Naquele momento Frank sentia sua raiva concentrada em Brian e não conseguia pensar em outra coisa. Mas brigar não adiantar nada, com aquela gritaria rapidamente algum vizinho ligaria para a polícia e certamente ele não precisava ir para a delegacia piorar seu estado. Ele gritou para que a briga parasse e todos se acalmaram devagar, Frank implorou para Jeph leva-lo para casa, mas não antes de mandar Steve ir para o inferno, porém, para a surpresa de todos o moreno os seguiu até o carro e foi embora com eles, deixando Molko sozinho.

Iero se encolheu no banco da frente e apoiou os cotovelos na perna para sustentar o peso da cabeça. Tudo que ele pensava era em Gerard e como ele reagiria, Frank havia prometido não chegar perto e não se meter, havia prometido ser leal, ser fíel e a confiar no maior, mas parece que algo tão pequeno se transformara numa grande confusão que geraria um mal entendido maior ainda. O menor tentou imaginar ao menos qual seria a reação de Way. Iria atrás de Brian ouvir suas mentiras? Ou iria direto brigar com ele? Brigar, não, terminar, com certeza. Apenas se o maior fosse muito paciente, controlado e compreensivo, coisas que ele de fato era, com a excessão do assunto Brian e ciúmes. Gerard terminaria com ele, é um fato que deveria ser reconhecido, Frank deixou algumas lágrimas escorrerem pelo rosto jovem e ganhou um olhar cuidadoso e de uma forma ou outra, de pena do antigo amigo.

–Eu explico para ele, Frankie, prometo... Ele vai entender. - Howard disse prestativo.

–Ele nunca vai entender - O menor soluçou - e nem é isso, ele não vai querer ouvir ninguém. - Frank voltou a apoiar a cabeça nas mãos e fechar os olhos tentando imaginar desfechos para aquela situação.

–Eu faço ele ouvir, pode deixar, eu criei, eu concerto. - Jeph continuou e Steve apenas ficara calado no banco de trás. Ele sentiu. Frank amava o maior de qualquer forma e por mais que isso machucasse e enlouquecesse, ele havia de admitir que era o certo e era lindo e de qualquer forma, raro hoje em dia, o puro amor, tão inocente que é capaz de fazer uma pessoa sofrer por perder a outra, apesar de qualquer defeito ou falha natural. O moreno decidiu se manifestar.

–Me desculpe - ele disse baixo, com vergonha. Não se sabia se ele tinha posto a mão na consciência ou ainda era o efeito do álcool, ou qualquer coisa sobrenatural.

–Desculpa? – Frank disse – Steve, isso... Foi combinado, não é?

Steve preferiu a verdade, pelo menos começaria a lavar a roupa suja desde cedo.

–Eu e Brian, não, só batemos o olho um no outro e rolou, mas com o tempo e naturalidade, admiti que gostava de você e o isso deixou muito feliz. Para a minha surpresa. Ele ainda está atrás de Gerard, queria ficar com ele mesmo, parece que os pais deles vão fechar um contrato milionário, essas coisas de empresa e claro, Molko queria mais benefícios ou mais problemas, eu não sei, ele não me explicou, mas não combinamos nada, depois disso saímos mais frequentemente e... Só.

–Ele sabia que iriamos atrás de você – Jeph admitiu para si mesmo.

–Mas valeu a pena – Frank declarou ainda chorando. – Você está aqui a salvo, não está? Ótimo.

–Mas combinamos de quando isso acontecesse eu pegasse você, num momento fraco, sabe? Ele me prometeu coisas além de diversão e sexo.

–Uma troca, você ficaria comigo e Gerard com ele. – Frank questionou, sentindo a ponta do mau-caráter de Steve.

–Exatamente – o moreno admitiu envergonhado. – Foi bobeira...

–Gerard me avisou, me pediu, me fez prometer... – Frank voltou a derramar lágrimas – e ele me disse, fique longe, porque ele vai atrás do que ele quer, meu Deus. Não era paranoia, ele conhecia bem o Brian e você, ah Deus.

Steve decidiu se calar e aceitar que o que fizera foi errado, muito errado. Steve sentiu um peso, não por desejar uma pessoa comprometida, mas por interferir no amor. Ele se sentiu culpado por ser baixo ao ponto de tentar destruir algo sólido, algo do destino e da vida. Amor não reciproco machuca e ainda mais quando se vê aquela pessoa com outro alguém? Talvez nem tanto, se você ama, significa que se importa e se importa com a felicidade de quem ama, sendo ao seu lado ou não e Steve sentiu sua vida recomeçar a partir daquele momento. Jeph deixou Righ em casa para tomar um banho e relaxar e seguiu com Frank para a casa de Bert, ele mais que ninguém, saberia ajuda-los.

McCracken se sentiu surpreendido com a visita dos dois e lamentou a situação, ainda mais para Frank, mas foi honesto.

–Gerard é intransigente, as vezes, sinto muito. – ele declarou – Mas acredito que ele não termine, propriamente dito, ele peça um tempo ou vocês terão uma fase ruim, ele vai brigar com você por tudo e vai se sentir desconfiado, acalme-se, você tem a razão e quem tem a razão sempre ganha Frank. Se você estivesse fazendo algo errado ou mal intencionado, eu te diria, ele não iria perdoar e não iria dar ouvidos a desculpa nenhuma, mas você é bom e isso que importa. Já ouviu falar que o bem prevalece?

–Bert, eu não quero ouvi-lo. Ele vai me falar coisas que eu já sei e não cumpri por não confiar nele, ele vai me esculachar e depois fazer o que? Pedir um tempo? Ele não é disso, é decidido, eu o conheço. – ele disse desesperançoso bebendo o refrigerante que o amigo ofereceu.

–Mas eu o conheço a mais tempo e quem sabe, melhor. Iero se acalme, você sabe porque fez e fez pela razão certa. O moleque não está bem? Pronto! Quem sabe vocês não salvaram a vida de alguém? Gerard vai ter muito no que pensar, dá um tempo pra ele. Olhe – ele olhou o amigo nos olhos – eu sei que “um tempo” dói e tudo fica confuso, mas passa. E você vai ver.

Eles conversaram um pouco mais até Frank se acalmar por completo.