O Quarto Massacre Quaternário escrita por Izzy Figueiredo


Capítulo 14
Vejo pela primeira vez o lugar onde morrerei




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/210768/chapter/14

"É agora", penso. Respiro fundo e começo a andar em direção ao corredor.

Ele é longo, paro perto do palco, e escuto Caesar:

_E agora, vamos receber... Catlyn, do Distrito 4! - ouço uma salva de palmas e então vou.

Meus pés estão trêmulos, e quando vejo a platéia, acho que vou cair. Mas sigo firme até Caesar, que me roda em meu vestido, parecendo que ele é um mar agitado. Sento-me e ele me parabeniza por minha nota na Avaliação dos Idealizadores.

_Obrigada, Caesar. Eu acho que merecia essa nota, por tudo o que sei fazer... - tentava manter o estilo dócil/violenta, acho que estava dando certo.

_Oh! Poderia contar o que fez lá?

Até penso em responder, mas lembro de que o público não pode saber desse tipo de coisa.

_Não, mas vocês vão descobrir na Arena. - respondo e dou um sorrisinho maléfico.

A platéia me aplaude e Caesar, com seus cabelos roxos e verdes, me olha nos olhos e questiona:

_Está preparada para esses Jogos, Cat? - dou um sorrisinho, pois me lembro de Flinn dizendo: "Só eu te chamo de Cat.", e tento lembrar da resposta que dei hoje à Flinn.

_Claro, estou bem preparada. Sei como sobreviver e sei vários golpes. Então os tributos que me esperem.

Caesar faz uma expressão encorajadora, e a platéia grita e aplaude bastante. Acho que estou indo bem.

_Legal, confiança, eu gosto disso! Eu gosto disso! - repete ele. - Nosso tempo está acabando Catlyn, então... Quais as suas armas?

Hum... essa pergunta me pegou. Não sabia se podia contar as minhas armas, os tributos poderiam saber. Procurei Flinn na plateia, ele estava na primeira fileira. O olhei com uma cara confusa e ele simplismente balança negativamente a cabeça. Então já sei o que terei de fazer.

_Acho que posso contar né... - a plateia fica atenta. - Arco e Flecha. E tenho que lhe falar Caesar, sou boa. Muito boa. - dou uma ênfase nas palavras muito boa, e faço uma cara brava.

A plateia e Caesar batem palma. Caesar então fica sério de repente e me fala:

_Boa sorte lá, Catlyn. Estamos torcendo por você.

_Obrigada. Mas não preciso de muita sorte, quem precisa são os tributos que terão de me enfrentar! - essa é minha última frase antes de a platéia me aplaudir de novo e eu sair do palco.

Sou levada para uma sala, onde todos os tributos assistem às entrevistas. Avisto Bill e sento ao seu lado.

_E aí, como foi? - ele me pergunta.

_Bem. E você?

_Bem também...

_O jeitinho de... - abaixo a voz. - garoto ingênuo deu certo?

Ele dá um sorriso e confirma. Disse que me viu na TV, agora, e achou minha entrevista bem legal. Agradeci e prestamos atenção em Irmand.

Estava na cara que ela estava se fazendo de violenta, completa e totalmente violenta. O público até que gostou dela, e quando ela chegou, todos à olharam.

Os outros Distritos foram indo... 10, 11, 12, até chegar à Capital.

Quis prestar atenção neles: havia duas garotas (Demz e Pamy), e elas até que foram bem. E tinha um menino (Lont) que ficou bem nervoso na entrevista.

Depois que eles chegaram a sala, somos levados de volta para as limosines. Chegamos ao prédio em 10 minutos; e eu, Bill e Irm subimos no elevador, para vermos nossos mentores, já que eles foram embora antes de nós.

Quando chegamos ao 4º andar, Flinn, Louise e Lutt já estavam nos esperando.

_Parabéns! - ele diz e me abraça.

_Obrigada, eu estava muito nervosa!

_Imagina, você foi demais. O estilo dócil e violenta deu super certo, a plateia gostou!

Flinn me abraçou mais uma vez, estava realmente feliz, e isso me deixou calma.

Troquei o vestido e pus uma roupa normal, tirei a maquiagem e fui jantar. O clima na mesa estava meio tenso, afinal, amanhã eu, Irmand e Billiam iríamos para a morte certa (quer dizer, pelo menos a minha morte é certa).

Comi meu macarrão quieta, só dando umas olhadas a Bill, e depois fui ao meu quarto, vesti minha camisola e quando estava indo dormir, Flinn bate na porta.

_Que foi?

_Eu preciso falar com você.

_Entra. - disse e ele entrou. Sentou-se no sofá do lado da minha cama e começou a falar.

_Está preocupada com amanhã?

_Não, eu to tipo, super tranquila por ter que ir para de encontro com minha morte amanhã.

Ele fica sério e então pega minha mão.

_Você vai ganhar essa coisa. Eu sei disso, por que eu te conheço. Você tem dois aliados que sabem o que fazem, e isso vai te ajudar. Agora, escute. Eu quero que você ache água. Água, entendeu?

_Tá.

_Fale com Bill e tente falar com... qual o nome dela mesmo? Bárbare, isso. Não importa qual seja a Arena, só ache água e um machado. É só disso que você precisa ok? Agora durma. - ele termina e me dá um beijo na bochecha.

Depois que ele sai, vou até o quarto de Bill e falo o que Flinn me disse. Ele concorda e então tentamos falar com Bárbare, mas não conseguimos, o elevador havia parado de funcionar por algum motivo.

Então me despedi de Bill e fui tentar dormir, mesmo com meu nervosismo me proibindo de fazer isso.

Fiquei na cama, mas não preguei os olhos. Quando dormia, sonhos horríveis sempre me faziam acordar novamente (sonhos como a morte de Bill ou de Bárbare, esse tipo de coisa), e então decidi levantar da cama e ficar andando pelo quarto, até as 4:00. Então decido ir para a sala, e por minha surpresa Flinn está lá.

_Não consegue dormir né? - ele pergunta e me pede para sentar ao seu lado. - Vem cá.

Vou me sentar, não hesito. O calor dele, como já disse, me faz me sentir em casa. Está passando Claudius Templesmith falando sobre amanhã, mas nem presto atenção. Apoio minha cabeça no ombro de Flinn, e quase imediatamente durmo. Fico impressionada com o tamanho da segurança que Flinn sempre me deu.

~

Quando acordo, ainda estou apoiada em Flinn, e ainda estamos na sala. Ele dorme profundamente, então eu o cutuco e ele desperta, assustado.

Tomo café, triste e nervosa, sabendo que hoje irei para para a morte.

São 9:00, iríamos para a Arena às 11:00. Como muito, pelo menos fico preparada, caso não ache água ou alimento em alguns dia. Tomo também suco e água, preciso ficar cheia.

10:00. Estou mais nervosa ainda. Vou trocar de roupa, ponho um short e uma blusa qualquer; e às 10:30 nós três somos levados à um aerodeslizador, por nossos mentores.

_Boa sorte, eu confio em você. - falou Flinn antes de eu entrar no aerodeslizador.

_Obrigada. - acho que estava chorando. Ele não fala nada e de repente, me dá um beijo... na boca.

Foi um dos melhores beijos que já recebi. Até que demorou muito, mas não ligava pra isso. Nossa, não acredito que Flinn havia me beijado, mas eu retribui do mesmo jeito. Acho que de alguma maneira, eu estava esperando por isso. Desde que cheguei a Capital com ele, comecei a sentir algo a mais para com ele. Derramo uma lágrima durante o beijo, e quando nós nos separamos, quero beijá-lo de novo, mas me contenho e vou para o aerodeslizador, não antes de lhe dar um último abraço.

Uma mulher pôs um localizador em meu braço, e eu comecei a olhar para os tributos ao me redor. Alguns tributos estão com cara de preparados, outros parecem estar com o maior medo (eu sou um desses).

Cheguei até uma sala reservada, onde Aneliz me esperava. Ela mandou eu por uma calça camuflada, uma blusa regata e uma blusa de frio preta e uma bota cano longo marrom; a roupa era confortável.

60 segundos.

Queria ver Flinn de novo, mas não era possível. Então abracei Ane, e sussurei um "Obrigada" por tudo o que havia feito por mim. Ela fala que não é nada, que gostou de mim.

30 segundos.

Nos separamos e então eu entro em um tubo transparente, que imediatamente se fecha quando piso nele. Meu coração dispara. Olho para Aneliz, desesperada, e ela me lança um olhar "Confie em mim, vai dar tudo certo."

10 segundos. O tubo começa a subir e então vejo a Arena pela primeira vez. Era estranha, parecia uma floresta, e um deserto ao mesmo tempo. Tinham árvores altas, e cactos no mesmo ambiente. Consigo ver areia no chão. O sol brilhava acima de nós, mas não estava tão calor. A Arena, pelo que me lembro, nunca havia ficado desse jeito. Olhei em volta, nada de água. Observo Bill e Bárbare, eles estão nervosos, como eu.

60, 59, 58, 57, 56...

Os Carreiristas estão sorrindo. Tento achar alguma arma, não encontro absolutamente nada, a não ser árvores. Decido que vou para o Sul, não sei se muitos tributos irão para essa direção, e mando, discretamente, meus aliados irem para o mesmo lugar.

15, 14, 13, 12, 11, 10...

Congelo. Acho que minha perna não conseguirá se mexer.

5, 4, 3, 2, 1.

E a correria começa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!