Verdade Ou Desafio? - 9a Temporada escrita por Eica


Capítulo 9
O melhor dia da minha vida




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Marco

Depois de uma audiência de conciliação realizada em Votorantim, voltei para o escritório no centro de Sorocaba. Naquele momento, Rafael saía do banheiro. Sorriu quando me viu.

- Tudo bem, cara?

- Estou com fome. – respondi. – Pode fazer duas cópias deste processo? Obrigado.

Passei-lhe um maço de papéis que estavam dentro de minha pasta. Rafael foi até a impressora e começou a tirar cópias dos papéis. Sentei-me na cadeira da mesa de meu pai e fiquei ali, sentindo o estômago roncar.

- Você tem mais três diligências hoje, né?

- Tenho, e não almocei nada. Não sei se chegarei em casa a tempo pra jantar.

- Vixi! Eu tinha um pacote de rosquinhas doces, mas comi as duas últimas. Se soubesse que você não tinha comido, eu teria deixado pra você. Você não tem um tempinho pra ir comer na lanchonete mais próxima? Ou eu posso pedir marmitex.

- Não tenho tempo. Já vou ter que sair. Só vim pra tirar essas cópias. Meu pai apareceu hoje?

- Não.

Grampeei as duas cópias, coloquei-as em minha pasta e saí do escritório. O dia estava muito chato e eu senti que tudo estava conspirando contra mim. Na última audiência trabalhista do dia, a reclamada não compareceu a audiência, obrigando-nos a esperar que uma nova audiência fosse marcada.

Saí de Jundiaí e voltei para Sorocaba louco para comer. Estacionei o carro na garagem e abri a porta da sala. Tudo estava escuro, mas luzes fracas pareciam vir da cozinha. Fui para lá. Deparei-me com velas sobre o balcão, a pia e a mesa de jantar. Bruno estava sentado em frente a esta mesa, e sobre a mesa, havia também pratos, talheres, taças, uma garrafa de, imagino que de champanhe, um assado e dois tipos de saladas.

- Eu não fiz este assado, tá? – disse Bruno.

Analisei-o agora. Usava roupa social. Aproximei-me.

- Que salada é?

- Tem salada de alface, salpicão de frango e este aqui é lagarto com batata. Ah, e a farofa, é claro. Do jeitinho que você gosta.

- Champanhe?

- Champanhe.

- Preparou tudo? – indaguei, expressando minha surpresa na voz.

- Não. – riu. – Não sei cozinhar, Mi.

Antes de me juntar a ele na mesa, dei-lhe um beijo na boca.

- Agora que já deu pra dar o clima, posso ligar a luz?

- Por favor.

Ele levantou-se e acendeu a luz. Agora pude enxergar bem a comida. Estava esplêndida visualmente falando.

- Deve se perguntar por que fiz tudo isso. – disse, atrás de mim.

- Certamente.

- É uma ocasião especial. – disse, com as mãos sobre meus ombros.

- Especial? Que dia é hoje? – falei, virando o rosto com a intenção de fitá-lo.

- Hoje não é um dia, mas será.

- Futuro do presente?

Ele riu.

- É.

E sentou-se.

- Vamos comer?

Conversamos durante o jantar. A carne estava excelente e as saladas também. O champanhe bem gelado. Quando terminamos de comer, Bruno levantou-se, tirou os pratos da mesa e colocou uma espécie de torta no centro da mesa. Pegou pratinhos de sobremesa e me serviu.

- O que é?

- Torta de sorvete.

- Torta de sorvete? Parece bom.

Experimentei. De fato, estava deliciosa.

- Gostou? – indagou ele, sorrindo.

- Sim. Está ótimo. Você quem fez?

- Foi.

- Sério? Está muito bom.

- É a única receita que acertei em toda minha vida. O nível dela era fácil também. Era o que dizia na revista.

Ri.

- E então? Não vai me dizer por que a ocasião é especial?

- Vamos comer primeiro. Depois eu falo.

Repeti três vezes. Depois não agüentei mais, já que havia comido demais no jantar. Quando Bruno guardou a torta na geladeira, sentou em frente de mim outra vez e começou:

- Bem, estamos juntos há bastante tempo. Você sabe que eu te amo e quero ficar com você pra sempre. Nunca estive tão certo sobre com quem quero partilhar todos os momentos da minha vida. Você é tudo pra mim, Mi. Faz-me sentir amado, desejado, você me entende, é o cara mais maravilhoso do mundo.

No instante em que pediu a minha mão e a segurou, abaixou o olhar e seus olhos lacrimejaram. Depois de uns segundos de suspense, ergueu-os para mim e disse:

- Quer casar comigo?

Paralisei por alguns segundos. Não achei que ele estivesse me perguntando aquilo. Ou melhor, não achei que ele pudesse me perguntar aquilo. Em conjunto com minha incredulidade, estava a surpresa feliz em ouvir tal pergunta dele.

- Você está... Você quer... Casamento? – gaguejei.

- Eu te amo e quero partilhar tudo com você. Até o seu nome. Quero que todos saibam que estamos juntos e pretendo ficar junto de você até que a morte nos separe.

Suas palavras provocaram em mim uma emoção tão forte que uma vontade de chorar se instalou em minha garganta, comprimindo-a. Levantei da cadeira, fui até ele e o abracei.

- Me caso sim.

- De verdade? – disse, caindo em lágrimas. – De verdade? Oh, Mi! Como te amo! Como te amo!

Deixei que ele levantasse de sua cadeira para nos abraçarmos com mais conforto. Beijei-lhe e o abracei forte.

- Vai! Põe a aliança. Coloca.

- Que aliança?

- Oh! Não te dei! Verdade. Espera.

Fuçou nos bolsos da calça e tirou uma aliança dourada e fosca do bolso direito. Pegou minha mão direita e colocou o anel em meu dedo anular.

- Como acertou o tamanho do meu dedo? – disse, sinceramente curioso.

- Te conheço inteirinho, Mi. Gostou da aliança? Preferi uma tradicional pra te dar.

- É muito bonita.

- Coloca a minha pra mim.

Ele tirou outra aliança do mesmo bolso e com esta aliança, pus em seu dedo anular. Em seguida, ele me deu um abraço forte.

- Aaaaah! Estamos noivos! Estamos noivos!

- Mas... Estou meio confuso. – quando disse isso, ele me soltou, sem, no entanto, se afastar. – Casamento? Podemos mesmo?

- Você está muito “por fora”, Mi. É lógico que podemos. Há muito tempo já. Inclusive já conheço um juiz que autorizará nosso casamento. Primeiro precisamos reconhecer nossa união no cartório e depois...

- Que juiz?

- Amigo do seu pai.

- Meu pai?? Contou pra ele que ia me pedir em casamento??

- Eu precisava. Ah! E sua mãe já sabe também.

- Que?

De repente, a alegria foi tamanha que eu ri:

- Você não existe.

- Vem, quero comemorar nosso casamento lá no quarto, e desta vez, você me prende à cama.

Instantaneamente, senti um nervosismo percorrer todo o meu corpo.

- Melhor não.

- Por que? – disse, com olhar desapontado.

- Não tenho nenhuma habilidade pra isso.

- Você acha? Tenta uma vez.

- Não me sentirei confortável. – confessei, quando já estávamos dentro do quarto.

- Sem correntes então?

- É, melhor.

- Tá bom.

Bruno foi o primeiro a deitar na cama. Deitei sobre ele em seguida. Beijei-lhe com delicadeza nos lábios, mas nossas línguas mais se roçaram durante um tempo. Passei-lhe a mão na coxa esquerda e só neste momento, os beijos vieram. Mudamos. Deitamos um do lado do outro e fomos tirando uma peça de roupa por vez até ficarmos somente de cueca. Não paramos de nos beijar. Nossas pernas se enlaçaram. Passei-lhe a mão na coxa. Beijei-lhe nos mamilos. Ele ficou agarrado a mim. Passou a mão na minha cintura e beijou-me nos mesmos lugares que eu o beijei. Também lambeu meu peito de baixo a cima. Estimulou-me com a mão quando ficou debruçado sobre mim. Em alguns momentos voltou a me estimular, fazendo meu corpo vibrar com o prazer que despertava em mim. Beijou meu peito várias vezes e, um tempo mais tarde, abaixou minha cueca e a tirou. Pegou no meu pênis e o estimulou com a mão e com a boca.

Senti meu rosto queimar naquele instante e o virei para não observá-lo fazendo aquilo. Meu corpo todo enrijecia cada vez mais e estremeci várias vezes. Eu era muito fraco para aquilo. E não sei que força dentro de mim me permitiu suportar quase quatro minutos de pura tensão na ponta de meu pênis. Me segurei muito para não explodir fora de hora.

E foi só dali a quatro minutos que tornamos a nos beijar quando fiquei sobre ele. Posicionei minha perna direita entre as dele e beijei seu peito repetidas vezes. Mais tarde arranquei sua cueca e ouvi-o dar um risinho infantil.

Penetrei-o devagar, quando já havia colocado a camisinha. Bruno ficou de quatro na cama, com a cabeça deitada no colchão. Eu, de joelhos atrás dele, segurava em seu bumbum e lhe acariciava de vez em quando. Como eu já havia sido muito estimulado, gozei muito antes dele, mas continuei fazendo amor com ele até ele gozar. Ele percebeu isto, para minha vergonha, mas não se incomodou.

No final, ele me pediu que deitasse com ele. Deitei de lado e ele permaneceu de bruços na cama. Virou o rosto pra mim, sorrindo.

Eduardo

Na sexta-feira, Bruno me ligou dizendo que eu não poderia faltar a um almoço em sua casa neste sábado. Segundo ele, tinha uma boa notícia para nos dar. Não. Não parecia uma boa notícia. Parecia uma notícia espetacular pelo jeito como ele falou comigo. Estava empolgado. Queria me contar o que era, mas desejava contar a todos os seus amigos ao mesmo tempo.

- Não pode me dar uma dica? – pedi.

- De jeito nenhum! Você é esperto e vai sacar. Não quero. Te vejo no sábado, e não esquece de levar o pai com você.

Ri:

- Tudo bem.

O “pai” estava no trabalho. No dia anterior, havíamos discutido a respeito da sua decisão de pedir a aprovação de Leonardo para iniciarmos um relacionamento. Ele me aborreceu tanto com aquilo que não falei com ele o dia inteiro. Não lhe mandei mensagens no celular e nem falei com ele quando o busquei na rodoviária. Quando tentou falar comigo, provoquei-o, dizendo: “Você precisa da aprovação dele pra falar comigo também, por isso...”, fiz sinal de “bico calado”. Veio pra cima de mim pedindo desculpa mais de uma vez. Na segunda vez que fez isso, eu disse que se nosso relacionamento começasse daquele jeito, então não terminaria bem. Ele me olhou de um modo tão triste que fiquei com dó.

Suspirei:

- Se vai se sentir melhor pedindo pra ele, então peça, mas saiba que ele não decide nossa vida.

- Não é este o caso. Só quero saber se ele não se sentirá mal se começarmos a namorar.

- Já namoramos antes.

- Eu sei, mas desta vez é diferente.

Aproximei-me dele, toquei no seu rosto e olhei-o fixamente.

- Eu entendo o que quer fazer, mas você acha mesmo que precisa fazer tudo isso?

- Eu o amo e te amo também.

Com esta declaração, não briguei com ele outra vez. Quando eu o busquei na rodoviária, comentei sobre o almoço na casa de Bruno.

- Primeiro pegamos Sofia e depois vamos a casa dele? – indagou, enquanto eu dirigia.

- Claro, por que a pergunta?

- Sei lá... Ah, e... Eu conversei com o meu chefe sobre eu sair da empresa.

Virei o rosto para ele:

- E o que ele disse?

- Ele é um cara muito bacana. É um pouco mais velho que eu, você sabe, e não ficou muito feliz. O pessoal de lá gosta de mim. Ele disse que os meus clientes sempre têm um retorno positivo e sugeriu que eu continuasse trabalhando pra ele, mas em casa.

- Sério? – falei, super feliz por ele. – Será ótimo pra você, Dodô!

- É, eu não acreditei quando ele falou. – disse ele, sorrindo. – Não achei que haveria esta alternativa. Terminarei os meus últimos serviços em casa. Em casa!

- Já? Já poderá trabalhar em casa?

- Ailton é um anjo. Foi bastante compreensivo.

- Então essa foi sua última viagem de ônibus?

- Hum-hum.

- Poderá acordar até tarde amanhã. Se bem que amanhã é sábado, então não fará diferença em relação às semanas anteriores.

- Tem algo pra jantar? Estou com fome.

- Desculpe, mas não planejei nada. Mas podemos passar numa pizzaria e pegar uma pizza. E refrigerante. Não tem refrigerante em casa.

- Certo.

Fizemos isso. Chegando em casa, comemos apenas a pizza. Cada um comeu uma metade dela. Depois disso, fiquei ouvindo a televisão enquanto arrumava meu colchão na sala. Em seguida, sentei no colchão, encostando as costas no sofá atrás de mim. Pus o cobertor sobre o corpo e trouxe meus joelhos para perto do peito. Abracei minhas pernas. Donatelo veio para a sala.

- ‘Roseli’ passou as roupas da Sofia. Tinha muita roupa dela pra lavar.

Enquanto ele vinha se aproximando do centro da sala, chamei-o com a mão. Ele sentou do meu lado.

- Me sinto muito velho.

- Você não está velho. – retruquei, olhando para ele.

- Estou começando a ficar preocupado.

- Por que?

- Minhas costas começaram a doer, e eu nunca tive problema nas costas. E também tudo está começando a cair.

Gargalhei.

- Qualé! Você está longe de chegar aos quarenta anos, não que esta seja uma idade ruim.

- Sou um pai velho. Quando a Sofia chegar à pré-adolescência, eu já estarei decrépito.

Ri.

- Mas ao contrário de mim, você ainda estará muito jovem. Todos serão mais novos que eu.

- A diferença entre nós dois é de oito anos.

- Viu só? Quase dez anos! Quando eu tiver quarenta, você terá trinta. Quando eu tiver cinqüenta, você será quarenta...

- Isso te preocupa?

- Não, só estou enchendo o saco. – disse, dando um risinho.

- Deita.

- Ham?

- Deita.

Levantei e consegui fazê-lo deitar no colchão. Depois deitei ao seu lado e nos cobri com o cobertor. Dormimos. Acordei 7h12min da manhã (segundo o relógio que ficava na sala). O antebraço de Donatelo estava sobre minha cintura. Como era muito cedo, voltei a dormir. Acordei cerca de uma hora depois. Donatelo acordou comigo. Virei-me um pouco para o seu lado.

- Não quero levantar. Está quentinho aqui. – disse.

- Devia ter colocado um pano debaixo da porta. Não está sentindo o vento entrando?

- De vez em quando.

Perguntei para onde ele iria quando se levantou. Disse que ia se preparar para buscar Sofia.

- É cedo ainda. Seus pais não devem estar acordados.

- A Sofia tem horários estranhos pra dormir. Pode ser que já tenha acordado.

- Tá, tudo bem.

- Não precisa ir comigo. Pode continuar aí. Não vou demorar.

- Tá.

Rafael

Já era 11h20min da manhã quando Donatelo passou na minha casa para me levar para a casa de Bruno. Lucas já estava no carro. Sofia estava sentada em sua cadeirinha ao lado da janela e Duda no banco da frente ao lado de Donatelo. Contaram as novidades, inclusive a novidade de que haviam voltado.

- Eu meio que achei que vocês não fossem voltar. – confessei.

- É? Por quê? – indagou Duda, olhando pra mim.

- Por causa do seu parceiro aí. Donatelo é meio instável. Vamos ver até quando vai durar o relacionamento de vocês.

- Hei! – exclamou Duda.

Dei risada e disse que estava brincando.

Chegamos em frente da casa de Bruno e pelos carros na rua, já dava para notar que alguns convidados para o almoço haviam chegado. Donatelo estacionou em frente a uma construção, a duas casas abaixo da de Bruno. Fomos para a casa dele. Donatelo carregava Sofia e a pequenina estava uma gracinha. Prenderam duas mechas do seu cabelo com dois laçinhos brancos. Vestia blusa de frio rosa, calça branca e um vestidinho por cima de várias tonalidades de lilás e rosa. Estava de chupeta na boca.

- A Soo está com cara de sono. Olha pra ela. – comentei, dirigindo-me a Donatelo.

Ele olhou para Sofia. Sua expressão era de desânimo. Acho que estava cansadinha.

- É que faz pouco tempo que ela acordou. – respondeu Donatelo.

- Ah.

Entramos na casa de Bruno. Reconheci o pai de Marco na sala. Em seguida acabei conhecendo a mãe dele, também os pais de Bruno e uns colegas deles que eu nunca tinha visto antes. Em pouco tempo, Michelangelo apareceu. Pudemos almoçar quando todos os convidados vieram. Uma hora depois do almoço, nos reunimos na sala, onde lá, Marco e Bruno anunciaram que iam se casar. Todos ficaram muito felizes com a surpresa e desejaram felicidades aos dois, além de perguntarem como seria feito.

- Quero bolo de casamento. – disse Wilson, o pai de Marco.

É certo que o coração de todos se encheu de alegria pelos dois. O meu encheu. Fiquei alegre por eles. Durante a conversação na sala, Marco disse: “Nenhum dia é como o outro. Nunca sinto tédio, porque ficar com ele é sempre o meu melhor dia”. Rimos quando Bruno chorou ao ouvir isso.

Eduardo

Sábado. Uma semana depois do anúncio do casamento. Acompanhei B.B ao shopping porque ele queria muito encontrar uma roupa de qualidade para o casamento. Queria uma roupa social que fosse a cara dele, por isso entramos em muitas lojas para ver as opções.

- Me diz: quando teve a idéia de pedi-lo em casamento? – indaguei.

Estávamos dentro da loja Buckman, vendo camisas sociais ¾.

- Sempre me imaginei casado com ele, mas faz pouco tempo que pensei seriamente nisso. Ele é tudo pra mim, Du. Sabe como é isso? Olho pra ele e fico pensando na sorte que tive em conhecê-lo. Ele nunca levantou a voz pra mim, nunca me agrediu verbalmente, o Mi é sempre muito calmo comigo. Ah, droga! Eu vou chorar!

- Ooooh! – disse, me aproximando dele e o abraçando de lado.

Bruno se controlou e não verteu nenhuma lágrima. Continuei agarrado a ele.

- Pode chorar, bobinho.

- Não, tenho que ser forte.

Ri e o soltei. Continuamos olhando as camisas penduradas numa arara de chão.

- Então você quer uma roupa...

- Se você encontrar uma bonita que combine comigo... Que cor combina com o tom da minha pele?

- Qualquer cor. Ah! Essa cinza e essa preta são lindas.

- Tem meu tamanho?

- Deixa eu ver... – procurei. – Tem sim. Vai experimentar?

- Vou sim.

- Essa camisa azul também é bonita.

- Pega pra mim? Vou experimentar.

B.B terminou experimentando várias camisas: três camisas de diferentes tonalidades de azul, vários modelos de camisas pretas, e também experimentou quatro camisas de diferentes tonalidades de cinza. Gostou da maioria e ficou indeciso. Também experimentou várias calças. No final do passeio, ficamos cheios de sacolas nas mãos. Resolvemos almoçar no shopping. Entramos na Spoleto (restaurante de culinária italiana). Sentamos numa mesa e fizemos nosso pedido ao garçom. Comi crepe recheado com quatro queijos. Bruno resolveu experimentar a carne de coelho assado.

- Este restaurante não te lembra alguém não? – provocou. Depois de um tempo: - Ainda não te perguntei como foi a semana com Donatelo. – disse, mastigando um pedaço de carne.

- Foi boa.

- Ele está conseguindo trabalhar e cuidar da Sofia ao mesmo tempo?

- Por enquanto ele me falou que não teve dificuldade. Se bem que ele tem passado a noite acordado. Fez isso três noites seguidas.

- Está com algum serviço atrasado?

- Não. Pra mim ele quer evitar atrasar.

- Você está dormindo na sala de novo?

- Não. Levei a minha cama de solteiro pra casa dele. Estou dormindo no seu quarto.

- Por que não dorme com ele?

- A Sofia dorme com ele. Minha cama fica encostada com a parede ao lado da dele.

- Ah, mas isso não está certo. Estão a acostumando mal. Ela devia ficar no quartinho dela que é lindo. Além do mais, os pais dormem juntos. Os filhos precisam dormir no seu próprio espaço. Vou conversar com o Donatelo.

- Que?? Não precisa fazer isso.

- Não precisa? – indagou, desconfiado. – Me diz uma coisa, senhor Eduardo, qual foi a última vez em que vocês fizeram amor?

- Isso é importante? – retruquei, corando.

- Claro que é! Sexo é uma demonstração de amor e desejo. Quando foi que vocês demonstraram um ao outro pela última vez?

Ri:

- Que papo estranho. Engole seu coelho aí, senão vai esfriar.

Ele riu. Mastigou mais um pouco de comida e prosseguiu:

- E a relação de vocês com o Leonardo?

- Não nos falamos essa semana, mas o Donatelo tem ligado pra ele.

- Ah, é?

- É. É o que ele fala pra mim. – olhei para meu prato.

Larguei meu garfo e esfreguei as mãos nos olhos, suspirando:

- Ele não me dá segurança alguma nessa relação. Ainda não estamos cem por cento e parece que alguma coisa o segura.

- Pra quem foi pedir aprovação de certa pessoa, já posso imaginar o que o segura. – comentou, rindo.

Lancei o olhar para Bruno. Ele olhou-me também e concluiu:

- Devia conversar mais uma vez com ele. Já se passou um tempo considerável, de maneira que ele já devia ter superado esse negócio com o Leonardo. Gostando dele do jeito que você gosta, sei que dará um jeito de superar este obstáculo.

Donatelo

Rafael veio em casa trazendo vários DVDs de filmes que ele baixou e gravou. Perguntei por que Lucas não veio com ele. Disse-me que ele havia ido ao médico outra vez.

- Está tudo bem com ele. – tranqüilizou-me. – É só rotina. Agora ele tem que ir sempre pra ver como anda a cabeça.

- Alguma melhora desde a última vez em que nos vimos?

- Sim, ele continua se lembrando de episódios da infância... SOFIAAAAAAAAA!

Quando Soffy chegou na sala, Rafael correu atrás dela. Agarrou-a e beijou muito as suas bochechas. Trouxe-a para a sala e sentou-a em seu colo.

- Essa menina fica cada dia mais bonita. – disse, passando a mão em seu cabelo.

Hoje fazia mais calor que os dias passados, por isso deixei Sofia só de camisetinha branca e calcinha. Os cabelos estavam soltos e já haviam crescido bastante. Incrível como ela não me lembrava em nada. Bem, puxou minha pele clara. Ela conversou um pouco com Rafael, mas depois escorregou do seu colo e foi direto a alguns de seus brinquedos espalhados no centro da sala.

Deixei os dois na sala para terminar de trocar o lençol da minha cama. Quando voltei para a sala, a televisão estava ligada e Rafael continuava sentado no sofá.

- O que está assistindo? – indaguei, sentando ao seu lado.

- Tartarugas Ninjas.

- Ah! Legal! Você baixou?

- Baixei. Dentre todas as tartarugas eu prefiro o Rafael.

- Por que será? Eu gosto do Donatelo. Principalmente agora nesta parte do filme. É bem engraçado.

- Cala a boca! Eles vão aparecer. Olha, olha, agora!

- Demais!

- Santa Tartaruga!

- O Michelangelo é muito legal. Os dubladores são muito bons, né? Deram personalidade a eles.

- O Rafael é o mais ágil e forte.

- De onde tirou isso?

- É só ver.

- Ééé, éé, yéyééé. – dissemos, ao mesmo tempo, imitando a fala de Donatelo no filme.

Passaram-se uns minutos e continuamos assistindo ao filme. De vez em quando Sofia olhava para a TV, mas não parecia muito interessada.

- O Michelangelo é o brincalhão.

- É. E o engraçadinho. E o Leonardo é o inteligente.

- O Donatelo pelo visto é o esportista ou algo assim.

- ‘Ce viu ali? O Rafael é o forte. Eu não disse pra você? Ele pratica. Se exercita.

- O Splinter é muito bonitinho, apesar de ser um rato.

Dali a vinte e poucos minutos, ouvi um carro parar em frente de casa. Eduardo e Bruno entraram na sala.

- Ah, temos visita. – disse Rafael, olhando para os dois por cima das costas do sofá.

- Seu namorado está se queixando de você, Dodô. – disse Bruno, depois de cumprimentar Rafael com um beliscão na orelha.

Virei o rosto para ele.

- Que?

- Você não tem dado a atenção que ele merece. Principalmente no quarto.

Rafael gargalhou. Corei:

- Como assim? Não entendi.

B.B apoiou os braços na costa do sofá e disse:

- Vocês não dormem na mesma cama e isso é um absurdo.

Rafael continuou gargalhando ao meu lado. Há esta hora, procurei Eduardo na sala e não o encontrei. Ele havia desaparecido.

- A Sofia dorme comigo. – disse em tom baixo.

- Sim, fiquei sabendo. – disse B.B, censurando-me com o olhar e saiu da sala, dirigindo-se a cozinha.

- Vou ganhar a aposta. – comentou Rafael, risonho.

Olhei-o e perguntei sobre o que ele falava.

- Fiz uma aposta com meus camaradas. – explicou. – Apostamos pra ver quem acerta a duração exata do seu namoro com o Du.

- Que??

- Acredite em mim: nenhum dos meus amigos acha que vai durar muito tempo. HÁ!

Aborreci-me:

- Você é um idiota e seus amigos, sabe-se lá quem são, também. Em que se baseiam pra pensar dessa maneira?

- Nos baseamos na verdade.

- Pois não durará pouco.

- Quer apostar?

- N-não me peça pra apostar, seu tonto!

Ele riu da minha cara.

- Aposta... – comentei, baixinho, ainda aborrecido. – Onde já se viu? Isso é um insulto.

- Leve na esportiva. – disse Rafael. – Se você não fosse tão inseguro, não teríamos razão pra duvidar.

- Inseguro? – soltei, perplexo.

Quando Bruno voltou para a sala, a conversa, que me deixou inquieto, acabou ali.


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