Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 17
Capítulo 17




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20900/chapter/17


Fronteiras do Norte de Stormwind.

                A mão que apertou seu colarinho o fez voltar à realidade. Oxkhar estava pensando demais e agindo de menos. E quem não estaria naquela hora?

 - S-senhor... Milorde...? – disse o moribundo capitão da guarda de Stormwind, era filho de Bresser, amigo de missão do pai. – Não me deixe aqui... Não me deixe...

 - Donovan, você está morrendo... Aceite o caminho para que a Luz te guie para seu descanso...

 - Eu posso sentir, meu senhor... Está corroendo minhas entranhas... Não me deixe aqui... – o gemido que se seguiu sentenciou a morte do afamado capitão, Oxkhar levantou a pesada espada dourada e enterrou-a no crânio do moribundo. Tinha lágrimas nos olhos, não de tristeza (Isso já estivera presente nas primeiras noites de cerco contra Stormwind), mas de ódio. Ódio puro e intenso por tudo que era morto e se mexia. Como aquele corvo preto que carregava o crânio esverdeado quando Sorena apareceu no rio atrás de sua casa. Como a Praga que deixou seu pai de cama por meses à fio e desafiou qualquer de suas tentativas de curá-lo. Como aquele ser asqueroso pousou a mão em sua porta e anunciou a queda da cidade-fortaleza.

                O que eram os Cavaleiros da Ordem da Luz agora? Meros soldadinhos de chumbo empenhados em manter uma ilusão distante. O fantasma da vil dragoa ainda controlava a cidade por meios mágicos através do Rei, a Praga assolava as fronteiras, a população dos vilarejos se refugiava ali mesmo para fugirem da guerra, seu pai não voltara do acampamento druida em Barrens. Rei Lich. Arthas Menethil. Um paladino como ele uma vez.

 - O que mais esse mundo louco me reserva? – disse ele enxugando as lágrimas com as costas das mãos e chutando o corpo do ex-amigo para a pilha de cadáveres em chamas no centro da cidade. Após abençoar aquele fogo sagrado de purificação dos mortos em batalha, Oxkhar caminhou em passos firmes para o Vale dos Heróis dentro da Fortaleza. Seu nome era conhecido entre todos, seu porte intimidador mais ainda. Não havia batalha que Oxkhar, o Piedoso não tenha vencido. Muitas das estátuas ali não inspiravam nenhuma emoção para seu coração atribulado. 16 baixas de soldados só naquele dia e haveria mais. Sempre haveria mais.

                A sombra da estátua deformou um pouco o seu reflexo na fonte que a cercava. Uma bela elfa arqueira empunhando seu arco apontado para as estrelas. Na inscrição aos pés dela, a mensagem:

– Seu coração é veloz como qualquer flecha ao sabor do vento, irmã. Você era a mais brilhante de nossa Ordem. Você era a mais amada de nossa família. - Sylvanas Windrunner General-Vigia de Quel’Thalas.”

                Oxkhar se ajoelhou perante a estátua e reverenciou a heroína do passado, Alleria Windrunner, a mais determinada arqueira de Azeroth. Ninguém mais soubera dela, mas as histórias sobre ela perpetuavam até o fim dos dias.

 - Windrunner... – sussurrou Oxkhar captando algo em sua memória de infância. Uma breve conversa com o pai, uma explicação direta e rude.

“ – Ela era da família dos Windrunner de Quel’Thalas. Todos morreram, apenas ela sobreviveu. Seja mais educado e atencioso com ela. É sua irmã agora!” – fora o que o pai falara quando ele deixou de dar o leite morno para a irmãzinha de poucos meses de idade em seu colo. Oxkhar era novinho naquela época, nem se preocupou com o detalhe de seu pai souber tanto sobre a origem de sua irmãzinha Sorena, nem se importou quando ele passou horas lá embaixo, gritando bem alto com tio Derris sobre ele ir ao Monastério Escarlate naquela noite. Tio Derris era um tanto irritadiço na maioria das vezes. Lembrou de ouvir o tio gritando mais alto que o pai e dizendo que ter um elfo debaixo do teto era pedir para ser morto, como se estivesse usando uma placa de alvo na testa. Oxkhar lembrou também que teve vontade de jogar o bebê no chão e chutá-lo para bem longe de si, mas quando a pequena Sorena espirrou de frio em seu colo, ele tratou de afastar os pensamentos e agasalhá-la com a manta de leoa e niná-la até que dormisse.

                Sorena era como um pacote de ossos e carne embrulhada em uma manta quente e o pior de tudo, chorava o tempo todo. E as orelhas pontiagudas que o deixava imensamente invejoso, os olhos sempre esverdeados que pareciam atravessar a sua alma caso mirasse diretamente para eles. Mas mesmo assim, Oxkhar ninou a irmã até que ela dormisse e esperou o pai subir pesadamente pelas escadas. Estava pensando demais, agindo de menos. Voltou a sua atenção a placa da estátua.

 - Windrunner... – suspirou novamente e sem medo algum, tirou o pedaço de tabaco que guardava em um dos bolsos de seu cinturão. Mascou-o até que virasse uma pata consistente, sempre atento a estátua a sua frente. Realmente parecia com Sorena, os mesmos traços, a altura e as orelhas pontudas. – Malditos elfos e seus segredos...


Anos atrás em Tranquillien.

                Quando os Windrunner viram que a menina tão jeitosinha e gordinha saíra do útero de Dandelion naquela tarde de inverno, a casa fez uma festa incrível. Só não entenderam o porquê da mãe ainda estar reclamando de dores e gritando em plenos pulmões ainda em trabalho de parto. Theridion estava pasmado com a menininha em seu colo, tão pequena e tão destemida! Sylvanas seria o seu nome, pois previa que ela seria uma excelente arqueira com aqueles bracinhos miúdos. Sylvanas aquela que cuida da Floresta. Era assim que Theridion pensava ao segurar bem sua filha recém-nascida. Dandelion gritou novamente e a surpresa veio depois.

 - Um irmão-gêmeo...? – questionou ele quando viu o miúdo nos braços da mãe.

 - Theridion...? – disse a esposa estafada pelo trabalho. - Os nomes...? – o velho caduco olhava de um para o outro. Como saberia quem era quem?

 - S-sylvanas...? – ele respondeu em dúvida se a mulher gostaria daquele nome.

 - Então esse menino aqui será Sylvos. O gêmeo de Sylvanas.


Caminho para Quel’Thalas, atualmente.

 - Estou ficando louca... Estou ficando louca...

 - Quer fechar essa matraca aí, menina? – disse o velho ranzinza à sua frente.

 - Vovô, você deveria ser mais amigável...

 - Não sou seu avô. Calada e preste atenção ao seu redor. Tranquillien não é mais o que pensávamos...

 - Bem, pelo menos não fui eu que abandonou a casa por uma besteirinha dessas...

 - Besteirinha?! Besteirinha?! – o velho Windrunner rumou em direção de Sorena, Kalí percebeu no quanto o senhor estava alterado. Colocou-se entre os dois para acalmar o atrito.

 - Senhor Windrunner... – advertiu Kalí com um olhar para as fronteiras mais a frente.

 - Vovô, tão alterado assim? Vamos melhorar esse humor okay?

 - Menina tola...

 - Estou ficando louca... Estou ficando lo...

 - Mas que raios você está falando isso menina tola?! – alterou-se o velho Windrunner. Sorena apontou para a estrada que ia para Tarren Mills. Um grupo de mortos-vivos se empilhava em cima de soldados das fronteiras. Muitos ainda estavam vivos, mas a gritaria era de gelar os ossos.

 - Não os deixe escapar!! – gritou alguém sendo vorazmente mordido no pescoço. Sorena preparou a cota de escamas de dragão, mas o velho Theridion a parou no mesmo instante.

 - Não se meta menina tola. Morrerá como eles.

 - M-mas eles...! Eu preciso salvá-los!

 - Do que? O pior virá depois.

 - O quê?! – Kalí vinha atrás, ágil e perfeitamente letal. As flechas foram tão silenciosas que Sorena mal percebeu no que havia acontecido, só foi perceber em qualquer coisa ao ver que os mortos-vivos estavam no chão, realmente mortos. Ela apontou o lugar onde os mortos estavam, depois para Kalí ainda ofegando pelo esforço e se preparando para o “pior”. Theridion arregaçou as mangas de seu robe vermelho e conjurou raízes espinhosas do chão. – Por que vocês estão assim? Eles já não... morre... ram...? – os gemidos roucos e os corpos arrastados fizeram a espinha de Sorena se curvar em medo.

 - Não confie em ninguém criança... – rosnou o avô para ela. E com um gesto brusco fez as raízes se contorcerem até os pés do grupo de mortos-vivos. Pernas e joelhos quebrados ou esfolados até os ossos, muitos tombaram, os que continuaram em pé foram decapitados pela cimitarra curta de Kalí. Sorena estava grudada no chão, sem saber o que fazer.

 - Hey Sor, se quer desintegrá-los agora, eu agradeceria! – exclamou Kalí com um sorrisinho no rosto. Gotas de sangue espirraram em seu braço e rosto. Sorena sacudiu a cabeça e achou que o mundo estava louco. Tudo estava fora de ordem e tudo deveria ser consertado.

 - Não... Não!! Deixe-os!! Deixe-os!! – ela gritou com as mãos segurando a cabeça. – Deixe-os em paz!! Eles serão salvos pela Dama Sombria!! Deixe-os!!

 - Ninguém vai salvá-los menina... – o avô fez outro gesto brusco e uma lufada de energia negra atingiu a cabeça de Sorena com rudeza. – Acorde para a vida criança!! – ela percebeu na hora da onde vinha aquele poder. Dos mortos.

 - Sorena...!! – um grito apavorado de Kalí fez Sorena levantar a cabeça imediatamente. E foi a última coisa que Sorena viu naquela tarde.


Caminho para o Norte de Stormwind.

                Hrodi lembrara bem de ter deixado a chave da Taverna debaixo do jarro de plantas na entrada dos fundos e também lembrou de pegar sua varinha de pescar. Para se certificar que não a perderia no caminho, amarrou bem atrás da pequena mochila que levava. A carta breve e com letra tremida estava onde deveria estar. Debaixo da sua blusa manchada de vinho e do tempo a sua antiga armadura de Paladino ainda reluzente. Caso algo o atacasse na longa estrada, ele iria estar prevenido. Silenciosamente na madrugada em que conseguira voltar para sua amada cidade natal, ele decidira deixá-la para trás de uma vez por todas. A sua Ordem era uma farsa, seus anos de servidão foram desperdício e joguetes nas mãos dos poderosos. Rei Varyan não se importava com seu povo, mas com sua vingança. Tolos, todos ali eram, todos sem excessão. Ele não seria mais outro tolo, não outro tolo para servir à “eles”. Mastigando um pão dormido, ele tossiu diversas vezes durante o caminho, tossiu até parecer que os seus pulmões estavam descolando do peito.

 - Maldição... – ele disse ao parar por um minuto e perceber que sangue se misturara ao muco que estava cuspindo de vez em quando. – Que Oxkhar me perdoe... – o grasnar de um pássaro negro chamou sua atenção na estrada. – Okay amiguinho. Já sei que devo ir. Apenas me aponte o lugar. – o corvo alçou vôo e ficou a uma distância considerável do senhor de quase 70 anos se arrastando pela estrada para o Norte. Deveria atender o chamado. Sonhara tanto com esse dia, o dia em que deixaria sua Taverna para o filho e seguir em peregrinação até Mão de Tyr, onde todos os Paladinos da Ordem da Luz descansavam de seus labores. Muitos perigos haveriam, mas se tivesse sorte, Hrodi encontraria aventureiros que o acompanhassem seguramente. – Estou cada vez mais velho, amiguinho... Será que minha viagem será abençoada pela paz? – o corvo grasnou alto e deu um rasante perto dele.


Undercity naquele mesmo momento.

                Derris ajeitava sua mandíbula implantada, costurá-la ao rosto macilento era sua rotina agora. Não havia muito o que fazer a não ser esperar por Sorena. Se é que ela viria até ele. Se é que estaria viva nesse momento. O Apotecário se sentia entediado e extremamente irritadiço. Rosnar virara sua rotina. Alguém bateu em uma estante perto dele, era seu ex-colega o Embaixador Sunsorrow.

 - Como vão as coisas? – ele respondeu em um rosnado. – Parece bem melhor. Há alguém que quer vê-lo. – outro rosnado. – Alguém que pode fazê-lo sair dessa cadeira...? – Derris virou seu pescoço que deu um estalo sonoro e levantou da cadeira.

 - O único assunto que me faria sair dessa cadeira seria se minha filha estivesse lá fora me esperando...

 - F-filha? Você tem uma filha, caro Derris? – perguntou Sunsorrow com curiosidade.

 - Não lhe interessa!! – rosnou ele guturalmente e com um gesto brusco se retirou da frente do colega. Ele caminhou a passos firmes até a Sala do Trono, mas parou no corredor do Salão de Magia. A tão empolgada Imladris corria para lá e para cá com caixotes e livros. Atrás dela, mais um dos Abandonados novatos querendo um lugar para ficar.

 - Vamos, vamos! Você vai gostar das criptas daqui. São perto da biblioteca secundária e há livros bons para estudar! – ela dizia em uma animação beirando o fanatismo. Derris sabia bem da onde vinha a inspiração e isso o irritou mais ainda. Com outro rosnado afastou o pensamento de sua antiga vida. Aquela menina que fingia estar morta parecia muito com aquela que um dia fora sua esposa. Mas Serenath não gostava de mortos-vivos e não apreciaria ficar na companhia de um maldito Abandonado com ele. O mínimo que aconteceria era Serenath gritando de horror por ver a carcaça putrefata de seu ex-companheiro perambulando por aí. Era isso que os vivos achavam dos mortos. Meras carcaças sem vida. Era isso que os Clérigos achavam dos Abandonados. Meros peões no jogo dos Poderes Ancestrais.


Anos atrás em Undercity.

                O Examinador Bauhaus segurava uma prancheta com tinteiro embutido. A garotinha ao seu lado, grandes olhos azuis e roupas maiores que seu corpo segurava uma prancheta similar, só que o tinteiro vazio, já que a pequena não sabia escrever ainda.

 - naturalidade?

 - terras Contaminadas, senhor... – respondia o alvo do censo, um Abandonado recém saído do Sepulcro. A menininha foi até o mapa do censo de Undercity e localizou as Terras Contaminadas com um fino pino.

 - Idade ao morrer?

 - 36 anos. – Bauhaus anotava tudo rapidamente, Immie marcava pontinhos em seu pergaminho.

 - família?

 - Os Caldwell... Todos mortos, eu creio...

 - Deixarei seu nome na lista púbica, caso algum de seus parentes apareça...

 - Oh obrigado, muito obrigado senhor... – agradeceu o Abandonado.

 - Profissão?

 - Fazendeiro. Eu fazia queijo. Um bom queijo sabe?

 - Eu gosto de queijo... – opinou Imladris com um sorriso, o Abandonado ficou mais confiante e sorriu de volta com poucos dentes.

 - Poderia assinar? – Bauhaus apontou um alfinete para o dedo do Abandonado.

 - Oh sim, claro senhor... – e então espetou o alfinte na carne fria e rígida do Caldwell para extrair uma gota de seu sangue. Depois que o liquido viscoso e coagulado saiu pelo ferimento, Bauhaus pressionou bem o dedo no pergaminho que acabara de preencher.

 - Bem, senhor Caldwell, agradecemos muito sua participação no censo de Undercity...

 - E bem vindo aos Abandonados! Iremos te ajudar no que pudermos! – exclamou a menininha empolgada dando um broche feito a mão com o símbolo dos Abandonados para o cadáver reanimado. Caldwell tomou aquele objeto na mão e colocou-o na lapela de seu casaco comido pelas traças com certo tremor nas mãos.

 - Eu agradeço muito a vocês... E-eu não saberia o que eu fazer se não tivesse esse lugar para ficar... - estava entediado pela cena e deu um olhar mortífero para a garotinha ajudante.

 - Imladris... – o Examinador a repreendeu. – Estamos em um procedimento burocrático de imensa importância. O nosso tempo é reduzido devido a demanda. Queremos saber apenas as informações que importam e não dar boas vindas... Para isso existe o taverneiro Norman...

 - Mas não quer dizer que não possamos dar as boas vindas ao pessoal aqui... As vezes eles ficam com vergonha, senhor Examinador... – o Magistrado pigarreou e virou-se para o próximo Abandonado na fila, folha em na prancheta.

 - Nome? – Imladris tirava outra folha de pergaminho e começava a colocar pontinhos onde deveria colocar.

 - Maeline Atwood.

 - Naturalidade?

 - Goldshire, Stormwind... – a menininha procurou pela cidade, mas não achou no Mapa.

 - Idade ao morrer?

 - 28 anos.

 - Família?

 - Vivos.

 - Nenhum parente com suspeita de...

 - Não, estão todos vivos.

 - Que tipo de assunto veio tratar em Undercity, Maeline?

 - Descansar em paz. – Imladris olhou bem para a Abandonada, usava uma manta mortuária rosa clara e parecia estar morta há muito tempo. Teve pena pela a mulher. Todos os traços físicos dela pareciam ser de uma mãe que morrera ao dar a luz. – Gostaria de mudar de nome, se me permitirem.

 - E por qual razão?

 - Não me sinto a vontade com meu nome anterior.

 - Prontamente. Qual seria o nome desejado?

 - Mary Edras... – o Magistrado fez uma observação na ficha de Maeline e entregou a Imladris, para que ela colocasse em uma pilha diferente.

 - Profissão?

 - Eu era da Irmandade de Lady Raven. Eu era curandeira... – Imladris deu um pulo no lugar.

 - Oh oh! Posso te apresentar a minha Mestra Aelthalyste, ela é clériga! Ela pode ser clériga como nós, Sr. Examinador Bauhaus?

 - Imladris, se contenha. Srta.. Edras, encaminhe-se para o War Quarter. Lá você irá encontrar a Banshee Aelthalyste. Ela irá te orientar mais sobre como você pode ajudar em nossa causa.

 - Muito obrigada... – disse Maeline com receio, mas ao ver a pequena Imladris com o alfinete na mão, ela sorriu benevolente.

 - Assine, por favor? – a menina já encostava o alfinete no dedo da Abandonada e espetava-o com cuidado. – Bem vinda aos Abandonados, Srta. Edras!

 - Obrigada menininha gentil... – e saiu da fila assim que terminou de pressionar seu dedo no pergaminho. Bauhaus olhava para Imladris com desconfiança.

 - Ela parece ser gente boa...

 - Humanos de Stormwind são casos especiais. Encaminhe-os para o Culto das Sombras Esquecidas, sim?

 - Eba! Mais pessoas para nos ajudar!

 - Não se esqueça, clériga-mirim. Não misture trabalho com devoção. Agora vá pegar mais pergaminho, olhe só essa fila!

 - Sim, senhor Examinador!! – Imladris disse batendo continência e correndo entre os Abandonados que faziam fila ali para responderem o questionário do censo.


Acampamento dos Farstrides nas Fronteiras de Quel’Thalas atualmente.

                Yondil rasgava a carta que recebera dos amigos mortos em Stratholme. O exército do Flagelo chegara às fronteiras das Terras Fantasmas.

 - Milorde, precisamos de uma resposta para o convite de Undercity... – disse seu subordinado, Nahon.

 - Não precisamos deles...

 - Eu discordo disso, caro Vigia... – espadas foram para o pescoço de Staffron Lerent, o Apotecário da região e Conselheiro Real da Rainha Banshee. – Vocês precisam de nós mais do que pensam.

 - Não fazemos negócios com os seus! – bradou Yondil para o respeitável Lerent.

 - A Dama Sombria deixa uma mensagem. Aceite ou morra como seus amigos no front. – O pergaminho foi tirado da mão do morto-vivo e lido rapidamente. Os olhos de Yondil estavam mais esverdeados que nunca. Seu rosto tencionou até formar uma carranca de ódio e dor. Remoendo as palavras escritas, ele baixou o pergaminho e fez um gesto amplo para seus soldados.

 - Não somos nada além de seguidores do Sol que nos ilumina. Nossa devoção é para Ele e nada mais. Nosso poder vem Dele e não da Escuridão. Sua Rainha traz a morte com ela. Não quero me aliar à morte. – Lerent montou em sua carroça de cavalos descarnados e deu de ombros. 

 - Uma oferta generosa traz diversas escolhas. Morte sempre haverá enquanto a guerra estiver se alastrando sobre nosso mundo.

 - Palavras sábias para um animal carniceiro como vocês... – Yondil cuspiu no chão que Lerent havia pisado anteriormente.

 - Quando a Batalha vier, estaremos à sua espera Capitão. Honre o compromisso que rogou à Rainha dos Abandonados.

 - Senão você fará o quê...? – provocou Yondil soltando a bainha de sua espada e segurando bem a guarda.

 - O que eu farei? Nada. Mas aquela que cobrará o favor trará a ira dos Antigos.

 - Não tenho medo de suas ameaças...

 - Não são ameaças. É o seu futuro que está por vir. – sorriu o Abandonado mostrando os caninos exageradamente pontiagudos. Chicoteou o ar com violência e logo a carroça estava longe. Yondil esperou o momento de raiva passar para se ajoelhar no chão e chorar amargamente.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.