Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 18
Capítulo 15 - Mundo subterrâneo.


Notas iniciais do capítulo

desculpa pela demora pessoal, semana passada eu viajei pro SANA e só voltei a ativa na quarta!
mas em compensação o cap ficou proto rapidinho e já to postando.
então sem mais delongas leiam e divirtan-se^^



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Tenebra era uma deusa orgulhosa demais pra disfarçar sua própria identidade fingindo ser uma mortal, mas quando precisava falar com “ela” era sempre assim, no meio da noite entrando nesse lugar que chamam de restaurante tendo que se rebaixar a andar como qualquer um, ver como qualquer um e falar como qualquer um, se não fosse a necessidade jamais se rebaixaria a isso.

Entre tantos sacos de sangue vivos que tinha naquele lugar ela só queria falar com um, encontrou ela carregando bandejas de uma mesa pra outra.

 

- Preciso falar com você agora – disse Tenebra pra mulher ruiva que passou por ela.

- Meu expediente acaba em meia hora – avisou a ruiva – sente ai e espere um pouco.

- Você ta brincando né? Quer me fazer esperar?! Aqui nessa pocilga?

- É que se eu der uma pausa o patrão desconta do meu pagamento.

 

Tenebra não conseguia acreditar que “ela” estivesse dando uma desculpa tão esfarrapada, vendo que não conseguiria convence-la a parar agora teve que se conformar em esperar.

 

- Então me traga uma taça do melhor vinho que tiver aqui, algo que seja pelo menos suportável.

 

A moça sorriu pra ela e voltou a sua correria, enquanto isso Tenebra sentou-se numa mesa vaga no canto mais afastado, se ficasse próxima dos mortais acabaria desejando sugar cada gota de sangue presente, assim que a ruiva lhe trouxe a taça de vinho ela provou apenas um gole jogando todo o resto no chão.

 

- Porcaria de vinho! – reclamou ela – como alguém se conforma em beber isso?

 

Mesmo usando uma forma mortal e com aparência diferente Tenebra ainda era uma deusa, e sentiu a presença do estúpido mortal aproximando-se por trás dela.

 

- Talvez o vinho fique melhor com a companhia certa – ele jogava todo o charme possível pra cima dela.

- Desapareça da minha frente verme inútil, ou jogarei sua alma nos poços de lava de Megalokk! – ela tinha um olhar tão frio e mortífero que o homem nem se sentia mais um ser humano.

 

Assim que o homem conseguiu parar de tremer e fugiu a ruiva gargalhou enquanto se aproximava.

 

- Vai ser difícil arranjar um namorado assim “luah” – a ruiva chamava Tenebra por um de seus apelidos.

- Poupe-me de seu humor e vamos sair daqui de uma vez.

 

A ruiva assentiu e quando tirava o avental um outro homem gordo e feio chegou por trás dela colocando sua pesada mão sobre o ombro dela.

 

- Aonde pensa que vai Melody? É sua vez de limpar a cozinha.

- Mas chefe, eu tenho um pequeno problema pra resolver aqui com minha amiga – ela fazia um biquinho e implorava.

- Dane-se os seus problemas!! Se não limpar a cozinha agora te chuto daqui sem um tostão!

 

O gordo se retirou enquanto Melody colocava o avental novamente com uma cara das mais deprimidas.

 

- O que pensa que está fazendo? – esbravejou Tenebra.

- Não tem jeito! Tenho que limpar a cozinha ou esse tirano acaba comigo!

 

A ira de Tenebra ultrapassou qualquer limite de sua paciência, abandonando seu disfarce humano ela criou uma enorme sombra que ganhou vida (ou não-vida quando se trata das criações de Tenebra) e atingiu proporções colossais destruindo todo o restaurante com todos dentro, ao final a sombra desapareceu e apenas escombros restaram do lugar.

 

- Droga Tenebra! Foi muito difícil conseguir esse emprego sabia? – reclamou a mulher se levantando dos escombros sem um arranhão.

- Olha só pra você Valkaria! – reclamou Tenebra igualmente ilesa – se rebaixando, vivendo em meio a suas criações recebendo ordens de um ser insignificante e ainda cometendo deslizes que só humanos poderiam cometer.

- Se isso te faz mais feliz eu vou arranjar um trabalho num restaurante de luxo, quem sabe eu seja promovida a gerente.

- Já disse que vim tratar de um assunto sério, e não saber dessa sua mania ridícula!

 

Valkaria fez uma careta pra Tenebra e usando seus poderes modificou partes dos escombros pra conseguir uma cadeira inteira.

 

- É sobre sua guerra com Azgher? – perguntou Valkaria depois de se acomodar.

- Quero saber se posso ter você como aliada – perguntou Tenebra – podemos chegar a um acordo.

- Da primeira vez que guerrearam foi pra determinar quem governaria o mundo, deu empate e hoje temos momentos iguais de luz e de escuridão, mas daquela vez você também me procurou.

- E você recusou meu convite e minhas ofertas – lembrou-se a deusa negra – disse que não tinha interesse.

- Dessa vez você luta por um país, luta por um pequeno império que tem quase tanto significado quando grãos de areia pra Azgher.

 

Tenebra não conseguia compreender se Valkaria estava ou não interessada, ela era excêntrica, ambiciosa e por muitas vezes lutou por motivos menores, já chegou a travar uma guerra contra outros deuses apenas por conveniência, aquela que era chamada de a irmã caçula da família divina era quase tão imprevisível quanto o deus do caos.

 

- Se não pretende ser minha aliada pode pelo menos não ficar contra mim não é? – argumentou Tenebra – a tirania de Azgher não lhe beneficia em nada também.

- Nunca disse que não poderia contar comigo Tenebra – afirmou a deusa humana – eu apenas estava pensando no que isso vai dar daqui a um século.

- O que a fez mudar de idéia?

- Da primeira vez era uma guerra entre dois deuses lutando pelo controle do mundo inteiro, dessa vez é uma guerra entre duas nações lideradas por pessoas comuns.

- Você é louca Valkaria! – afirmou Tenebra sorrindo – sendo a deusa da ambição por que tomar partido numa guerra tão minúscula?

- Justamente por eu ser tão ambiciosa que eu quero vencer uma guerra tão pequena – argumentou ela – se essa fosse uma batalha final com o premio maximo em jogo não teria graça nenhuma, prefiro começar de baixo e ir conquistando cada vez mais a cada vitória.

 

Era assim que a deusa da humanidade pensava, não só quando se tratava de guerras, mas de qualquer aspecto da vida, ela sempre cobiçava o topo, sempre desejava obter aquilo que estava fora do seu alcance, e essa característica foi passada a toda a humanidade.

 

- E o que você quer em troca da sua ajuda?

- Não pensei em nada ainda, tenho certeza que podemos negociar mais tarde, mas sabe de uma coisa? Sua protegida é uma menina interessante, mesmo sendo apenas metade humana ela é do tipo que eu gosto.

- Isawa me irrita as vezes, menina difícil de controlar, não tem respeito por mim e não liga a mínima. Ainda assim é meu tesouro.

- Ficarei de olho nela, se eu sentir que vale a pena a ajudarei – avisou Valkaria antes de sumir.

 

***************************************************

 

- Vejamos se entendi, você veio de outro mundo onde não existe quase nada do que tem aqui, foi chamada por Tenebra pra ser sua arma nessa guerra que vai começar e ainda nem sabe como empunhar uma espada direito? – Fou terminava de ouvir toda a historia narrada por Isawa.

- Quase isso, o importante é que você entendeu o básico.

- Sim, você ta ferrada viu? – zombou ele.

 

O grupo nesse momento percorria um vasto túnel que ficava na base da montanha, esperariam lá até anoitecer de novo e poderem voar até o topo em busca do tão falado dragão azul que poderia ajudá-la ou não, segundo Turok esse túnel levaria pra uma cidade subterrânea governada por anões, o povo honrado criado por Tenebra e Khalmyr em conjunto.

 

- Eu já vi um anão antes – afirmou Karin – eles são rabugentos.

- Nem todos são assim pequena Karin – explicou Daneth – eles apenas são orgulhosos demais.

- E por que eles vivem em cavernas? – perguntou Isawa.

- Na verdade eles vivem em qualquer lugar – respondeu Turok – mas eles tem grande afinidade com metais, pedras preciosas e são perfeitamente adaptados pra viver no escuro.

- São mineiros por natureza, escultores por paixão e brigões por criação – brincou o bardo.

 

Quanto mais eles desciam mais o frio ficava para trás, aparentemente o interior da terra era bem mais quente que o exterior montanhoso, após algum tempo eles chegaram a tão famosa cidade anã que era uma maravilha incrustada na rocha.

Não tinha arvores aqui em baixo, mas uma gigantesca floresta de cogumelos crescia aqui fazendo o papel de arvores, minerais brilhantes cobriam todo o teto da enorme caverna fornecendo uma luz esverdeada útil pra aquelas que não enxergavam no escuro, as casas era feitas nas grandes estalagmites que brotavam do chão, as estalactites que chegava até o chão tinham a função de torres e prédios, um caudaloso rio descia de um buraco na parede feito uma cachoeira e cruzava a cidade sendo cortada por pontes de rocha sólida, alguns anões usavam morcegos gigantes como montaria pra sobrevoarem a cidade e tatus gigantes pra cavarem novos túneis.

 

- Esse lugar é muito lindo! – elogiou Isawa admirada com a arquitetura anã.

- Que bom que gostou senhorita – disse um anão ao se aproximar dela – eu já ia questionar o que desejavam em nosso reino.

- Estamos procurando abrigo pra passar o dia frio senhor – informou Turok.

- Pretendemos voar até o topo da montanha ao anoitecer – continuou Isawa.

- Mas o topo da montanha é governado por um dragão azul! – alertou o idoso – é muito perigoso se aproximar de lá.

- É justamente ele que estamos procurando – disse Daneth – se não for incomodo pode nos fornecer abrigo? Podemos pagar é claro.

- Vocês são bem vindos em nosso reino – avisou ele de braços abertos – qualquer um que pode enxergar a beleza do nosso povo é bem vindo.

 

Ele pediu pra que o grupo o acompanhasse, no caminho eles continuaram a observar e admirar tudo o que aquele povo construiu embaixo da terra.

 

- É verdade que vocês são devotos da deusa Tenebra? – questionou Isawa.

- Sim, Tenebra é nossa mãe e Khalmyr o nosso pai – respondeu ele sem problema algum – mas ao contrario do que o povo pensa ela não é uma deusa tão má quanto parece.

- E o que pensam sobre Azgher?

- Não nos incomodamos com ele se ele nos deixar em paz – disse ele – preferimos não tomar partido na disputa entre Azgher e Tenebra.

 

Isawa ficou receosa de revelar sua identidade pra ele, tinha medo que fosse rejeitada por ser uma inimiga de Azgher que poderia trazer problemas.

 

- Você tem ligação com lady Tenebra também não é? Esse couatl negro que a acompanha não é qualquer um.

 

No mesmo instante Isawa olhou irritada pra Vulthar que rastejava ao lado dela, o réptil não conseguiu entender o significado daquele olhar fuzilante.

 

- Acho que não é justo esconder isso do senhor, eu sou Isawa, filha de Kyara do reino de Houran.

- Então temos alguém da nobreza aqui? Seja bem vinda princesa, e seus amigos?

- Sou Karin – apresentou-se a pequena.

- Daneth, sou o guia e acompanhante dela.

- Meu nome é Turok, guardião da princesa.

- Eu só estou com ela por um tempo – disse Fou.

- Então em nome do povo anão eu tenho o prazer de recebê-la em nosso lar, sou Houmorin, líder da nossa cidade.

 

Houmorin guiou o grupo pra uma estalagmite que servia de moradia pra visitantes, bem grande e espaçosa alem de confortável apesar de ser feita de pedra.

 

- Fiquem o tempo que quiserem – disse ele satisfeito – é muito perigoso voar até o topo da montanha devido aos ventos e tempestades, mas temos uma rota interna que leva até lá, demora um pouco mais mas é bem menos arriscado.

- Muito obrigado por sua ajuda e compreensão senhor Houmorin – disse Isawa se curvando.

- A rainha Kyara era amiga do nosso povo, servir a sua filha é o mínimo que podemos fazer pra retribuir tanta gentileza.

 

Ele colocou o punho fechado sobre o próprio peito que nas tradições dele significava tanto quando apertar as mãos para nós, depois de se retirar o grupo pode apreciar suas acomodações.

 

- Do que é feita essa cama? – perguntou Karin curiosa.

- É feita com metade do caule de um cogumelo gigante – explicou turok – já dormir num lugar parecido e é muito confortável.

 

Ele tinha razão sobre o conforto, a cama além de macia era bem cheirosa, a “pousada” onde eles ficariam tinha 4 quartos, uma grande sala, dois banheiros e uma cozinha com dispensa ainda pra ser enchida, o terceiro banheiro tinha uma banheira com água mágica que estava sempre quente.

 

- Acho que posso me acostumar a ficar aqui – disse Isawa se imaginando naquela banheira de água quentinha.

 

***************************************************

 

- “O ponto mais vulnerável do corpo de um dragão é o pescoço” – lembrava-se Menefer sobre o que aprenderá de dragões enquanto rumava pra resgatar os soldados – “o problema é que o dragão também sabe disso”

 

Ela já voava em sua montaria a quase um dia, fora designada por seu pai pra resgatar um grupo de soldados enviados pra matar um dragão do deserto, devido a urgência ela foi sozinha mas solicitou que os reforços fossem atrás logo em seguida, sua pressa residia no fato que seu namorado era um dos enviados.

 

- “Foi muita sacanagem do meu pai mandar o Naziah!” – pensou ela revoltada.

 

No caminho ela já tinha encontrado restos de soldados mortos, provavelmente quando tentavam fugir do dragão, se os outros ainda estivessem vivos só poderiam estar em um único lugar.

Suas suspeitas estavam corretas quando viu mesmo de longe o dragão do deserto cuspindo fogo contra as fendas de um canyon rochoso, o grupo fora inteligente o bastante pra se abrigar num lugar onde o dragão não podia persegui-los facilmente, mas também não podiam sair dali ou seriam mortos imediatamente.

O dragão do deserto não era tão grande e poderoso como os dragões elementais, suas asas pareciam leques pra aproveitar as rajadas de vento do deserto, sua cauda tinha um formato que lembrava uma pá pra escavar a areia e suas escamas eram amarelas pra se esconder melhor quando enterrado, seu sopro de fogo só era mais fraco do que o de um dragão vermelho e seu intelecto era muito superior ao de um chimpanzé.

Menefer estava equipada com seu colete de couro, um escudo e uma lança que brilhava com o poder dos raios nela, estava em desvantagem por que quase todas suas magias de ataque eram do elemento fogo que seria inútil contra a fera, teria que ser uma árdua batalha física contra um monstro como aquele.

Assim que o dragão percebeu a chegada de Menefer em cima de Oreades esqueceu dos soldados escondidos na rocha e tratou de atacar a nova presa, Menefer fez surgir suas próprias asas pra ter mais mobilidade e se separou de sua montaria que a ajudaria na batalha também.

 

- Venha seu réptil retardado! – desafiou ela ao alçar vôo – vamos ver quantas bolsas da pra fazer do seu couro!

 

A fera não entendia a linguajem humana mas compreendia perfeitamente o tom usado por ela, com um rosnado furioso o dragão respondeu ao desafio e investiu contra Menefer, ela desviava no ar enquanto seu próprio dragão Oreades tentava ajudá-la investindo contra o dragão do deserto, as duas feras começaram a se digladiar em pleno céu.

 

- Agüente firme Oreades! – pediu ela retirando a lança do suporte das costas – eu já estou indo!

 

Menefer orou ao seu deus e uma aura branca aumentou o poder da lança, não teria muitas chances pra furar o dragão do deserto e tinha que fazer cada golpe valer a pena, rapidamente vôo contra o inimigo com a lança apontada em sua direção e num incrível momento de sorte o perfurou direitinho na lateral, o dragão urrou de dor e com um golpe da cauda jogou Menefer longe enquanto tratava de jogar Oreades contra as rochas do canyon, Menefer atordoada pelo golpe não estava conseguindo se manter no ar corretamente e pousou numa rocha bem elevada, sua vista girando e seu corpo doendo.

 

- Parece que fui atropelada por um caminhão! – disse ela tentando por a cabeça em ordem.

 

Quando sua vista melhorou viu que o dragão do deserto já estava vindo em sua direção, ele quebrara a lança que estava presa em suas costas e sua boca já estava carregada de fogo pra cuspir nela.

 

- Eu sou resistente ao fogo mas nem tanto! – ela tentou voar mas ficou tonta novamente.

 

Ela não teria chances de escapar, mas pra sua sorte os soldados lá embaixo resolveram tomar partido da batalha disparando fechas contra o dragão do deserto, as flechas encantadas com o elemento vento eram mais fortes que flechas comuns e conseguiam incomodar a fera, Menefer aproveitou o tempo ganho pra se curar e pegar sua cimitarra na bainha, seguindo a idéia dos soldados ela depositou magia de vento na lamina e no momento que o dragão cuspiu fogo nos soldados ela se aproximou pra atacá-lo.

 

- Você já era sua besta do deserto! – gritou Menefer furiosa.

 

O dragão só teve tempo de olhar pra Menefer quando seu pescoço foi cortado pela cimitarra e logo em seguida um jorro de sangue caiu do céu sobre o canyon, o corpo do dragão morto foi logo depois.

 

- VIVA A PRINCESA MENEFER!!!!!! – gritaram os soldados lá embaixo em comemoração.

 

Menefer desceu devagar até o chão sentando sobre uma pedra, estava cansada e ferida, mas estava também feliz e satisfeita por ter conseguido salvar aqueles que acreditavam nela.

 

- “É assim que você se sente Isawa?” – pensou ela ao lembrar a causa pela qual a amiga luta.

 

Ela foi cercada pelos soldados que nesse momento a idolatravam mais que o próprio Azgher, Naziah aproximou timidamente mas os outros soldados compreenderam perfeitamente e abriram espaço pra ele sentar ao lado dela.

 

- Demorou muito viu? – provocou ele sorrindo.

- Me perdi por uma hora a caminho daqui – respondeu ela rindo igualmente com os soldados – achei o caminho seguindo o rastro que seus amigos deixaram ao morrer.

- Aqueles idiotas! – reclamou um companheiro – avisamos a eles que se tentassem sair daqui não iriam muito longe.

- E ainda pegaram os últimos cavalos que restaram! – reclamou outro.

- Foi graças ao Naziah que conseguimos chegar até aqui, foi ele que durante a noite procurou por esse abrigo.

- Foi pura sorte – disse ele envergonhado – vi esse canyon quando estávamos indo caçar o dragão, se não fosse isso não passaríamos do primeiro ataque.

 

Infelizmente metade dos soldados enviados morreram e a outra metade estava ferida, sem condições de viajarem teriam que esperar ali o resgate.

 

- A ajuda está a caminho – avisou Menefer – trazendo água e comida além de clérigos pra curar os feridos.

 

Só agora ela lembrou que Oreades também estava ferido, num pulo ela levantou e correu pra onde estava seu dragão, o encontrou ferido porem vivo.

 

- Desculpa Oreades, eu já vou te curar! – disse ela preocupada.

 

Menefer reuniu o restante de suas forças pra curar o dragão o maximo possível, não foi o suficiente mas amenizou os danos.

 

- Fiquei surpreso quando vi que era você – disse Naziah se aproximando dela – eu disse que não era pra você vir atrás de mim.

- Foram ordens do próprio faraó – respondeu ela – ele preferiu me mandar pra me manter longe de casa por um tempo.

- E o que está acontecendo lá pra ele engolir o orgulho e mandar a filha nos resgatar?

- Meu pai se tornou obsessivo, ele não sabe mais distinguir o certo do errado pra vencer essa guerra, tenho medo que isso cause nossa perdição.

 

***************************************************

 

- Cara! Esses anões sabem como curtir a vida! – disse Isawa virando mais uma caneca de cerveja.

 

Eles estavam almoçando na pousada cedida pelos anões, como optaram por seguir por dentro da montanha eles levariam mais tempo, porém seria mais seguro por que ao que parece o topo da montanha é protegida por uma tempestade mágica.

 

- Vai virar uma alcoólatra desse jeito! – reclamou Vulthar – lembre-se que você é de menor e não pode beber.

- No seu mundo é proibido beber nessa idade senhorita? – perguntou Daneth.

- Um monte de coisas são proibidas lá – respondeu ela enchendo a caneca novamente – principalmente aquilo que é bom.

- Olhem só isso! – disse Fou chamando a atenção.

 

Quando todos olharam pra ele Fou virou uma caneca de uma vez só, em seguida uma enorme labareda de fogo saiu de sua boca chamuscando um pouco o teto.

 

- Legal isso ai – elogiou Isawa – será que eu faço a mesma coisa?

- Duvido, mas se arrotar é capaz de furar a parede com seu bafo! – disse ele debochando.

 

Foi inevitável que todos gargalhassem, por um breve momento eles estavam em paz e sem preocupações, claro que tão logo decidissem partir voltariam a se preocuparem com a guerra, mas por enquanto eles só queriam saber de relaxar.

 

- Se minha princesa quiser não precisa se preocupar com tais proibições em seu próprio reino – avisou Turok bebendo também.

- O Vulthar tem uma certa razão – disse ela tentando recuperar o juízo – mas é só dessa vez!

- Isso, quando sua avó souber que encheu a cara de álcool ela vai adorar! – disse Vulthar.

 

A menção de sua vó fez o sangue de Isawa gelar e o medo logo tratou de deixá-la sóbria.

 

- Pelo menos posso aproveitar meu almoço – disse ela mudando de assunto – a gemada ta muito boa!

- Você nem sabe o que ta comendo não é? – perguntou Fou – você viu alguma galinha aqui embaixo?

 

Isawa parou pra tentar se lembrar, como não chegou a ver nenhuma galinha tentou imaginar do que eram aqueles ovos.

- Ovos de lagartos – disse Vulthar – você pode estar comendo algum primo seu ou algo assim.

 

No mesmo instante que Isawa ouviu a resposta seu estomago se revirou e ela correu pro banheiro.

 

- E esse doce é feito de quê? – perguntou Karin.

- São só cogumelos doces – respondeu Turok.

 

Um pouco depois Isawa saiu do banheiro abatida.

 

- Ovos de lagartos não é? Vou me lembrar disso mais tarde! – disse ela.

- Parece que tem alguma coisa acontecendo lá fora – avisou Vulthar que estava próximo a janela.

 

Todos olharam pela janela e viram algumas casas pegando fogo, os anões pareciam fugir na direção oposta ao túnel por onde vieram, pouco depois conseguiram ver a causa da confusão: guerreiros de Azgher invadindo a cidade dos anões.

 

- O que eles estão fazendo aqui? – gritou Isawa aflita – não era pra estarem aqui!

- Não é obvio que vieram atrás de você sua burra?! – disse Fou que já estava a par de tudo.

- Mas eles não podem fazer isso! A lei de Khalmyr proíbe! – disse Daneth assustado.

- Eles não estão se importando com a lei agora – disse Turok já pegando seu machado.

 

Não havia muito o que pensar, todos pegaram seus equipamentos e saíram da pousada em direção aos guerreiros que invadiam mais e mais, Karin começou a usar a mágica que estava treinando pra apagar um pouco o fogo das casas, Daneth ajudava alguns anões feridos a escaparem e Turok junto com Fou retalharam o ataque, Isawa no entanto se sentia perdida no meio daquela destruição e desespero.

 

- O que pensam que estão fazendo? – questionou ela após deter o golpe de um guerreiro que visava um anão – essas pessoas são inocentes, não fizeram nada pro seu deus!

- Qualquer um que apóia Tenebra é inimigo do grande Azgher! – disse ele tentando atacar Isawa.

 

As habilidades de combate de Isawa se aprimoravam mais a cada vez que lutava, mas ainda assim ela não podia lutar contra vários guerreiros que a cercaram num instante, ela fazia o que podia pra lutar mas era ferida cada vez mais, alguns anões próximos tentaram argumentar com os guerreiros mas alem de não serem ouvidos foram atacados e mortos.

 

- SEUS MONSTROS!! – o grito de Isawa jogou todos ao redor dela no chão – eles eram pessoas boas, pessoas que viviam em paz! Não queriam se envolver nessa guerra e só me ajudaram por gentileza!

 

Isawa começou a se transformar novamente, mas dessa vez uma aura negra poderosa a envolveu, a transformação dessa vez estava muito mais intensa.

 

- Fudeu tudo! – disse Vulthar ao lado de Turok – esqueça os soldados e vamos tirar todo mundo daqui!

- O que está acontecendo Vulthar? QUE TRANSFORMAÇAO É ESSA????

- É a transformação completa – respondeu ele – ela vai ficar igual ao Fou, mas só que de forma mais intensa! Vai matar tudo o que estiver por perto até se acalmar!

 

A aura maligna de Isawa já assustava antes, agora era aterrorizante, seguindo o conselho de Vulthar Turok ajudou os anões a escaparem, felizmente os soldados se concentraram em ir atrás de Isawa que nesse momento mostrava sua verdadeira forma.

Quando a aura dela cessou todos podiam vê com detalhes sua nova forma, as asas finalmente apareceram e lembravam asas de morcegos, suas mãos e pés se transformaram em garras e uma cauda também surgiu, sua face estava mais assustadora e um par de chifres nascia acima das orelhas e cresciam pra trás, as presas afiadas pareciam querer mastigar algo o mais rápido possível e ela estava numa posição que lembrava um felino acuado.

 

- Não pense que seu poder demoníaco vai salva-la aberração do inferno! – ameaçou o oficial que liderava as tropas.

 

O oficial a atacou por trás, Isawa nem precisou se virar e parou o golpe da espada com a cauda prendendo o braço dele, após isso o derrubou no chão e ficou por cima dele, o que se viu depois foi ela arrancando um pedaço do pescoço dele com os dentes.

 

- MONSTRO MALDITO!!! – gritaram vários soldados ao verem o capitão morto em uma poça de sangue.

 

Todos os soldados a atacaram juntos, caiam sobre ela como cães furiosos e Isawa matava cada um deles com as mãos e presas, nem se dava ao trabalho de usar sua espada, quando ficou soterrada por soldados ela usou pela primeira vez o seu sopro acido ferindo a todos, quando pôde saiu voando estreando suas asas e atacando do ar arrancando a cabeça de quem era louco o bastante pra tentar ataca-la.

A batalha sangrenta só durou 10 minutos, nesse tempo ela matou os 90 soldados que atacaram o reino dos anões e brincava com o ultimo sobrevivente, quebrando os ossos deles e ouvindo seus gritos de desespero.

 

- É divertido não é? – disse ela com uma voz sinistra – abusar de quem é mais fraco que você é uma sensação maravilhosa!

 

Os amigos de Isawa assistiam aquilo sem saber se deveriam ou não interferir, se ela estava falando é por que estava consciente, mas ao mesmo tempo ela nunca teria um comportamento como aquele, Fou alertou que seria perigoso alguém se aproximar dela, seja inimigo ou amigo.

 

- Suas tripas devem ter um gosto bom – ela usava a garra pra abrir o estomago do soldado que a essa altura já estava em choque.

 

Karin não agüentou mais ver aquilo e correu na direção de Isawa, Turok não conseguiu para-la e gritou pra que não se aproxima-se dela, mas foi em vão pois Karin segurou o braço de Isawa que já tinha as tripas do homem em mãos.

- Oi irmãzinha, quer um pedaço também? – o sorriso de Isawa assustava Karin ainda mais.

- Nee-chan! Pare com isso! Por favor!!! – o desespero nos olhos da menina era absurdo.

- Parar? Depois dos que eles fizeram aqui? Não fica feliz por vê-los pagar depois do que fizeram a sua mãe?

- Eu me senti feliz por vê-los pagar – respondeu a menina chorando – mas ficar feliz com a morte de alguém é errado! Isso é muito errado!

 

As palavras da menina tocaram Isawa, ela aos poucos começou a recobrar a consciência por que seu instinto assassino era na verdade uma mistura do desespero humano com a fúria draconica, Isawa olhou pra suas próprias mãos e se enojou com todo o sangue que as cobria.

 

- o-oq-oque eu fiz? – perguntou-se ela ao perceber todos os corpos ao seu redor.

- Você salvou os anões – disse Turok se aproximando – não deve lamentar por isso.

- Eu não salvei ninguém!! Eu só matei dezenas de pessoas que estava aqui pra me matar!!! – disse ela desesperada.

- Olhe ao seu redor sua besta! – exigiu Fou – cada soldado que você matou poderia ter matado um desses anões que não tinham nada haver com a guerra!

 

Os anões estavam escondidos, assustados com a cena de carnificina mas não poderiam julga-la por ter feito isso enquanto salvava a vida deles.

Isawa se arranhava como se quisesse arrancar o couro de dragão que a cobria, ela não conseguia voltar ao normal e se deitou no chão toda encolhida e chorando.

E ali mesmo ao longe e escondido nas sombras Sszzas sorria satisfeito por ver isawa entrando em desespero.

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

acho que Sszzas vai conseguir corrompe-la, o que voces acham?
bem, pra quem acompanha tambem minha fic hentai de naruto já postei um novo cap^^
obrigado a todos por me ajudarem lendo minhas fics!