No capítulo anterior..

– Sabia que ia se surpreender, não acho que vou conseguir te colocar para descansar por mais tempo, vamos passear um pouco. Tenho que te contar algumas coisas que aconteceram depois que você partiu, não queremos surpresas desagradáveis...

– Que tipo de surpresa ?!

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Cassandra narrando

– Eu não entendo, que tipo de coisas mudaram ?... Espera, por que você esta no Polo Sul?!

– Era esse tipo de coisa que eu estava tentado falar...Cas, olhe ao seu redor

Me atentei não apenas aos detalhes das construções, mas também as pessoas. Muitas eu nunca havia visto na vida, outras eram familiares.. Me lembraram os meus vizinhos no Polo Norte e-
Arregalei os olhos e os esfreguei varias vezes para ter certeza do que estava vendo.

– Lucas, por favor, me explique o que aconteceu!! Essas pessoas também são do Polo Norte!!! – disse exaltada

– Para tudo há uma explicação, Cas. Você só precisa deixar de ser tão impaciente! Você não era assim..

– Realmente, Nós dois mudamos bastante... Agora me diga ! – deu bastante ênfase no “nós”. Lucas não era estúpido, ele percebeu o que eu quis dizer com aquele tom de deboche. Por fim, ele começou a andar lentamente e com o olhar perdido para frente, e eu o acompanhava um pouco atrás. Ele me guiou até uma torre de vigia, onde pudemos ficar relativamente sozinhos. Por fim, ele abriu a boca e me explicou.

– Cas.. Uns dois anos após de você ter ido embora, seu pai, Giotto, acabou se casando novamente com uma das curandeiras da tribo, Gabrielle, e logo depois do casamento deles, o Avatar apareceu em nossa tribo, disse que precisava aprender a dominação de água para prosseguir com os outros elementos...-ele me encarou para ver minha reação- Nós também mal acreditamos que um nômade do ar continuava vivo! Enfim.. o mestre Paco o ensinou, e depois de sua chegada alguns costumes mudaram...

– Mudaram como ? – me debrucei no parapeito de gelo, só então notando a sensação familiar que aquelas roupas azuladas traziam.

– Um dos que acompanhavam o Avatar, era uma mulher da tribo da água do Sul,aonde estamos agora, ela era a ultima dominadora desses lados e nós não sabíamos da situação de nossos irmãos aqui deste lado... Ela conseguiu mudar a mente do mestre Paco sobre ensinar a dominação para mulheres e-

Antes que eu saísse correndo dali, Lucas foi mais rápido e me segurou pelo pulso.

Lágrimas invadiram meus olhos.

Descobrir que os anos que eu estava tentado vir para cá foram os anos que eu precisava aguentar a opressão do mestre Paco para que ele ensinasse a mulheres depois da chegada do Avatar!!.. Foi o meu primeiro ano no palácio de Fogo... será que valeu a pena sair?.. Não por poder vir para cá, mas passar aquilo tudo para conhecer Kouta ?

– Acalme-se, sei que esta se sentindo frustada e-

– Você não faz ideia do quanto..- Minha voz saiu um pouco fraca, mas com um pouco mais de tempo, pude me acalmar completamente. Lucas me esperou para prosseguir. – E então..?

– Houve um conflito entre a Nação do Fogo e o Polo Norte..- Arregalei meus olhos novamente- Conseguimos ganhar graças ao avatar, já que eles se aproveitaram da nossa fraqueza, me intriga como eles descobriram sobre a lua cheia, e especialmente, a localização...

Flashback ON

– Quietos !!! – a voz de Osai calou a todos – Realmente não sabemos como ele está vivo, mas temos provas concretas de que ele voltou. Zuko não foi o único a ver o avatar, meu irmão estava junto a ele, tem sua assinatura nesse pergaminho, é completamente confiável. Temos que matar o avatar antes que ele inicie seu treinamento e estrague meus planos de dominação mundial... A tribo da água do sul não tem dominadores há 70 anos, por isso precisamos descobrir a localização da tribo da água do norte e impedi-lo de uma vez por todas !! – ele se levantou da cadeira, abriu caminho entre as chamas, e caminhou lentamente em minha direção.

Meu propósito ali estava tão claro quanto a água de uma nascente.

– Eu me recuso !! – disse em alto e bom tom, atraindo todos os olhares para mim – Nunca vou dizer a localização da Tribo da Água do Norte, não pretendo trair meu povo !! Que o avatar aprenda todas as dominações antes de vocês conseguirem isso !!!

Os que me olhavam antes com surpresa mudaram seus olhares para desprezo. Osai parou uns 5 metros de mim, eu o olhava com raiva.

– O que houve ? Está aqui a menos de 1 ano, criança.. tem tanto tempo para viver ainda.. se me disser o que eu quero, você ganhará a liberdade..

– Prefiro morrer dentro de uma cela !!! – tentei investir em sua direção com os punhos mesmo, já que não havia água para que eu a dominasse, mas os soldados me seguraram violentamente pelos braços, enquanto me debatia. A única coisa que consegui fazer foi cuspir em seu rosto, bem na maçã da bochecha. A quanto tempo eu queria fazer aquilo !!!!

Ele limpou-se devagar, enquanto os guardas acharam um jeito bem doloroso de me manter parada. Ele chegou friamente perto do meu rosto :

– Muito bem então.. que apodreça em uma das celas.

– Mas antes, devemos cumprir a tradição – disse Kizamuri. Aquele velho imprestável !!!! Osai pensou por alguns segundos, voltou-se para mim com um sorriso frio

– General Kizamuri está certo.. essa é uma tradição muito antiga para ser esquecida por agora.... “Aquele que insulta o Senhor do Fogo deve uma luta honrada com mesmo, até alguém admitir a derrota e aceitar a vergonha e a desonra”

[...]

“O Senhor do Fogo só estava brincando com ela”

“Essa ai deu mais trabalho que o Zuko”

“ Só 20 minutos de combate ? Esperava mais dessa fraca!! ”

“Escrava maldita... deviam mata-la de uma vez !! É assim que se começa uma rebelião !!! ”

Comentários assim e outros um pouco piores, fizeram o meu humor cair ainda mais.

Chegando na cela, os guardas prenderam uma corda as minhas mãos e empurraram minhas costas escuridão adentro. Cai no chão, fiquei deitada lá um bom tempo...Agora teria que trair a minha própria tribo.. Estava tão fraca que mal conseguia chorar, apenas fechei os olhos, invadida pelo cansaço.

Flashback OFF

– Realmente, um lugar tão guardado no meio do gelo como a nossa Tribo.. é

bem difícil de achar..-falei, após de me lembrar que fui eu a traidora...

– Bem, mas agora aqui é o nosso lar. O Avatar, antes de deixar a Tribo do Norte,

nos pediu que protegêssemos nossos irmãos da tribo do Sul, e algumas famílias foram convidadas a povoar aqui. E cá estamos. Muitos conhecidos, Sul e Norte unidos há 5 anos.

– Lucas.. E o meu pai ?

Kouta Narrando

Pedro me serviu um recipiente com a tal sopa de baleia dele há pelo menos uns quarenta minutos atrás e, realmente.. eu preferia carne de verdade.
Desde que sentamos para comer, ele me contou o que tinha acontecido para que ele, um nativo do Polo Norte, viesse para cá.

– Realmente, a situação mudou para muitos aqui!! Várias pessoas vieram para cá com motivos diferentes, como por exemplo se rebelar contra a família, através de..sei lá! Um casamento desaprovado ou... enfim.. Não sou muito bom em inventar essas coisas – completou Pedro, suas mãos brincando com os polegares. Ele pareceu aliviado com o termino do assunto, apesar de ele mesmo te-lo começado..

– Realmente, o que vocês fizeram foi muito interesante, de vir para cá e tal... Mas Pedro.. Desculpe a ousadia da pergunta mas...Não me responda se não quiser... O que você veio fazer aqui ?

Ele sorriu desajeitado para aquela pergunta. Por sorte, sua reação foi melhor do que eu previa.

– Eu.. ahm.. eu vim por causa da Cassandra..

– Como assim ?

– Posso ser mais novo que ela, mas sempre fomos muito amigos... Dois anos depois que ela saiu do Polo Norte para vir para cá, o Avatar veio a nossa tribo e nos pediu esse favor. Giotto, o pai dela, usou dessa chance para vir por sua própria conta, mas acabei descobrindo, junto do Lucas. Nosso intuito era que viéssemos lhe dar um abraço apertado e dizer que nunca mais íamos nos separar de novo. Mas quando chegamos, a grande surpresa.. Cassie ainda não tinha chegado...

Pude ver tristeza evidente em seus olhos a partir desse momento. Ia abrir a boca para sugerir que parasse, que já era suficiente, mas Pedro me fez um gesto indicando que estava tudo bem e que ele seguiria em frente com aquilo.

– Pensamos no pior imediatamente.. Que ela estava morta. Mas Giotto não!! Ele disse que talvez estivesse perdida, fez piadas com o senso de direção dela – eu ri dessa parte- .. e nunca disse que ela havia ido dessa para melhor. Assim que chegou, acomodou a esposa em um dos iglus e partiu para o Reino da Terra a sua procura. Nas primeiras viagens, eu e Lucas nos empolgamos para ir, mas depois da 5º, Lucas se conformou que ela estava morta e depois da 8º, eu também. Mas então você a trouxe para nos!!!! Por isso estou muitíssimo grato a você!

– Não há de que, e apesar de seu senso de direção, ela apenas me pediu ajuda depois de um problema que teve no continente, e eu sabia como sair mais depressa

– Entendo.

Iamos continuar com a conversa normalmente, mas algo nos impediu. Ou melhor, um barulho nos impediu.

De repente, Pedro saiu do iglu pela porta apertada e eu o segui. Um navio acabara de atracar no porto e parece que havia uma multidão em volta dele. Minha curiosidade foi ativada mais uma vez, mas logo respondida por Pedro.

– Giotto, ele voltou mais cedo dessa vez...

– Ele parece bem importante..

– É o nosso melhor general, bem, desde que nos mudamos para cá. Ele era bom no Polo Norte também, mas quando nos mudamos para cá, apenas ele veio preparado como um verdadeiro general, por isso é o melhor daqui. E por isso também, muitos tentaram convence-lo de parar com a busca.

Giotto saiu do barco e começou a caminhar na minha direção enquanto Pedro falava. Sua esposa, pelo que me parece, foi a primeira a cumprimenta-lo, comm um beijo terno nos lábios e um abraço apertado que ele não se desfez totalmente, por estar muito longe, não pude ver suas reações com clareza. Logo depois, um garoto de 3 anos correu em sua direção, e ele o segurou no colo enquanto caminhava tranquilamente.

Em um momento, ele passou por nós e vi Cassandra na outra ponta da rua, ainda conversando com Lucas, cena que fiquei um pouco incomodado, mas deixei de lado e gritei para o homem.

– Giotto!! A Cassandra está logo ali! – gritei apontando

E as pessoas ao meu redor, assim como o próprio homem que chamara, olharam para mim com tremendo desgosto e irritação. A maioria ainda não deve ter visto Cas ? Entao por ela ficou durante todo esse tempo..

Queria ter mais tmepo para raciocinar a pergunta, mas fui acordado de meus devaneios quando Pedro me cutucou e saiu do meu lado. Ao olhar para cima, vi que Giotto pisava a passos fortes em minha direção. Não entendia sua irritaçõa, alguém deve ter tido a descencia de avis-lo, não é?

Não é ?

O homem, com mais de 1,90m de altura, me puxou pelo grosso casaco azul e, me fazendo fitar os sérios e pequenos olhos azuis, ele declarou, irritado.

– Não ouse fazer piadas sobre esse assunto seu verme! Mal sei de onde você surgiu, mas vai ser para lá que você vai voltar por ousar tocar no nome de minha amada filha e morta!!

Ah. Tudo estava claro.
Finalmente haviam-no convencido.

– Senhor, por favor, ela passou na rua de trás! Se você puder olhar por um momento, eu nunca faria brincadeiras desse tipo! – tentei me defender, as pessoas me olhavam com horror, deviam achar que eu era louco. Alias, se eu pudesse estar fora do meu corpo e assistindo isso, eu me chamaria de louco!

Estava prestes a receber um belo murro na cara, agora não tinha volta.

– Senhor, ele está falando a verdade, por favo escute ! – tentou Pedro, por mais que sua voz saísse baixa naquele momento, mas me senti aliviado de que ao menos alguém ali não queria me ver ensanguentado.

– Papai ?