O baile de formatura de Annabeth estava chegando. O tempo passara muito rápido. Estávamos juntos a mais de 5 mêses, isso tudo em segredo. Tivemos vários quase flagras. O maior deles foi mês passado, quando fui para a casa de Annie, e acabamos nos empolgando um pouco. Tínhamos começado a assistir um filme, e Atena não estava em casa. Logo, estávamos nos beijando loucamente na sala de sua casa. Ainda não tínhamos passado da fase das mãos bobas. Eu a respeitava, sabia que ela tinha seu tempo, e ia esperar o tempo que fosse preciso. Estávamos tão entretidos com os beijos, que, só nos demos conta que Atena estava por perto quando ela colocou a chave na fechadura. Imediatamente, nos sentamos comportadamente e Annie arrumou os cabelos. Quando ela entrou, ficou nos encarando por algum tempo, mas depois largou mão. Levamos um susto e tanto naquele dia.

Sabia que teria que dar um presente especial para minha namorada, afinal era sua formatura, e eu queria mostrar para ela que não sou esses namorados tapados que sempre esquecem do aniversário de namoro. Comprei para ela um perfume, tinha um cheiro doce, do jeito que Annie gosta.

Era uma sexta-feira, véspera do baile. Estava dirigindo rumo a casa dela. Apolo me dera um dia de folga. Sim, eu tinha voltado a trabalhar com ele. Não tinha voltado para a faculdade ainda. E nem contado para Annie o porquê de eu não ter voltado para Londres. Sempre que ela perguntava, eu dizia que o segundo Semestre iria ser apenas para quem ficara de recuperação. Mas eu sentia que ela não acreditava. Eu via o olhar que minha sabidinha me dava sempre que conversávamos sobre isso.

Sabia que o certo seria contar tudo, mas eu tinha medo. Ela era tão inteligênte, tinha passado em várias faculdades, mas optara pela FANY. Eu estava feliz por ela, fazer arquitetura sempre fora seu sonho. Annie desenhava muito bem, então eu tinha certeza de que ela daria uma boa arquiteta.

Estacionei o carro em frente a sua casa, peguei o presente e sai do meu Volvo. Estava nevando. Frio, isso sim é estação de verdade. Estava tudo branquinho e fofinho. Talvez levasse Annie para dar uma volta no parque.

Bati na porta de sua casa e logo minha loira veio me atender. Ela abriu um enorme sorriso e me deu um beijo. Estava quentinha. Provavelmente deveria estar debaixo das cobertas, apesar de já ter passado das 3h. Interrompi nosso beijo, mas ainda a mantive perto de mim segurando sua cintura.

– Vim trazer este presente para uma formanda que mora nesta casa, ela está? - eu disse lhe dando mais um beijo.

Annabeth deu risada, era a risada mais linda do mundo.

– Não, ela teve que sair. Mas se quiser deixar o presente comigo, depois eu entrego para ela.

Demos risada e nos beijamos de novo. Estava difícil ficar longe dela nesses últimos dias. Então Annie me puxou para dentro. Vi que seu cobertor roxo estava em cima do sofá, junto com seu violão. Tirei meu casaco e peguei o violão. Ela se sentou ao meu lado e cobriu as pernas com o cobertor.

– O que vai tocar? - me perguntou com um leve sorriso.

– Não sei, o que sugere?

Annabeth parou por um minuto e começou a pensar. Mas como ela estava demorando muito para me dizer, me lembrei de uma que me fazia lembrar dela. Comecei a dar alguns acordes no violão.

There are no words, to paint a picture of you girl
Your eyes, those curves, it's like you're from some other world
You walk my way, oh god it's so frustrating.

So why I do disappear when you come near,
It makes me feel so small,
Why do I blow my lines, most every time,
It's like I got no chance at all

Ela me olhava com os olhos brilhantes. Aqueles olhos cinzas que tanto me fizeram perder o sono, agora só brilhavam por mim, e por mais nenhum cara.

If I could be your superman,
I'd fly you to the stars and back again.
Cuz' everytime you touched my hand,
You feel my powers running through your veins
But I can only write this song,
And tell you that I'm not that strong.
'Cause I'm no superman, I hope you like me as I am.

"Espero que goste de mim como eu sou" a música dizia. As vezes me pegava pensando, o que Annabeth tinah visto em mim? Sou um mala, não sei demonstrar meus sentimentos, não sou bonito... sou muito pouco para ela.

It aint no lie, I have to tell you how I feel,
Cuz' each time, I try it gets a little more unreal,
You say my name, oh god I can't stop shaking.
So why do I disappear when you come near,
It makes me feel so small,
If I could read your mind,
Girl would I find, any trace of me at all.

Mas eu a amava, nunca tivera tanta certeza. Se fosse escolha dela, sim eu a deixaria ir com outro. Se fosse escolha dela, se ela verdadeiramente amasse outro. Torcia para que isso nunca fosse acontecer.

If I could be your superman,
I'd fly you to the stars and back again.
Cuz' everytime you touched my hand,
You feel my powers running through your veins
But I can only write this song,
And tell you that I'm not that strong.
Cuz' I'm no superman, I hope you like me as I am.

Dei os acordes finais da música e logo eu já tinha terminado de tocar.

– Que música linda. - Annabeth me disse sorrindo.

– Não tanto como você. - eu disse sentindo meu rosto corar.

Ela então tirou o violão de meu colo e sentou em cima de minha perna. Segurei firme sua cintura e a beijei. Ela segurava meu rosto e, vez ou outra, mexia em meu cabelo. Queria permanecer a vida toda com ela. Queria amá-la por toda minha vida. E era isso que eu iria fazer se pudesse. Mas ainda tinha que contar à ela sobre a faculdade. Não sabia direito por onde começar.

Parei de beijá-la e logo ela notou que eu estava preocupado com alguma coisa.

– Tudo bem, Percy?

Respirei fundo e lhe disse:

– Tenho que te contar uma coisa, Annie. Por favor, não se zangue comigo.

Ela automaticamente saiu do meu colo e se sentou no sofá ao meu lado. Desejei saber o que se passava em sua cabeça.

– O que você aprontou, Percy? - Annie disse cruzando os braços.

– Por que sempre que os homens dizem que tem que contar uma coisa, vocês mulheres pensam que aprontamos?

Sempre achei uma injustiça declararem que apenas os homens mentem. Como se as mulheres fossem santas.

Annabeth revirou os olhos e me disse:

– Diga logo, o que você fez?

Eu me irritava quando ela falava daquele jeito, toda seca.

– Fui expulso da Accua. - soltei a bomba.

Ela instantaneamente me olhou com um olhar assustado. Seus olhos agora estavam com um misto de raiva e tristeza.

– Por que? - foi só o que ela me disse.

Senti meu peito pesar, não sabia o que ela pensaria quando eu lhe dissesse que não fora bom o suficiente para ficar lá.

– Eu não... não consegui manter minhas notas. - disse tentando não mostrar para ela o quanto isso me doía.

Annabeth agora estava de pé com os braços ainda cruzados. Me olhava com um olhar de reprovação.

– Por que não me disse nada antes, Percy? - ela disse com toda calma do mundo.

Suspirei.

– Fiquei com medo de você... não sei, não querer namorar um fracassado. - lhe disse ainda encarando o chão.

– O que? Percy, eu jamais pensaria alguma coisa assim. Foi por isso que você mentiu todo esse tempo? Por favor, você sabe que eu não sou assim. - ela me disse agora com um tanto de raiva.

– Não é assim? Quem é que vivia dizendo que nunca namoraria alguém com QI menor do que o seu? Com certeza não era eu! - eu disse um pouco alto demais.

Olhei para Annabeth e ela me encarava agora furiosamente, pude ver em seus olhos.

– E você acha mesmo que eu trocaria você, Percy Jackson, por qualquer um desses nerds feiosos da minha escola? Nunca!

Senti um pontada de raiva em mim. Ela estava me provocando.

– Ah é? Então quer dizer que se você achasse um nerd bonito, dai sim você me trocaria?

Annabeth me olhava horririzada. Senti que tinha sido um tanto duro demais. Mas de qualquer forma, não ia pedir desculpas, ela que começara.

– Sabe Percy, eu... quero dormir. Estou muito cansada e amanhã meu dia começa cedo. Então se você não se importar... - ela disse apontando para a porta.

Isso me irritou profundamente. Não lhe disse nada, apenas sai pela porta e fui para meu carro. Não estava afim de ir para casa, então fui para a casa de Nico. Quem sabe assim meu mal-humor passava. Estacionei na frente da casa de meu primo e vi que o carro de Thalia estava ali também. Achei mais seguro mandar uma mensagem primeiro. Mandei:

"Nico, to indo para a sua casa, precisamos conversar"

Eu realmente precisava conversar com alguém sobre minha briga com Annabeth. Achei que aquela era a hora certa para contar a eles sobre nós dois. Senti meu celular vibrando e era Nico:

"Que medo hein. Pode vim, to esperando"

O que para mim parecia mais um "Pode vim, agora não tem mais perigo de me pegar na cama com Thalia". Sai do carro e toquei a campainha. Logo ele abriu a porta. Estava meio descabelado e com um lado do pescoço vermelho. De repente, fiquei feliz por ter tido a brilhante ideia de mandar uma mensagem antes.

– Olá Percy, entre. - Nico me disse abrindo mais a porta.

Logo avisto Thalia sentada no sofá. Falei um "oi" para ela e me sentei ao seu lado. Nico se sentou grudado na namorada. Achei melhor dizer tudo logo de uma vez.

– Annabeth e eu estamos juntos. - despegei, e ambos ficaram pasmos - Desde Julho, e só não contamos nada porque tínhamos combinado de namorar escondido - Thalia me lançava um olhar furioso, estava ficando com medo - Mas nós acabamos de ter uma briga porque eu fui expulso da Accua - Nico estava de boca aberta, muito mais do que Thalia - E agora eu não sei o que fazer!

Quando terminei de falar, me encostei no sofá e suspirei. Fora bom tirar todo aquele peso de meus ombros. Mas aqueles dois não me disseram nada, estavam apenas me olhando surpresos. Dei um leve sorriso.

Logo, Thalia voltou a si e me disse, ou melhor, gritou:

– Eu vou matar você e a Annabeth, como puderam esconder uma coisa assim de mim?

– Era engraçado. O modo como as pessoas como vocês, que sempre quiseram nos juntar, reagiam. E era gostoso sentir aquela sensação de perigo. Não pudíamos nos beijar em público, então quando nos beijávamos era... maravilhoso. - eu disse sentindo um sorriso bobo se formar em meu rosto.

Thalia pareceu relaxar um pouco.

– Mas o que você vai fazer, Percy? Vocês brigaram, e o baile é amanhã.

Eu não sabia o que fazer, eu realmente não sabia o que fazer. Queria pedir desculpas para minha sabidinha, mas não sabia como fazer aquilo. Precisava da ajuda deles, ou melhor, da de Thalia, porque Nico parecia ainda estar em estado de choque. Então ela me disse, do nada:

– Percy, eu acho que tenho um plano.

Normalmente os planos de Thalia não davam muito certo, mas com eu não consegui pensar em nada, decidi escutar o que ela tinha para dizer. E achei aquela ideia brilhante. Aquele baile seria inesquecível, tanto para mim, como para Annabeth, eu estava sentindo. Estava prestes a mostrar para o mundo todo que eu a amava e que a queria do meu lado. Eu tinha a minha parte e Thalia tinha a dela. Agora era só esperar, e torcer para que tudo desse certo.