Os Três Amores Da Minha Vida escrita por Azzula


Capítulo 11
Monstro.


Notas iniciais do capítulo

e ai chenteeeem (: Eu sei que postaria esse capítulo pela manhã, mas estava atrasada e tinha que dar uma revisada nele antes.. enfim, arrumei umas coisinhas e espero que gostem (:



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Entrei então. Encararia meu pesadelo de frente. Meu coração batia forte e minhas mãos estavam tremulas. Brookie permanecia silenciosa ao meu lado, sentia minha aflição junto comigo.

Conforme atravessava o pátio, podia ver as pessoas encarando-me com desprezo. Encarava-as de volta e fitava o chão envergonhada. Tinha um péssimo pressentimento.

_ Não acha melhor a gente da uma olhada no blog da escola? – perguntou-me preocupada.

_ Não amiga, não quero ficar correndo atrás das coisas pra me preocupar. – encarei-a.

Passei despercebida por algumas pessoas, mas outras simplesmente falavam mal de mim enquanto eu passava.

_ Ana, não sei se é uma boa hora pra eu dizer... – hesitou. – Eu mudei de classe. – finalmente disse.

_ O que? Pra onde? Por quê? – aterrorizada. Encararia uma sala onde as pessoas me odiavam, sozinha.

_ A escola é o único lugar em que posso ficar perto de Min Ho Soo! – explicou. – Você sabe como é o meu pai! Mas não se preocupe, estaremos sempre juntas no recreio.

Calei-me apavorada. Como iria sobreviver sem Brookie?

O sinal soou finalmente. A primeira aula era de educação física.

_ Ok pessoal, os meninos jogaram basquete, e as meninas jogaram queimada! – disse a professora. – Meninos, vocês sabem se virar... a quadra está liberada! Meninas, vou dividir vocês em dois grupos! – assim fez.

O grupo adversário continha meninas mais fortes e competitivas. Pude ver aluna por aluna serem eliminadas do time em que eu estava, até sobrarem eu e mais duas meninas.

As meninas do grupo adversário encararam-me perversamente.

_ Ok, eu vou queimar ela! – disse a garota que mais parecia uma boneca.

Nesse instante, jogou a bola em minha direção.

Sempre fui boa em atividades físicas, de modo que peguei a bola com rapidez e joguei para o time adversário. Consegui por sorte atingir uma menina, eliminando-a.

_ Faça-a pagar por isso Min Niu! – ela disse a amiga.

Todas tentavam me atingir incansavelmente, ignorando as outras duas do time. Aquilo durou uns 15 minutos, até que eu finalmente fui atingida pela bola no nariz.

_ Tomou o que é bom pra tosse sua ridícula? Isso é pra você aprender porque não se deve ser uma vadia no nosso país! – dessa vez, estava mais perto de mim.

Eu simplesmente dirigi-me até o banheiro pra enxugar o sangue que escorria.

*mensagem*

“ Você está bem? Eu não a vi chegando na escola hoje... espero você na quadra no intervalo.

Jun”

Não o responderia naquelas condições.

_ Você simplesmente conseguiu seduzi-lo ãh? – quatro meninas estavam atrás de mim.

Permaneci calada, limpando o restante de sangue.

_ Veja como ela é uma vaca! Olha o tênis dela! – dizia a mais baixinha indignada.

_ Isso nem é o pior... olha esse cabelo! Olha essa cara de mestiça horrorosa, esse corpo de estrangeira... ridícula! – olhava-me a mais bonita de cima a baixo.

_ Ya! Mestiça, estamos falando com você! Não vai nem sequer olhar pra nós? Vadia! – continuou. – Acha que simplesmente vai beijar JunHyung e tudo passará bem?!

Encarei-a. Estava decidida a passar por elas e ignora-las.

_ Onde pensa que vai? – a maior de todas segurou em meu braço, empurrando-me contra a parede.

Eu sinceramente temia pelo que poderia acontecer.

_ Escute bem... Chiao Ana... Você simplesmente passaria despercebida nessa escola, se não se metesse com nossos amores! Porque você tem que morar com Kiseop oppa, ser amiga de Onew e beijar JunHyung de uma só vez? – disse pegando uma tesoura em sua mochila. – Você realmente se acha bonita apenas por ter um corpo diferente do nosso? – de onde ela tirava tudo aquilo? – Você acha que pode chegar do seu país cheio de nojentos como você, e roubar os amores de nossas vidas sem nenhuma conseqüência?

Tudo aquilo era um absurdo! Estava decidida a ir embora.

_ Segure-a Jun Hee! – ordenou a mais bonita para a mais alta.

Fui inesperadamente surpreendida com um soco na boca do estomago. Aquilo fez com que eu me curvasse para frente, sendo atingida em meu queixo e caindo no chão.

_ Por favor, parem! – foi tudo o que pude dizer surpresa.

_ Ah, então quer dizer que ela sabe falar! – dizia a garota atingindo-me com chutes no corpo.

Não tive nenhuma reação. Sentia dor em todos os golpes, mas não emitia nenhum som, nenhum sinal de dor.

_ CHUTE-A MAIS FORTE JUN HEE-AH! – ordenou.

Assim foi feito. A garota chutava-me com grande força. Atingindo meus braços, minhas pernas, meu rosto e minha barriga, enquanto as outras três apenas observavam caladas.

Lagrimas saiam involuntariamente de meus olhos. Sentia meu rosto inchando-se, e a dor se espalhava por todas as partes de meu corpo.

_ Já chega! Agora é minha vez! – disse a outra com cabelos enrolados.

A menina aproximava-se de mim, agachando-se na minha frente com uma tesoura em mãos.

_ Ah, que pena... o cabelo dela é tão bonito! Precisamos mesmo fazer isso Min Niu? – a menina encarava a mais velha.

_ Faça logo antes que cortemos o seu! – ameaçou.

A menina encarou-me com um tanto de piedade, mas cortou meus cabelos cumpridos.

Não conseguia me mexer, apenas chorava. Implorando em pensamento para que ela parasse.

Conseguia ver meus cabelos sendo deixados no chão. Boa parte dele estava espalhado pelo meu corpo, e um grande tufo bem na minha frente. Entrei em pânico.

Pude ouvir de longe o sinal soando e as meninas logo saíram dali apressadamente. Não conseguia mover um músculo sequer, tomada pela dor horrível que latejava por todos os meus membros. Senti minha boca cortada e meus olhos inchados, mal podia enxergar o banheiro a minha frente.

Meu celular gritava a poucos metros de distância de mim, e eu simplesmente não conseguia atender. Fiquei ali, imaginando quem seria, rezando para ser socorrida a tempo, enquanto chorava sem cessar.

_... ENCONTREI! – ouvi ao longe.

_ Ah, santo Deus!

_ Calma, ela esta respirando! Chame a ambulância!

_ Ela está aqui Hyung!

Ouvi, sem poder ver os rostos e me lembrar das vozes, até finalmente apagar.


__


Abri os olhos naquele lugar gélido, sentia-me estranha.

_ Finalmente acordou! Está bem? – era um rosto familiar. O nome demorou a vir-me a cabeça. – ENFERMEIRA!

_ Ah... Omma, não grite. – disse cansada.

_ Oh, sinto muito! – beijou minha testa.

_ Onde... é aqui? – estava confusa.

_ Estamos no hospital... – olhou-me paciente, com uma expressão estranha.

Aos poucos fui me lembrando do que havia acontecido. O porquê de eu estar ali.

_ Ela acordou? – aquela voz serena, eu sabia quem era... Lee JaeSoon.

_ Sim! – os dois encararam-me com pena.

_ Olá Ana... – ele sorriu pra mim pela primeira vez.

Sorri apenas.

_ Omma, que horas são? – perguntei, provocando uma reação estranha em sua face.

_ Ana... quanto a isso, achamos que devia saber... Você ficou desacordada o dia todo, hoje já é dia 27. – entristeceu sua face.

Caramba! Levei minhas mãos até minha cabeça, preocupada. Inesperadamente não senti meus cabelos em seu cumprimento natural, quando me lembrei claramente do ocorrido.

_ Omma! – ela me olhou. – Um espelho! Eu quero um espelho! – passava as mãos por meus cabelos tentando ter uma noção de seu cumprimento.

_ Não, não se preocupe com isso agora! – ela tentava me tranqüilizar.

_ Eu quero um espelho! – disse apavorada, não contendo as lagrimas de pânico.

Ela dirigiu-se até sua bolsa, resgatando um espelho pequeno, e entregou-o contrariada em minhas mãos. Appa apenas me observava atencioso.

Criei coragem e encarei-me então.

Surpresa, chorei mais ainda. Estava completamente deformada. Meus olhos e boca estavam roxos e inchados. Meus lábios completamente cortados e um de meus olhos mal podiam se abrir. Com a visão embaçada, encarei meus cabelos, totalmente sem corte e acima dos ombros. Entrei em desespero. Havia me tornado um monstro.

Chorei desesperada.

_ Calma! – SoonHyun acariciava minhas costas. – Tudo voltará ao normal! Tudo vai cicatrizar e você ficará linda novamente! – tentou me tranqüilizar, mas eu não conseguia acreditar.

_ Você não devia ter mostrado o espelho a ela! – JaeSoon repreendia-a.

_ O que você queria que eu fizesse? A menina tem esse direito! – eles discutiam entre si, enquanto eu estava ali, tentava me lembrar o maximo possível do que acontecera no dia anterior.

Ergui a coberta do hospital que cobria meu corpo, e pude então ver os hematomas. Meus braços e pernas estavam completamente roxos e ralados, como se a menina tivesse me atingido com tijolos.

Estava apavorada. Como se de um dia para o outro, tivesse me transformado em um monstro. Não que eu fosse alguém que se importasse tanto com a beleza, mas não conseguia me imaginar daquela forma. Tudo parecia um terrível pesadelo.

As horas passavam-se e SoonHyun não abandonava a cadeira ao meu lado. Sempre me encarando, e eu não conseguia dizer absolutamente nada.

_ Sabe quem encontrou você? – ela fitou meu rosto.

Apenas esperei que dissesse.

_ JunHyung e seus amigos procuraram por você até que te encontraram no banheiro na quadra. – acariciou meus braços, provocando-me dor. – Kiseop estava aqui até um pouco antes de você acordar... Ele se foi para uma apresentação, mas me mandou uma mensagem agora pouco enquanto você dormia...

Aquilo estava apenas me torturando. Todos estavam sentindo pena de mim. JunHyung havia me visto daquela forma, como um monstro. Eu tinha certeza de que ele não me amaria mais.

_ Omma... – as lagrimas escorriam novamente. – Por favor, não deixe que ninguém mais entre até eu me recuperar. – implorei em meio às lagrimas.

_ Tudo bem... – ela concordou sem entender, calando-me com sua caricia.

Dois dias se passaram, ninguém alem de SoonHyun e JaeSoon entraram naquele quarto. Havia me recuperado um pouco dos inchaços, estava mais semelhante a uma pessoa do que a um monstro.

_ Chamamos aquela minha prima cabeleireira pra fazer um corte legal em você! – Omma tentava me animar. – Ela vai chegar em minutos.

Nada conseguia me animar. Sentia dores por todo o meu corpo ainda, e não me imaginava com o cabelo curto, mas teria que me acostumar.

A prima de SoonHyun chegou, seu sorriso era bonito e contagiante. Ela carregava consigo uma maleta com seus instrumentos de trabalho, e cortou meu cabelo animadamente, ou o que restara dele.

_ Aqui tem uma falha, vou precisar repicar... mas vamos deixar sua franja linda! Vai parecer até que optou por cortar assim... – ela tentava me reconfortar. – Agora você vai parecer a Jiyeon... – ela sorriu. Jiyeon. Quem era ela?

Ela finalmente foi embora, deixando-me com uma aparência um pouco melhor. Começava a parecer gente, mas estava cansada de ver somente as paredes brancas daquele quarto de hospital.

_ Omma, quem é Jiyeon? – perguntei com aquele nome martelando em minha curiosidade.

_ Não sei, deve ser uma cantora... – aquilo definitivamente não me ajudou.

O celular de SoonHyun tocou, fazendo com que ela se distanciasse um pouco de mim.

_ Oi amor... Sim, já! Ah, eu adorei... ficou linda. – ela encarava meu rosto nos intervalos das frases. – Não sei... vou perguntar pra ela... – afastou o celular, dirigindo a palavra a mim. – Ana, Kiseop quer muito ver você! Ele quer saber se pode vir... ele está tão preocupado ultimamente...

De Kiseop eu não teria tanta vergonha, quer dizer, ele morava comigo. Mais dia menos dia ele iria ver minha situação.

_ Ok... ele pode vir! Já estou com saudade de brigar com ele! – e eu realmente estava.

Ela sorriu e voltou o celular em seu ouvido, animada.

_ Filho... AHAM! Pode, não demore! É, eu sei... Te amo! Dirige com cuidado ta? ... Ta bom! Te amo... beijo bebê... Não demore! Vem logo, ta... beijo, amor. – desligou. – Aish... Ta ai um lado de Kiseop que eu nunca imaginei que veria! – ela conversava comigo. – Ele conseguiu tomar conta de si enquanto eu e JaeSoon nos revezávamos entre o trabalho e ficar aqui com você.

_ Sinto muito por ter atrapalhado tanto com isso... – realmente sentia.

_ Não fale tantas bobeiras! Quem poderia imaginar que aquilo aconteceria com você?! – a cena repetiu-se em minha mente, deixando-me apavorada. – Aah, mas esse corte de cabelo ficou realmente bom! – ela ajeitava minha franja.

Por conta dos medicamentos, sentia meu corpo cansado, de modo que sentia minhas pálpebras pesadas e fechando-se involuntariamente. Queria esperar até que Kiseop chegasse, mas não conseguia. A sonolência dominara meu corpo. Dormi.


__


Ouvia uma voz familiar ao fundo, estava para abrir os olhos quando me lembrei do sonho que havia tido. OMO! Um sonho erótico!

As cenas iam se reproduzindo em minha cabeça, e senti-me mais surpresa ainda quando reconheci Kiseop no sonho! Nunca havia tido um sonho erótico. Não fazia idéia que existiam muitas das coisas que apareceram em meu sonho. Fiquei um tanto constrangida, mesmo não tendo sido culpada.

No sonho, Kiseop e eu tínhamos relações em cima do que parecia ser feno, nós estávamos em um estábulo. Que coisa estranha... O corpo dele estava sempre colado ao meu, e eu me lembrava até dos gemidos... Seus braços sempre me segurando de maneira firme, pressionando-me contra seu corpo. Estávamos completamente suados, e seus cabelos estavam molhados de tal forma, que grudavam em seu rosto. No sonho, meu cabelo ainda era comprido, o que me causou tristeza.

“Mas calma, não fazia sentido reproduzir todo o sonho dentro de mim! Que absurdo! Era Kiseop, credo...” – pensei acanhada.

Abri os olhos, constrangida pela ultima cena que me lembrara.

_ Há dorminhoca! – aish... era ele.

_ Oi. – disse calma e envergonhada. Tornou-se impossível olhar pra ele e não me lembrar do sonho.

_ O que foi? Se sente bem? – ele levantava-se da cadeira, aproximando-se da maca.

_ Aham. – engoli a seco. – Cadê sua mãe?

_ Ela foi pra casa tomar banho... Saiu agora pouco. – ele fitou meu rosto, analisando cada parte de minha expressão.

Lembrei-me então de estar deformada. Não conseguia esquecer aquele fato por muito tempo, sempre que passava as mãos por alguma parte de meu rosto, sentia dor e os hematomas.

_ Já está bem melhor... – ele disse, descobrindo no que eu pensava.

_ Como sabe... – perguntei confusa.

_ Você é transparente demais... Seu rosto transparece tudo que você pensa.

Aquilo lembrou-me ligeiramente de JunHyung. Como eu sentia sua falta! Como eu sentia falta de estar sendo protegida, de uma forma que só ele conseguia me proteger.

Tomada por algumas lembranças, lagrimas saíram contra minha vontade de meus olhos.

_ Aish... como você é chorona! – Kiseop enxugava minhas lagrimas, passando sua mão por meu rosto. – Porque ta chorando agora? – encarou-me de maneira engraçada.

Apenas calei-me. Tentava imaginar a forma em que Kiseop estava me vendo.

_ Sabe, agora você pode fazer cover de T-ara. – ele sorriu como se eu estivesse entendendo. – Gostei do seu novo estilo Jiyeon! – ele bagunçou meu cabelo.

_ Quem é essa? – indaguei ainda mais curiosa.

Ele rapidamente acessou a internet de seu celular, mostrando-me finalmente quem era Jiyeon em um clipe. Ela era linda, e meu cabelo estava realmente parecido com o dela. Aos poucos, prestando atenção no vídeo, pude ver que o fim dela havia sido muito parecido com o meu. (ela estava assistindo Cry Cry em que Jiyeon apanhou até que ficasse completamente deformada.)

Olhei Kiseop irritada. Ele provavelmente havia feito aquilo sem perceber, mas fez com que a tortura se reproduzisse novamente dentro de mim.

Ele encarou-me, dando-se conta do vídeo que estava me mostrando.

_ AAAAISH! – ele esfregou o cabelo freneticamente. – SORRY! – brincou. – Pense pelo lado bom... Você não precisou fazer uma cirurgia de reconstrução facial! – ele tentou me reconfortar com aquele argumento? Sério mesmo?

Eu inevitavelmente ri diante de tamanha estupidez.

_ Você é muito idiota! – disse rindo.

_ Pelo menos funcionou e você está sorrindo de novo! – ele contagiou-me pela primeira vez com um sorriso que nunca havia aparecido em seu rosto. Todos os traços perfeitos de seu rosto uniram-se pra fazer aquele sorriso o mais lindo do mundo.

Constrangi-me.

Kiseop nunca havia sorrido de tal forma. Aquilo havia me chocado.

_ O que foi? – ele aproximou-se fazendo seu sorriso desaparecer.

_ Nada. – por alguns segundos, não consegui encarar seu rosto, atormentada pela visão do sonho. Baguncei o cabelo em desespero.

Kiseop sentou-se na maca ao meu lado, com expressão séria. Parecia atormentado.

_ O que foi? – pousei minhas mãos em suas costas.

_ Sinto muito! – seus olhos marejaram. – Eu sabia que algo do tipo aconteceria, e não estava lá pra te proteger! – ele encarou-me triste.

_ Não tinha como saber... – eu encarei aquele cobertor de ursinhos que cobria minhas pernas. – Não da pra ser protegida 24 horas por dia. Sempre haverá algum momento em que estarei sozinha. De certa forma, me sinto melhor assim...

_ Como pode dizer isso? – ele parecia horrorizado.

_ Isso ter acontecido comigo, significa de certa forma, que por alguns momentos, eu não fui uma carga pra alguém... As pessoas puderam seguir com suas atividades sem que eu estivesse atrapalhando... – encarei seu rosto finalmente. Ele olhava-me com repulsa.

_ Como você é idiota! – ele cuspiu tais palavras, chocando-me. – E por acaso pensa que protegermos você não compensaria mais do que morrermos de preocupação?! – alterou sua voz. – Não faz idéia do quão aterrorizados ficamos vendo você nessa situação!

_ Mas...

_ Ana, entenda... Você é o tipo de pessoa que sempre vai precisar ser cuidada por alguém!

Ele estava me irritando. Aquilo era de certa forma verdade, mas ele não precisava me dizer. A verdade estava me ferindo. Senti-me inútil, incapaz de me cuidar. Como um peso nas costas das pessoas que eu gostava.

_ Não se preocupe! Não serei mais um peso. – levantei-me indo ao banheiro do quarto, carregando comigo toda a aparelhagem hospitalar.

Trancando a porta, encarei o espelho. Tudo estava melhorando, as cicatrizes já estavam sarando. Aquilo que antes parecia um enorme hematoma, já estava diminuindo de tamanho com o inchaço desaparecendo. Podia finalmente reconhecer meu rosto.

Eu já tinha perdido a noção de quantos dias estava ali. Já estava a ponto de enlouquecer, mas precisei ficar em observação, pois tinha sofrido hematomas internos.

De dentro do banheiro pude ouvir meu celular berrando no quarto.

_ ANA, SEU CELULAR TA... – antes que Kiseop terminasse de gritar, eu abri a porta correndo e capturei ansiosa o celular.

_ ALÔ? – acabei gritando em euforia.

_ Alô! Ana... a, como você está? – sentia falta daquela voz. Era exatamente quem eu queria que fosse! Imaginei Jun ali, perto de mim.

_ Estou bem – disse emocionada. – Quer dizer, estou melhorando! Sinto muito por ter me visto daquele...

_ Pode parar agora de dizer coisas estúpidas! – ele me interrompeu. – Eu quero ver você! Já fui ai no hospital milhares de vezes e não me deixaram entrar! Estou a caminho, espero que possa ver como você está... estou morrendo de saudade. – sua voz era preocupada, mas acolhia meu coração de uma maneira que me fez esquecer tudo de mal que havia passado.

_ Tudo bem, vou esperar você! – desligamos e eu entrei em êxtase.

Sentia muito a falta de JunHyung. De sua companhia, de nossas conversas.

“Sinto falta do meu namorado” - estremeci ao pensar na palavra namorado. Era a primeira vez que me referia a JunHyung daquela forma. Um sorriso abriu-se em meu rosto.

Kiseop encarou-me sem entender. Eu estava ali, em pé paralisada em frente a maca, com um sorriso no rosto e apertando o celular contra o peito.

Sentei-me na maca, balançando as pernas no ar. Já não me preocupava mais em ver JunHyung no estado em que eu estava. Apenas queria vê-lo e matar minha saudade.

Aos poucos senti aquela sensação horrível de novo. Meus olhos foram pesando e eu via a figura de Kiseop sendo distorcida diante de meus olhos. Não queria aquilo, mas acabei dormindo novamente.


__


Estava sem noção dos dias e das horas. Antes de abrir os olhos, certifiquei-me de não ter sonhado com nada estranho.

Abri os olhos, encarando canto por canto daquele cômodo. Meus olhos procuravam desesperadamente por JunHyung.

Ao lado direito da maca, pude ver Kiseop espalhado na poltrona, ele dormia. Inclinei-me para me sentar, quando minha mão foi segurada com certa força por alguém do outro lado da maca.

Meu coração derreteu-se ao encarar aquele rosto perfeito.

_ Jun-ah! – foi tudo que pude dizer.

_ Ya dorminhoca! Que bom que acordou... – ele sentou-se na maca ao meu lado, envolvendo seus braços sobre meus ombros.

Ficamos ali, eu estava apenas aproveitando de sua companhia enquanto ele brincava passando seus dedos por meus cabelos.

_ Sinto muito. – ele finalmente disse quebrando o silencio acolhedor. – Eu prometi que a protegeria, mas não fui capaz de protegê-la disso! – ele beijou minha testa, pressionando forte minha cabeça contra seus lábios.

_ Não teve culpa de nada! – livrei-me de seu carinho pra encará-lo nos olhos. – Ninguém poderia imaginar. – segurei em suas mãos.

Permanecemos ali. Ele acariciava meus hematomas de modo que elas não doíam. Eu queria aquela situação. Queria estar sendo envolvida pelos braços de Jun, e deixando-me ser protegida por ele.

Um sorriso abriu-se em meu rosto.

_ Não gosto dele aqui! – ele disse referindo-se a Kiseop que babava na poltrona ao lado. Eu havia me esquecido que ele estava ali.

_ Ele esta me fazendo companhia para que omma e appa descansem. – expliquei. – Já dei muito trabalho a eles.

_ Porque ele pode estar aqui a tanto tempo, e eu só pude vê-la hoje? – ele perguntou-me enciumado.

_ Eu me importo com a maneira como você me vê! – expliquei. – Não queria que me visse como um monstro. – encarei suas mãos que seguravam as minhas.

_ Você realmente acredita que eu veria a mulher que eu amo toda machucada, e me importaria com seu estado físico?! – pareceu indignado.

Eu me calei envergonhada. Pensando melhor, aquilo tudo pareceu uma grande futilidade. Mas havia sido mais confortável para mim.

_ Você não faz idéia de como eu entrei em pânico por ver você naquele estado! Vendo-a assim, tranqüiliza meu coração de tal forma que você não imagina! – aproximou minha cabeça de seu ombro. – Cheguei até a pensar que tinha perdido você, de tão fraca que estava.

Ele provavelmente lembrava-se de uma parte que eu simplesmente não conseguia me lembrar. Não queria que ele sofresse com as lembranças.

_ Obrigada. – disse. – Obrigada por estar sendo meu travesseiro! – sorri.

Ele sorriu, inclinando meu rosto para que me beijasse.

Não queria ser beijada por ele naquele estado. Não achava nem um pouco romântico, mas ele apenas encostou seus lábios nos meus, matando a saudade que eu tinha de sentir sua respiração perto da minha.

Inesperadamente, Kiseop levantou-se apressado da poltrona, com um olhar abismado, encarava aquela situação, enojado. Ele virou-se imediatamente em direção da porta, batendo-a ao sair.

Fiquei envergonhada por um momento. Se ele não estivesse dormindo como eu acreditava, ele havia escutado boa parte de minha conversa com JunHyung, o que me deixou acanhada e irritada por ele ser tão curioso.

Jun surpreendeu-me levantando-se de meu lado, encarou-me como um pedido de paciência, e retirou-se apressado, deixando a porta aberta.

O que estava acontecendo ali?

Só eu que não sabia o que estava se passando? Fiquei tentando encontrar algum sentido para toda aquela cena, mas simplesmente não conseguia.

O que estava se passando entre Kiseop e JunHyung?



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Notas finais do capítulo

MUAHAHA suspense g_g (sangue nos olhos) Ja estou escrevendo o proximo capítulo cheia de surpresas... Eu sei que o Onew meu amor ta um pouco sumido, mas eu tenho planos pra ele (:
Mas então, o que acharam desse capítulo? *--*