Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 34
Capitulo 29 – Justiça Final.


Notas iniciais do capítulo

finalmente consegui postar!!!
olá pessoal, chegamos a conlusão da grande batalha e agora finalmente voce saberão tudo sobre o que começou a guerra e quem forans os responsaveis, e em breve voces estarão curtindo os caps finais da fic!



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Para quem vivia nessa pirâmide a tanto tempo jamais lhe passaria pela cabeça que um dia os corredores que já foram tão iluminados como ouro sob o sol ficariam tão escuros e apagados como estão agora, era madrugada no deserto mas nessa cidade jamais a escuridão tocava suas paredes pois o poder do deus sol Azgher protegia a todos tanto de dia como de noite, mas agora que a guerra devorava a cidade a escuridão se apossava de todos os cômodos como se estivesse reivindicando o espaço que sempre foi seu a noite.

Em especial um dos cômodos estava mais escuro e frio que os outros, uma pequena sala de reuniões com sofás confortáveis, uma mesa no centro e uma janela que dava uma excelente vista pra cidade, antigamente uma vista que dava orgulho aos ocupantes agora meramente mostra uma cidade em ruínas, mas o atual ocupante vislumbrava tudo com muita satisfação e orgulho.

 

- A batalha já acabou – disse o deus Sszaas saboreando uma taça de champanhe – acabou exatamente como eu esperava.

- Como sempre os seus planos são perfeitos grandioso Sszaas – elogiou o seu servo ajoelhado diante dele – nunca duvidei que o senhor obteria a vitória suprema!

- Você tem muito que aprender meu servo – disse ele após um pequeno sorriso que não podia ser visto – um plano perfeito com todos os seus resultados já previstos não existe, um verdadeiro gênio mestre da manipulação deve ser capaz de antecipar falhas e se preparar para elas o mais rápido possível, apenas aqueles capazes de controlar todos os resultados será digno de me servir!

- Me sinto lisonjeado de receber tal sabedoria meu senhor – o servo se curvou até a cabeça tocar o chão.

- Venha comigo, vou lhe conceder a honra de estar ao meu lado para colhermos os frutos do meu trabalho.

 

O deus serpente da corrupção levantou-se e passou por seu servo que só se levantou após seu deus passar pela porta, Sszaas poderia surgir onde quisesse facilmente mas ele gostava de caminhar lentamente para prolongar sua expectativa pelo desfecho de sua atuação, ele dizia que a sensação só podia ser igualada pela ansiedade de receber um Oscar na grande festa de premiação, algo que ele já fez algumas vezes em diversos papeis, seu servo encapuzado que lhe seguia era outro que estava saboreando a plenitude da vitória, sua recompensa seria o controle de toda a ordem de Sszaas que controlava o deserto, ele sonhava em futuramente se apossar desse reino e quem sabe num futuro distante apunhalar o deus que ia a sua frente e lhe roubar todo o poder, ao sentir as intenções de seu servo Sszaas apenas sorriu esperando que ele realmente tentasse isso.

 

 

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No grande salão que agora estava completamente destruído a tensão no ar era palpável, num canto estava Menefer amparada por Naziah e os dois olhavam incrédulos o resultado da batalha que terminara, num outro canto todos os amigos de Isawa que tentavam tratar dos ferimentos, eles observavam Isawa que estava ofegante e ajoelhada no chão frente o dragão dourado que estava caído no chão, a dura batalha deixou todos esgotados e feridos.

O dragão dourado começou a encolher e depois de explodir em chamas em seu lugar estava o faraó ferido e fraco rastejando, Isawa ao ver seu inimigo agarrou a lamina quebrada de sua espada e num impulso de fúria se ergueu e rapidamente andou até ele, na verdade mancando porque o osso da sua perna rachou de novo, quando ela finalmente alcançou o faraó o agarrou pelo pescoço e o ergueu do chão imprensando-o contra uma parede, seu olhar só transmitia fúria e desejos assassinos.

 

- Não Isawa! Não faça....

 

Menefer tentou se levantar pra salvar o pai mas Turok bateu o machado na frente dela bloqueando o caminho da princesa do deserto.

 

- Nem pense em interferir! Ou da próxima vez o machado vai no seu pescoço!

- Traga ela até aqui Turok – gritou Isawa de onde estava – eu quero que ela veja e ouça tudo!

 

Turok acenou pra ela e quando ia pega-la pra cumprir a ordem Naziah sacou sua espada apontando para ele que encarou o humano seriamente.

 

- Nem pense em tocar nela! – ameaçou Naziah.

- Então leve-a você mesmo! – ordenou Turok compreendendo o sentimento de proteção.

- Por favor Naziah, me ajude a ir até lá, eu preciso ajudar meu pai – pediu Menefer enfraquecida.

 

Ninguém conseguia entender como ela podia pensar no pai depois de tudo o que ele disse e fez, mas todos tinham certeza que seu sangue celestial influenciava nisso, com a ajuda de Naziah ela chegou até onde Isawa estava segurando o faraó firmemente.

 

- Eu quero que você preste bastante atenção a partir de agora – disse Isawa – a partir de agora as vidas de todos nessa cidade estão em suas mãos!

- Você já conseguiu o que queria Isawa – começou Menefer preocupada – você já venceu essa guerra, nós nos rendemos!

- Eu me recuso a me render! – disse o faraó cuspindo sangue – eu prefiro ver essa nação queimando até as fundações do que admitir que esse demônio nos derrote!

- Exatamente como eu esperava, você seria capaz de sacrificar a vida de todos nessa cidade pelo orgulho e pelo poder – Isawa sorria triunfante – exatamente como você fez no passado!

- Do que você está falando Isawa? Que sacrifício ele fez no passado? - perguntou Naziah.

- Já era de se esperar que vocês não soubessem, mas esse escroto aqui matou o próprio pai pra começar a guerra que destruiu o reino da minha mãe!

 

As palavras ditas por Isawa caíram como uma bomba para Naziah e Menefer, seria impossível o faraó ter matado o seu próprio pai que tinha morrido devido a uma doença contraída através de uma maldição, uma poderosa maldição contraída muitos anos antes e que vinha destruindo sua saúde aos poucos, ele que na época era o príncipe do império movia montanhas pra salvar a vida do pai que foi responsável pela construção desse reino amado por todos.

 

- Como você ousa tentar denegrir a imagem do meu pai com acusações tão estúpidas como essa Isawa? – esbravejou Menefer – você finalmente está mostrando sua faceta!!?

- Seu pai matou seu avô com um veneno mágico que acelerou a doença – explicou ela – tudo o que ele queria era uma desculpa pra começar a guerra que destruiu o reino da minha mãe!

- Uma criatura nefasta como você diria qualquer coisa para tentar se passar por injustiçada – disse o faraó furioso – meu pai era um homem nobre e justo e foi amaldiçoado pelo poder das trevas da sua deusa! Ele é uma vitima das trevas!

- Foi justamente pela nobreza dele que você o matou! – disse Isawa furiosa – ele planejava uma trégua entre as duas nações, ele sabia dos problemas que seu reino enfrentaria no futuro e queria fazer um acordo com minha mãe Kyara, mas você o matou antes disso!

 

A essa altura todos os presentes estavam prestando atenção bem de perto, os amigos de Isawa já sabiam da historia mas mesmo assim eram algo difícil de aceitar, Menefer e Naziah que eram os único do império do deserto presentes ouviam tudo mas achavam que era uma blasfêmia sem tamanho.

 

- Você tem alguma prova disso? – perguntou Naziah bastante irritado com tudo isso – se não tiverem nada pra sustentar suas palavras eu juro que farei pagar por menosprezar nossos reis!

- Se minha palavra não basta então pergunte a ele – disse Isawa apontando para Sszaas que aparecia num canto da sala sorrindo.

 

 

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- Parece que a batalha acabou – avaliou Shinmon sentando no topo de uma colina.

- Ainda é cedo pra afirmar com certeza mas Isawa parece ter vencido – disse Yoriki próxima a ele.

 

Enquanto eles observavam a cidade distante a outra esposa dele envolvida na batalha retornou através de um teletransporte, Kaliope trazia noticias da frente de batalha.

 

- A batalha acabou e Isawa derrotou o faraó – começou ela – a cidade está dominada e os poucos soldados sobreviventes são aqueles que estão sitiados dentro da pirâmide.

- E os civis? – perguntou Yoriki – como eles estão depois que eu vim pra cá?

- Eu não sei bem mas eu diria que um terço da população foi morta, o resto se refugiou nos abrigos, mas se a confusão continuar é bem possível que os monstros percam o controle e uma chacina comece!

 

Shinmon parou pra pensar sobre isso, depois de um tempo ele assumiu sua verdadeira forma de dragão.

 

- Vamos meninas, vamos ver se lá tem algum lugar interessante pra uma casa de verão!

As outras esposas que também estavam lá sorriram e subiram nas costas dele, Yoriki e Kaliope se entreolharam.

- O que você vai aprontar lá?

- Nada demais, mas sem a presença de algo grande os monstro vão detonar a cidade, e ai não vai ter graça nenhuma saqueá-la daqui a algum tempo! Quem sabe eu pegue a princesa de lá pra ser mais uma esposa!

 

 

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A presença do deus da traição só serviu para deixar todos nervosos, qualquer um que olhava para aquele homem de cabelos comprido, vestindo um simples manto cinza e com a face totalmente encoberta pela escuridão deixando apenas seus sagazes olhos a vista acabava acreditando estar diante de toda a fonte do mal do universo.

De fato Sszaas representava uma das facetas do mal, aquela que corrompe, contamina e consome tudo que é bom, aquele que envenena o coração dos mortais e os envolve nas trevas.

 

- Vejo que está se divertindo princesa Isawa, finalmente obteve a vingança que sempre desejou – comentou o deus observando a cena.

- Poupe-me de seu sarcasmo e conte pra eles o que você me contou naquele dia no reino dos anões! – exigiu ela sem respeito algum.

 

Sszaas achou divertido a forma como ela se dirigia aos deuses sem qualquer respeito ou temor, ele sabia que ela só agia assim por não ter a mínima noção do que significa estar diante de um deus de verdade.

 

- O que Isawa disse é verdade, seu querido pai apunhalou seu avô pelas costas, em sentido figurado é claro – respondeu ele como se estivesse lamentando o ocorrido – um homem tão bondoso e justo morreu de uma forma tão triste...

- E por que eu deveria acreditar numa palavra do que você diz seu traiçoeiro? – disse Menefer derramando lagrimas.

- Você como clériga deveria saber que um deus não pode mentir para um mortal – disse ele – embora eu seja um especialista em usar a verdade para enganar.

 

De fato o deus da traição não mentia, mas ele sabia contar meias verdades ou omitir detalhes tornando tudo o que diz uma verdadeira armadilha mortal, mesmo quando uma pessoa tem consciência disso ainda assim é quase impossível descobrir as reais intenções desse deus, mesmo os outros deuses costumam cair em seus jogos, Isawa sabia disso e por isso nunca confiou nele, mas a verdade contada por ele foi confirmada por outras fontes mais confiáveis e usando a lógica ela percebia que tudo se encaixava perfeitamente.

 

- Porque o príncipe faria isso ao próprio pai? Pelo poder? – perguntou Naziah desconfiando da historia – desnecessário se nosso querido faraó anterior morreria em no maximo um ano!

- Mas o que ele temia era o que aconteceria nesse ano – quem respondeu foi Daneth – o faraó sabia de algo que ninguém mais sabia e queria proteger o reino fazendo um acordo com a rainha Kyara, mas seu filho descobriu e o matou para impedir isso.

- E depois ele falsamente usou a palavra do pai para iniciar a guerra que destruiu Daí-Lung e deixou Houran entregue a ladrões – continuou Isawa – ele começou essa guerra por medo de perder aquilo que ele iria conquistar no futuro!

- É MENTIRA!! É TUDO UMA GRANDE MENTIRA!! – gritou Menefer desesperada – Meu pai jamais faria isso! Meu pai é nobre e iluminado, ele jamais seria corrompido pela ganância e pela maldade!!

- A luz continua ofuscando seus olhos pequena princesa – disse Tenebra surgindo das sombras.

 

Finalmente Tenebra fez sua entrada triunfal na pirâmide, ela parecia se deliciar em andar pelo lugar que segundo as palavras de Azgher ela jamais poria os pés, agora que a cidade do deserto foi conquistada sua vitória poderia ser considerada completa.

 

- Apesar do que vocês acreditam aquele sol artificial não me impedia de ver o que acontecia aqui a noite – revelou ela – eu vi seu querido pai matar o faraó anterior e tomar posse da coroa que usa, eu vi todas as maquinações dele feitas as escuras para que seu deus Azgher não testemunhasse, seu pai soube aproveitar muito bem a escuridão para encobrir seus rastros.

 

Mesmo com todas as acusações sobre si o faraó permanecia impassível como se sua dignidade não tivesse sido afetada em nada, Menefer o encarava com um olhar nublado por lagrimas e uma dor assustadora no peito, ela não queria acreditar em nada do que foi dito, ela queria acreditar que seu pai apesar de severo era um homem nobre digno de servir a Azgher e guiar o povo do deserto para a luz, Naziah sentia muita pena de Menefer porque ele estava começando a acreditar nas palavras ditas por Isawa e os deuses presentes e Isawa desejava que Menefer nunca passasse por isso.

 

- Que tipo de segredo começou isso? – perguntou Naziah – o que os faraós sabiam que podia destruir nosso reino?

- Mesmo com a ajuda de Azgher e seus clérigos esse reino estava fardado a decadência progressiva – explicou Isawa – os recursos se esgotariam e o reino iria se desgastar lentamente, o faraó anterior queria firmar um pacto com minha mãe para que ela permitisse que o reino se mudasse para o vale que liga o deserto com Houran.

- Mas esse faraó que na época era um príncipe achou essa idéia absurda demais – continuou Daneth no lugar de Isawa – ele achava que fazer um acordo com Kyara significaria a decadência do império e uma vergonha para os nobres, então ele criou essa guerra para justificar os saques que faria ao reino e roubar tudo o que ele queria, inclusive escravos para tornar seu reino ainda maior!

- Diga que isso não é verdade pai! – implorou Menefer – diga que todos estão mentindo!

- É obvio que estão mentindo Menefer – disse ele sem pudor algum – sendo minha filha você deveria saber disso.

- Você tem muita coragem de negar isso, e mais coragem ainda por chamá-la de filha depois de renegá-la na frente de todos! – disse Isawa furiosa.

- Você ouviu isso meu amor? Ele disse que nós estamos mentindo! – Tenebra parecia falar para o vazio, mas sons metálicos denunciavam os passos de alguém vestindo uma armadura brilhante.

- Eu ouvi sim Tenebra – disse Khalmyr aparecendo do nada – está na hora do julgamento.

 

 

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O reino do deus do sol não estava tão quente como de costume, a tristeza do seu criador influenciava na energia do plano e seu sol estava mais brando, em sua pirâmide de ouro em uma grande varanda no topo da pirâmide Azgher aguardava noticias da guerra que consumia seu reino protegido, seus inúmeros servos sequer demonstravam qualquer alegria em respeito a tristeza do seu mestre, somente quando a deusa da paz apareceu é que ele pode sorrir esperançoso.

 

- E então? Qual o resultado? – perguntou ele.

- Dor, sofrimento, perdas e tristeza – respondeu ela imediatamente – é só isso que a guerra resulta.

- Por favor Marah poupe-me de sua filosofia agora – pediu ele – eu quero saber se a batalha já terminou e quem venceu!

- A batalha já terminou sim, mas não houve vencedores, pelo menos não por enquanto.

- O que você quer dizer?

 

A deusa de manto branco sentou-se na sacada e contemplou o enorme oásis que se estendia até onde a vista de um mortal poderia alcançar, porem para ela era fácil visualizar além dos limites humanos.

 

- Alguns deuses se reuniram para testemunhar o final, entre eles Khalmyr, Sszaas e a própria Tenebra.

- Você está me dizendo que aquela vampira desgraçada pisou no meu reino sagrado? – a fúria de Azgher fez o vulcão mais próximo explodir.

- Khalmyr está lá para fazer um julgamento – continuou ela – aparentemente tem algo que nós não sabemos nessa historia, ou você sabe de algo que eu não sei?

- Eu não sei do que você está falando Marah, de qualquer forma falta apenas uma hora pro amanhecer – disse ele visivelmente confuso – quando o sol nascer eu irei até lá e farei os responsáveis pagarem muito caro!

 

Para um deus a passagem do tempo é algo completamente insignificante, mas nesse momento Azgher desejava possuir o poder de acelerar o tempo, algo que não estava ao alcance de nenhuma divindade, ele nunca imaginou que uma única hora pudesse ser tão agonizante como estava sendo agora.

 

 

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- Em primeiro lugar você deve largá-lo Isawa – pediu Khalmyr para a jovem – eu farei um julgamento justo.

 

A vontade que Isawa tinha era de quebrar aquele pescoço e matar o faraó impiedosamente como ele fez com a Kyara, mas respeitando a vontade de todos e o desejo de fazer justiça ela largou o homem que imediatamente se afastou de sua inimiga, Menefer e Naziah ficaram ao lado do faraó enquanto que Isawa foi pra junto dos seus amigos, Tenebra também se juntou a ela.

 

- Você vai ficar de qual lado? – perguntou Khalmyr para Sszaas.

- Do lado da justiça e da verdade é claro – debochou ele – serei apenas uma testemunha a favor dos inocentes.

 

Tenebra quase gargalhou quando o deus serpente se pronunciou, mas ela logo se comportou com o olhar gélido do seu marido, ele podia ser um marido amável em casa mas era terrivelmente imparcial no trabalho, na verdade Khalmyr era tão imparcial que nenhum sentimento de compaixão ou piedade influenciava em suas decisões, mas ele dizia que aqueles que estavam do lado certo da balança já eram agraciados com a compaixão da justiça.

 

- Então qual a acusação Isawa? – perguntou Khalmyr.

- Esse homem tramou contra minha mãe com falsas acusações e destruiu o nosso reino por desejos pessoais! – respondeu ela apontando pro faraó – ele destruiu a vida de milhares de inocentes apenas por nos odiar!

 

O deus da justiça encarou o acusado que suou frio, era impossível mentir na frente dele e não adiantaria usar argumentos levianos, o faraó teria que se defender como fosse possível.

 

- Eu apenas tentei terminar aquilo que começou a milhões de anos atrás! – explicou ele – nossos deuses guerreiam pela eternidade e sempre se enfrentaram, o que eu fiz de errado agora?

- Você se aproveitou disso para tentar alcançar a posição que ocupa hoje – respondeu Khalmyr – você não estava lutando por Azgher contra Tenebra, você estava lutando por si mesmo contra o povo inocente de Houran.

 

Menefer e Naziah encaravam o faraó que parecia desesperado com a situação, a jovem princesa estava em ruínas por dentro pois se confirmava que seu pai cometeu crimes horrendos.

 

- Eu não fiz nada que não fosse pensando no bem do meu povo! – justificou-se – meu pai levaria nosso reino a ruína, eu estava protegendo meu povo e tentando fazer nosso reino prosperar!

- E para isso você destruiu o nosso reino? – perguntou Turok revoltado – para seu reino prosperar o nosso teve que cair??

- Isso por que vocês não sabem da melhor parte – disse Tenebra se divertindo com a situação – porque não pergunta ao Sszaas o que realmente iria acontecer com esse reino? E de quem foi a idéia de começar essa guerra?

 

Khalmyr voltou sua atenção pro corruptor que parecia muito entretido com esse julgamento, naturalmente ele não estava lá para ajudar Isawa mas sim para promover uma nova traição.

 

- O príncipe Muhat questionou seu pai na época sobre porque ele queria propor um pacto com a rainha Kyara – explicou ele animado – no final ele descobriu que se o reino continuasse a crescer naquele ritmo ele entraria em colapso, o antigo faraó queria pedir ajuda para Kyara para que ela acolhesse seu povo dentro do seu reino, em troca o povo do deserto se sujeitaria a autoridade dela e lhe ajudaria a promover a paz entre as duas culturas.

- E através de um dos seus servos infiltrados ele convenceu o príncipe a matar o faraó e acusar a maldição de Tenebra como culpada, ele usaria o ódio do povo do deserto pra assegurar sua soberania – Tenebra estava muito satisfeita com isso – no fim essa guerra não passou de uma “alavanca” pra ascensão do príncipe para o cargo de faraó.

- Isso é...

- Uma mentira meu faraó? – disse o conselheiro se manifestando – fui eu que lhe deu a excelente idéia de tomar o reino de Kyara para si como uma grande conquista ao invés de um acordo de paz, e fui eu que lhe consegui o veneno que matou seu pai de uma forma que ninguém descobrisse.

 

Então toda a verdade veio a tona, o faraó apertava suas próprias mãos em angustia por ter sido descoberto e prestes a ser punido, mas a pessoa que mais sofria ali era Menefer, ela que sempre teve um grande orgulho de seu pai e de seu reino apenas descobriu que vivia uma grande mentira, suas pernas enfraqueceram e não sustentaram o peso do seu corpo que desabou ajoelhada no chão e com um olhar vazio como se a vida não tivesse significado, tanto Naziah como Isawa sofriam em vê-la assim.

 

- Porque ninguém da um jeito nesse cara!? - perguntou Karin revoltada com o conselheiro.

- Por que os deuses não podem punir Sszaas ou seus servos por fazerem o seu “trabalho” – respondeu Daneth – isso cabe a aqueles que foram enganados e prejudicados, mas no momento o ilustre faraó está ferrado demais pra fazer qualquer coisa!

- Se já está tudo confirmado o que pretendem fazer a respeito de tudo o que aconteceu? – perguntou Isawa de braços cruzados.

 

O deus da justiça ficou em silencio, ninguém ousava pronunciar qualquer som além do som de suas respirações pesadas e ansiosas, mas Sszaas resolveu quebrar o silencio com sua voz sussurrante.

 

- Se me permite dar uma sugestão meu senhor o que acha de deixar isso nas mãos dos mortais? – começou ele – já que tudo isso aconteceu pelos desejos de um único mortal eu acho adequado que um mortal decida o destino deles.

- Eu não sei que tipo de intenção você tem por trás disso peçonhento – disse Khalmyr o encarando – mas o que você disse está correto, eu agora determino que todo o destino desse reino, seus habitantes e tudo o mais relacionado será decidido inteiramente por Isawa, e a decisão que ela tomar deverá ser cumprida.

 

Todos os olhares se voltaram para Isawa que parecia chocada com a decisão do deus da justiça, ela jamais esperou que o destino desse povo ficasse em suas mãos.

 

- Isso é claro depois que eu recolher meus ganhos por direito – continuou Sszaas – acho que vocês chamam isso de espólios de guerra.

- Do que você está falando Sszaas? – perguntou o deus da justiça.

- Esse faraó tem uma divida comigo por ter aceito minha colaboração em seus planos – explicou ele – e o preço justo pelos meus serviços é a sua alma que levarei para meu reino!

- do-do-do quê você está falando? Eu jamais... – nesse momento ele voltou-se para seu antigo conselheiro e lembrou-se de tudo o que aconteceu.

- Mas é claro que o senhor firmou um pacto com Sszaas meu faraó – explicou o conselheiro sorrindo – eu disse que pela gloria do deus que protegia esse reino o senhor deveria fazer um sacrifício, mas eu nunca mencionei qual deus protegia esse reino!

- Que besteira é essa? Azgher sempre protegeu esse reino, desde a sua criação até hoje e sempre até o fim!

- De dia sim, mas mesmo ele não tem poder nenhum a noite – explicou Tenebra sorrindo também – então a noite estava livre para qualquer um fazer o que quisesse com esse reino, então em cedi esse direito a Sszaas.

- Ainda há outra alma que levarei comigo hoje – vangloriou-se sszaas – a alma da princesa Menefer está incluída no pacote!

 

Apenas essas palavras foram o bastante pra despertar Menefer do vazio que ela sentia, os lábios da princesa começaram a tremer e um medo absurdo lhe dominava, o que ela sabia sobre o reino de Sszaas era sobre ser um inferno de sofrimento e decadência, todos ficaram perplexos com isso.

 

- Isso é impossível! Menefer jamais fez qualquer coisa para merecer tal destino! – argumentou Naziah – eu imploro lorde Khalmyr, ela é inocente! Ela jamais...

- Ela pode ser inocente mas seu pai a vendeu para mim – disse Sszaas satisfeito com o desespero que causou – em troca do poder para vencer essa guerra ele me ofereceu sua jóia mais preciosa.

- Mas eu entreguei minha jóia mais preciosa para seu servo! – disse o faraó exaltado – eu entreguei a ele o coração de ouro que é o símbolo da nossa nação em troca da habilidade de me transformar em dragão!

- O que eu vou fazer com aquela porcaria? – desdenhou ele – aquilo eu deixei para meu servo, mesmo que você não tenha consciência disso sua jóia mais preciosa é sua filha, ela é a jóia mais brilhante desse reino, você apenas nunca deu valor a ela e continuaria assim mesmo que ela vencesse essa guerra e matasse Isawa por você!

- Você foi um grande tolo Muhat – disse Khalmyr em reprovação – você perdeu tudo que tinha e até aquilo que não sabia que tinha, você selou o destino desse reino e o resultado é a decadência.

- Por que você fez isso pai? – perguntou Menefer chorando ainda ajoelhada – por que você destruiu tudo o que nossos ancestrais batalharam pra construir? Por que você vendeu minha alma? Eu não era uma filha boa o bastante pra você?

 

Menefer caiu em prantos aparada novamente por Naziah, o jovem tentava protege-la em seus braços embora soubesse que não poderia fazer nada pra salva-la do terrível destino que se abateria sobre ela.

 

- Antes que você saia por ai recolhendo almas vai ter que aguardar minha decisão – disse Isawa para Sszaas – se cabe a mim decidir o destino desse reino e de todos que o habitam então eu tenho prioridade!

- Você não tem prioridade alguma – disse Sszaas impressionado com a firmeza dela – mas eu fiquei curioso por saber o resultado disso, então eu esperarei a sua decisão.

- Então eu esperarei o sol nascer – avisou Isawa – eu quero ter uma conversa diretamente com aquele Azgher e dependendo do que ele me disser eu posso ou não lhe entregar esse reino inteiro.

 

Ninguém esperava que Isawa fosse barganhar com os deuses, Tenebra apesar de frustrada por não poder assistir o final disso estava satisfeita por ter alcançado a vitória, Sszaas ficou ainda mais curioso pra ver o que ela faria e quem sabe seu outro premio pudesse ser conquistado, e Menefer apenas observava a antiga amiga como se temesse sua decisão.

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

o que acharam dos verdadeiros motivos da guerra? suponho que voces não esperavam por isso
agora só falta saber como acaba essa guerra e tambem o que isawa vai fazer a respeito disso!