Asas Do Destino escrita por Isabelle


Capítulo 4
Rainbow


Notas iniciais do capítulo

N/A: Música do Capítulo Rainbow
http://www.youtube.com/watch?v=MbZAJDRZDNY



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Asas do  Destino

Capítulo 4 – 
                   Rainbow  



               Misato não podia acreditar no que ouvia “Por Kami! Não pode ser!”, mas era sim – Takaishi - era coincidência demais. Afastou-se sem que a médica a visse. Ela pensava que Kami tinha um jeito estranho de arrumar as coisas. E pelo tom da conversa, a moça não sabia da amizade entre os dois. E mesmo sem perguntar, ela sabia que Takashi era o marido da mulher do gato.

O silêncio de Takashi do outro lado da linha intrigou a esposa, seu marido era calado sim, mas nem comentar o que ela dizia, era demais até para ele. Logo ouviu a filha gritando ao lado do pai perguntando quando a mãe voltava. E ele logo disse a ela que estavam com saudade. Keiko desligou o telefone,  um tanto curiosa. Não era a filha a responsável pela mudez do pai. Nunca soube que ele ouvisse aquela banda. Na verdade nunca vira seu marido ouvindo música. Era estranho.

oOo



               No quarto mais colorido do hospital Shou acordava da anestesia. Ao abrir os olhos sorriu fraco, o quarto estava cheio. “É meu funeral,
estou morto, e nem tive a chance de encontrar você meu amor, me perdoe...”.
Misato se aproximou do filho beijo-o carinhosamente.

- Bem vindo ao mundo dos vivos novamente. Kami me devolveu você finalmente. – ela tinha lágrimas nos olhos.

- Ah Kazamasa-sama, vaso ruim não quebra não. Ele sairia dessa com ou sem a mulher do gato. – todos riram do comentário de Aya.

A história do gato Ryuu se espalhou por entre aqueles que faziam plantão no saguão do hospital. Misato contou tudo ao filho, e de como ele se livrara de um transplante de fígado. E que provavelmente ele estaria fora dali muito em breve.  O que foi comemorado por todos no quarto, era
um momento de alegria, que na opinião de Shou só faltava mesmo Saga.

oOo

Keiko depois que soube que Shou já havia acordado e já estava recebendo o tratamento correto, resolveu ir para o hotel. Deixou com Aya o seu celular e instruções para que a garota ligasse para ela em qualquer emergência e que com certeza passaria na parte de tarde para ver como andavam as coisas.

No hotel entrou no ofurô e deixou que a água quente a relaxasse. Voltou a pensar em seu marido, mas logo o cansaço tomou conta da garota e ela resolveu dar o banho por encerrado antes que dormisse e se afogasse, riu-se, estava mesmo cansada para ter uma idéia como aquela.

Sonhos conturbados rondaram o sono da médica, gatos, música, uma cerejeira em flor bem no meio de um parque cheio de neve, tudo era gelo, menos a árvore, que parecia estar em uma redoma que protegia uma eterna primavera. Um banco, e nele viu duas pessoas, uma delas seu Takaishi. Acordou assustada, antes mesmo de ver o rosto da outra pessoa. Keiko era muito cética para acreditar em sonhos.

Verificou o celular. Não tinha compromissos naquele dia e dormira apenas três horas, ninguém havia ligado, então resolveu ficar um pouco mais na cama. Ela sabia que não adiantava ficar no hospital acordada, esperando o tratamento fazer efeito. Dormiu novamente.

Keiko acordou no fim da tarde. Seu celular tocava. Era Takaishi, que vinha com uma conversa estranha de que estava sentindo sua falta.

- Esse seu paciente, Shou, não é? Já não melhorou? – sua voz era meio incerta. – Então por que não volta logo?

- Volto sim meu bem, amanhã! Prometo! Takashi, você nunca reclamou das minhas viagens e horários. O que deu em você?

- Saudades Keiko, só isso. Desculpe tenho que desligar. Sua filha tá esperando na escola, até amanhã então.

Keiko desligou o telefone intrigada. Mas seu estômago reclamou, sua última refeição tinha sido o coffee-break do Congresso. Então levantou da cama preguiçosamente e  pediu algumas frutas para o serviço de quarto do hotel. Telefonou para Aya que informou que tudo estava muito bem. Keiko pode ouvir várias vozes e perguntou onde a garota estava, e foi informada que as visitas haviam sido liberadas e que com certeza, os seguranças estariam ali em minutos.

Keiko sorriu era tão bom ser a causadora de felicidades. Lembrou-se do dia do nascimento de sua filha. Pela primeira vez vira um sorriso sincero e encantador no rosto do seu marido. Até aquele dia ele era reservado e triste. Depois bastava olhar para Hoshi que se desmanchava em sorrisos para a garotinha. Eles tinham uma afinidade que ia além dos laços pai-filha. Tinha algo muito maior ali com certeza.

oOo

Na casa da família Sakamoto uma gritaria infantil tomava conta do ambiente. Risos, sons de passos mais pesados denunciando correria, gritinhos, música, algo que só acontecia quando pai e  filha estavam
sozinhos. Quase sempre Keiko não participava daquelas pequenas alegrias, ela era quase uma workaholic, nem sempre tinha tempo para família. Seu estudo e trabalho eram mais importantes que tudo. Takashi respeitava. Hoshi quase não perguntava pela mãe, ela tinha seu “Shi”, jeitinho carinhoso que chamava seu pai quando acordava.

Takashi levantou a filha para o alto e depois a abraçou. Colocando-a no chão. Abaixou-se e ficou olhando para a pequena que sorria.

- Com fome? – ele sorria enquanto perguntava.

- Sim papai! – Hoshi responde batendo palminhas.

- Por que não faz um desenho bem bonito enquanto papai prepara nosso jantar? – ofereceu carinhoso.

Hoshi dá um beijo barulhento e molhado na bochecha do pai e vai para sua mesinha que hoje está na sala com seus lápis de cor.

Takashi se abandona na cozinha tirando o jantar da geladeira, sua funcionaria deixara pronto para ele colocar no microondas quando chegassem. Fazia as coisas mecanicamente. Ele estava mais que acostumado com aquela rotina. Mais cedo para ele e a filha e bem mais tarde para a esposa quando ela voltava do hospital. Ele nunca havia percebido. O quanto eles eram distantes, mas ela o amava, ele sabia disso. Nunca teve dúvidas. Por isso pensar em Shou era como se ele a
traísse.

Mas Takaishi pensava em Shou desesperadamente nos últimos dias. Agora sabia o porquê, ele estava morrendo. E por ironia de Kami quem salvara ele? Keiko. Kami sabia o quanto era difícil para ele não sair correndo e se jogar nos braços do seu amor. E com tantos médicos bons na terra, tinha que ser justo Keiko a lhe salvar? Não era justo.

Colocou a mesa e voltou à sala para buscar sua estrelinha. Parou diante do desenho da menina. Era uma cerejeira em flor, com um banco sob ela. Várias crianças em círculo e dois adultos do outro lado da árvore.

- O que você desenhou aí minha estrelinha. – Saga estava gelado.

- Minha cerejeira preferida, meus amiguinhos, e a professora contando histórias, aqui é você escondido dela. – ela ia explicando e apontando o dedinho enquanto falava.

- E esse aqui meu bem? Quem é? – perguntou curioso apontando para o desenho ao seu lado de  cabelos negros.

- Não sei papai, ele me salva sempre quando tenho pesadelos, depois o senhor me salva também. – a pequena falou séria.

- Bem! Está lindo! Por que não jantamos e depois você pinta mais? – Takaishi convidou já mudando rumo da conversa.

Durante o jantar pensava em como sua filha podia saber daquilo. Ninguém sabia. Ninguém  sequer sabia que eles moraram em Tóquio. Seu pai deixara bem claro que os anos que eles moraram lá não existiram então ele era obrigado a dizer que eles estavam na China a trabalho. Takashi não podia acreditar no que via. E os pesadelos estavam cada vez mais constantes. Ele estava preocupado. Seria a primeira coisa que trataria quando Keiko chegasse. Hoshi precisava de uma psicóloga.

Dormiu muito mal naquela noite. Terminou sua noite na cama de Hoshi, era a filha que o salvava dos seus pesadelos. Alguma coisa andava muito mal ali e ele precisa dar um jeito em toda aquela insanidade.

oOo

Keiko levantou cedo naquele dia. Estava descansada. Era a primeira vez que se dera o luxo de dormir sem se preocupar com o tempo. Ela agora pensava nisso, estava negligenciando sua família. E isso não era aceitável. Tomou café da manhã no restaurante do hotel. E decidiu que iria comprar algo para sua filha. Não sabia bem o que, mas compraria, mesmo sem Takashi para escolher para ela.

Chegou ao hospital quase perto do almoço. Encontrou Aya na entrada e subiram juntas. Descobriu que a garota perdera o emprego por conta do que ela havia feito.

- O que acha de ser minha assistente? – perguntou Keiko.

- Eu? Bem... – Aya estava sem palavras. – Em Sapporo?

- Sim, não pretendo me mudar. Olha se precisar de um tempo para pensar, eu vou entender... – disse tentando acalmar a garota.

- Aceito sim. Preciso de um tempo para me mudar é claro. Mas, será uma honra trabalhar com a senhora. – Aya tinha lágrimas nos olhos.

- Contratada então. – depois acertamos os detalhes.

- Muito obrigada. – Aya fez uma reverência educada.

Saíram do elevador e Keiko pegou o prontuário de Shou com uma enfermeira. Analisou e devolveu. Estava satisfeita com os números que via ali nas papeletas das últimas horas. Resolveu que conheceria esse tal vocalista tão amado a ponto de fazer uma enfermeira perder o emprego. Keiko quase nunca via seus pacientes. Na equipe dela ela ficava com as pesquisas e o laboratório. Mas agora tudo parecia diferente.

- Gostaria de vê-lo, pode pedir licença a família por mim, por favor? – ela pede a Aya.

- Imagine! Nem precisa de permissão! A doutora do gato é a mais falada naquele quarto! – Aya fica vermelha ao falar daquela forma.

- Doutora... do gato...? – Keiko fez uma cara engraçada e depois de puro embaraço lembrando que quase apanhou por conta do gato.

- Desculpe...

- Tudo bem, se você acha que serei recebida vamos! – sorriu para Aya que mostrou o caminho.

Naquele momento Shou estava com Misato, Kai e Nao no quarto. Misato sorriu ao ver Aya na porta, depois ficou pálida ao ver Keiko. Mas disfarçou, se ela fizesse uma cena ficaria pior, então voltou a sorrir.

- Trouxe uma visita para você. – sorriu enquanto beijou a testa do amigo. E olhando para Keiko que se aproximava a seu lado disse: - Esse é Kazamasa Kohara, nosso Shou!

Keiko estendeu a mão que Shou apertou. – Prazer em conhecê-lo.

- O prazer é meu Senhora...

- Keiko, mais conhecida como doutora do gato! – Keiko sorriu e não pode deixar de notar o kanji no pescoço do seu paciente.

- Já me contaram a história. E se eu estou aqui respirando é por sua culpa... – Shou sorriu. E ficou sério. – Muito obrigado, que Kami a abençoe com mais sabedoria.

Keiko fez uma reverência com um sorriso sincero nos lábios.

- Sei que não sou sua médica, mas posso fazer um exame rápido? Se não for incômodo é claro! – Keiko pediu um tanto preocupada.

Shou concordou. Aya expulsou todos do quarto. Keiko fez o exame rápido, e aliado aos exames que vira antes, constatou que poderia viajar tranqüila.

- Lindo kanji! – Keiko tocou o objeto.

- Sim lembranças de dias felizes que não voltam mais. – Shou tinha uma ponta de tristeza no olhar e na voz.

Keiko pode ler “Saga”. A não ser pelo nome já vira um parecido, não se lembrava onde, mas já vira.

- Tudo é possível. Não perca as esperanças, um amor assim nunca morre.

Shou sorriu, Keiko  não sabia do que falava, mas fora sincera com ele. Mas, na verdade não queria vê-lo nunca mais. Despediu-se.  Kazamasa-san a esperava no corredor, precisa acertar as contas com
a médica. Mas esta, disse que não deviam nada a ela.

- Apenas vi, o que ninguém mais viu. – Keiko sorriu e se despediu com a sensação do dever cumprido. – Falando nisso acabe com os cupins sim?

- Achamos a infestação no apartamento do meu filho, no que depender de mim ele não usa nem uma roupa de lá! – Kazamasa-san fez uma reverência especial. – Obrigada. Estarei em dívida por toda a minha vida.

Antes de viajar acertou a contratação de Aya. Em uma semana a garota deveria se apresentar em Sapporo. Ela a ajudaria encontrar acomodações. Até lá ela ficaria em uma ala no hospital que servia de dormitório para emergências no hospital.

oOo

Uma semana depois

- Moshi,moshi!

- Takashi meu bem, poderia me fazer um favor? – Keiko do outro lado da linha pede manhosamente ao marido.

- Sim querida, algum problema? – ele responde tentando colocar a roupa em Hoshi.

- Tem uma funcionária nova chegando hoje, na rodoviária. Eu fiquei de buscá-la, mas estou presa aqui no laboratório, poderia fazer isso por mim?  Trazê-la aqui no hospital?

- Claro! Sem problemas! Sua filha quer sair mesmo! – Takaishi ainda lutava com a roupa que na verdade estava apertada, sua filha estava crescendo.

Desligou o telefone e pegou outra roupa. Essa estava na medida certa. Saiu meio apressado. No caminho lembrou-se de que na pressa dos dois, ele não havia perguntado o nome da garota. Quando estacionou o carro tentou ligar para a esposa mas não consegui. Desceu do carro com Hoshi. Ele perguntaria para as pessoas que estariam com cara de espera. Andou um pouco por entre as pessoas e seu olhar encontrou com o olhar de Aya. Ambos pararam o que faziam, como se todo o mundo houvesse congelado. Takashi chegou perto.

- Aya... O que faz aqui? – perguntou muito pálido e trêmulo. O passado o assombrava.

- Vou trabalhar aqui... No hospital... – ela mal pronunciava as palavras. Ela sabia agora. De tudo.

- Dra. Sakamoto? – ele também já sabia a resposta.

- Sim...


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando!
Jinhos da Belle



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