Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

A aventura continua! Novos personagens, novas tramas, novos inimigos! E o meu incrível resumo continua não explicar nada do que vai acontecer. TODO PODER A HORDA!! o/Recomendo a leitura dos RPG's já lançados para o WoW,na net tem umas traduções boas.Os Farstriders eram Ranger (Vigias) que guardavam Quel'Thalas. Adivinha quem era a capitã do time de elite?!*balança pompons para a Dama Sombria*



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Na outra manhã.

 - Você fez um belo trabalho... – Imladris e Sorena tomavam o desjejum nas ruínas de Lordaeron, Mestre Kerwin e Derris aprontavam um círculo de convocação e a súcubos de Kerwin brincava animadamente com o dragon-hawk Ox.

 - A pele dela é fria... – resmungou Sorena ainda cansada do último exercício.

 - A minha também é...

 - Immie... – Sorena lançou um olhar doente para ela. – Não vamos começar, vamos?

 - A clériga Imladris pensa que é uma Abandonada... – anunciou Derris guardando seu giz especial. Kerwin aprontava o círculo de convocação com magia.

 - Eu não penso. Eu sou!

 - As pessoas vivem de ilusão o tempo todo, meninas... É assim que nossas projeções de futuro são feitas. Se não desejamos, não estamos vivos, não enganamos o corpo dizendo a ele que nossa única tarefa nesse mundo imundo é de nascer, reproduzir e morrer.

 - Eu não acho isso... – interferiu Imladris com as bochechas rosadas, Sorena sabia que uma calorosa discussão começaria logo. – O fato de eu ser uma Abandonada bem conservada denota a força de vontade que eu...

 - Besteira. – foi a vez de Kerwin. E depois pedindo para Sorena levantar das escadas, a colocou no circulo. Imladris iria protestar, mas a figura translúcida de uma banshee chegou.

 - Milady Imladris... A Vossa Majestade a chama para uma audiência... – um sorriso maravilhado veio da clériga e ela saiu correndo para dentro das ruínas como um raio.

 - Tanto esforço para nada... – comentou Kerwin.

 - Irá mesmo para Ratchet, meu chapa?

 - Farei isso antes que aquele maldito Putress me mande para Fowling. – reclamou Kerwin jogando uma espécie de pó de concha marinha na mão de Sorena e em seu corpo. – Preste bem atenção nesse símbolo aqui, sim?

 - S-sim senhor... É um círculo de... transfiguração?

 - Sim... E alguém andou lendo os livros que recomendei, ainda bem...

 - Ela é estudiosa, Kerwin... – defendeu Derris sorrindo para a aprendiz.

 - Quando o símbolo acender, quero que transfigure o pó em sua mão em qualquer coisa que você quiser.

 - Qualquer coisa?

 - Qualquer coisa. Ratchet precisa de mais warlocks... Meadra está perdendo terreno para os piratas. Tem um salafrário do Flagelo trabalhando por lá... Capitão de um navio que vai sempre pra Booty Bay. Se eu pegar esse cara em flagrante, posso conseguir a informação que quiser...

 - É uma boa tática... – Derris respondeu, mas sempre de olho em Sorena, suando frio e joelhos trêmulos.

 - Por que está tão nervosa? Já fizemos isso antes, lembra?

 - S-sim...? – e suspirando alto. – Por que vocês dormem quando ela está muito ferida? – Kerwin a olhou com desconfiança.

 - Como ela sabe disso?

 - Quando voltamos da briga em Fowling, ela afirmou que todos dormiam...

 - Isso é grave...

 - Eu próprio dormi.

 - Isso é muito grave...

 - Sorena, a nossa rainha tem uma influência sobre nossa vontade... – explicou o seu Mestre.

 - Quando nossa Rainha sofre alguma injúria, nós sentimos. Todos nós.

 - Foi isso que...

 - Termos mais dessas é como mandar um belo convite com flores para Stormwind nos atacar... – Kerwin se aproximou da menina. – Só você estava acordada?

 - Não, havia algumas Abominações na vigia e... ahn... os prisioneiros no Apotecário...

 - Você foi até eles?! – Derris se preocupou. E percebeu na hora que a aprendiz desviou o olhar para o chão. Ele sabia o que eu isso queria dizer. Ela havia feito algo que se envergonhava durante os minutos de dormência geral na cidade subterrânea. O círculo acendeu subitamente e um portal negro apareceu na frente dela. O pó em sua mão tomou a forma de alguma coisa, mas depois se dissipou em volta dela. O relincho de um cavalo negro a assustou.

 - Você disse que era círculo de transfiguração!! – ela gritou acima do barulho de vento que o Vortex produzia. O focinho longo e fumacento do cavalo apareceu e depois suas longas patas flamejantes.

 - Aprenda uma coisa nessa vida menina: Todo mundo mente. – disse Kerwin fora do círculo, mas lançando um feitiço no animal arisco. Ele relinchou alto e rudemente avançou contra Sorena. Derris riu alto e puxou a garota para longe, mas ainda dentro do círculo.

 - Eu não falei que você sairia daqui com um desses? Dome-o!

 - Como eu faço isso?!

 - Lute! Sobreviva e coloque-o aos seus pés!

 - Ele é muito bravo!! – Oxkhar levantou vôo e tentou ajudar bicando as orelhas do cavalo vindo de outra dimensão.

 - QUEM OUSA ROUBAR DE MEU ESTÁBULO?! – gritou uma voz gutural. Um imenso ser atarracado e com um avental sujo de sangue apontou sua arma para a cabeça de Sorena, ela desviou do primeiro golpe. – MÍSERO VERME DO INFERNO!! IREI ENSINAR-LHE A NÃO PEGAR MAIS MEUS...! – Sorena se abaixou e recebeu um empurrão do animal na altura do peito, caiu ao chão ofegante e sem poder se afastar do facão do ser atarracado, parecia um imenso porco humanóide, resfolegando e com cheiro horrível. Rolou ao chão e puxou a crina do cavalo interdimensional. O coice atingiu Derris em cheio e ele foi lançado por escada abaixo até atingir o cemitério abaixo.

 - Mestre!! – ela gritou em desespero vendo que estava sozinha. Kerwin observava a luta desigual.

 - MORRA SUA...!! - o porco humanóide deu algum passos para trás, já que Imladris se colocara na frente de Sorena e uma aura de proteção a cobria.

 - Mexe com alguém do seu tamanho...! – e com um golpe de sua maça arroxeada, afastou o homem para o vórtex. O cavalo percorria raivoso pelo círculo, como se estivesse condicionado a aquele lugar. – Vai logo! Domina-o!

 - E como eu faço?!

 - Eu sei lá?! – Imladris levantou as mãos rapidamente e mais da aura protetora repeliu o humanóide. – Vai logo! – Ox pulou das orelhas para o focinho fumegante do cavalo. Conseguiu irritá-lo mais. Sorena preparou seu melhor Roubo de Magia e tocou o peitoral musculoso e largo do quadrúpede. Uma explosão de eletricidade e calor fez as duas voarem para fora do círculo. Tudo se dissipou, o vórtex, o cavalo, o porco humanóide, o círculo de transmutação. As duas estavam lado a lado, deitadas ao chão, cabeças doendo e totalmente doloridas. Imladris sentia mais por ter usado muita magia no processo.

 - Não funcionou...

 - Você é fracote.

 - Tudo que eu precisava escutar...

 - Próxima vez a gente leva alguém pra levar porrada pela gente...

 - Bela tentativa... – aplaudiu Kerwin. – Trabalho em grupo, coordenação e proteção. – Sorena levantou e sentiu sangue em seu paladar.

 - Ai... – Mestre Derris voltava segurando a própria cabeça.

 - Perdi alguma coisa?

 - Elas quase conseguiram o Dreadstreed.

 - Quase?! Era para... Mas o quê...? – e indo em direção a coluna de pedra do outro lado dos presentes, ele retirou uma ponta de flecha. Escondeu-o no bolso e pigarreou. – Bem... Na próxima vocês acertam...

 - Próxima? Eu quase morri! – Imladris verificava o local de conjuração e sorria como uma criança.

 - Eu já tou morta, então se houver próxima, eu tou dentro!

 - O que você está fazendo aqui se tem uma audiência com a Dama Sombria?

 - Esqueci de entregar a chave do quarto pra Sor? – colocando a peça de metal na mão da elfa. – Vocês são tão impacientes! Ela mal consegue lutar com um voidwalker e já querem um Dreadstreed?

 - Você parece entender bem de feiticeiros, não clériga?

 - Tenho que recorrer ao conhecimento de todas as competências, Mestre Kerwin.

 - Servindo de cachorrinho pro Culto das Sombras. Parabéns, está fazendo um belo trabalho. – resmungou Derris.

 - Sou a fiel aprendiz de Aelthalyste! Respondo aos comandos dela e as vontades da Dama Sombria!

 - Immie, por favooor...? A gente sempre briga por causa disso...

 - Como você os deixa falar isso da Dama Sombria? De Nossa Rainha? Da líder de nosso povo?

 - Viu como a gente vive de ilusões, pirralha?

 - Eu não vivo! – defendeu-se Sorena, Imladris foi para Mestre Derris.

 - A Horda não é uma ilusão, caro Mestre Derris! Somos a facção mais unida e inter-racial que Azeroth tem notícia!

 - Ilusões querida... Quando aqueles Taurens decidirem que somos um bando de cadáveres contaminando tudo por onde passamos, estamos fritos.

 - E se os orcs acharem que estamos fazendo coisa errada aqui, também estamos ferrados – completou Derris. – E até vocês, Elfos do Sangue estarão contra nós caso saibam das atrocidades que Putress faz naquele Apotecário...

 - O que o Apotecário faz? – Sorena se encolheu no lugar e limpou o sangue vindo de sua boca, mordera a língua bem forte.

 - Eles pesquisam intensamente por uma cura para nossa situação!

 - Imladris, você está viva... – disse Kerwin se entediando. – Aceite isso como um elogio, não como uma condenação a exclusão aqui em Undercity.

 - Eu me recuso a ficar aqui escutando essa asneira. Sor...? – pegando o braço da menina ruiva e se afastando, mas a mais nova se prendeu no lugar.

 - Eu tenho que ficar... Aprender a me defender, sabe? – a clériga apertou sua mão.

 - Se precisar de uma clériga, sabe onde me encontrar... – e saiu sem mais palavras. Kerwin balançava a cabeça em desaprovação.

 - Pobre menina...

 - Você é mais hipócrita que a clériga, pirralha... Eu gosto disso... – comentou Derris limpando o rosto remendado e sentando no chão para redesenhar o circulo de transmutação. – Agora se sente aí e descanse... Vai demorar aqui...

 - Por que o senhor diz que vivemos de ilusões?

 - Como você chegou aqui, menina...?

 - Deixarei vocês por um minuto. Pegarei aqueles pergaminhos que faltam, Derris...

 - Oh sim! – o Mestre se empolgou. – Você vai gostar dos novos feitiços...! – e voltando a ficar sério. – Do que eu falava?

 - Como eu cheguei aqui? Foi o senhor que me trouxe aqui...

 - Mas você não viria se não desejasse isso, não? – Sorena concordou tímida, Derris tentou pescar alguma coisa atrás dela. – Esse velhinho está te incomodando muito não? Ele não saiu do seu lado o dia todo...

 - E-eu...

 - Você o drenou lá na jaula do Apotecário, eu sei.

 - C-como sabe?!

 - Quando fazemos isso, parte da essência da pessoa vem junto e impregna nesse mundo. Ele vai rodar por você por alguns meses, menina... – Sorena se curvou toda pra dentro. – Você não fez por mal. Ele teria destino pior no Apotecário. Ouviu velhote? Ficar naquela jaula seria bem pior! – ele gritou, mas o fantasma agourento não sumiu. – Deixe-o pra lá...

 - Poderia ser o meu pai naquela jaula...

 - Sorena...

 - Não foi desejo que me trouxe aqui... Foi curiosidade boba... E acabei me arrependendo disso amargamente...

 - Não está gostando?

 - Eu tenho esse velhote na consciência agora, Mestre. E outros que passeiam por aqui e pedem ajuda. A minha cabeça parece que vai explodir cada vez que vejo um deles...

 - Então teremos que dar um jeito nisso... Sorena, vou ser bem honesto com você. Você veio por ela, não?

 - Ela quem?

 - Por Sylvanas...

 - Por que eu faria isso?

  - Aquele corvo...? Ele é o avatar de Sylvanas quando ela não pode estar em algum lugar pessoalmente. Se você me diz que ele passou a sua infância toda lá onde você morava...

 - O senhor também estava comigo! Era uma cabeça decepada debaixo da minha cama!

 - Eu sou diferente... Mas estou aqui para falar de você, sim?

 - Auto-análise?

 - Não, vai ser eu mesmo que vai falar... Estou com você há 4 anos e te vi crescer... Mas eu vi como você a olha, menina. Não é olhar de respeito por uma autoridade, sim de admiração por uma idéia que não existe mais...

 - Como assim?! Do que o senhor está falando?! Se eu olho para a Dama Sombria é com horror! Ela está morta e não deveria estar!

 - Que bom que você percebeu... Parar de achar que ela tem salvação, pois ela não tem.

 - Como não?! Ela se livrou do poder mental do Rei Lich!!

 - Poder esse que todo Abandonado está sob comando toda vez que acorda da morte... Quando quebramos a dominação há uma transferência de influência, mas não de poder. Querendo ou não, ainda estamos todos sujeitos a vontade do rei Lich...

 - M-mas a Immie disse...!

 - Imladris é uma pobre coitada que acha que a vida aqui está linda e maravilhosa. Pergunte se ela sente falta de ver a vida lá fora, se ela tem vontades próprias, se ela quer ver a grama crescer, o sol nascer...

 - E-eu acho que ela diria que... que... que prefere...

 - Ficar enfurnada naquele cubículo lá preenchendo folhas e folhas vazias para o Culto das Sombras Esquecidas... É isso que você quer, Sorena?

 - Na-não...!

 - O que você quer então?

 - Encontrar meus pais!

 - Bem, metade deles está aqui na sua frente.

 - O senhor é mesmo... mesmo...?

 - Seu pai? É posso ser, mas isso foi há muito tempo atrás. – a elfa pulou do lugar e agarrou o Abandonado em um abraço desajeitado. – Certo, eu sei o quanto você precisa de abraços, mas eu não sou o mais indicado para isso... – Sorena iria falar, mas ele continuou. – E não precisa me chamar de pai, eu morri, lembra? Me chame de Derris e tente não sair dessa regra...

 - Por quê?

 - Há pessoas aqui que não suportariam saber a notícia... Tanto de quem você é e de que eu continuo nesse mundo...

 - M-mamãe...?

 - Eu não diria ela...

 - Ela está viva? Ela está aonde?

 - Menina, eu não sei se sua mãe está viva. Nunca mais pisei em minha Terra Natal após minha primeira morte... E prezo muito que Serenath esteja morta, assim eu acho que ela tenha encontrado um descanso que eu nunca pude dá-la.

 - Isso não é justo...

 - É a vida. Acostume-se logo antes que alguém a tire de você...

 - Se você é Sylvos Windrunner... Então...

 - Sim, aquela mulher lá com o rosto remendado é sua tia mesmo. Pode ter certeza disso. Nascemos no mesmo dia e viemos do mesmo tormento.

 - Por que ela...?

 - Te trata desse jeito? Oras, coloque-se no lugar dela, menina! Monarca Suprema de um bando de cadáveres ambulantes que te obedeceriam até o túmulo novamente. Você acha que ela vai se importar com o que você pensa? Ela não tem tempo para nada familiar agora... Ela sequer me chama de irmão com medo de perder essa autoridade...

 - E isso não magoa?

 - Sim, claro. É como levar uma facada toda vez que ela me chama de Mestre Derris do que de irmão... Mas já estou morto mesmo... Facadas são suportáveis... – e cutucando o ombro da menina curvada. – Mas sei que facadas aí nesse seu coração curioso machucam mais do que qualquer coisa... – Sorena concordou e limpou uma lágrima. – Ela não é mais sua tia, Sorena... Quero que você tenha isso em mente, ela não pertence mais a sua família e nem eu.

 - M-mas! E o que eu faço então?!

 - Quer que eu faça um desenho ilustrativo? Não quero te dar falsas esperanças, pirralha... – cutucando o nariz da elfa. – Morreremos todos nós, algum dia mais cedo ou mais tarde. Rei Lich aqui, Sylvanas aqui. Algum aventureiro sortudo chega e o mata lá em Icecrown. Automaticamente ela morre. Nós morremos? Não sabia, mas o que você me disse de todos nós dormimos enquanto ela estava injuriada é preocupante... Nós não dormimos, menina. Não dormimos ou descansamos de nossa segunda vida.

 - Vocês comem? – a cara de Derris foi de tédio. – Immie disse que não comiam!

 - Cogumelos são bons, mas não recusamos a uma carne humana... – Sorena se afastou instintivamente. – Calma, carne de elfo é ruim, a gente passa mal depois... – disse ele rindo. – Calminha menina, não irei fazer nada do tipo. O canibalismo dos Abandonados acontece em um nível mais aprimorado que a ingestão literal. Sim, às vezes precisamos de comer a carne de algum humanóide, mas não precisamos necessariamente matar para comer. A decomposição nos alimenta.

 - E quanto ao dormir...?

 - Se todos dormiam enquanto você passeava por aqui é porque o poder do Rei Lich está diminuindo. Isso afeta Sylvanas exclusivamente.

 - E isso é ruim?

 - Depende de qual lado você está... O que você acha?

 - Acho que isso é muito bom!! – o Mestre o olhou com curiosidade. – Oras, vocês estão mortos! Deveriam descansar em paz!! Não ficar perambulando como carcaças para que todos pensem que são do Flagelo e... okay, estou sendo absurda... – ela cobriu a cabeça com as mãos. – Só não acho certo vocês ainda estarem aqui!!

 - Você está sendo perfeitamente aceitável... Feiticeiros é o que somos. Você é uma e seu dom é controlar a morte. Se não a controla é porque é fraca, ou porque não tem vontade de preservar a morte.

 - Estou na profissão errada? Porcaria...

 - Você está no lugar certo, menina... Mas diferente do que todos pensam, e que isso fique entre nós, feiticeiros são magos que buscam suas curiosidades no submundo, no sobrenatural e na vida além. Você usa seu dom para preservar a vida, não a morte que eles tanto procuram. Muitos de nós não concordamos com seu jeito de pensar, é utópico demais e deveras perigoso se levado a sério por um grupo de pessoas... Mas eu vejo você por quatro anos, Sorena e você quer a vida, não a morte. Até para quem não merece você quer vida.

 - Estou confusa agora...

 - Eu também fiquei quando me livrei de certas coisas... – indicando seus pulsos. – A influência de Sylvanas me deixou assim que te vi em Goldshire. E quero que tenhas vida e não sofras na morte. E muitos irão morrer, menina...

 - O que quer dizer?

 - Uma guerra está vindo... E desconfio que o traidor venha do nosso lado. Por isso preciso você longe daqui para poder não presenciar mais uma batalha perdida...

 - M-mas o que eu faço até lá?

 - Treine, se concentre na sua missão. Não dê ouvidos a Sylvanas, ela vai fazer o mesmo que quero com você, mas de um modo deturpado e sádico.

 - Hey, o que ela faria de tão ruim assim?!


Semanas depois.

                A Rainha Banshee a observava sentada em seu trono, um olhar penetrante que ultrapassava carne, ossos e emoções. Sorena ainda via o senhor ali perto, a incriminando de algo que ela agora achava desnecessário. Aquela cidade voltaria a acordar mesmo se essa mulher estivesse dormindo. Disfarçou o arrepio que dava ao lembrar-se de ter drenado o velho e voltou sua atenção para o enorme dreadlord que admoestava um Abandonado mensageiro.

 - Sabes por que a tolero em meus domínios? – a líder dos Abandonados chamou sua atenção, mas Sorena não respondeu. – Ainda tenho apreço pelos que foram de minha espécie. Ainda sofro pela perda de nosso antigo Reino, ainda choro pela minha falha. – a voz da Rainha não expressava emoção alguma, Sorena levantou a cabeça e respirou fundo.

 - É por isso que quero ajudá-la...

 - Ajudar-me? Haha! Nem mesmo o mais tolo esqueleto que já passou por mim, veio com esta oferta! Haha!

 - Não ria! Estou tentando fazer o melhor aqui! Você pode estar morta e enterrada nesse lugar imundo, mas o sangue que corria em suas veias continua nas minhas. – as palavras de Sorena fizeram o cenho desinteressado da Rainha ir para uma fúria súbita.

 - Como você ousa falar assim comigo?! – pegando uma adaga que guardava aos pés do trono e mirando em direção de Sorena. – Não sabe quem eu sou? Não sabe o que sou capaz?

 - Vi bem o que fez... – indicando o Hawk Ox correndo livremente pela sala do trono, experimentando as penas novas que Sorena tingira para ele. Ele crocitava algumas vezes como um bicho feliz, e dava pulinhos para fazer suas asas balançarem. – E sei que pode fazer bem mais, é você que livra os corpos inanimados do Flagelo, é você que tem o poder de acabar com todos os sofrimentos. E quando você dorme, eles te seguem no mesmo sono, isso é perigoso.– Sylvanas ficou em silêncio dando olhadelas para o bichinho vibrante percorrendo sua sala. – Eu não sei quem eu sou, eu queria muito descobrir. Ninguém me dá respostas aqui nesse lugar por alguma razão e acho que essa razão é por vossa majestade barrar as informações. E já que ajudei com tudo ontem de manhã, eu... – suspirando longamente por finalmente o velho senhor desaparecer em uma parede, continuou. – E quem fez esta guerra? Por que somos tão prejudicados? Gostaria de fazer algo para vingar meus pais, para vingar a honra de nossos parentes! Eu preciso fazer algo!!

 - Eles não são mais meus!

 - São mais do que a senhora pensa! – silêncio na sala, apenas o roçar de garras pequenas no chão gélido, Ox tentava ciscar o chão. – São mais seus do que meus, e é isso que quero dizer agora! Darei a minha vida a senhora, pela sua causa, pela sua vingança contra o monstro que a retirou de sua família. Quero ser a mão armada de sua legião, quero entrar no covil do Inimigo e descobrir seus segredos...

 - Para quê, criança tola? Para voltar como eu? Sem alma, sem identidade? Sem sorte?

 - Conhecimento é poder, senhora. Quanto mais eu aprender com o Inimigo, mais serei capaz de fazê-lo se arrepender do dia em que nasceu nessas terras... – o rosto de Sylvanas se contraiu em uma careta de dor.

 - Por que trazer más lembranças...?

 - E que lembranças eu tenho? Nem sei quem seriam meus pais, onde estão enterrados, a quem pertenço! E se é para pertencer a alguém, eu escolho me curvar a sua servidão e pertencer à senhora, única que restou de minha extinta família. – Sylvanas caminhou um pouco pelo espaço mais alto onde ficava seu trono, as aias banshees a miravam com assombro, a Rainha não costumava receber visitas reservadas.

 - Pensa que isso irá me reverenciar? Acha que caçar os meus antigos inimigos irá me trazer alguma esperança? Quem eu era é agora uma lembrança sem significado algum... Como sangue na água corrente...

 - Mas se não me quisesse aqui, já teria me expulsado de sua presença!

 - Então que seja! Retire-se de minha presença! – Sorena forçou os músculos com um olhar teimoso.

 - Ficarei e a servirei! – Sylvanas sumiu do campo de visão de Sorena. A jovem ficou em prontidão, ouvidos bem abertos para qualquer reação. Ox girava caçando seu próprio rabo. – Como eu deveria ter feito há muito tempo! Hey! – sentiu suas pernas fraquejarem e caiu de joelhos no chão frio. Ox foi acudi-la com grasnados que ecoaram na sala. Sorena tentou manter-se acordada, parecia que fora atacada por uma crise de sono fortíssima. – Ficarei e... e... servirei... Como uma famí... mília deveria ser... ser... – e caiu com um baque surdo no chão.



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