Princesa Serpente - Secret escrita por Safira Michaelis Black, Alesanttos


Capítulo 2
Pequena conversa


Notas iniciais do capítulo

Demoramos menos do que esperávamos, mas acho melhor não irem se acostumando. Para todos que comentaram no capítulo anterior, muito obrigada.



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– Não vamos embora, professor? – perguntou Harry ansioso.

– Certamente, mas primeiro há umas questões que precisamos discutir. E preferia não fazer isto ao ar livre. Por isso, vamos abusar da hospitalidade dos seus tios por mais uns minutinhos.

– Harry. – chamou Safira, que olhava para as mãos de Harry, que só agora percebeu que ainda segurava um par de sapatos em uma mão e um telescópio de latão na outra. – Você pelo menos terminou de arrumar o seu malão?

– Humm...

Safira suspirou.

– Professor Dumbledore, haveria algum problema se eu e Harry nos retirarmos por algum tempo?

– Claro que não. Podem ir.

– Com licença.

Ao passar por Harry, Safira lhe segurou pelo braço e o rebocou escada acima.

Enquanto subiam as escadas, eles ouviram a voz de Dumbledore sumindo enquanto conversara pausadamente com os Dursley.

– Como os senhores sem dúvida sabem, dentro de um ano Harry atinge a maioridade...

Quando chegaram ao segundo andar Safira parou e olhou em volta.

– Qual dessas portas é a do seu quarto?

Ela já havia soltado o braço de Harry, que agora andava na frente e abriu uma porta, convidando-a a entrar.

– Bem... Vamos ao trabalho. – Safira viu o malão de Harry no chão e se ajoelhou ao lado dele. – Nossa, Harry. – ela exclamou quando abriu o malão. – Quando foi a última vez que você arrumou isso?

A verdade é que realmente fazia algum tempo que Harry não se preocupava em arrumar o malão. Mas não respondeu porque havia percebido que era uma pergunta retórica.

– Pode pegar a lata de lixo? – perguntou Safira, enquanto tirava e redobrava as roupas de Harry.

Conforme ela ia tirando as roupas, jogava na lixeira uma pena quebrada ou um frasco de tinta vazio, mas assim que ela estava na metade do trabalho, o que foi bem rápido, seu rosto pareceu se avermelhar um pouco.

– Er... Eu acho que você pode assumir daqui.

Quando Harry olhou dentro do malão viu que uma das coisas que estavam lá dentro eram algumas cuecas, e ele também começou a corar. Safira se levantou e foi em direção a janela, enquanto Harry se ajoelhou no mesmo lugar que ela estava. Assim que terminou ele viu o caco de espelho que havia no fundo do malão, segurou ele entre os dedos e colocou de volta, e depois foi pondo as roupas, livros e outros materiais escolares de forma organizada dentro do malão.

Quando ele fechou virou o rosto para dizer para Safira que havia acabado, mas ficou imóvel por um segundo. Safira estava olhando para o céu escuro como breu que havia do lado de fora. Era noite de lua cheia e a lua fazia com que a pele já pálida dela parecesse feita de porcelana, e também a luz do céu noturno fazia com que os olhos dela tivessem um brilho estonteante. Harry ficou olhando para Safira pelo segundo mais longo da vida dele.

– Hum, então – disse Safira, ainda olhando pela janela, tirando Harry do transe. – Ferias ruins?

– Nem me fale! – respondeu ele automaticamente – E Sirius?

– Em casa fazendo... – ela pensou – fazendo... o que ele sempre faz. Mas estamos felizes que as coisas estão se colocando nos trilhos. Ele quase não para em casa agora que pode sair livremente.

– Estou feliz por ele.

– Eu também. – Safira agora andou pelo quarto e se sentou na cama de Harry.

– E... Bem, e Monstro? – Harry realmente não queria saber sobre o elfo, mas não queria que o silencio constrangedor continuasse.

– É, isso ainda está sendo um problema. – Safira pegou uma mecha de seus longos cabelos pretos e começou a brincar com ela. – Veja, depois do que aconteceu há alguns meses, Sirius não suporta ter Monstro por perto nem por um segundo. Eu faço o que posso para fazer os dois se darem bem, mas eles não colaboram. A única coisa que impediu Sirius de arranjar um meio de liberta-lo, foi o fato de Monstro saber demais.

– E como você se sente com relação ao Monstro?

– Eu realmente não gostei do que ele aprontou, mas Sirius tem que tentar se dar bem com Monstro, para evitar que isso aconteça novamente.

– E você?

– Como assim?

– Como Monstro age perto de você?

– Bem melhor do que com meu pai, isso eu garanto. Acho que é pelo fato de eu ser... Bem... Descendente de Salazar Slytherin que ele me respeita um pouco.

Às vezes Harry até se esquecia desse detalhe. Safira não tinha nada que realmente parecesse liga-la a Slytherin, a não ser o sangue que corria por suas veias, mas isso não era algo que alguém percebe só de olhar. E ela também não nutria os mesmos valores que Voldemort, que acaba por ser um parente distante dela.

– Apesar de ele não gostar de eu ser uma traidora do sangue, ele diz que a única boa escolha que meu pai fez foi ter escolhido a minha mãe para lhe dar uma herdeira.

– Mas Sirius não se apaixonou pela sua mãe por isso.

– Eu sei. Mas prefiro evitar brigar com Monstro, a última coisa que quero e que ele tenha motivos para me odiar também, isso nos traria problemas.

– E as suas férias, como foram? – disse Harry sem saber ao certo o que estava fazendo, ele queria mudar rapidamente de assunto.

– Normais, na medida do possível.

– Como assim?

Ela esboçou um sorriso fraco, mas antes que pudesse falar mais alguma coisa uma voz surgiu do andar de baixo.

– Desça logo garoto. – era o tio Valter. – E traga essa... menina com você. – parecia que não era “menina”, a palavra que ele queria usar.

Harry desceu as escadas segurando seu malão e Safira carregava a gaiola de Edwiges.

– Bem, Harry... está na hora de irmos andando – disse, por fim, Dumbledore, levantando-se e acertando a longa capa preta. – Até a próxima. – disse aos Dursley, que, pelo jeito, pareciam desejar que a próxima não chegasse nunca. E, cumprimentando-os com um aceno do chapéu, saiu teatralmente da sala. Safira acompanhou Dumbledore sem se despedir dos Dursley, a única coisa que se limitou a fazer foi um leve aceno de despedida com a cabeça.

– Tchau. – despediu-se Harry, apressado, e acompanhou Dumbledore, que parou de repente.

– Não queremos nos sobrecarregar com isso agora. – disse, puxando mais uma vez a varinha. – Vou despachar esta bagagem para A Toca. Mas gostaria que você levasse sua Capa da Invisibilidade... caso precise.

A muito custo, Harry tirou a capa do malão. Depois que a enfiou de qualquer jeito em um bolso interno do blusão, Dumbledore acenou com a varinha, e o malão, a gaiola e Edwiges desapareceram. Fez um novo aceno, e a porta da casa se abriu para a escuridão fresca e enevoada.

– E agora, garotos, vamos sair para a noite em busca dessa sedutora volúvel, a aventura.

Dumbledore saiu pela porta e parou na ponta da calçada:

– Mantenham suas varinhas a mão, crianças.

– Mas pensei que não tinha licença para usar a magia fora da escola, professor. – disse Harry

– Se houver um ataque, eu lhe darei permissão para usar qualquer contrafeitiço ou contramaldição que lhe ocorra. Mas acho que hoje à noite não vai precisar se preocupar com ataques.

– Por que não, professor? – perguntou Safira

– Porque vocês estão comigo. – respondeu Dumbledore com simplicidade. – Aqui já está bom.

O bruxo parou bruscamente ao fim da rua dos Alfeneiros.

– Naturalmente, vocês ainda não passaram no teste de Aparatação, não é?

– Não. Pensei que precisava ter dezessete anos.

– Então Safira agarre o meu braço esquerdo por favor.

A garota colocou a mão sobre o braço do diretor e de repente eles não estavam mais ali. Harry ficou atônito durante alguns segundos e olhando fixamente para o lugar onde eles haviam sumido. Como o diretor poderia ter vindo até o mundo dos trouxas para busca-lo e o... esquecido aqui... Agora ele teria que voltar a casa dos Dursley e não teria uma desculpa para apresentar, mas o diretor tinha voltado antes que ele começasse a andar de volta para sua casa!

– Desculpe Harry. Tive que leva-la... pra sua casa afinal, Sirius esta lá.

– Tudo bem diretor. – disse Harry tentando não parecer irritado.

– Então agora, segure com força no meu braço. No esquerdo, se não se importar... você deve ter reparado que o braço com que seguro a varinha está um pouco sensível no momento.

Harry agarrou o braço oferecido por Dumbledore.

– Bem, então vamos.

Harry sentiu o braço do bruxo torcer e fugir-lhe, e redobrou o seu aperto; no momento seguinte tudo escureceu; teve a impressão de estar sendo fortemente puxado em todas as direções; não conseguia respirar, tiras de ferro envolviam seu peito, comprimindo-o; suas órbitas estavam sendo empurradas para o fundo da cabeça; seus tímpanos entravam crânio adentro; então...

Ele aspirou grandes golfadas do ar frio da noite e abriu os olhos lacrimejantes. Teve a sensação de que o enfiavam por uma mangueira de borracha apertada. Passaram-se alguns segundos até ele entender que a rua dos Alfeneiros desaparecera. Viu que ele e Dumbledore estavam, agora, parados na praça deserta de algum povoado, no centro da qual havia um memorial de guerra e alguns bancos. O entendimento finalmente alcançou os seus sentidos, e Harry percebeu que acabara de aparatar pela primeira vez na vida.

– Você está bem? – perguntou Dumbledore, olhando-o, solícito.

– Leva algum tempo para acostumar com a sensação.

– Estou ótimo. – respondeu Harry, esfregando as orelhas, que pareciam ter deixado a rua dos Alfeneiros com uma certa relutância. – Mas acho que prefiro as vassouras.

Dumbledore sorriu, aconchegou melhor a capa em torno do pescoço e disse:

– Vamos por aqui.

E, andando rapidamente, passou por uma estalagem vazia e algumas casas. Segundo o relógio de uma igreja vizinha, era quase meia-noite.

– Agora me diga, Harry, a sua cicatriz... tem doído?

Harry levou a mão à testa inconscientemente e esfregou a marca em forma de raio.

– Não, e tenho me perguntado o porquê. Pensei que iria arder o tempo todo, agora que Voldemort está recuperando o poder.

Ele olhou para Dumbledore e notou que tinha uma expressão satisfeita.

– Já eu pensei o contrário. – disse Dumbledore. – Lord Voldemort finalmente percebeu como é perigoso o acesso que você tem tido aos pensamentos e emoções dele. Imagino que agora esteja usando a Oclumência contra você.

– Por mim, tudo bem – comentou Harry, que não sentia falta dos sonhos perturbadores.

– Tudo bem, Harry, mas agora preciso de sua ajuda

– Pra que? – perguntou Harry curioso e tentando não parecer mal educado

– Você vera!

Aproximavam-se de uma casinha de pedra, bem cuidada, no meio do jardim. Harry estava ocupado demais, digerindo a pavorosa idéia de mortos-vivos, para dar atenção a qualquer outra coisa, mas, quando alcançaram o portão da casa, Dumbledore estacou e Harry colidiu com ele.

– Que lástima! Que lástima!

O garoto acompanhou o olhar do diretor pela entrada bem conservada e sentiu um aperto no coração. A porta da casa fora arrancada das dobradiças. Dumbledore olhou para cima e para baixo da rua. Parecia deserta.

– Pegue a varinha e me siga, Harry. – disse em voz baixa. Abriu o portão e entrou pelo jardim, rápida e silenciosamente, o garoto em seus calcanhares, então empurrou a porta da casa bem devagar, com a varinha erguida e pronta.

– Lumus.

A ponta da varinha do diretor acendeu, iluminando um corredor estreito. A esquerda, havia outra porta aberta. Empunhando a varinha acesa, Dumbledore entrou na sala de estar com Harry logo atrás.

Depararam com uma cena de total devastação. Um relógio de carrilhão jazia aos seus pés, o mostrador estilhaçado, o pêndulo, mais adiante, como uma espada abandonada. O piano estava virado de lado, as teclas espalhadas pelo chão. Os destroços de um lustre caído brilhavam à pequena distância. Almofadas murchas, as penas do enchimento saindo pelos rasgos laterais; cacos de vidro e louça cobriam tudo como se fossem pó. Dumbledore ergueu a varinha mais alto, para a luz clarear as paredes, cujo papel tinha manchas vermelho-escuras e gelatinosas. O ruído da inspiração de Harry fez Dumbledore virar a cabeça.

– Nada bonito, não é. – disse oprimido. – Alguma coisa terrível aconteceu aqui.

O diretor avançou cuidadosamente até o meio da sala, examinando os destroços pelo chão.

Harry acompanhou-o, olhando para os lados, meio apavorado com o que poderia ver escondido sob o piano ou o sofá virados e destruídos, mas não viu sinal de cadáver.

– Talvez tenha havido uma luta... e o levaram embora, professor? – sugeriu Harry, tentando não imaginar a gravidade dos ferimentos de um homem que pudesse deixar aqueles rastros.



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Notas finais do capítulo

Ficou bom? Tenho certeza que temos certas leitoras que gostaram desse cena.

Nem preciso dizer, mas vou dizer mesmo assim: estamos esperando reviews, senão não teremos como saber se a história está boa ou não, e sempre dá para melhorar alguma coisa. Até a próxima.