou entrando na cozinha, a garota negra de cabelos enrolados até a cintura que mexia com a cabeça de Jacob.

- Droga. – disse Jacob bagunçando ainda mais os cabelos.

- Ferrou. – disse Tiago jogando as mãos para o alto.

- Eu disse no trem que o Jake gostava de você. – disse Scorpius vitorioso apontando para Roxanne.

- Você disse seu pirralho. – disse Jacob entre os dentes.

- Você devia ter dito antes que se tratava da minha irmã. – reclamou o ruivo.

- Minha cabeça dói. – disse Jacob coçando os olhos.

- Deixa que eu cuido de você. – precipitou-se Roxanne.

- Vamos com calma Roxy. – disse Fred.

- Começou a chatice. – disse Hugo girando os olhos.

- Não se meta Hugo. – disse Kendra.

- Não se mete você. – disse Lílian.

- Não fala assim com ela Lílian. – disse Alvo irritado.

- São vocês que devem...

Na sala de estar, seis figuras ouviam tudo o que se passava na cozinha.

- Está ouvindo meu amor. – disse Agatha que estava deitava no sofá agarrada a Draco. – Eles já estão brigando, sabe o que isso quer dizer?

- Que eles já estão melhor. – disse Draco sorrindo, um sorriso que ninguém via há dias. – Eles voltaram.

- Levando em consideração que foi uma briga deles que nos ajudou na floresta. – disse Gina satisfeita.

- Que tal a gente ir até lá e dizer pra pararem. – disse Harry.

- Não Harry. – disse Hermione – Deixa eles.

- É bom ouvir esse som. – disse Rony.

- Padrinho! – exclamou Kendra correndo para o colo de Rony. – Hugo é um chato sem noção.

- Ok. – disse Draco se levantando – Vou parar a briga.

Depois que Draco expulsou todos da cozinha e cada um foi parar em um lugar da casa, Kendra resolveu se aproximar de Agatha.

- Podemos conversar mamãe? – pediu ela hesitante.

- Claro meu amor. – disse Agatha surpresa, Kendra não dirigia a palavra a ela desde a morte de Lúcio. – Vamos ao escritório.

Quando chegaram até o escritório Kendra se sentou em uma poltrona e Agatha de frente a ela.

- O que você quer...

Agatha foi interrompida por um forte abraço dado por Kendra de repente, esta chorava muito.

- Meu anjo o que aconteceu? – perguntou Agatha assustada.

- Me perdoa mamãe. – pediu Kendra entre os soluços. – Me perdoa pelas coisas horríveis que eu falei.

- Mas você só estava atuando. – disse Agatha sorrindo.

- Não o que eu falei fora da casa. – explicou Kendra chorosa – Aquilo foi para distrair os comensais. Mas o que eu falei lá dentro, pela senhora ser culpada pelo divórcio, me perdoa eu fiquei transtornada, com medo de imaginar vocês dois separados.

- Não se preocupe, eu nem me lembro mais. – disse Agatha sincera. – Você é minha princesinha, eu nunca ficaria aborrecida com você.

- Eu te amo mamãe. – disse Kendra.

- Eu também te amo mon petit. – disse Agatha sorrindo.

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Alvo havia ido para a varanda depois que foi expulso da cozinha, e lá lendo um livro sentado em um banco se encontrava Snape.

- Sr. Snape. – disse Alvo se aproximando – Posso falar com o senhor?

Snape abaixou o livro e assentiu para Alvo.

- Eu não tive muito tempo desde o dia em que... o senhor sabe. – disse Alvo se referindo a morte de Lúcio – Mas eu queria agradecer pela ajuda, o senhor não tinha por que me dar atenção e mesmo assim, não se importou com a minha idade e me deixou ir. Me tratou como adulto, obrigado.

- Eu não te tratei como adulto, Alvo. – disse Snape sério – Eu te tratei como uma pessoa madura. Quando eu era professor em Hogwarts, eu meio que subestimava certo aluno, mas, ele me provou ao contrário, me provou que era capaz e você fez o mesmo. Você se parece muito com o seu pai Alvo, estou orgulhoso de você.

- Obrigado. – disse Alvo sorrindo.

Snape deu um sorriso satisfeito e eles permaneceram ali até o final da tarde.

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*Essa frase foi retirada da minha primeira fic “A Descoberta” quando Draco fala do pai no capítulo três.