– Seu problema está resolvido! - Missie minha melhor amiga, disse que entregando um papel e saiu andando por aquele corredor, com suas ‘’criadas’’ atrás.

Eu abri o papel assustada, talvez fosse... Não sei o que seria, mas talvez fosse né.

‘’ Vou te ajudar a conquistar o Matthew, não pense que senti pena, apenas devia um favor a Missie e ela topou em me deixar livre se fizesse isso pra você. Encontre-me no jardim, esperarei por você as 9hrs, não se atrase. Enzo’’

Eu simplesmente não acredito que Missie fez isso cara, eu passei todos os anos da minha vida ao lado de uma pessoa que na primeira oportunidade me joga na fogueira. Tudo bem que passei todos os anos da vida dela a enchendo com o papo do Matthew, mas poxa, me entendam, ela não tinha o direito de falar com o melhor amigo dele, que por um acaso é um japonês muito gato né? Ou tem? Enfim, mesmo assim eu vou ver qual é o papo do Enzo e depois me resolvo com a Missie, afinal não deve ser não difícil derrubar a capitã das líderes de torcida da pirâmide de meninas sem cérebros, pelo menos eu acho.

Eram 8hrs50min quando cheguei ao Jardim e pra minha surpresa Enzo já estava lá, com uma blusa branca, calça jeans justa, um tênis maneiro e uma jaqueta preta, tinha fones no ouvido também e estava de óculos escuros. Assim que me viu tirou os fones e ergueu os óculos, formando um circulo em sua boca, não entendi, mas tudo bem né. Aproximei-me dele fingindo ser simpática, com um dos meus melhores sorrisos e com uma vontade imensa de matar ele e Missie, principalmente.

– Você é a Samantha? - perguntou ele.

No meu pensamento respondi desse jeito:

– Não, sou a Josefina, filha da Parafina.

Na realidade respondi de outra forma, educada.

– Sim, e você é o Enzo né? - não, o Bozo.

Ele balançou a cabeça positivamente, ainda parecia surpreso.

– Não sabia que você era tão bonita, Samantha. - ele enfatizou meu nome. Menino estranho, credo.

– Tudo bem, agora já sabe. Enfim, a Missie te obrigou a fazer isso, pra você estar falando nada?

– Não, claro que não, mas sua beleza ajuda muito na conquista do Matthew. - ele sorriu

– Vem cá garoto, não estamos em um concurso de sorrisos, fale logo o que tenho que fazer, tenho de artes no primeiro horário e o professor é um porre.

– Primeiro: meu nome é Enzo. Segundo: Não estou nem ai pro seu professor de artes, que no caso é o mesmo que o meu. E terceiro: É melhor você começar a fingir ser mais educada, pois o Matt gosta de meninas simpáticas.

Ele já estava me dando nos nervos, menino insuportável e cheio de si, não sei como ele era melhor amigo do garoto mais bonito da escola, ou melhor, sei, ele é bonito também. Que coisa chata viu, e ainda mascava um chiclete parecendo um boi, estava me dando nojo e outra não acho que preciso dele pra conquistar o Matthew, um dia ele vai me notar, quer dizer eu acho.

– Sabe de uma coisa?! - eu disse

– Não, não sei. - ele revirou os olhos. Mano que vontade de meter a mão na cara dele, idiota.

– Me desculpa e, por favor, fala logo o que você quer. - eu sei, não devia falar isso, mas quem sabe ele tenha uma boa ideia.

– Tudo bem. Bom, você não é feia, aliás, é muito bonita, não vai ser tão difícil de fazer o Matt olhar pra você, só que tem um pequeno detalhe. - Enzo fez um bico estranho, assumo, bonito também.

– O que?

O sinal tocou, merda de menino lento viu.

– No intervalo te falo. - ele colocou os fones novamente e deus as costas.

– Não, fala agora. - disse segurando seu braço.

Enzo virou um pouco rosto olhando pra mim e minha mão umas três vezes e disse:

– Não estou ouvindo, a música está alta! - ele riu cinicamente e saiu pelo jardim a fora.

Idiota, idiota, um idiota muito lindo, quer dizer esqueça o lindo, um idiota muito IDIOTA.

Andando bem rápido, cheguei um pouco antes de o professor chegar à classe, sentei atrás da Missie como de costume, minha vontade era de puxar aquele cabelo loiro até ele se desgrudar de couro cabeludo. Dei uma cutucada bem forte em seu ombro, o que a fez passar a mão no ombro cutucado e virando pra trás com cara de dor.

– Por que... - a interrompi antes que ela terminasse

– Você tem o direito de ficar calada ok? Cara, por que você foi pedir ajuda pro melhor amigo do Matt? - ela abriu a boca pra responder, mas fui mais rápida - Não responda. Tudo bem, eu sei que você quis me ajudar, mas aquele menino é um idiota e com certeza NUNCA vai me ajudar a ficar com Matthew, tipo meu, tipo nossa, ACORDA MISSIE! Você acabou com minha vida. - eu disse dramática

– Ah mano, cala a boca você agora. - a loira falou revoltada. - Acorda você né amiga, você acha que com esse seu jeito você conseguir pegar o Math? Mas nunca mesmo, não que você seja feia, você é muito linda, mas tipo você não entende nada de garotos e principalmente não sabe nada sobre o menino mais popular da escola. E outra, o Enzo só vai te ajudar a chegar perto do loirão que tu ama e nem pensa que eu possa te ajudar, vai ficar na cara se chegar pro Matheus e te apresentar, tu é minha melhor amiga e mesmo que ninguém te note na escola, vai ficar na cara que tu quer pegar ele.

Depois de ser humilhada pela minha melhor amiga, não tinha mais o que responder, também por que o professor entrou na sala, fazendo Miss virar pra frente e todos ficaram quietos. A aula de artes foi muito, muito, muito, muito cansativa, o professor Tadeu só ficou falando e falando e falando e parecia que nunca mais ia acabar, quando tocou o sinal do intervalo parecia que éramos selvagens correndo pra sair da sala, qual é, foram três aulas de artes, ninguém merece.

Intervalo. Isso quer dizer, Enzo, que quer dizer idiotice e lindeza extrema, que também quer dizer Matthew, loiro e forte apoiado na mesa do time de basquete e antes que você pergunte, Enzo não joga basquete e eu não sei o que ele faz, é não sei e nem quero saber.

Cheguei ao pátio, logo avistei Enzo, que no caso olhava para mim, fez um sinal para que eu fosse até a quadra, ninguém ficava lá, seria tranquilo pra conversamos.

– Fala Mané! - disse eu sorrindo

– Tá ficando folgadinha em Sammie! - ele riu

– Folgadinha não, espaçosa e você também me chamando de Sammie, folgado também, mas diz qual vai ser o plano? - eu ri. Tipo, plano, que coisa tensa.

– O plano é que não têm plano e sim táticas, aprenda com o pai. - ele riu - primeira tática: um pouco menos de roupas. Segunda: entrar para as lideres de torcida. Terceira e ultima: não tem, por que só basta isso de começo.

Eu ri profundamente da piada que ele fez.

– Muito hilário cara, menos roupas e líder de torcida? Claro, por que não né, me jogar da ponte também é uma idéia boa. - fiquei séria e com um olhar fulminante - Não vou fazer isso, nem de brincadeira.

– Mas você ficaria mais gata com aquela roupinha de líder, o Matt ia adorar. - ele se aproximou de mim com sorriso malicioso, me virou de costas pra ele, fazendo sua boca ficar colada a minha orelha - Os mino pira em uma roupa curta. - Enzo riu ainda próximo de mim. Garoto atrevido, um idiota besta, ele acha que é quem pra fazer isso comigo?

O empurrei rapidamente, virando de frente pra ele e comecei a bater nele com todas as minhas forças, o que nada adiantava, pois o garoto não se mexia, apenas ria da minha atitude. O japonês segurou meus braços ainda rindo, olhou dentro dos meus olhos, parou de sorrir e deu um meio sorriso.

– Calma princesa, não precisa ficar brava não. - ele estava brincando não é?

– Não precisa ficar brava? Enzo você é um idiota cara, eu sabia que você não iria me ajudar, obrigada por tentar, agora me deixa tá? Por que você não sabe o que é gostar de um cara durante anos nem ele te notar e um dia alguém fingir que vai te ajudar a ter ele, e simplesmente alimenta tua a esperança. - eu falei um pouco alterada me soltando dele.

– Droga! Lágrimas não, não, não, não. - pensei alto

Enzo me olhou assustado e digamos com um pouco de pena, pena? Agora me poupe né, não pensei duas vezes antes de sair correndo de volta pro pátio e ainda bem que o sinal tocou, fazendo-me voltar pra sala.