Para Sempre Shadow-Kissed escrita por liljer


Capítulo 23
Extra - Dimitri Belikov


Notas iniciais do capítulo

Hey, isso não é um capítulo. É um extra do Dimitri após o capítulo 20.
Que... Está sendo postado - porque eu realmente não iria postar ele u_u - porque uma certa pessoa (Dona Annia) ficou falando que era para eu postar, e antes que ela compre uma passagem e venha me arrancar os cabelos fora e a Lêh me acorde de manhã cedo me xingando, eu vou postar. Divirtam-se. E novamente... Isso não é um capítulo.
Até o próximo sábado. *u*



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Eu estava atrasado para a minha ronda.

Aquela era a primeira vez em todos os meus anos de treinamento e serviço como Guardião em que eu me atrasara para uma ronda. Eu ainda podia sentia os vestígios da noite anterior. E diferente do que poderia vir a ter querido, não fora o tipo de noite animadora.

Com passos largos, cheguei ao posto onde alguns de meus colegas de trabalho conversavam despreocupadamente sobre os acontecimentos da Ação de Graça, ou como havia sido bom ter passado com a família.

Família...

Fazia um bom tempo em que eu não os via. Desde que virara guardião de Ivan Zeklos, meu antigo amigo, partindo da Sibéria para viver nos Estados Unidos, protegendo-o. Eu não gostava muito de pensar em como as coisas haviam acontecido em minha vida. Obviamente, depois que Rose virara parte dela, trazendo a tona coisas que eu acreditara estar dormentes. Coisas como o sentimento estranho e agridoce que mantinha dentro de meu peito, queimando toda vez que esse nome serpenteava por minha mente. E em toda vez em que eu fechava os olhos e conseguia ver aqueles olhos castanhos cintilando com um sorriso preguiçoso nos lábios, quase que sensual. Ou como quando ela contava algum tipo de piada que provavelmente deveria ser banida de todo o mundo. Eram momentos simples... Momentos que sempre ficaram gravados em minha mente desde então.

Assim como eu não conseguia sentir a raiva não borbulhar, ao lembrar-me como havia sido o último encontro com ela. Rose costumava aparentar tamanha ingenuidade, embora fosse forte e não mais aquela menina de dezessete anos, assustada que eu capturara certa vez, mas à medida que eu se aprofundava na sua história, mais eu podia ver o quão ingênuo fora. O quanto ela escondeu coisas até mesmo de Lissa...

Como pude ser tão ingênuo?! — pensei, enquanto enfaixava uma mão com uma das faixas para treinamento. Eu soquei o saco de boxe que balançava, preso ao teto. O observei ir e voltar com a pressão. Depois o socando outra e mais outra vez, sentindo que poderia descontar toda a raiva ali.

– Guardião! Dimitri!? – eu me virei, como se todo o mundo viesse à tona de repente. Lissa Dragomir estava ali, de pé, tremula. Minha protegida.

– O que... O que aconteceu? – exigi, me aproximando e segurando Lissa pelos ombros. Ela deixou algumas lágrimas escaparem.

– Rose... – disse entre soluços. Foi então que me dei conta de que havia algo ainda mais além da preocupação, do meu mundo fechado. Mais além das mentiras de Rose; as consequências. E bem, Lissa era uma delas. Provavelmente, Rose havia passado todo esse tempo mentindo para Lissa, e quem sabe, para si mesma. Eu reprimi um suspiro, enquanto murmurava algo como “vai ficar tudo bem” para ela.

– O que aconteceu? – perguntei novamente a ela, depois de longos instantes, com Lissa chorando enquanto eu tentava apaziguá-la.

– Rose partiu. – ela balbuciou, tentando encontrar sua voz. Eu a encarei, imaginando todos as formas possíveis que eu poderia interpretar aquelas palavras, e admito que nenhuma das que pensei eram boas. Eu ponderei, sentindo o peso daquelas palavras.

– Como assim “partiu”? – exigi.

– Ela me deixou uma carta. – Lissa puxou um pedaço de papel surrado e um tanto que úmido, provavelmente estava há muito tempo em sua mão. Ela passou o papel para mim, que o peguei prontamente, encarando as linhas rabiscadas e tortas. Em outra ocasião, eu teria feito uma nota mental para criticar a caligrafia de Rose, mas não era o momento. Eu li as linhas:



“Liss...

Eu sinto muito, mas me surgiram alguns problemas em casa. Eu não contava que fosse embora tão rápido, logo agora, que voltamos às boas. Eu só... Não sei ao certo. Eu preciso de um tempo. Eu ainda não sei quanto, mas será necessário, e quando eu voltar, eu prometo que tudo ficará bem.

Eu sei que você deve estar enlouquecendo ao ler isso, mas é necessário. Eu juro. Dentro de algum tempo, estarei de volta, e se eu não voltar... Bem, ao menos você vai saber que eu fugi com algum carinha lindo que conheci pelo caminho.

Amor, Rose.”

Eu não sabia se sorria ou se praguejava pelas palavras e pelos motivos — falsos — das carinhas felizes desenhadas no papel. Então, eu voltei a olhar para Lissa, que me encarava, cheia do que poderia vir a ser expectativa.

– Você tem ideia de onde ela poderia ter ido? – perguntei, tentando ignorar o seu olhar de quem tentava me ler. E eu tinha quase que absoluta certeza de que eu estava vulnerável ao ponto de ser lido com facilidade.

– Não... Eu não sei. Rose me disse que tinha um namorado enquanto esteve fora. – eu cerrei meus olhos, me lembrando de semanas atrás quando ambas conversaram nos corredores da loja Marcy, momentos antes dos Strigois quase matarem Rose, que ambas haviam conversado sobre algo como Rose ter um namorado. Provavelmente, sobre Bradley Huston ou Mason Ashford. Não consegui não sentir de repente uma pontada, ciúmes?

– Ela disse o nome dele? – perguntei. Minha voz saiu estranha, um pouco rude. Lissa me encarou, de forma estranha e até que um pouco surpresa.

– Não. Eu... Nós conversamos brevemente, ela tentou fugir do assunto. – outra vez, uma coisa típica de Rose. Eu me perguntei em um momento egoísta como ela conseguia deitar a cabeça no travesseiro e dormir como uma pedra, como costumava fazer.

– Ok, Princesa. Não se preocupe. Rose voltará... Ela jamais ficaria longe de você novamente. – eu tentei confortá-la. Lissa me encarou, seus olhos brilhando pelas lágrimas. Por um instante, pensei ter notado que ela não acreditava em mim. Bem, nem ao menos eu acreditava em minhas próprias palavras, daquela vez.

– Você pode ter razão, Dimitri. – ela sorriu timidamente, caminhando para a porta. – Obrigada. Tasha tem sorte de ter você.

Eu a encarei, me sentindo estático demais. Antes que ela chegasse à porta do ginásio, eu a chamei.

– Lissa? – ela se virou, para me encarar. Ainda chorava. – Eu... Tasha e eu não estamos juntos.

– Oh! – ela vacilou, piscando algumas vezes, vermelha. – Eu... Eu sinto muito. Eu acreditei que estivessem, já que eu... – ela suspirou, embaraçada – eu não devia escutar boatos.

– Que tipo de boatos? – murmurei. Não era de o meu feitio dar lugar a boatos, mas lá estava eu, curioso.

– De que você estava com alguém. Primeiro, escutei que estava com Rose, mas... Acho meio impossível. Já que provavelmente para você, seria difícil estar com alguém mais novo... E pela forma que tem se comportado ultimamente... Eu sinto muito. – ela chacoalhou sua mão no ar – eu não devia dar ouvidos a esse tipo de coisa.

Eu sorri gentilmente para Lissa, enquanto ela, ainda vermelha, dava as costas e saia do ginásio. Seria tão impossível assim acreditarem que eu estava com Rose? Eu sacudi minha cabeça, e tão logo, me voltei a juntar meus materiais. Eu não tinha mais como continuar a treinar com aquele tipo de notícia.

Assim que eu pus meus pés fora do ginásio, sob a noite estrelada e sem lua, eu me deparei com Yuri, um dos guardiões que estivera comigo no shopping, há algumas semanas atrás.

– Hey, Belikov... – ele passou a mão pelos cabelos curtos, parecia embaraçado. – Tem um instante?

Eu assenti, mesmo que ainda estivesse impaciente por dentro, não deixei transparecer isso.

– Bem, hoje mais cedo, eu me deparei com a filha da Guardiã Hathaway. Ela estava saindo da Corte... – eu levei minha atenção total a ele, mudando um peso de uma perna para outra.

– Você tem ideia de para onde ela possa ter ido? – perguntei, fingindo apenas curiosidade, o que pareceu suspeito para ele, que arqueou uma sobrancelha.

– Não... – fez uma careta. – Eu sinto muito.

– Tudo bem. – tentei sorrir, o que pareceu mais como uma careta. Eu bati em seu ombro em e caminhei para longe, enquanto sentia seu olhar cravado em minhas costas. Diabos, para onde Rose poderia ter ido?!

Eu voltei para o prédio onde os guardiões ficavam e tomei um longo banho. Tentando relaxar e colocar as coisas em ordem em minha mente. Então, como se minha mente tivesse dado algum tipo de “Click”, as coisas vieram à tona.


“Aquele cara te procurou” Braddy dizia. Do meu posto, eu podia ver os olhos de Rose alargar de surpresa.

“O que ele disse?” ela sussurrou.

“Ele perguntou onde você estava... E eu não sabia onde, então... Eu não disse.”

“Dê o fora de Montana. Vá passar um tempo com seus tios em Connecticut, pelo menos, até eu resolver tudo com esse cara.” vociferou ela.

Talvez ela não soubesse, mas eu havia escutado cada pequeno pedaço daquela conversa. Eu desliguei a água, me enrolando em uma toalha e praticamente correndo para o quarto. Eu coloquei uma roupa o mais rápido que eu consegui. E tão logo, saí batendo a porta atrás de mim.

Eu quase derrubei a porta à minha frente. Eu podia escutar o som das vozes do outro lado da porta. Então, ela foi aberta.

– Oh! – Adrian Ivashkov me olhou dos pés à cabeça. Então arqueou uma sobrancelha. – Rose não está aqui, se quer saber.

Eu suspirei exasperado.

– Não é sobre isso que vim falar. – eu disse, ele fechou a porta atrás de si, caminhando comigo pelo corredor, até próximo à um dos vasos de palmeiras.

– E sobre o que mais seria?

– Rose. Ela fugiu. – suas sobrancelhas se arquearam ainda mais, em surpresa. Talvez Adrian soubesse do que estava acontecendo, afinal.

– E para onde ela foi? – perguntou ele, deixando de lado todo o seu sarcasmo.

– Connecticut. – a palavra saiu amarga. Ele acenou com a cabeça. – Onde o ex-namorado dela está...

– Como você sabe? – perguntou ele.

– Porque eu estive lá. Há alguns dias, após o ataque ao shopping. – outra vez, ele apenas acenou com a cabeça. – Eu preciso da sua ajuda.

Então, eu me limitei a contar as partes mais importantes para Adrian, que apenas acenava. E por fim, pediu um minuto. Eu concordei, observando-o voltar para seu quarto e depois de uns longos instantes, sair de lá. Dizendo para eu esperá-lo no estacionamento da Corte dentro de alguns minutos. E foi o que eu fiz.

Enquanto esperava — quase que impaciente — eu me limitei a pensar em outras coisas... Daquela vez, não fora Rose quem serpenteara em minha mente. Fora meu encontro com Braddy.

Eu havia esperado por horas em meu posto, em frente a casa no subúrbio de Connecticut. Esperando alguma maldita deixa sua. Quando saísse da casa, ou alguém da sua família fizesse o mesmo. E fora o que aconteceu, depois de algumas longas horas.

Um casal de idosos saíra da casa, entrando em um carro. Eu saí do meu posto, me aproximando do jardim, perto às janelas. A porta estava aberta. E tão logo, eu adentrei, dando de cara com um corredor longo, repleto de quadros nas paredes. Eu havia observado a casa por dois dias, consecutivamente, eu conhecia cada canto daquele lugar.

Eu subi um lance de escadas, caminhando até o final do corredor, onde seria o quarto de Braddy, segundo eu havia me informado. E ele estava lá. Sentado em frente à um computador, digitando. Não me notou entrar.

– Bradley Houston? – perguntei, minha voz baixa e ameaçadora ecoou pelo quarto. Em um pulo, Braddy se virou, dando de cara comigo. Tínhamos quase a mesma altura, mas naquele instante, ele me pareceu tão assustado quanto um garoto.

– O que diabos... Como você entrou aqui? – ele caçou alguma coisa, que por visto, não encontrara. Eu dei poucos longos passos e o agarrei pela gola da camisa que usava, o prensando contra a parede.

– Precisamos conversar. – eu disse ameaçadoramente. Ele apenas me encarou. – Quem é Marcus e o que ele quer com Rose?

Braddy engasgou por um instante, então, fechou seus olhos, como se fosse houvesse uma guerra interna. Então, eu afrouxei meu aperto, deixando-o respirar. Ele pareceu escolher suas próximas palavras.

– Se vocês estão juntos, sinto muito, mas vai ser difícil ela te contar alguma coisa... Ela sempre prefere mentir. – ele suspirou – Há alguns anos atrás, Rose fez uma coisa... Que eu realmente não sei. Então, esse cara — o strigoi — pareceu obsecado por ela. Dizendo alguma coisa sobre a família dela. Eu não sei... Mas, desde então, ela passou a fugir dele. E conseguiu nos últimos anos, até que ela foi embora para aquele colégio de Elite. Eu não sabia muita coisa, bem... Até um cara vir me procurar. Ele tinha presas... Eu não sei.

– Quem era ele? Ele deu algum nome? – exigi.

– Ibrahim. – hesitou. – Ele tava acompanhado por um monte de seguranças... Então, ele me contou sobre o que vocês eram. E me fez jurar não contar nada para ninguém... Rose está muito encrencada, não está?

Eu não queria dizer, mas muito provavelmente, minha cara entregou. Bradley respirou fundo, fitando o chão.

– Tudo bem. Obrigada por sua ajuda. – eu soei. Braddy me encarou. Haviam tantas lacunas que eu começava a perder as esperanças, assim como a paciência para tudo aquilo. Afinal, quanto mais eu cavava, mais coisas me apareciam...

Eu sacudi minha cabeça, deixando as lembranças irem embora. Percebendo que meus punhos estavam cerrados demais. Eu suspirei, folgando um dedo de cada vez. Então eu avistei Adrian Ivashkov, e diabos... Ele não estava sozinho.

– O que diabos eles fazem aqui? – exigi, apontando para Mason Ashford e Christian Ozera parados atrás de Adrian que sorriu em deboche.

– Eu disse que ele ia odiar isso... – Christian Ozera resmungou atrás de Adrian.

– Ué! Precisamos da cavalaria. Ou pensa que tirar uma garota problemas de uma enrascada com strigois seria fácil? – disse Adrian, em seu perfeito tom de deboche. Eu cerrei os punhos novamente.

– Ele é um Moroi, eu não vou poder proteger todos vocês. – eu resmunguei, sentindo a raiva subir, mas eu a controlei antes de algo acontecer.

– Por isso eu estou aqui. – Ashford soou.

– E aliás, eu não tenho culpa se o Christian é o melhor isqueiro que encontrei. Sabe, as lojas estão fechadas essa hora. – eu cerrei minha mandíbula, enquanto observava eles entrarem no carro. Eu respirei fundo. Seria uma longa viagem afinal. – Hey, Belikov!

Eu me virei para ver Adrian de pé, do outro lado do carro.

– O que?

– Não se preocupe. Castile ainda está à caminho. – ele piscou em deboche, e eu me perguntei se eles iriam levar toda a Corte Moroi conosco. Incapaz de perguntar, eu cerrei meus punhos e mandíbula, entendendo Rose e odiando pela primeira vez a lei que dizia que não podia agredir um Moroi.








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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até o próximo sábado. *u*