Entre O Brilho Das Estrelas escrita por Anny Andrade


Capítulo 12
Capítulo 12: Desculpas Aceitas.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem os erros gramaticais, ortográficos, e todos os outros erros possíveis.
Eu meio que estou empacada na fic, mas espero que gostem e em breve tem mais.
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212360/chapter/12

A campainha do apartamento tocou varias vezes seguidas para que alguém percebesse e tivesse disposição para atender a porta, Hermione estava cansada e tinha dormido pessimamente mal, seu rosto estava com olheiras e os cabelos antes lisos e bem arrumados se encontravam frisados e completamente embolados em um tipo estranho de penteado. Ela estava escrevendo enquanto pegou no sono, e marcas do teclado do computador enfeitavam seu braço e sua bochecha.

— Bom Dia... — A pessoa parecia um furacão tamanho o entusiasmos e alegria. — Querida você está parecendo uma velha mal amada, o que houve?

— Flavinho... — Hermione começou a falar, mas o bocejo foi mais forte que sua vontade de terminar a frase. — Eu estava dormindo... Por que tanta animação?

— Dormindo? O sol já está brilhando há séculos, os passarinhos a cantar, formigas constroem casas e arruínam flores, padarias enviam o delicioso perfume de pão quentinho para as ruas, e você estava dormindo? — Flavinho disse exuberante, seu cabelo perfeitamente cortado apresentando um tipo moderno de topete, e as roupas antes extravagantes tinham se transformado em tendências muito chiques, uma calça social preta com uma camisa com risca de giz salmão. O perfeito príncipe encantado se não fosse o fato dele ter encontrado seu rei. — Oh my god, acorda gata!

— Flavinho eu não estou entendendo tamanha agitação. — Hermione disse se sentando no sofá com as pernas dobradas, ela pensou um pouco antes de enxergar o copo lacrado que o amigo tinha depositado a sua frente. — Hum café expresso. — Ela suspirou animada e quando retirou a tampa do pote pode sentir um aroma que a mantinha acordada, nos últimos tempos ela diria que até a mantinha viva. — O que houve?

— Primeiro onde estão suas adoráveis colegas de apartamento?

— Luna sumiu Flavinho, eu queria ligar para policia, bombeiros, mas Draco sumiu também e ninguém deixou que eu fizesse algo para ajudar. — Hermione suspirou soltando o cabelo. — Onde será que eles estão?

— E a ruiva furacão?

— Essa deve está dormindo, ela ficou jogando vídeo game até altas horas. Só escutava os insultos contra os personagens...

— Muito bom saber que as pessoas dessa casa falam mal de mim pelas costas. — Gina surgiu com o cabelo molhado e um prato tigela enorme de salada de fruta acompanhada de iogurte natural.

— O café da manhã dela é bem mais saudável que o seu... — Flavinho disse sorrindo para ruiva. — E ela parece bem mais esperta e animada.

— Hermione passou mal ontem, e não quis ir no médico verificar. — Gina disse recebendo um olhar fulminante da amiga. — O que foi? Passou mesmo.

— Obrigada, mas eu só estava preocupada com a Luna e passei mal por muitas emoções fortes nesses últimos dias, afinal meus amigos são completamente malucos. — Hermione disse tomando vários goles de café quente e forte. — Eu preciso de mais café...

— Meninas, hello eu estou aqui e preciso de atenção. — Flavinho disse completamente carente.

— Flavinho, eu divido meu café da manhã saudável com você, alma gêmea da moda. — Gina disse dando espaço no sofá.

— Obrigada diva ruiva... — Flavinho disse roubando a colher de Gina e o pote de frutas. — Compramos um apartamento!

— Compramos? — As duas garotas perguntaram confusas.

— Léo e Eu... — Flavinho suspirou. — Uma cobertura incrível, completamente arejada e enorme.

— Paga tão bem para eles? Hermione poderia me contratar como personal moda. — Gina sorriu.

— Eu pago mal a eles, mas Léo tem uma empresa dele... — Hermione disse. — E eu me visto muito bem.

— Verdade o Léo e o Brian são sócios em uma empresa, e sobre as suas roupas queria existem divergências. — Flavinho sorriu para Hermione.

— Uau... Uma cobertura, que luxo... — Gina sorriu.

— Eu quero fazer uma festa, e o Léo concordou a muito custo... Queria a ajuda de vocês, mas preciso da loirinha zen para isso. — Flavinho disse desolado. — Onde será que ela está?

— Isso está me preocupando demais... — Hermione disse séria.

— Ela deve está se afogando no Draco, vocês conhecem eles, são uma éca de casal apaixonado. — Gina disse rindo.

— Isso é verdade. — Flavinho disse e por um momento reinou o silencio.

— Mas espera... Compraram um apartamento e não alugaram... Isso quer dizer? — Hermione olhou surpresa para o amigo que tinha ido especialmente para o casamento de Luna e Draco, assim como ela mesma.

— Léo resolveu que já estava na hora de abrir os horizontes da empresa. — Flavinho disse sorrindo. — Ele e Brian vão abrir uma filial aqui...

— Vai ficar para sempre? — Gina perguntou totalmente animada.

— Espero que sim! — Flavinho gritou. E de repente ele e Gina estavam pulando abraçados.

— Isso explica tanta animação logo cedo... — Hermione disse séria.

— O que houve? — As duas crianças pararam de pular e olhavam curiosos para a garota.

— É que eu pensei que depois do casamento...

— Não está querendo dizer que vai embora de novo? — Gina questionou. — E o Ron? Meu irmão não vai suportar outra vez essa história toda!

— Calma Gina... — Hermione disse. — Eu...

— Você? — Gina e Flavinho perguntaram juntos.

O barulho da porta se abrindo fez com que a conversa morresse ali. Primeiro elas enxergaram uma mochila completamente colorida e pelo visto cheia de coisas, e depois escutaram o barulho de selinhos rápidos e duas vezes a frase “eu te amo”. E por fim os cabelos loiros que estavam muito mais chamativos devido o fato da vermelhidão fraca na pele branca da garota que acabava de fechar a porta.

— Já estão acordados?

— Luna! Pelo amor de Deus... — Hermione disse correndo até a garota. — Tá tudo bem? Onde você estava? Por que não atendeu meus telefonemas? Eu achei que tinha acontecido algo terrível...

— Hermione já tomou café né? — Luna disse e Gina e Flavinho confirmaram. — Já disse que cafeína mata.

— Luna que coisas são essas? — Gina perguntou depois de ver que a amiga estava excelente como já imaginava.

— Presentes! — Luna sorriu.

— Oh my God, tem pra mim também? — Flavinho disse correndo com Gina para perto da mochila colorida.

— Claro Flavinho, acho que você vai adorar. — Luna sorriu.

— Só eu sou a chata preocupada né? — Hermione questionou.

— É! — os três disseram juntos.

— Valeu...

— Hermione eu estou ótima... Não se preocupe... — Luna disse sorrindo e andando com a amiga de volta para o sofá. — Foram só dois dias, e o que eu perdi?

— Comprei uma cobertura.

— Brian viu Harry me agarrando.

— Voltei com o Rony.

Luna ficou um tempo boquiaberta tentando entender tudo que estavam falando, e de repente se lembrou que se casou nos dois dias que ficou longe e que o que estavam dizendo só poderia ser a absoluta verdade.

— Acho que afinal eu perdi muitos acontecimentos. — Ela sorriu. — Que bom que finalmente voltou com o Rony, ele sofreu tanto quando você foi embora.

— E Luna sabe bem como, ela se transformou na melhor amiga do Ron, sempre por perto até aparecer aquela coisinha bronzeada.

— Katty é uma excelente pessoa Gina, ela ajudou muito no restaurante. Mesmo que nunca tenha se formado em gastronomia ou se quer entrado em uma faculdade a garota entende muito de misturas e alimentos, e precisava de ajuda. — Luna disse. — As vezes me perguntou se não foi um anjo que Deus colocou no caminho do Rony quando ele precisa mais que somente eu como amiga.

— Mas e os garotos? — Hermione perguntou enciumada.

— Harry desapareceu com Gina, e depois quando voltou mais parecia um idiota que dormia o dia inteiro e passava a noite na vida... Meu Draco começou a fazer shows com a banda, e também viajava muito. Ficamos muitas semanas sem nos ver... Sobrou eu e o Rony, e passamos o tempo todo arrumando o restaurante, escolhendo mesa, decoração, funcionário, e Katty apareceu, precisava alugar o quarto que tinha ao fundo do restaurante, mas não tinha dinheiro.

— Como cofiaram nela tão fácil? — Flavinho questionou curioso. E Gina e Hermione sorriram, elas sabiam como tinham confiado.

— Ela tinha uma energia boa, um sorriso sincero e mostrou que eu estava certa. — Luna sorriu.

— Por isso preciso de você para a festa no apartamento. — Flavinho disse batendo palmas, mas de repente parou ao reparar no acessório pendurado no pescoço da loira de olhos distraídos e cabelos ainda longos e desgrenhados. — Oh My God, eu não acredito nisso... Você... O Loiro Sedução... Vocês... Oh My God!

Luna ficou olhando tentando decifrar a expressão chocada e ao mesmo tempo alegre de Flavinho, e viu o movimento dele retirando de dentro da camisa muito bem passada um colar de cristais. Exatamente o mesmo colar que Luna trazia pendurado ao pescoço. Única diferença eram as cores. Flavinho possuía um cristal mais puxando para o roxo, mas ainda assim completamente translucido. Cristais devem ser assim, os que não são dessa maneira possuem outros elementos que modificam toda sua energia benéfica podendo até ser algo ruim. E o colar de Luna tendia para o tom azul. E ela entendeu a reação dele. E sorriu. Estava tão feliz, e ele parecia tão feliz, e naquele momento os dois se entendiam.

— O que foi? — Gina questionou.

— Por que possuem colares iguais? — Hermione parecia confusa.

— Sabe é que Draco e eu sumimos por um motivo muito lindo. — Luna sorriu.

— O que? — As amigas perguntaram, mas Flavinho já estava abraçando a loira e gritando a plenos pulmões parabéns.

— É a cerimonia mais linda e sincera que conheço, e a única que gay podem participar. Não acredito que foram para o Havaí se casar... Isso é incrível... Será que é o mesmo senhor que me casou com Léo? — Flavinho dizia, e de repente percebeu que Gina e Hermione olhavam boquiabertas a cena. — Ou droga, acho que falei demais.

— CASARAM? — Gina gritou. — SEM AVISAR? EU NÃO ACREDITO NISSO!

— Eu voltei pelo casamento Luna, eu queria tanto ver... — Hermione disse visivelmente chateada.

— Podem se acalmar, e vamos conversar. — Luna disse no seu tom mais calma, e se sentou no sofá sorrindo. Luna era incrível e ninguém poderia negar isso.

XXX

Quando Draco passou pela porta do apartamento encontrou os amigos conversando na maior tranquilidade enquanto tomavam café. Aparentemente Harry não tinha problemas com Brian e sim vários problemas com Ginevra Weasley. O que fazia todo sentido depois de tudo que ela fizera com ele. Rony parecia muito mais animado do que anteriormente e Brian parecia começando a se enturmar.

— Nossa nenhum grito, abraço, e risadas? — Draco suspirou. — Bom saber que nem sentem minha falta.

— Draco sabíamos que estava tudo bem, ninguém ligou pedindo resgate e nem vimos seu pai na TV falando sobre o quanto você era um bom filho. — Rony disse sério. — Sem contar que Hermione se preocupou o suficiente por nós dois.

— Sabiam que eu consegui ouvir os gritos das garotas e Flavinho do corredor, vocês são péssimos amigos... — Draco parou um momento. — Hermione se preocupou pelos dois? Vocês? Juntos? — Draco sorriu. — Posso até escutar os outros mundos gritando aleluia junto comigo.

— Engraçadinho... Morrendo de rir loiro... Sim nós voltamos enquanto você sumia com a Luna e deixava minha namorada preocupada. — Rony disse.

— Observe que ele já chama ela de minha namorada novamente. Que meigo...

— Draco estamos felizes que tenha voltado, mas agora diga o que foi fazer e porque está com esse colar tão... — Harry disse buscando uma palavra.

— Luna. — Draco sorriu.

— Exatamente. — Harry disse.

— Eles casaram. — Brian disse sorrindo e indo até Draco dar os parabéns.

— O que? — Harry riu.

— Nem pensar. — Rony disse rindo. — Não tem aliança nenhuma Brian.

— A aliança é o colar... — Brian explicou. — Eles possivelmente casaram com algum mestre espiritual, desses que acreditam na energia do planeta, que também acreditam no espirito divino em Deus e tudo mais, só que não acreditam em instituições propriamente ditas, entendem? O colar é a aliança.

— Fala sério... Como sabe tudo isso? — Draco perguntou incrédulo.

— Léo é meu melhor amigo, quase um irmão... Eu fui o único presente no casamento dele com Flavinho. — Brian deu de ombros. — Eles usam as alianças convencionais só porque o Léo é extremamente careta. Enfim... Parabéns, Luna parece ser ótima pessoa.

— Ela é a melhor... E valeu Cara... — Draco disse aceitando o abraço de Brian. — E vocês?

— Draco Malfoy eu achava que você fugiria no dia do seu casamento e nós teríamos que segurar Hermione e Gina para que não te caçassem até o inferno, enquanto a Luna ignorava tudo e viajava em busca de plantas medicinais. — Harry disse rindo. — Mas você casou... Você sequestrou Luna e casou... Parabéns Cara...

— Valeu pelo resumo da sua mente idiota Potter. — Draco disse rindo também.

— Você sabe né? Mesmo não tendo abandonado Luna no altar, as garotas vão te matar... — Rony disse. — Mas parabéns você parece bem feliz e muito mais bronzeado.

— Havaí... — Brian disse.

— Hei, acho que ele tem algum parentesco com a Luna, porque acerta tudo. — Draco disse abismado.

— É um dos únicos lugares que usam o colar para selar a união de duas almas. — Brian disse. — Eu gosto de ler, e assistir documentários.

— Certo... — Rony disse meu assustado. — Café da manhã!

— Isso me lembra algo... — Brian disse se levantando. — Onde vende o melhor café?

— O que vai fazer? — Harry perguntou curioso.

— Uma surpresa legal, para uma amiga...

— Um aviso para você cara, fique longe da Gina ela é furada e dor de cabeça, e resulta em um coração sangrando por vários anos. — Harry disse e observou a expressão homicida de Rony. — Não me leve a mal Rony, mas isso é a verdade.

— Não é a Gina. — Brian disse. — Eu já percebi que o aviso é real e manterei distancia.

— Nossa o que eu perdi nesses dois dias? Rony e Mione casal feliz novamente, Brian querendo distancia de Gina, Harry acordado essa hora e com a aparecia que não foi para lugar  nenhum ontem a noite. — Draco suspirou. — Dois dias podem mudar a vida das pessoas.

Quando finalmente todas as piadas e brincadeiras tinham chegado ao fim, a conversa deles foi como sempre era, verdadeira e mostrando que amizades percorrem não só anos, mas décadas inteiras.

XXX

Existem momentos na vida que nada mais pode ser feito além de seguir em frente, se arriscar, e dizer com todas as letras “Errei”. Ele havia errado, e sabia que perdões são raros, e só podem vim de pessoas que jamais deveriam ter sido magoadas, estava esperando o momento certo para poder encarar a dor verdadeira, mas como saber quando o momento certo chega? Estava sozinho e sentia falta das únicas pessoas que amava de coração, que se importava, e que faziam de sua vida algo especial.

Certa ou errada a hora havia chegado. Não podia mais enfrentar aquele vazio e os dois dias mais pareciam séculos, e nada mais poderia adiar aquele momento. Ele devia isso a si, e a elas. Finalmente deveria se explicar, e pedir desculpas por ter sido tão egoísta e ciumento. Philipes não dormia desde que Rosa saiu de casa e só conseguia pensar em como gostaria de ter voltado ao tempo e nunca ter falado com o ruivo safado que estava tentando tirar a princesinha dele. Mas não deveria ter impedido que Hermione escolhesse seu futuro, ele impôs a distancia e agora queria se livrar dela.

Precisava de sua filha, de sua esposa, da sua família de volta. Feliz, unida, e completa.

Era hora de agir e de perceber todos os erros, de assumir que havia tomado decisões erradas.

Era hora de se desculpar, e implorar por um perdão.

E a primeira pessoa com quem deveria falar era ele.

Tinha certeza que elas só o perdoariam caso o ele o perdoasse.

Ronald Weasley teria uma grande surpresa quando chegasse ao restaurante, sim teria.  

XXX

Quando o barulho da porta alertou para um possível cliente na hora errada Katty simplesmente bufou cansada, eles sempre faziam isso, ignorar a placa de FECHADO que emoldurava o vidro fume da porta do restaurante, então disparou sua melhor voz de entediada e de garçonete mal amada esperando que isso fosse o suficiente para que o cliente indesejado fosse embora do mesmo jeito que entrou.

— Estamos fechados, não viu a placa não?

— É que eu não sou um cliente propriamente dito.

E aquela voz, aquele sorriso que tinha se instalado em seu rosto por culpa daquela voz, tudo fez sua mente gritar “isso não vai dar certo” então ela ignorou os gritos e suspirou antes de se virar e encontra-lo. Ele estava com uma camiseta azul que combinava incrivelmente com os olhos, o cabelo, a pele, e ele estava de óculos o que fez ela pensar se nos últimos dias ele estaria usando lentes de contato, porque de longe se via que aqueles óculos eram de grau e não um charme a mais na sua figura já suficientemente charmosa. E a camisa por cima da camiseta fez ela suspirar novamente, por que além de ser incrivelmente fofo ele ainda se vestia daquele jeito nerd? Ela teria que perguntar se existia um manual de como ser o cara perfeito na pior hora, mas isso ficaria para depois, agora ela estava ocupada reparando no all star dele, e pior ainda no dela. Sorriu ao se lembrar que tinha trocado o preto, sujo e velho tênis que amava mais que todos e ter colocado aquele roxo, que também estava sujo, mas muito menos visível. Então o sorriso já estava tão grande que ela resolveu falar alguma coisa.

— O que faz aqui Brian? — Katty disse observando os amigos do restaurante prestando atenção neles.

— Café? — Ele disse sorrindo e levantando uma bandeja que deixa claro que ele tinha comprado um copo de cada por não saber de qual ela gostava.

— Muito café pelo visto... — Katty riu. — Por acaso um desses copos teria café com leite e muita espuma?

— Obviamente... — Brian suspirou aliviado.

Antes que ele conseguisse se aproximar de Katty para lhe entregar o copo em sua mão ele foi interrompido por pessoas fervorosas que cruzaram seu caminho levando a maioria dos copos deixando apenas um café expresso solitário entre um pacote de rosquinhas.

— Vale B. — Um dos garçons disse animado abrindo um pacote de rosquinhas. — De chocolate, uhul!

— Certo Matheus... Agora pode ir ajudar os outros a devorarem os cafés e as rosquinhas na cozinha. — Katty disse rindo.

— Vou deixar vocês... Hum... Conversando. — Matheus disse rindo e fazendo Katty olhar para ele como se fosse explodir sua cabeça.

— Ainda bem que gosto mesmo de café expresso. — Brian disse dando de ombros. — E eu escondi uma coisa... — Ele sorriu pegando um pacotinho.

— E o que tem ai? Não seria uma bomba né? — Katty disse sendo engraçadinha, enquanto pensava que calar a boca seria a melhor escolha possível.

— Croissant... — Ele disse com expectativa.

— Oh Meu Deus, pode ir passando pra mim. — Katty disse roubando o pacotinho dele. — Fique com as rosquinhas, que eu cuido desses deliciosos Croissants.

Brian riu ao se sentar com ela em uma das mesas centrais, ele não sabia o que tinha o feito tomar a decisão de ir comprar café, e tudo mais. Mas ele se sentia bem perto de Katty, sem precisar usar roupas que não gosta, nem as lentes que o incomodam. Ele podia ser com ela alguém que não poderia ser com Gina, porque elas eram completamente diferentes, com ideais diferentes, e obviamente com gosto diferentes mesmo estando as duas envolvidas com o tal Harry, e ele pensou que talvez fosse uma atração esquisita por garotos com óculos.

— Você não vai acreditar... — Ele disse com a boca cheia.

— Se for dizer que todo garoto fala com boca cheia eu acredito sim. — Katty disse rindo enquanto ele tentava engolir tudo de uma vez.

— Não é isso... Mesmo que essa seja uma verdade universal... — Brian deu de ombros. — Draco e Luna se casaram.

— Não brinca... — Katty disse se esquecendo que também estava comendo.

— Pelo visto meninas também falam com a boca cheia. — Brian brincou e acrescentou. — E não estou brincando.

— Como se casaram? Achei que eles estavam ensaiando e planejando tudo para o ano novo, sabe né? Se casar no  mesmo dia que noivaram, junto com as expectativas do inicio... — Katty sorriu.

— Não foi uma cerimonia oficial... — Brian começou a explicar. — Foi como Léo e Flavinho... Você não os conhece muito bem né? São os que estavam no jantar que Rony fez. Bom, eles se casaram em uma espécie de ritual, poderia dizer que foi uma cerimonia ritualística, o que é muito bonito e faz muito mais sentido. — Brian continuou explicando os detalhes enquanto Katty parecia encantada com o tanto que ele conhecia e como falava bem sobre tudo.

Por um momento ela até se viu em uma praia junto com alguém especial escutando as palavras do mestre espiritual. Ela suspirou varias vezes encantada com tudo que ele dizia e explicava, e quando deu por si já tinham passado uma hora e eles não tinham ficado nenhum um segundo sem assunto. E sua mente gritou “ele é incrível” e ela afirmou mentalmente que sabia disso, e quando ela voltou a gritar “por isso jamais daria certo, não com você que sempre escolhe os piores sujeitos e acaba ferida” e ela pode apenas confirmar novamente. Pelo menos poderiam ser amigos, e obviamente isso já estava se tornando nítido.

XXX

Depois de muitas lágrimas e um drama digno de ganhar um oscar, realizados principalmente por Gina, Luna conseguiu contar o quanto tinha sido lindo e especial seu casamento. Mesmo que não fosse legitimo para algumas pessoas para ela tinha sido melhor do que um sonho, e inesquecível. E explicar tudo isso para suas melhores amigas foi quase mágico, porque somente falando em voz alta ela se deu conta do quanto tinha sido incrível tudo que ela e Draco tinham vivido, e o quanto eles ainda tinham para viver.

— E foi isso... — Luna sorriu tão grande e tão satisfeita que nada no mundo poderia tirar aquela felicidade de dentro dela.

— Que perfeito! Lembro-me do meu casamento... — Flavinho suspirou abraçando Hermione. — Léo estava simplesmente sexy naquela roupa branca e leve...

— Poupe-me dos detalhes sórdidos... — Hermione disse fechando os olhos e mostrando a língua.

— Quando vai se divertir Mi? — Flavinho perguntou rindo.

— Me divirto sem os detalhes sórdidos! — Hermione disse e também riu.

— Sabe o que eu mais gostei desse casamento? — Gina sorriu finalmente limpando as lágrimas dos olhos.

— O amor? Definitivamente o amor, e a lua de mel na praia embaixo da luz da lua. — Flavinho suspirou novamente se jogando no sofá e se abanando.

— As palavras de Draco... Luna contando e deu uma vontade de ter assistido tudo... — Hermione sorriu.

— Não... Por favor... — Gina disse eficiente. — O fato de ter sido apenas um ritual! E que eu posso continuar organizando o casamento de verdade, com festa e convidados, com bebidas e docinhos deliciosos...

— Gina não foi “apenas” um ritual. E pra nós foi um casamento de verdade. — Luna disse calmamente, como se falasse com uma criança de dois anos. — Foi o melhor casamento, e nada poderá ser melhor do que foi... Só porque as pessoas convencionais não o leva em consideração não significa que não seja verdadeiro...

— Eu sei Luninha... Mas ainda posso levar em frente o casamento com juiz e padre? — Gina perguntou sorridente.

— Com juiz... — Luna suspirou. — O casamento espiritual já foi feito e tenho certeza que Deus o aceitou da melhor maneira possível. Deus busca a sinceridade e o amor verdadeiro e isso nós temos, e esses sentimentos estavam presentes no ritual.

— Certo... Juiz, festa, convidados, e lindas damas de honras... — Gina bateu palmas.

— Quero ser uma dama de honra! — Flavinho disse pulando do lado de Hermione e se aproximando de Gina. — Serei uma linda dama de honra...

— Flavinho será o perfeito ajudante... Nós juntos podemos fazer um casamento mais bonito do que de princesas e rainhas... — Gina disse empolgando-se.

— Simples... Por favor... — Luna disse.

— Simples, mas totalmente chique... Confie em mim e na minha alma gêmea da moda! — Flavinho disse arrastando Gina para conversar sobre o casamento. — Não se esqueçam da minha festa, e falando nisso Loira eu preciso do seu jeito “paz e amor” para me ajudar...

— O que? — Luna disse confusa.

— Você vai ver, agora vou fazer listas para seu casamento!

— Hermione... — Luna olhou para a amiga que ria. — Socorro!

— Prometo ajudar você a sumir com tudo dourado, prata e purpurinado... — Hermione disse rindo de Luna. — Senti saudades disso... Muitas Saudades...

— Mas isso aqui não estava assim Hermione... Todos nós sentíamos falta de você... — Luna sorriu.

— Essa é a hora do abraço? — Hermione questionou.

— É sim... — Luna falou a abraçando.

— ABRAÇO EM GRUPO! — Gina disse se jogando em cima das amigas.

— Oh Meu Deus... Esqueci que Gina fazia essas coisas... — Hermione falou com dificuldade. — Preciso respirar...

— Não podem se jogar em um abraço em grupo sem um gay lindo e incrível! — Flavinho disse se jogando em cima delas. — Isso sim é um abraço em grupo.

— SOCORRO! — Hermione gritou. — Estão tentando me matar amassada...

Os risos percorreram a casa inteira, ultrapassando a porta e chegando aos corredores do prédio. E um ar leve e quente passou pelo som sussurrando aos atentos uma verdade que deveria ser visível. Finalmente as coisas estavam de volta ao normal. Finalmente a vida voltava a ter sentido.

XXX

O restaurante estava vazio exceto pelos funcionários que andavam de um lado para o outro tentando acertar os detalhes finais e uma mesa ao fundo ocupada por um senhor de terno alinhado e expressão fechada, muitos poderiam descrever como tristeza, solidão, e um pouco de medo. Katty observava de longe tentando entender quem seria aquela figura e o que queria com Rony. Brian tinha se despedido um pouco antes do homem chegar, o que pegou Katty de surpresa não podendo avisar que o restaurante só abriria na hora do almoço como acontecia normalmente. Eram raras as ocasiões que Rony abria logo cedo, porque normalmente passava na faculdade para entregar trabalhos e teses finais, ou conversar com professores.

Talvez as pessoas devessem observar mais os outros. Suas expressões podem dizer algo bom, ou até mesmo pedir um socorro mudo. Mas ninguém realmente olha para a pessoa do lado esteja andando na rua, parada em uma fila ou dentro de um ônibus lotado. Passamos pela vida das pessoas sem acrescentar nada, pois estamos muito ocupados tentando esconder o que nós mesmo sentimos, o que nós mesmo queremos. Tudo passa tão rápido que em um instante nada mais é como antes. Vemos o mundo morrer sem fazer absolutamente nada.

— Katty?

— Rony... Aquele senhor quer falar com você... — Katty disse se recompondo, não tinha avistado o chefe chegando de tão absorvida que estava em tentar decifrar o senhor sozinho na mesa, a cabeça baixa e os ombros caídos só poderiam significar tristeza. Quem sabe arrependimento.

— Quem? — Rony se virou para o fundo do restaurante. Ele jamais se esqueceria daquele senhor e da irritante mania de chama-lo pelo nome errado. — O que ele quer comigo?

— Não sei... Você o conhece? — Katty pergunta, mas é obvio que Rony o conhece.

— É o pai da Hermione. — Rony responde duro, seco, não com raiva, mas com um sentimento não revelado dentro de si.

— Oh Meu Deus! — Katty disse colocando as mãos sobre a boca e observando o ruivo caminhar com largos passos até se aproximar da mesa onde o homem permanece com o rosto escondido. — Que tudo dê certo!

Enquanto cruzava todos os dedos possíveis Katty escutou a voz de Rony finalmente escapando da garganta. Estava grossa e séria. Não era a voz costumeira. Tinha um pouco de dor, e talvez muita mágoa desenhando formas estranhas enquanto as palavras saiam dele e chegavam ao homem.

— Senhor Granger...

Os olhos de Philipes se ergueram encarando o rosto de Rony, mas sua expressão não mudou. Nada de caretas ou expressões de desprezo. O Pai de Hermione permaneceu com o olhar triste, com a expressão derrotada. Sua voz saiu fraca e sem forças.

— Poderíamos conversar?

Eles deveriam. Há muito tempo essa conversa deveria ter tido um ponto final. Um pedido de desculpas e uma borracha apagando as mágoas.

— Não quero brigar... — Rony respira fundo tentando controlar seu humor alterado. — E agora Hermione já fez o curso que queria, já lançou um livro de sucesso, nós estamos apenas tentando...

— Me perdoe...

— O que? — Rony não estava realmente acreditando nas palavras que tinha acabado de escutar.

— Podemos conversar? Sente-se, por favor.

Depois de alguns segundo sem saber o que fazer Rony finalmente se sentou em frente ao pai de Hermione preparado para ouvir novamente todas aquelas palavras do passado. Mas agora ele era sim um bom partido para a garota. Ele tinha conseguido o restaurante e mesmo sendo recente e pequeno dava bons lucros. Ele tinha praticamente se formado. Ele tinha finalmente amadurecido e dessa vez não estaria disposto a ficar longe dela. Dois anos tinha sido tempo demais, e ele se sentia morrendo a cada dia que ficava sem vê-la, sem poder dizer que a amava. Não abriria mãos da vida como fez no passado. Seria impossível fazer isso novamente.

— Não vou deixar Hermione. — Rony suspirou. — Ela voltou, entrou na minha vida novamente... Sinto muito senhor Granger, mas nunca mais abro mão da sua filha.

— Raph...

— Ronald... — Rony responde. — Meu nome é Ronald e não Raph.

— Tudo bem, eu quero conversar sem brigas.

— Senhor Granger o que quer conversar se não vai pedir para que eu deixe Hermione? — Rony disse cansado. Seria pedir muito que o pai dela pudesse ao menos deixar que eles fossem um pouco felizes? Ele era o melhor para Hermione, porque era o que ela queria. Era quem ela amava.

— Quero pedir desculpas, e quero pedir que faça Hermione e Rosa voltarem a falar comigo. — Philipes disse. — Essa solidão é horrível, eu não suporto ficar sem as duas razões da minha vida.

— Senhor Granger... — Rony observou e entendeu tudo que aquele homem na sua frente estava sentindo. E não o perdoaria por achar que é justo, o perdoaria porque ele entendia exatamente o tipo de solidão que se vive quando sua vida se afasta sem deixar mensagens, sem mandar cartas, sem um único telefone.

Durante dois anos Rony viveu essa solidão que descrevem em filmes românticos, essa solidão que as poesias usam como instrumento de trabalho. Rony sabia o que era está em meio a mil pessoas e mesmo assim se sentir sozinho, perdido, sem vontade de sorrir, de conversar, apenas sobrevivendo e fazendo com que os dias passem mais rápido do que se é possível.

Então quando suas palavras saíram, ele entendeu que era a única resposta a ser dada.

— Senhor Granger... Não tenho que perdoar o senhor.

— Mas...

— A escolha foi minha. Eu decidi deixar que ela fosse embora, eu acreditei que era inferior e não merecia o amor dela, eu fiz com que realmente não merecesse. Eu sofri. Eu cresci. Eu entendi que sim o meu amor é grande, que eu mereço senti-lo e tê-la para sempre. Eu me tornei uma pessoa melhor. Não foi o senhor, por isso não preciso perdoa-lo. — Rony se levantou e tocou nos ombros ainda caídos de Philipes. — Eu converso com ela para que entenda que a culpa foi minha, só minha.

Rony deixou o homem na mesa. Sozinho. Engolindo cada palavra que Rony tinha despejado sobre ele. E não era culpa do garoto, mas sim sua culpa. Seu ciúmes. Seus sonhos em ver a filha brilhando. Seu egoísmo. Quando suas forças já estavam extintas que ele observou a garota sentando-se ao seu lado. Um sorriso doce. Nas mãos um xicara de café quente sendo empurrada para perto dele. Era quase como um anjo surgindo do ar para poder dizer o que ele deveria saber.

— Hermione ama o Rony... É desses amores que só vemos em filmes e livros, um amor que mata as pessoas de inveja. E sabe de uma coisa, para viver um amor assim é preciso crescer observando casais que sentem a mesma coisa. Eu acho que os dois cresceram assim, vendo o amor e acreditando nele.

— Quem é você?

— Me chamo Katty, trabalho aqui ajudando o Rony...

— Conheceu minha filha?

— Sim... Mas eu nem precisava falar com ela para conhecê-la. Do jeito que o Rony sempre falou dela, eu acredito que a conheço mais do que muitas pessoas que a veem com frequência. E do jeito que Rony fala dela eu acho que o senhor não deveria vir pedir perdão a ele... Deveria ir falar com ela... — Katty sorriu e pegou na mão do homem com carinho. — Pais e Filhos nunca deveriam brigar ou ficar sem se falar, porque é muito ruim viver longe da família.

— Obrigado... — Philipes disse sorrindo pela primeira vez em dias.

— Lembre-se que não somos nós que escolhemos o amor é ele que nos escolhe. E fugir é impossível... Por isso nem que eles quisessem poderiam evitar isso... Rony e Hermione estão unidos por uma força que todos desconhecem, mas que sonham encontrar.

— Pelo amor... — Philipes respondeu.

— Pelo amor... — Katty sorriu e se levantou. — E todos que amam sabem perdoar.

— Obrigado... Obrigado mesmo...

O amor. Somente um sentimento cheio de mistérios para conseguir fazer alguém entender que não pode controlar tudo. O amor que vira a cabeça e faz com que besteiras sejam cometidas. O amor que deixa o dia mais colorido e a noite mais iluminada. O amor que faz frio ficar quente, e calor se transformar em gelo. O amor que deixa arrepios, que deixa tremores, que deixa a vida mais viva. O amor que faz se quebrar barreiras de tempo e de preconceitos. O amor que aparece de repente e vai permanecendo por toda a eternidade.

O amor. E o fato de se amar e ser amado.

O amor que é briga, luta, e raiva. O amor que no final é só perdão doce, puro, e simples. Como nada mais no mundo poderia ser.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre O Brilho Das Estrelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.