Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 28
Capítulo 27 ― Comemorando.


Notas iniciais do capítulo

Okay... esse capítulo é maior do que eu pensava e eu vim postar logo antes de sentir a humilhação dando um banho em mim por causa da merda do Movie Maker, enfim gente... kkkkkkk espero que gostem ♥ e UM SUPER OBRIGADA A TODAS AS PESSOAS QUE RECOMENDARAM CWW ♥ ai gente, vocês são tão fofas e tão... ~suspira~ nunca imaginaria esses elogios todos ♥ ♥ ♥ srslyy e quem quiser recomendar fique a vontade ♥ enfim, comentem quando terminarem de ler isso e... apenas dois capítulos para cww acabar ]: ]: ~torçam o dedo pra que ninguém morra~ ~de novo~
E esse capítulo é dedicado a Rafa (que sempre me deixa envergonhada nos reviews) e para as super garotas que recomendaram cww ♥



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Os dias que Edward passou fora não poderiam ser mais tediosos e irritantes quanto verdadeiramente foi. Claro que houve a parte cuja eu recebi a notícia que a vaga de emprego ainda estava de pé, mas que eu só começaria a executá-la em outubro já que não tinha nada o qual eu pudesse fazer lá agora.

Alice me ajudou a fazer compras para a viagem e depois desapareceu para a casa de Jasper, ficaria lá por alguns dias e somente quando se cansasse, voltaria. Ela ligava uma vez ou outra. Edward ligava todos os dias, de noite quando eu já estava quase dormindo, e o fato de ele me acordar, não me irritava. Acontecia ao contrário: eu sorria enquanto dizia que estava com saudades.

Mas o tédio me invadia de novo quando eu acordava, e de vez em quando, eu ligava para Renée apenas para me atualizar sobre o que estava acontecendo em Glastonbury. E uma das minhas conversas, me chamara atenção. Minha mãe, antes animada, agora séria e quase cabisbaixa, tinha uma voz agourenta e não prestava atenção no que eu lhe falava. Mesmo longe dela, eu percebia.

― Então… ― Começou ela, forçando-se a puxar assunto. ― Você e Edward se acertaram? Estão sem brigar? Estão bem?

― Sim… E nós vamos para a Itália semana que vem. — Hesitei, mordendo meus lábios com uma força maior que o normal. — E a senhora como anda? Está bem? — Questionei de novo, não me dando convencida pela resposta que ele me dera pela primeira vez.

— Já lhe falei que sim — Ela se parou, suspirando. — Sim. — Murmurou por fim como se fosse uma confirmação.

Mas eu sabia que ela estava mentindo. Isso era estranho já que Renée costumava me contar sobre tudo que a desordenava e agora estava simplesmente optando por ocultar o que quer que fosse de mim. Não insisti, embora tivesse plena certeza que não era mera impressa. Falei que estava tudo bem, forçando-me a mudar de assunto.

As coisas em Glastonbury estavam normais, segundo Renée dizia. O que diferenciava um pouco era que algumas pessoas estavam se mudando para outras cidades e a causa disso ninguém sabe. Quando perguntaram falaram apenas que era a vontade de se mudar. Renée e Phil queriam se mudar para Bristol, não aguentava ficar mais na mesma cidade que Charlie e Sue.

Eu não sabia o que estava acontecendo com Charlie, mas eu não seria a primeira pessoa a falar com ele sobre isso. Ele era orgulhoso demais e jamais, em nenhuma hipótese, iria querer ser aconselhado por uma filha sua a qual tinha metade de sua maturidade. Ele sabia o que fazia; afinal Charlie era sempre o certo.

— Olhe o juízo na mente, veja se não se esquece dele. — Advertiu-me.

Sorri minimamente. A voz dela era um pouco mais animada, mas não chegava ao que era antes. Tudo bem, tudo bem, eu sabia que uma filha sua acabara de morrer, entretanto nas outras primeiras ligações que eu a houvera feito, ela estava mais animada e mais viva que isso.

— Eu sempre tenho.

Trocamos poucas palavras depois disso e logo em seguida eu desliguei, praticamente correndo para ligar a televisão e não me sentir sozinha como estava me sentindo. Quando eu estava sozinha, minha mente paranoica não contribuía para que eu tivesse pensamentos normais, e sim anormais. Eu não gostava de ficar sozinha, mas jamais pediria para Alice vir para ficar comigo quando ela estava com Jasper.

Eu tinha vergonha na cara, acima de tudo. E também, eu deveria aprender a tirar esse medo bobo de dentro de mim, eu já tinha dezenove anos.

Haviam se passado quatro dias desde que Edward tinha viajado e eu já estava impaciente por sua chegada, sentindo-me ansiosa e morrendo de saudades dele. Talvez eu devesse parar de ser tão impulsiva, só se passara quatro dias e eu não podia ficar ansiando por sua chegada tanto como eu estava fazendo. Não era normal, não era saudável.

As ligações não serviam para nada a não ser aumentar as saudades.

Eu estava no sofá assistindo qualquer coisa na tevê quando era tarde o bastante para que eu estivesse dormindo. A cigarra tocou e em poucos segundos eu estremeci, com tanto medo que por alguns segundos tudo que eu fiz foi respirar de maneira calma e lenta, não fazendo um barulho sequer.

Que tipo de pessoa bem-intencionada estaria visitando a casa de outra às quase uma hora da manhã?

— Quem é? — Me repreendi internamente quando minha voz falhou e soou fraca, demonstrando o medo que eu sentia.

E então a risada rouca e baixa dele estava lá, divertida e cansada ao mesmo tempo.

— Você me assustou! — Meu tom não era de raiva, ao contrário: era animado.

Pulei do sofá, agarrando a chave na minha mão e abrindo a porta para ele. Como se fosse um reflexo, seus braços tomaram conta de minha cintura com força, esmagando-me de encontro a seu corpo.

— Deus… Eu senti sua falta! — Sussurrou ele, a voz em meus cabelos, sem afrouxar seu aperto um centímetro sequer.

Apertei meu braço em volta de sua cintura, sem me importar com todos os casacos que ele vestia. Depois de beijar todo meu ombro, rosto, beijou depois meus lábios levemente, olhando direto em meus olhos, permitindo que eu me mexesse a procura do ar que seus braços me roubaram.

— Desculpe as horas, vim direto do aeroporto para cá — Edward pôs as duas mãos em meu pescoço. — Parece até que passei 5 anos longe de você! — Ele disse e sem me soltar, puxou sua mala para dentro, fechando a porta com o pé.

Eu sorri largamente.

— Senti sua falta — Choraminguei, o abraçando de novo, só que dessa vez levemente, sem apertá-lo muito. — Pensei que não passaria seu aniversário comigo, porque sei lá… poderia acontecer alguma coisa de última hora e você talvez tivesse de ficar lá.

— Aqui estou eu, Bella. Em carne e osso. — Ele sorriu.

Edward beijou-me longamente outra vez e soltou suas mãos de minha cintura, indo direto para a cozinha, pegando um pacote de biscoito dentro do armário com tanta naturalidade quanto talvez fizesse em sua casa. Não tinha problemas, o biscoito não era meu de qualquer jeito.

— Estou faminto. — Ele declarou, puxando-me de volta para o sofá. — Se importa? — Ergueu o pacote de biscoito ao se sentar ao meu lado no sofá.

Eu dei de ombros, aninhando-me ao seu lado. Ele passou o braço ao meu redor, puxando-me para mais perto dele, enquanto com uma mão, comia o biscoito, com outra, acariciava minhas costas por baixo de minha blusa como se quisesse que eu dormisse mesmo. Não demorou muito para que eu sentisse o sono invadido toda minha mente de novo e meus olhos pesarem.

— Você vai ficar.

— Sim. — Ele murmurou, apesar de minha fala anterior ter sido uma afirmação. — Pode dormir tranquila, Bella.

E então eu levantei meu rosto e sem hesitar um segundo sequer, Edward grudou seus lábios nos meus, acariciou meus cabelos, tirando-os de meu rosto. Voltei a me aninhar ao seu lado depois que ele beijou minha testa, murmurando que era para eu ir dormir já que sabia que amanhã Alice me arrastaria para compras de sábado.

Eu sorri, assentindo.

No outro dia, eu me acordei lentamente, primeiro mexendo apenas minha mão pela cama e parando quando bati em um Edward adormecido e com a mão frouxa em minha cintura. Bocejei, abrindo meus olhos com preguiça, aprovando o fato de o quarto estar escuro o bastante para a luz não machucar-me.

Suspirei e sorri como uma idiota, tirando de modo cauteloso minha perna de sua cintura. Fazia tempo que eu não dormia assim com ele, como antigamente eu costumava fazer, aquilo de algum modo era reconfortante. Tive o cuidado de não fazer nenhum movimento brusco para não acordá-lo, eu sabia que a viagem para Londres havia sido bastante desgastante.

Saí do quarto ao pegar um casaco longo e groso, embora não fizesse tanto frio. Era só que como o quarto estava com o aquecedor ligado, a sala estaria fria demais para a temperatura que eu estava antes. E quando isso acontecia, meu nariz ficava com a ponta vermelha, deixando-me com os olhos também vermelhos e sensíveis.

Eu estava sem fome, mas eu sabia ao mesmo tempo em que Edward me forçaria a comer nem que fosse… uma mísera fruta, por isso eu preparei coisas que normalmente não fazia para o café da manhã. Ovos, bacon — claro que eu só comeria uma tira de bacon, deixando assim todo o resto para ele.

Ele se acordou meia-hora depois, com os cabelos desgrenhados, o rosto corado, e os olhos ainda trêmulos de sono. Edward vestia uma camisa comprida com uma calça folgada e parecia ter apenas catorze anos enquanto olhava para a minha direção e sorria, ainda um pouco sonolento.

— Bom dia. — Ele murmurou, capturando minha cintura e encostando seu rosto em meu ombro, deixando sua respiração bater em meu pescoço.

— Boa tarde, Sr. Cullen.

Ele beijou minha bochecha, maxilar e finalmente meus lábios, deixando-me sentir o gosto de pasta dental em sua boca. Foi um beijo calmo, ainda sonolento como Edward ainda se encontrava — mesmo depois de dormir dez horas seguidas. Ele acariciou minha cintura e ao desgrudar seus lábios, olhou-me sorrindo.

— Sabia que você continua cheirosa mesmo depois de dormir? — Perguntou ele, disparando seus olhos divertidos por todo o meu rosto. — Sabe… não é cheiro de nenhum perfume, você tem um cheiro.

— Que só você consegue sentir. — Presumi.

Ele riu.

— Não é isso, é somente o fato de eu sempre estar perto o bastante para sentir esse cheiro. E também tem o outro fato que só sou eu que me aproximo tanto de você, assim espero. — Edward disse, distraído ao pegar uma mecha de meu cabelo, enrolando-a por minha orelha.

Balancei meu rosto, não acreditando que estava ouvindo aquilo dele, sendo que era óbvio que eu não tinha mais ninguém sem ser ele. Quero dizer, era cristalino que eu odiava traição — mesmo depois desse tempo todo sem pensar sobre — e que nunca seria capaz de traí-lo justamente por estar me contradizendo.

E Edward também… ele era um tipo de cara que não se tinha vontade de trair em nenhum momento da vida.

— Não acredito que você ainda tem essa dúvida, Edward.

— Do mesmo jeito que você tem sobre mim.

— As minhas dúvidas sobre você são fundamentadas em algo, conquistador. — Toquei a gola de sua camisa, subindo meus dedos para seu cabelo, depois de dedilhar levemente sua nuca, fazendo-o estremecer. — Quem não te quer? No seu trabalho, quantas enfermeiras, médicas e sei lá quem, não te desejam na cama delas?

Ele sorriu para o meu rosto corado de raiva em ter de entrar naquele assunto desconfortável para o meu lado. Eu odiava ter que debater sobre isso, sobre os motivos pelos quais eu estava sempre certa.

— Isso não significa nada, se quer saber mesmo. — Edward disse depois de um tempo refletindo — Eu só quero estar em uma cama.

— Ah claro, claro. — Revirei meus olhos.

— Não seja sarcástica comigo. Estou falando a verdade, Bella.

Inspirei, o olhando brevemente, não querendo começar a discutir sobre isso porque eu sabia que ele era teimoso o bastante para tentar teimar comigo. E quando eu começasse a discutir sobre uma coisa que eu tinha certeza sobre estar certa, eu não iria parar tão cedo se não me detivesse rapidamente. Eu não queria brigar com Edward agora, na verdade, eu queria passar toda uma vida sem brigar com ele.

Era a coisa mais horrível do mundo. Digo… as palavras.

— Por que, afinal — Continuou ele, olhando-me com uma intensidade que ele raramente usava para mim. — Quem é que sabe me tirar o controle apenas com um toque na nuca?

Eu sorri maliciosamente.

— Vamos comer, Edward. — Eu disse paciente, puxando-o com uma mão na direção da cozinha.

Como uma perfeita criança, ele arrumou o bacon com os ovos de um modo que formou uma expressão sorridente no prato, sorrindo ele próprio como a pessoa mais engraçada do mundo. Eu ri de sua bobagem, entrando na brincadeira retardada e pegando uma tira de bacon, fazendo uma boca escancarada em um sorriso.

Talvez aquilo tivesse sido a coisa mais infantil da qual eu um dia me permiti aproveitar em toda a minha vida. E Edward continuava sendo o garoto de catorze anos com os cabelos bagunçados, o rosto corado e amassado, desajeitado com as roupas largas as quais ele usava para dormir.

Ele continuava lindo, de qualquer jeito. Agora não de uma forma avassaladora, e sim inocente.

Depois de comermos, ajeitei a mesa, lavei os pratos e Edward me ajudou a enxugá-los e guardar tudo que deveria estar na geladeira ou armário. Até que quando eu terminei de lavar os pratos, ele assaltou minha cintura com suas mãos, puxando-me de encontro a seu corpo e beijando minha bochecha, pescoço e orelha antes de sussurrar que me queria.

Éramos dois porque eu também o queria. Demais até.

— Salve água, Bella. Tome banho comigo. — Ele sussurrou com a voz sedutora em meu ouvido, pegando-me em seus braços e capturando rapidamente meus lábios em um beijo que tinha a mesma intensidade que me fizera perder a consciência em Glastonbury.

Mas não fomos para o banheiro dessa vez.

Enquanto eu esperava minha respiração se acalmar, deitada no peito de Edward, eu refleti sobre não estar só me apaixonando por ele, como também já estar extrapolando. Recusei-me a pensar sobre isso naquele momento, beijando de leve o alto do peitoral dele, enrolando-me no lençol, me preparando para ir tomar banho.

Edward não deixou que eu me levantasse, prendendo meu pulso entre sua mão, me puxando de volta.

— Fica aqui.

— Alice já vai chegar… — Tentei argumentar, olhando para trás e vendo-o com um aspecto calmo, um sorriso nos lábios quando me puxou de volta para seu peito.

— Ela sempre se atrasa.

Não acreditei que ele estava contando com o fato de Alice se atrasar, mas não rebati isso, apenas me abracei a ele com força. Edward passou o braço pela minha cintura e deslizou a mão por minha coxa, acariciando-a pelo resto da meia-hora que passamos sem falar uma palavra sequer.

Até que ele decidiu que era mesmo hora de se levantar e ir tomar banho porque seria muito, muito constrangedor que Alice — acostumada a entrar sempre no meu quarto sem bater antes — nos pegasse em flagrante naquela situação. O banho não demorou muito, foi rápido, e aquela era a primeira vez que eu tomava banho com Edward sem estar sonolenta ou quase dormindo em seus braços.

Era bom, na verdade, observá-lo. Observar a água deixá-lo com o cabelo escorrido, observar seu sorriso afetuoso quando eu estendi a mão para tirar os cabelos de seus olhos, observar seu olhar deslizar sobre todo meu corpo até ele me puxar em um abraço fraco, deixando sua boca em meu ouvido.

— Você é minha. — Sussurrou ele, possessivo.

Eu assenti, ficando na ponta dos pés para beijar seu maxilar, perto do queixo.

Alice chegou minutos depois de já estarmos vestidos, na sala, assistindo televisão distraidamente. Eu não estava prestando atenção no que se passava e tinha a impressão que Edward também não estava, apesar de estar com os olhos cravados na mesma. Alice abriu a porta e sorriu ao notar que seu irmão estava me fazendo companhia, deitado em meu colo como costumava ficar.

Ela sorriu pretensiosa para mim.

— Você se lembra do que temos que fazer hoje, não é, Bellita?

— Bellita? — Edward indagou, olhando para mim rindo.

Dei de ombros, sorrindo com o apelido completamente burlesco que Alice me impusera.

Os dias se passaram feito um borrão e estacionaram no aniversário de Edward. O plano era que quando ele chegasse do trabalho — mais cedo, obviamente — eu já estaria em sua casa, e para isso Alice me dera uma chave que ela tinha da casa. Ele não sabia da existência dessa chave e achava que iríamos sair para algum lugar — algum tipo de restaurante —, entretanto jantaríamos na sua casa mesmo.

Ela me ajudou a cozinhar, a comprar os presentes e deixar tudo perfeito. Enquanto invadíamos a casa de Edward sem a mínima vergonha na cara, ela me contava como Jasper estava: mais perfeito que nunca. Ela não se importava com o fato de eu não ir muito com a cara dele, e murmurava sempre que era alguma coisa de minha mente que me impedia de gostar dele.

Não era minha mente, para falar a verdade, era ele.

Eu estava mexendo na estante de Edward quando peguei algum tipo de porta-retratos em minha mão, quase deixando minha boca escancarar com a foto que ele possuía. Era eu e ele. Sorrindo, na casa de Esme quando eu ainda tinha dezesseis anos e ele vinte e quatro. Era a mesma foto que eu tinha rasgado.

Perguntei-me há quanto tempo ele tinha aquilo, e mordi meus lábios, virando-me para Alice que estava no sofá com os olhos cravados em seu celular. Ela desviou seus olhos para os meus, sorrindo quando percebeu o que tinha em minha mão e minha expressão chocada.

— Quanto tempo? — Indaguei.

— Faz pouco tempo que Edward está em Bristol, Bella.

Franzi meu cenho.

— Mas não faz pouco tempo que essa foto foi tirada.

— Bingo! — Exclamou ela, sorrindo. — Edward tem essa foto desde que saiu de Glastonbury, se assim me lembro. Não faz pouco tempo, eu acho… não sei ao certo. Pergunte a ele depois. — Ela sorriu mais largamente.

Ah, eu com certeza perguntaria sobre isso.

Eu achei errado que ele trabalhasse no dia de seu aniversário, mas seu chefe — se eu me recordava corretamente, o nome dele era Declan — não o deu uma folga, apenas o deixou sair mais cedo. Eram quatro horas da tarde, ou seja, Edward chegaria daqui à uma hora, então Alice me ajudou a me arrumar.

Ela dizia tudo que eu devia fazer, tudo que eu devia evitar para não causar uma briga. Eu não tinha aquele medo sobre brigas, não mais agora porque eu sabia que talvez eu estivesse ficando mais calma e Edward também. Estávamos mais calmos para não acabar nos machucando.

Tudo bem, eu não estava tão bonita quanto eu queria estar. Eu estava com uma roupa normal, uma calça jeans — mais arrumada, é claro — e uma blusa bege, rendada que não tinha mangas e era solta um pouco armada. Por cima disso tudo, um casaco preto. Eu não precisava me arrumar tanto, nós não íamos a canto algum.

Alice foi embora para a casa de Jasper já que era sexta-feira e me deixou lá, observando a moldura com o quê de indagação no rosto. Eu me perguntava como eu não notara aquela foto nas três vezes que eu fui a sua casa, já que não estava atrás de nada ou em um lugar escondido. Estava lá para todo mundo ver, sem nenhum receio.

Suspirei, eu tinha mesmo que perguntar a Edward. Mas ao mesmo tempo eu achava que iria travar na hora de a pergunta sair porque era uma coisa tão… envolvia algo que me acanhava na hora de indagar. Como Edward tinha aquela foto se ele mesmo rasgara inúmeras naquelas férias? Por que ele tinha aquela foto tão velha sendo que já tínhamos tirado outras melhores?

Ah sim, Edward iria me responder isso.

Fitei a mesa arrumada a minha frente, preocupada. E se ele não gostasse? E se ele quisesse sair para algum lugar e não só ficar dentro de casa? Eu deveria tê-lo perguntado e não somente confiado em Alice. Respire, Isabella, pare de ser paranoica. Edward vai gostar disso, afinal Alice sabe sobre o que o irmão dela gosta.

Minhas bochechas ficaram em chamas assim que escutei a chave de Edward no portão e logo em seguida lá estava ele, olhando para baixo e voltando seus olhos para os meus quando percebeu a iluminação de sua casa a qual era para estar desocupada. Ele sorriu para mim, fechando o portão apressadamente.

— Feliz aniversário! — Exclamei antes que ele falasse alguma coisa, sorrindo e levantando-me da cadeira de mesa que eu estava sentada antes.

— Obrigada — Ele sorriu — Como conseguiu entrar aqui?

— Alice tem uma chave. — Eu respondi e me atirei em seus braços quando achei que ele estava próximo o bastante.

Ele me abraçou por alguns segundos e depois beijou meu ombro, subindo para minha bochecha e capturando meus lábios como sempre fazia. Só que dessa vez ele sorriu, quebrando o contato de nossos lábios e me olhando de modo longo, carinhoso e calmo. Edward pareceu estar lendo o meu rosto, apesar de não se ter nada para ler de interessante, além da vontade de me esconder que eu possuía.

Eu não era boa em escolher presentes, e logo o dele! Eu ainda estava na dúvida sobre ele ter gostado ou não quando ele pegou meu rosto entre as mãos novamente e encostou sua boca na minha.

— Você quem fez? — Ele olhou para a mesa e o fogão, depois para o meu rosto de novo.

Eu assenti, mordendo meus lábios.

 — Eu… é, ainda podemos sair se você quiser. — Murmurei, nervosa quando Edward não fez nada a não ser me olhar.

— Deixe de ser boba, Bella, jantar com você é melhor que jantar em algum restaurante. E — Ele passou a falar em meu ouvido, ainda com os braços envoltos em minha cintura, em um abraço confortável do qual eu não queria nunca sair. — Aposto que está ótimo.

— Se eu fosse você, não apostava em nada agora.

Ele riu, negando com o rosto, murmurando que eu cozinhava bem de qualquer jeito. E então apenas quando ele saiu, notei que a moldura ainda continuava em cima da mesa, sendo que nenhum de nós dois havíamos prestado atenção nele naquele primeiro momento. Dedilhei meu rosto, hesitante. Eu tinha mudado, não muito, mas tinha mudado.

Talvez eu tenha ficado mais feia, ou bonita. Quando se tratava de minha beleza, eu nunca a veria como uma coisa positiva. O que havia mudado era o básico: o cabelo estava maior — batendo no meio de minhas costas —, assim como a estatura havia aumentado. Eu não emagrecera, no entanto eu era capaz de notar que eu não estava gorda. Minha barriga continuava a mesma coisa de sempre, seca e sem graça alguma. As minhas coxas alongaram e minhas bochechas tinham desaparecido um pouco.

Eu estava normal para a minha idade, talvez um pouco franzina demais. Renée dizia que eu estava bonita, Edward dizia que eu estava linda — bom, eu tentava acreditar neles e não me levar pela minha mente paranoica. Talvez fosse bom ser otimista uma hora ou outra, o problema era que a minha parte negativa ganhava da positiva. Era sempre assim.

Edward tinha mudado apenas em uma coisa desde que esteve em 2010. Ele tinha deixado o cabelo um pouco mais curto, tinha deixado um pequeno espaço para a barba em seu rosto, quase imperceptível se vista de longe. Ele tinha ficado mais forte, talvez tenha malhado durante a faculdade e o maxilar estava mais demarcado, deixando seu rosto mais perfeito que nunca.

Era impressão minha ou eu era pouca coisa para ele? Suspirei — eu não deixaria essas merdas de pensamentos invadirem a minha cabeça de novo. Distrai-me com o pano da mesa, com a chuva fraca que havia começado há pouco tempo e com amenidades enquanto esperava que ele terminasse de tomar banho.

Quando Edward apareceu de novo, vestia uma calça larga escura e uma camisa que tinha uma gola em V. Ele estava com o cabelo molhado, mas ainda para cima e bagunçado. Estava com um sorriso torto, e estava, como sempre, perfeito demais para que eu pudesse talvez — em uma realidade distante — me acostumar.

— E então — Começou ele, sentando-se de frente para mim. A mesa era longa o bastante para que nossas mãos não pudessem se tocar. — Como foi seu dia? Alice te arrastou para o shopping hoje ou não?

Eu sorri, negando com o rosto.

— Ela estava ocupada em ir sozinha arrumar as unhas porque vai ficar com o Jasper hoje de noite. E meu dia foi… hum, interessante. — Minha mão agarrou automaticamente a moldura que estava escondida embaixo da mesa.

— Ah, é? Por quê?

— Bom… pode me falar desde quando você tem isso? — Coloquei em cima da mesa o porta-retratos, sentindo minhas bochechas esquentarem.

Ele arregalou os olhos, mas em poucos segundos já tinha recomposto sua expressão. Edward olhou para o meu rosto antes de pegar fôlego para falar. Passaram-se alguns longos segundos enquanto ele analisava o modo como eu segurava a foto, o quanto meu rosto estava corado e como eu o olhava.

— Desde sempre, eu acho.

— Sempre? — Sussurrei.

Ele sorriu com a minha reação e como estava habituado a segurar minha mão quando ia explicar alguma coisa delicada ou detalhar, estendeu a mão sobre a mesa, recolhendo-a quando notou que não conseguiria pegar a minha mão pela mesa ser muito comprida. Eu esperei, mordendo meus lábios com nervosismo.

— Bella… esses anos todos… eu não te esqueci. E pode soar como uma mentira de minha parte, mas eu acho que… você pode escolher em o quê acreditar ou não.

Apertei meus olhos, baixando-os e deixando um sorriso escapar de meus lábios, apesar de não poder dizer o mesmo. Claro que durante os três anos, eu me lembrara dele — não de forma constante, mas sim ordenada. Eu me lembrava das poucas coisas que a memória dele irritado na casa de Esme não apagara. E também, Alice sempre falava sobre ele, informava algo mesmo eu não perguntando e não querendo saber. Durante os três anos, tudo que eu fiz foi evitar pensar em alguém que eu talvez já tenha amado.

Edward não perguntou se eu também podia dizer a mesma coisa que ele, apenas me olhou até eu voltar meus olhos para os seus. E depois disso, não falamos mais nada por um bom tempo, fomos comer e eu o observei, sentindo-me apreensiva sobre não estar bom o suficiente ou estar com sal ou sem sal para que ficasse ruim.

Quando percebeu que eu o olhava, ele disparou seus olhos para os meus, sorrindo, ainda mastigando.

— O que você achou? — Indaguei, ansiosa.

— Está ótimo. Não sei o porquê de essa ser a primeira vez que você cozinhou de verdade para mim em Bristol.

Eu sorri, mordendo meus lábios.

— Eu cozinhei, sim, para você. — Franzi meu cenho. — No café da manhã, os bacons e os ovos não se fizeram sozinhos.

— Quero dizer algo que envolva mais que colocar óleo e fritar. — Ele disse. — Isso, sim, Bella, está ótimo. Sabe… você deveria fazer mais vezes essa surpresa, aparecer na minha casa e cozinhar… e ficar a noite inteira aqui também. 

Edward repetiu o prato umas três vezes, e de certo modo eu me surpreendi com aquilo já que ele não passava de apenas um. Talvez ele estivesse fazendo para me agradar, mas era meio impossível que uma pessoa se forçasse a comer tanto só para paparicar a outra — eu cheguei àquela conclusão enquanto o observava.

Talvez estivesse bom mesmo.

Eu me levantei da mesa para ir até o sofá, pegar uma caixa embrulhada em papel de presente prateado que tinha seu perfume e um presente extra que eu tinha comprado porque era uma boa ideia. Ele me fitou curiosamente quando eu me aproximei dele com um sorriso e o entreguei os embrulhados.

— Não sei escolher presentes. Desculpe-me — Precavi.

— Não precisava de presentes, Bella.

Fiz uma carranca, revirando meus olhos.

— Abra. E — Hesitei quando ele abriu a caixa em que o perfume estava. — Eu comprei porque eu gosto de seu cheiro e achei que… talvez estivesse acabando o que você tem. E esse CD me lembrou de você que gosta de clássicos. Claro que eu vi se você já não tinha igual para não ter nenhum repetido.

Mordi meus lábios, o olhando.

— Sim, meu perfume já estava acabando — Ele se levantou da cadeira onde estava sentado e tomou posse de minha cintura, andando até estar me imprensando contra uma parede. — E eu não tenho desse CD.

Edward, depois de me olhar por longos segundos, depositou um beijo em minha bochecha, sem me soltar.

— E mesmo assim, não precisava disso. Se você só tivesse aparecido na minha casa sem ter feito nenhum jantar ou qualquer outra coisa, já seria ótimo, Bella.

— Deixe de ser ment…

— Não, não é mentira. — Ele sorriu. — E você não vai lavar os pratos, antes que ouse ir para a pia.

— É seu aniversário! Aniversariantes não lavam pratos.

Seu sorriso mudou um pouco para o sorriso divertido que ele dava quando teimava comigo, porque, talvez na mente dele fosse divertido. Edward apertou suas mãos em minha cintura, sem deixar de me olhar. Ele sabia que eu ficava corada quando me olhavam por muito tempo, e ele amava fazer isso.

— Estou em minha casa, e visitantes não lavam pratos. Ou seja, a visita aqui é você.

— Tudo bem, vamos lavar os dois juntos. Eu lavo e você enxuga. — Eu ainda não acreditava que estávamos mesmo decidindo quem era que iria lavar o prato. Eu era a visita e ele era o aniversariante, a visita, pelo menos, me parecia mais justo de tomar vergonha na cara e lavava naquela situação.

— Não mesmo.

Mudei o peso dos meus pés e o olhei, respirando fundo e tentando correr na direção da pia, mas as mãos dele estavam de novo, puxando-me para seus braços e pegando-me como se eu fosse um saco de batata. A minha vontade de batê-lo era tão, mais tão grande, no entanto apenas me concentrei em mandar, entre gritos, que ele me soltasse porque afinal de contas era eu quem ia lavar os malditos pratos.

Ele ria, feito uma criança pequena e corria por toda a sala. Minha cabeça já estava começando a latejar quando eu comecei a mexer nos bolsos de sua calça; não tinha nada de interessante, como o previsto, apenas seu celular e alguns papéis de chiclete.

— Quem é que vai lavar os pratos, Isabella Swan? — Perguntou ele, parando por alguns segundos de correr. Minha vista embaçou, fechei meus olhos e os abri novamente, sorrindo de modo perverso.

— Eu vou lavar os pratos. Eu! — Gritei, entre risadas.

— Você não tem jeito mesmo!

E então quando ele não esperava, abaixei suas calças, fazendo-o assim cair no tapete fofo da sala já que suas calças foram parar em seus tornozelos, o impedindo de andar. Cai por cima dele, ainda rindo feito uma idiota. Ele se virou para cima, tentando me olhar com raiva, mas sendo interrompido pelos risos igualmente idiotas que saiam de seus lábios.

Engatei minhas pernas em sua cintura, ficando por cima de sua barriga.

— Isso é para você aprender a não teimar com Isabella sempre certa Swan e a comprar um cinto. — Eu sorri, levantando-me de cima dele.

Estranhei quando ele não me puxou de volta ou qualquer outra coisa que me fizesse cair, e continuei a andar para a mesa, empilhando os copos e os pratos, colocando tudo dentro da pia. Quando eu estava pronta para lavar, percebi somente o vulto de Edward correndo, pegando a torneirinha e apontando para mim.

Ainda o olhei por alguns milésimos de segundos antes do jato atingir a região de meu pescoço para baixo. Ele sorriu quando parou.

— Ah sim, Bella, sua blusa fica muito melhor desse jeito. Sabe… totalmente transparente, o modelo inicial dela deveria ser desse jeito. Ah espera, espera. — Ele pôs um dedo para cima, em sinal para eu parar de falar ou querer esmurrá-lo como eu estava querendo. Esperei e então um sorriso travesso nasceu em seu rosto. — Você está molhadinha, não?

Eu também queria demonstrar raiva, queria esmurrá-lo até ele pedir para morrer, mas tudo que eu fiz foi rir descontroladamente e tomar o jato de sua mão quando ele começou a rir também. Molhei todo seu rosto, com especial atenção para seu cabelo e depois sua blusa, deixando-a colada a seu corpo.

Eu sorri, meiga, quando entreguei a torneira de novo para ele. Em vez de ligá-la de novo, Edward sorriu cinicamente na minha direção, desviando os olhos dos meus para direcioná-los para minha blusa transparente e desconfortável por estar molhada demais. E foi por aquele olhar que eu soube que não iríamos discutir para lavar os pratos.

Ele sorriu antes de tomar minha cintura em suas mãos, erguendo-me e me colocando em cima do balcão que tinha oposto a pia que eu estava encostada antes. Seus lábios logo estavam nos meus, em um beijo rápido, cheio de desejo vindo de ambas as partes. Eu agarrava seus cabelos em minha mão, puxando seu rosto para cima, enquanto ao mesmo tempo ele infiltrava suas mãos por dentro de minha blusa, pensando em tirá-la.

Com as mãos hábeis e apressadas, ele a tirou, e eu ao mesmo tempo aproveitei para tirar a dele, olhando seu rosto por alguns segundos até que ele sorriu. Não de uma forma sexy, ele sorriu bobamente, preparando-se para fazer alguma piada.

— Você está molhadinha, Bella? — Perguntou ele, rindo.

Eu ri em vez de corar, e sem me deixar responder, ele puxou-me para um abraço, passando os lábios quentes em meu ombro, deslizando sobre o meu colo, pelo meio de meu sutiã. Eu estremeci, tornando meus braços apertados ao redor de seu pescoço e Edward parou o que estava fazendo para me olhar, com um vinco de preocupação em sua testa. Toquei seu rosto com as pontas dos dedos, desfazendo seu cenho franzido.

— Você está com frio?

— Não — Eu sorri, acariciando sua nuca com minhas unhas médias. — Estou com calor, na verdade.

Ficamos por um bom tempo no balcão, e depois fomos para o sofá, ficando por último no quarto. Não sei quanto nos demoramos naquilo, só sabia que era de madrugada e chovia bastante quando Edward se deitou ao meu lado, puxando um lençol para cobrir nossa nudez e em seguida puxando-me para seus braços, descansando seu rosto em meu ombro.

Tudo que eu sentia flutuando no quarto era o cheiro de sexo, o cheiro de Edward e o meu que era o mais insignificante.

— Você vai ficar aqui essa noite, não é? — Desencostou seu rosto de meu ombro, só para me olhar e esperar sua resposta. — E a próxima também, a próxima, e a próxima.

Eu ri baixinho, virando-me na sua direção.

— Tenho que ir pegar roupa para isso.

— Você veste as minhas.

Neguei com o rosto, rindo de novo de seu tom quase desesperado. Como estava habituado a fazer, Edward puxou minha coxa para cima de sua cintura, acariciando-a com as mãos tão leves quanto às batidas de asas de uma mariposa. Ele esperou por um momento, pensando em um plano que fosse aceitável aos meus olhos.

— Nós passamos para pegar amanhã cedo. — Ele me olhou por alguns segundos, desviando os olhos para algo em cima do meu ombro. — Não quero ficar sozinho nesses dias de folga que vou ter.

— Vamos pegar roupas amanhã. — Decidi, sorrindo.  


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Notas finais do capítulo

Psé, gente ♥ parece que o Edward e a Bella se ajeitaram mesmo e... awn ♥ finalmente né? Depois de anos separados eles se ajeitam e ficam juntos ♥ Será que a Bella irá dizer para o Edward as três palavrinhas mágicas? Ou será que isso nunca acontecerá em CWW 3 vamos ver, vamos ver. Porém, todos nós sabemos que ela demonstra que o ama e falar é o de menos. ~cruzem os dedos para que o Edward não fique no vácuo como ele ficou antes~ Não se esqueçam de comentar, guriasssss ♥ obrigada pelo apoio e por todos os comentários ♥