Mais um grito saiu de mim. Alto, terrível. Jamais imaginei que daria um grito desse. Não eu.

Assim que parei de gritar comecei a rir. Gargalhar. Olhei para o lado. Não estava muito longe nos Campos de Punição. Podia ver ali, minha querida irmãzinha e Jodie. Ambas me olhando. Um sorriso preencheu meu rosto e voltei a rir, parecendo na verdade um tanto insana.

– Olá, queridinhas - murmurei. - Como vai indo a morte?

Voltei a rir. Então, aquela criatura detestável agitou o chicote em chamas novamente e me acertou uma, duas, três vezes. Novamente gritei.

{16 de março de 2000}

Amber suspirou. Olhou para o lado, para a pequena Sorciére. Seu olhar não era de alegria sobre a irmã, de apenas um ano. Era um olhar um tanto forte e calculista, porém ainda assim, vazio e tenebroso.

Pegou o controle da TV e mudou de canal. Lá estava, um filme de terror. A garota estava presa em uma mesa, amarrada. Um homem, o vilão da história se aproximou com um punhal na mão. Ela implorava para que não a ferisse. O homem apenas sorriu e começou a passar a lâmina lentamente pela pele da garota. Passou pelos braços, pelo rosto, pelas pernas, pelo peito, pelo corpo todo. “Que pena ter que te matar. Você até que é bem bonita” disse ele antes de cortar o pescoço dela.

Sorciére começou a chorar olhando para a TV. Amber a olhou rapidamente e começou a rir. O rápido pensamento de querer fazer isso um dia com alguém percorreu sua mente, e lhe agradou muito a ideia.