Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol


Capítulo 16
Desumana


Notas iniciais do capítulo

Vou tentar ser mais rápida pra postar, desculpem. Espero que gostem desse capítulo e perdoem os erros.



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Os machucados ainda formigam, cascas vermelhas se formam sobre as feridas e substituem o sangue seco. 
Meus pés ardem da caminhada e minha garganta já se esqueceu do gosto de água há um dia e meio. O Sol se põe a nossa frente entres os prédios, mas Dan continua andando, sempre em frente. Ele não me contará aonde quer chegar, mas também não parará de caminhar. Sempre em frente.
Pergunto pela milésima vez qual é o seu plano, e pela milésima vez não obtenho resposta. Rosno.
-Isso é sério, Dan! – Eu protesto. – Estou com sede e cansada. Não dormimos, comemos ou sequer paramos de andar até agora! Pretende nos matar assim?!
-Se falar menos, consegue mais saliva pra matar a sede. – Ele responde brutamente.
-Ei! – Reclamo, enfiando o pé no chão. Ameaço. – Sabia que não preciso de você?! Já estão acabando os competidores, e eu posso me virar sozinha!
-Duvido que você sobreviva algum minuto sem mim! – Ele rebate.
-Deixa de ser convencido! Só quero saber seu plano!
-Eu já disse que te conto quando chegarmos lá.
-Você não disse nada!
-Shh! – Ele cerra os dentes, vindo até mim. – Acha que não estou assustado? Pensa que faço isto todos os anos, Lynn? Não é fácil te carregar nas costas como se fosse seu irmão mais velho! 
Sinto como se ele me golpeasse no estômago. Era verdade, Dan me protegeu de vários fatores, e me ajudou quando precisei dele. Mas esfregar aquilo na minha cara não era um pouco demais? Abro a boca para me defender, porém ele chega primeiro.
-Não é responsabilidade minha se eles não te deram absorvente para essa sua TPM! – Ele acusa.
-Qual é o seu problema?! – Eu rugo, empurrando-o com raiva. – Até anteontem você tinha decidido que procuraríamos um novo abrigo.
-Hunft. Você fala como se fôssemos casados. – Ele limpa os ombros. 
-Argh! Quer saber? – Eu digo ainda brava. Segundos antes eu era sua irmã menor, agora sou sua esposa. – Eu quero o divórcio!
Ele me encara sério por um tempo, mas depois dispara risadas. Tento resistir, mas acabo seguindo suas gargalhadas. Despencamos os dois no chão e tentamos pará-las, inutilmente.

Entre suspiro, nós nos levantamos lentamente. Para depois cair no chão de novo. O menino grita e avança contra nós. Caio de costas com o susto. Ele pode estar gritando, mas foi muito silêncioso para nos alcançar.

Graças à minha árvore genealógica, o menino me ataca em primeiro lugar. Tento rastejar para trás, mas ele é muito rápido. Vejo sua faca perto de meu rosto e faço planos para castigar meu vô no inferno, logo. Uma flecha dispara a centímetros de sua cabeça e ele olha para trás, dando-me a chance de me levantar e pegar minha arma, Dan olha estupefato o garoto da flecha, Tripoon. Este dispara outra flecha, desta vez acertando o coração do garoto robusto que me atacou. Ele cai de lado no chão, com o rosto ainda congelado de medo. Tripoon nos lança um olhar sanguinário, não parecia a mesma pessoa que fugiu anteriormente. Dan e eu nos entreolhamos e mal percebemos que o garoto está preparando uma flecha.

 Dan joga o machado no chão, perto de mim, pega sua própria arma e encara Tripoon.

Ele atira uma flecha em Dan, mas ele se abaixa e joga sua lança, que passa de raspão no braço de Tripoon, agora ele não vai conseguir mais usar as flechas, seu braço está sangrando e parece estar doendo. Pego o machado no chão e corro até os dois. Fico do lado de Dan, mas ele me impede de arrancar a cabeça de Tripoon. Pelo que conheço do meu novo amigo, ele acha injusto uma luta de dois contra um. Admiro isso em Dan, ele é justo e sei que odeia machucar todas essas pessoas.

Tripoon tira uma faca do cinto e investe contra mim, cortando minha bochecha esquerda. Desta vez sei que Dan não vai me impedir e solto o machado para pegar a faca. Faço um corte fundo no outro braço de Tripoon, chuto sua barriga para tirar seu equilíbrio, vou por trás e coloco a faca no seu pescoço e seguro seus braços, impossibilitando seus movimentos.  

- Me matem logo, eu só quero sair desse inferno de uma vez. – ele diz tossindo um pouco de sangue, acho que o chutei forte demais.

Ele fecha o olho esperando a morte, vejo que ele está sofrendo e seus machucados não são só externos. Olho para Dan, seu olhar me diz que ele não quer matá-lo. Penso em um jeito de lhe dar uma morte menos sofrida, penso em seus pais, estão vendo o filho implorando a morte.

- E seus pais? – Dan pergunta, como se tivesse lido meus pensamentos.

- Eu não tenho, só me matem de uma vez, por favor.

Sua voz de suplica me faz esquecer tudo, solto a faca, e com total frieza quebro seu pescoço. Eu não sabia que eu era capaz de fazer isso, só lembro-me de ter visto em uma edição e treinado com alguns bonecos, mas nunca pensei que ia usar isso na vida real. Seu corpo amolece nos meus braços e o solto delicadamente. Foi a única morte rápida que consegui pensar.   

Dan me olha boquiaberto e as lágrimas brotam nos meus olhos, tento segurar, mas não consigo e viro de costas para que ele não veja.

Voltei para o esconderijo, me sentei no canto e comecei a chorar compulsivamente. Todo o país deve pensar que sou como meu avô, fria e desumana, matei Tripoon da forma mais fria possível, assim como ele matava os tributos antigamente, porém indiretamente. Eu fui bem direta, matei eu mesma, com as minhas próprias mãos, eu era pior do que ele.

Eu não queria ser como o velho Snow, carregar seu sobrenome e ter o mesmo sangue me impedia, eu não sabia que era tão parecida. Agora eu tive provas, eu era idêntica a ele, mas pior. 


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