O Primeiro Massacre Quaternário escrita por AnaCarol


Capítulo 7
"A Capital é mesmo bem feia."




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  Eu conheci Beau aos meus Sete anos de idade. Ele já havia ganhado os jogos naquela época.

  Jason e eu vivemos fugindo do abrigo. Alguns dias a tarefa é fácil, outros nem tanto, depende de quais tias estão de plantão. Mas o fato é que nós não passamos a maior parte do tempo no abrigo, mas sim fugidos na praia.

  Um dia Rosemary ficou doente e foi obrigada a ficar em casa para se tratar. Em seu lugar veio sua substituta Claire Mesner, que nós gostamos de chamar de Úrsula, por ela ser idêntica as ilustrações da bruxa de um conto de nossos ancestrais, chamado A Pequena Sereia. Mas Jason e eu não sabíamos da troca e naquela tarde, como de costume, nós pulamos nossas janelas e corremos para a praia. Quando chegamos lá fizemos o que sempre fazíamos: ser livres. Falamos horrores da Capital; Jogamos água um no outro; Pescamos... Só que, enquanto falávamos mal do abrigo, Claire chegava à praia, a nossa procura. E ouvia tudo.

  Ela praguejou e correu atrás de nós. Nós nos levantamos e corremos assim que ouvimos suas pragas. Corríamos a toda velocidade. - Principalmente por não conhecer a tratadora. Ela poderia dar castigos leves, como comer por duas noites no escuro (como Rosemary faz) ou castigos físicos. Bem dolorosos, se quer saber. – Mas para onde estávamos indo?

  Corremos até o centro. E do centro corremos para frente. Foi quando me lembrei de que à frente estavam as casas dos vitoriosos. Todas idênticas. E algumas, vazias. Movi meus lábios lentamente até Jason captar a mensagem e corremos para a casa vazia mais próxima. Mas o que eu não sabia era que a casa vazia mais próxima não estava realmente vazia. Olhei para trás: Ela estava muito longe. Peguei meu brinco de metal e desdobrei-o todo até se parecer um clips desformado, e abri a porta.

  Ainda éramos pequenos naquela época, portanto abri o primeiro armário da cozinha que vi na frente e entrei. Jason pegou uma cadeira e colocou atrás da porta, tornando-a difícil de abrir, e em seguida se escondeu no armário do lado do meu.

  Ouvi passos perto de mim e prendi a respiração. Então os passos param e o silêncio domina a cozinha. Solto um pequeno e silencioso suspiro. E a porta se abre, revelando os olhos azuis que eu reconheceria em qualquer lugar. Beau Odair. Estávamos invadindo a casa de Beau Odair!

  Ao contrário do que qualquer um faria, ele sorriu e estendeu a mão para mim.

  -Não é a forma mais fácil de roubar panelas, mas admito que essa foi uma bela tentativa.

  Eu permaneço calada e encolhida no armário, olhando assustada para ele.

  -Não vou te machucar. – Ele sussurra. – De quem você está fugindo?

  Eu tomo alguns segundos para decidir se ele é confiável e digo:

  -Da Capital. – Posso ver seus olhos brilharem em medo por apenas um segundo.

  Nessa hora, ouvimos batidas na porta. Beau fecha rapidamente o armário em que eu me encontrava, retira com cuidado a cadeira de trás da porta e abre.

  -Sim?

  Úrsula se perde na beleza de Beau por algum tempo e depois diz:

  -Você viu duas crianças passando por aqui? – Ela diz ofegante.

  -PF, não. – Ele disse, com um tom de deboche. – E você, viu duas lagartixas correndo por aqui?

  -N-Não senhor. – Ela gagueja.

  -Que bom! – Ele sorri. – Ontem eu vi duas e tive que espantar. Mas, se você não as viu acho que elas não estão aqui... Certo?

  -Certo.

  -Então, tchau. Tenha um Bom Dia. – Ele bateu a porta.

 De dentro do armário eu sorrio. Ouço alguns outros passos e ele abre a porta de meu armário novamente.

  -A Capital é mesmo bem feia. – Ele sussurrou e arranca um sorriso de mim.

  Saio do armário, derrubando umas três ou cinco panelas atrás de mim, e abro a porta do armário em que Jason havia se escondido. Ele havia dado sorte, seu armário continha doces.

  -Água? – Beau ofereceu.

 Naquela hora percebi o quanto estava com sede da corrida. Timidamente eu aceitei.

  -Então... Quem era aquela mulher horrorosa? Porque, cá entre nós, eu entendo o porquê de vocês estarem fugindo. – Ele disse, enquanto me entregava água.

  Eu ri.

  -Não sabemos. Deve ser uma nova tratadora do abrigo.

  -O abrigo para órfãos?

  -Isso mesmo – Jason afirmou.

  -Sinto muito. – Ele disse. Ficamos em silêncio por alguns segundos até que ele abriu um sorriso. – Torrão de açúcar?


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