A Nova Saga escrita por FehViana, Hawtrey


Capítulo 16
Eu confronto o Destino...


Notas iniciais do capítulo

Perdoe-nos pela demora u.u

Sabe ne? Escola, provas e afins :/



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─ Então ela é uma deusa também? ─ Tyler assustou-se

Depois de analisarmos o que havia acontecido, estávamos mais confusos que nunca. Sirinx seria uma deusa? Teria uma forma divina? Ou será que foi a forma de Ártemis? E o que foi aquelas outras vozes que se uniram a dela? A ameaça dela ainda rodava em minha cabeça e me dava calafrios.

─ Não sabemos. Existem muitas hipóteses. ─ Nico parecia ter lido minha mente. ─ Ártemis pode ter nos dado tempo, mas ainda vamos encontrá-la.

─ Eu não entendo. Ártemis não deveria ter estado aqui. ─ Disse eu. ─ Não estou reclamando, mas ela mesma me disse que Zeus a proibira de interferir…

Eu estava me sentindo estranha. Se alguma coisa acontecesse a Ártemis a culpa seria minha, ela veio para nos proteger, me proteger, ela sabia que algo ia acontecer com a chegada de Sirinx. Isso é fato.

─ Tenho certeza que ela não deu nenhuma satisfação a Zeus. ─ Lucy sorriu. ─ Não se preocupe tanto. Ela deve ter dado uma surra merecida naquela traidora.

─ Mas eu ainda estou confuso ─ Tyler tinha a cabeça pendida para uma lado como se não pudesse sustentá-la. ─ Vocês disseram que apenas deuses tem forma divina…

─ Deuses, titãs, os primordiais. ─ Nico respondeu. ─ Todos que não são monstros, nem meio-sangues.

─ Certo. Então Sirinx deve ser imortal também. A primeira a erradiar poder foi ela, Ártemis só ficou na forma divina quando viu o que ela ia fazer.

─ Não sabemos Tyler. Existem muitas explicações. ─ Tentei faze-lo entender, mas como se nem eu estava entendendo? ─ Ela pode ser uma deusa ou…

─ Ou…???

─ Ou pode estar possuída por uma. ─ Nico completou. ─ Eu tenho uma irmã…

─Irmã? ─ Indaguei assustada.

─ Sim, ela é uma semideusa romana, vocês ainda vão aprender sobre isso. A mãe dela foi possuída por Gaia, de dia ela agia normalmente, mas a noite a deusa se manifestava. A voz que saia de sua boca não era só a dela, era de Gaia também, ela fazia tudo o que a mãe-terra ordenava.

─ Então ela pode estar possuída? ─ Lucy resumiu. ─ Por Gaia?

─ Não, Gaia está adormecida novamente. Talvez seja algo até mais antigo que ela.

Fiquei quieta enquanto eles continuavam conversando, tentando chegar a uma conclusão. Aquele lugar estava me dando medo, era para termos ido embora assim que elas se foram, mas Nico disse que nada mais ia nos incomodar. Eu não tinha tanta certeza, nosso tempo estava acabando. Tínhamos que ir para o Superior, mas nós não poderíamos levar nem Tyler e nem Lucy. Uma forma mais rápida de chegar lá e os deixar em um lugar seguro era de carro, mas infelizmente não havia nenhum por perto. Depois que Sirinx se foi procuramos uma forma de sair dali. Um carro, uma moto se não tivéssemos outra opção, mas não encontramos nada, nem sequer casas. Então decidimos ficar ali para descansar. Eu não relaxava, não conseguia, queria ir embora o mais rápido possível.

Estranhamente a lua cheia pareceu brilhar mais, nesse momento eu soube que Ártemis estava bem, fiquei mais aliviada. Isso ainda me deu uma ideia…

─ Vivi! ─ Nico me fez voltar dos meus pensamentos.

─ Sem gritar. ─ Respondi rindo.

Ele devia estar me chamando a um tempo já porque tanto Lucy quanto Tyler estavam me olhando e rindo.

─ Finalmente. ─ Ele riu. ─ Tem vezes que numa luta ela começa a pensar e viaja tanto que para de prestar atenção na pessoa com uma espada na frente dela.

─ Cala a boca Nico.

─ E para compensar o erro ela atira uma faca carregada de eletricidade em você.

─ Você não quer anunciar isso na TV Hefesto, não? ─ Ironizei.

E riu mais ainda.

Eu o encarei, preocupada e ele pareceu entender. Virei-me para Tyler e Lucy.

─ Gente, nós vamos para o Superior… e lá vai ser nossa despedida.

─ O que? ─ Os dois assustaram-se.

Nico se interessou pelo chão de repente. Ele já tinha pensado nisso antes, mas não sabia como falar.

─ Nós temos uma missão. É nossa, minha e de Nico. Não podemos deixar que vocês se machuquem por algo que não é responsabilidade de vocês.

─ Vocês quase morreram no helicóptero por nossa culpa. ─ Nico continuou olhando para o chão. ─ Já se machucaram o suficiente, agora devemos protege-los.

─ Não. ─ Tyler exasperou-se. ─ Eu sou um meio-sangue, filho de Poseidon, você disse…

─ Tyler, você precisa entender, quanto mais ficar longe disso melhor. O que Diana disse a sua mãe é verdade, o destino de um semideus é amaldiçoado. Uma vida agitada, cheia de monstros e uma visão da morte a cada dia. Se puder escolher em ser mortal ou meio-sangue… escolha a primeira opção.

─ Eu não vou me esconder, não vou negar meu destino, Nico. Sou um semideus e nada vai mudar isso. Tenho que ir com vocês.

─ E a sua mãe? Você não pensa nela? ─ Nico se levantou irritado. ─ Será que você não percebe que existem coisas mais importantes, não pense que ser herói é bom. Você perde muita coisa, tem que deixar muita gente para trás.

─ Eu vou deixar minha mãe a salvo. Num lugar bom onde ela vai poder ter uma vida sem monstros. ─ Tyler também se levantou. Isso não ia dar certo.

─ Só vai ver que tenho razão quando já for tarde. Você não sabe pelo que eu passei, você tem a chance de ter uma vida boa e normal. E está escolhendo errado por puro orgulho. ─ Ele rebateu.

─ Acha mesmo que eu estou fazendo isso por orgulho? Claro que não. Estou fazendo porque é meu destino.

─ Você não sabe nada sobre destino.

Um trovão muito forte ecoou com essa ultima palavra. A agua se agitou enquanto eles brigavam, o chão retumbou. Aos pés de Nico a nevoa começou a se forma, Lucy me mostrou o céu, nuvens negras cobriram a lua e as estrelas, tudo ficou sombrio e o ar ficou carregado com cheiro de ozônio.

─ Di Immortales. ─ Murmurei.

─ Parem! ─ Lucy gritou.

─ Não percebem? Algo esta incitando vocês a brigarem. ─ Continuei.

─ Ele não estende Vivi. Acha que vai ser tudo um mar de rosas.

─ Eu não acho, você que não entende. Eu sei o que pode acontecer e sei dos perigos.

Do nada um holograma apareceu acima da cabeça de Tyler. Um holograma verde com um tridente cintilando. Poseidon o reclamara.

─ Ah, que ótimo. ─ Nico disse ironicamente.

─ Agora é oficial Nico. ─ Coloquei a mão em seu ombro.

─ Não Vivi. Esse vlacas* não sabe o que o espera. ─ E saiu extremamente irritado.

─ Ele me chamou de idiota? ─ Tyler ficou confuso. ─ E que língua foi essa?

─ Era grego. ─ Disse rapidamente. ─ Tyler, se acalma, por favor. Eu vou falar com ele.

Corri atrás de Nico.


─ Não podemos leva-los Vivi. ─ Foi a resposta dele depois de tanta conversa. ─ Eles vão se machucar e não vamos conseguir salvar ninguém. Foi por isso que não deixamos outro vir. Você sabe.

─ Sim Nico, mas Poseidon nos enviou um sinal, devemos levar Tyler.

─ E a criança Viviane… vamos deixa-la morrer?

Encarei o chão, uma dor se apoderou do meu peito, uma mão gélida envolveu meu coração, esmagando-o. As lembranças voltaram, uma enxurrada de pensamentos ruins, culpa e tristeza. Não ia deixar nenhuma criança morrer, não de novo…

─ Vivi?

─ Vamos salva-la. ─ Respondi determinada. ─ Mas vamos ter de levar Tyler.

─ A missão é sua… espero que saiba o que está fazendo.

─ Eu sei Nico, mas vou precisar de você. Preciso saber se posso confiar que você não vai embora. ─ Ele percebeu a que eu estava me referindo.

─ Olhe, no conselho de Rachel, eu… eu não iria embora de verdade. Só ia arejar um pouco. Eu ia voltar.

─ Tudo bem Nico, mas agora eu preciso que você fique. Para o bem da missão, mesmo que algo o chateei muito.

Nico parou, pensou um pouco, assentiu relutante e sorriu sarcasticamente.

─ Certo, mas se aquele desgraçado vier com frescura para o meu lado ele vai levar o que merece.

Ele riu e me surpreendeu… novidade, ele me abraçou. Abracei-o também, esperando que ele não sentisse meu coração acelerado. Nico cheirava aos pinheiros que rondavam a casa de minha avó, a pequena reserva onde eu costumava brincar, um bom perfume que parecia misturar tudo o que eu mais gostava e mais me fazia feliz.

Alguém pigarreou atrás de nós. Soltamo-nos rapidamente e viramos para encarar Tyler. Nico fez uma cara de azedo…

─ O que você quer? ─ Perguntou rudemente.

─ Poderia baixar a guarda? ─ Pediu levantando as mãos em sinal de rendição. ─ Por favor?

─ O que houve Tyler? ─ Perguntei suavemente.

─ Temos problemas…


A água estava muito agitada, borbulhava e fazia ondas de 3 metros… algo extremamente incrível num lago. O chão começou a retumbar, a névoa girava fora de controle, levantando poeira e folhas secas. A lua foi encoberta por nuvens carregadas, mas não de eletricidade normal. Ao invés de me dar forças, parecia estar me sugando. O mesmo estava acontecendo com Nico e Tyler, estavam com uma aparência horrível, muito pálidos e cansados.

Bravo! ­─ Uma voz soou vinda de todos os lados, da terra, da água, do céu e até mesmo de dentro de nós, uma voz feminina, poderosa, antiga e que carregava magia, deixava-me com os olhos pesados, como se tudo girasse a seu favor. ─ E olá novamente. Chegaram bem longe para três novatos, tenho de admitir que achei que não passariam do meu primeiro desafio. Acho que subestimei vocês. ─ Nico se mexeu e abriu a boca, mas antes que falasse algo a mulher continuou. ─ Tem razão filho de Hades, você é bem experiente, até a parte mais escura do mundo seus olhos já vislumbraram. Deve ter sido ótimo ver o tártaro, que tal lembrar um pouquinho?!

Nico gritou, seu olhos se moviam rapidamente olhando para todos os lados, mas não vendo nada. Apertou as mãos na cabeça e continuou a gritar, piscando forte. Pegou sua espada e começou a golpear o vento, murmurando palavras desconexas em grego antigo.

─ Pare com isso. ─ Gritei. ─ Pare! Está machucando-o.

Você não sabe o que ele viu criança, machucando-o é pouco para o que eu estou fazendo. Poucos semideuses foram ao tártaro e voltaram vivos… ou sãs. ─ Ela riu com prazer.

Nico tinha lagrimas escorrendo pelas bochechas, com olhos esbugalhados, a face vermelha e suada, não parava de golpear. Tudo aquilo o estava consumindo, eu tinha que dar um jeito de para-lo. Saquei minha adaga e investi contra ele, prendi sua espada contra uma arvore, isso só fez ele ficar mais agitado.

─ Nico, pare. ─ Estava atormentado demais. ─ Sou eu, Viviane.

Ele tentou me atacar com uma força que eu nunca tinha visto. Estava com medo e isso o fazia lutar, uma luta de vida ou morte. Tyler meteu-se na minha frente, tentando parar Nico. Ele pareceu nos ver, mas não nos reconheceu. Voou para cima de Lucy, rolou com ela pelo chão tentando cravar a espada em sua cabeça, mas ela era rápida. Deve ter lutado muito esses anos. Jogou-o para perto de mim, segurei um de seus braços e Tyler segurou o outro. Nico não parava de se mexer, muito mais forte que o normal, estava nos levando com ele.

Não adianta filha de Ártemis. Ele vai fazer o que eu quiser agora! ­─ Reverberou. ─ O destino não pode ser controlado.

Ele começou a cantar em grego, algo que entendi como: a volta do tumulo, mortos, vingança… Jogou sua espada e ela abriu um talho no solo, de lá saiu uma fumaça negra, uma mão esquelética surgiu, varias começaram a brotar, literalmente. Nico começou a ficar quente e sugar nossa força vital para dentro dele.

─ Mas pode ser mudado. ─ Gritei.

Com isso dei uma cotovelada na nuca de Nico que caiu inconsciente aos meus pés. Todos os esqueletos que já estavam pela metade, se desfizeram em pó e foram levados pela brisa.

Inteligente, muito bem. Mas eu ainda não acabei. ─ A água espiralou-se e foi atirada em nossa direção. Alguns respingos atingiram meu braço e me queimou. Estava fervendo.

─ Arraste Nico para trás da arvore. ─ Gritei para Lucy.

Ela o fez. Tyler parecia estar tentando controlar a água, mas sem muito sucesso. O que ele podia fazer era não deixa-la chegar até nós, mas isso não ia durar. A raiva me consumiu rapidamente, como da primeira vez que aconteceu, só que agora eu sabia o que fazer. As palavras me vieram assim que as nuvens deixaram a constelação aparecer, então recitei:

─ Calamitate docti*.

O chão se partiu. O que você esta fazendo? ─ A mulher parecia assustada. Mas eu continuei. ─ Latim? O que, por Caos, é você? Sua origem é uma só Danaos*.

─ Altius coram publico*

Creatio ex nihilo, fortius!*

A fissura ficou mais larga e uma garra enorme saiu dela.


─ Credo quia absurdum, citius!*

Cito mors ruit.*

Estava quase no fim. O escorpião crescia mais rápido enquanto eu entoava essas palavras e parecia mais forte… magia! Por fim, gritei:

─ Cito de profundis, causa finita!*

O escorpião estava maior que da primeira vez, ao invés de ter três metros tinha cinco ou seis. A magia corria por dentro dele, seus olhos cor de ouro brilharam e sua couraça prateada estava mais forte. Fiz ele se abaixar, enquanto Tyler ainda mantinha a água escaldante longe, Lucy e eu colocávamos Nico em cima do meu bichinho e nos preparamos para sair dali.

Fugir não é uma opção. Eu estou em tudo, sou tudo e mando em tudo. Sou o destino pequena semideusa. Todas as suas escolhas a levaram de volta para mim e eu irei me deliciar com o sangue de seus amigos. Não ficarei mais presa as moiras, aquelas malditas e velhas Parcas tem sido minha prisão ha muito tempo. Mas você querida, vai ser minha chave para a liberdade. Eu já tracei o seu destino e não se pode fugir do destino, não se pode controla-lo e muito menos muda-lo. ─ A risada foi tão confiante e perversa que hesitei.

 Todos em cima de Flammis* ─ como minha péssima criatividade decidiu chama-lo ─ prontos para ir o mais longe daquele lugar, a frente Nico deitado em meus braços, Lucy e Tyler logo atrás, tomei minha decisão. Eu não ia fugir do destino… claro que não. Eu ia engana-lo, ia mudar tudo.

─ Veremos se não posso muda-lo. Você apenas fala, mas eu sinto seu medo. Nem aparecer para nós conseguiu, escondeu-se atrás de alguns truques e de uma ex-caçadora com sérios problemas de egocentrismos. Incrível ─ Debochei. ─ Isso só mostra o quanto é fraca.

Ela ficou com raiva. Você vai querer me confrontar mesmo? ─ Riu sarcasticamente. ─ Não seria uma boa ideia. Afinal o que uma meio-sangue pode fazer contra uma das forças mais antigas do universo. Nada, vai apenas perecer diante de mim.

─ Medo Ananke? ─ Agora eu a surpreendi, com certeza não esperava que eu soubesse quem era.

Pode vim querida. Estou esperando. E tudo voltou ao normal.

Flammis partiu a toda, muito mais rápido que qualquer outra coisa que já havia visto, Finalmente estávamos indo para o superior. E eu sabia que Ananke me esperaria, com surpresas bem desagradáveis. Mas ate lá eu estaria preparada.


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Notas finais do capítulo

Glossário.

Vlacas: Idiota

Calamitate docti: instruído pela calamidade

Danaos: Gregos/grega

Altius coram publico: mais alto diante do publico

Creatio ex nihilo, fortius!: criado do nada, mais forte!

Credo quia absurdum, citius!: eu creio porque é absurdo, mais rápido!

Cito mors ruit: a morte caminha depressa.

Cito de profundis, causa finite: caminha das profundezas, caso encerrado.

Flammis: Fogo/chama.

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