– Eu não consigo!

– Faz quanto tempo que você tocou pela última vez?

– Hum ... – Pensei um pouco – Foi no dia da morte do meu pai, dois meses atrás.

– É que estava muito recente, agora você conseguirá. - Me incentivou.

– Você pode ter razão ... vamos ver! - disse.

Voltei para o closet e peguei meu vilão rosa. Me sentei no puff branco ao lado de Justin e posicionei o violão em meu colo. Ajustei as cordas e soltei as quatro primeiras notas seguidas e parei esperando a tristeza me invadir. Olhei para Justin que me fitava com atenção e voltei a tocar. Chegou no momento que eu teria que começar a cantar:

[ http://www.youtube.com/watch?v=yay1kxnsCj8 ]

Me concentrei em cada nota que tocava, em cada palavra que eu cantava e em segundos eu já havia cantado toda a música. Ok, não foram segundos, a música tem uns 3:50 minutos, só que o prazer que tive foi tão grande que o tempo passou rápido. Voltei a olhar Justin e vi minha mãe com quatro taças de sorvete e Zac segurando uma jarra de água com copos. Arqueei as sobrancelhas, não tinha os visto entrar. Minha mãe tinha um olhar incrédulo, Zac surpreso e Justin, preciso dizer? Ele sorria, para variar. Eles bateram palmas e eu corei sem graça.

– Filha! Você voltou a tocar. - Disse minha mãe feliz e me abraçou.

– Stacy, você deveria virar uma cantora! - Disse Justin.

– Tacy, mandou bem. - Disse Zac e deu um soquinho no meu ombro.

– Gente, eu só toquei uma música, não quer dizer que vou tocar sempre.

– Stacy, você quer trabalhar comigo? - Justin perguntou.

Todos olhamos para ele.

– Hein? - Perguntei surpresa. Eu ouvi direito?

– O que você ouviu ... Quero que trabalhe comigo.

– E eu trabalharei com o que?

– Você escolhe, Backing Vocal, compositora, tocar algum instrumento no palco comigo. - Mordi o lábio.

– Você me dá um tempo para pensar? - Perguntei.

– Quanto tempo? - Justin perguntou.

– Um dia. - Respondi.

– O momento está ótimo, mas o sorvete tá derretendo. Quem quer sorvete? - Perguntou minha mãe animada. Fico feliz de estarmos bem, até agora. Pensamento pessimista, eu sei. Mas quem sabe do futuro? Vou aproveitar o presente, meu pai não gostaria de me ver triste.

– Eu! - Disse eu e Justin como crianças. Rimos.

Devoramos o sorvete, e minha mãe e Zac desceram, ficou só eu e Justin no quarto conversando sobre nós, ainda não sabia nada dele e ele de mim.

– Justin, você ainda lembra da existência do Kenny? - Perguntei assim que consegui parar de rir da piada que Justin contou.

– Ahhh! - Disse e coçou a nuca. – Não sei como ele não veio aqui me chamar. - Assim que falou se levantou e eu fiz o mesmo.

– Então até amanhã, Justin. Onde nos encontramos?

– Não sei ... - Parou pra pensar. – Que tal eu te buscar no colégio?

– Tudo bem, você tem o endereço?

– Não. - Passei o endereço a ele e descemos as escadas dando de cara com Kenny sentado no sofá, bebendo suco e conversando com minha mãe. - Por isso ele não ligou pra mim. - Disse Justin.

Quando Kenny viu Justin se levantou.

– Vamos? - Perguntou a Justin.

– Sim. - Respondeu Justin.

Kenny entregou o copo a minha mãe e apertou sua mão.

– Muito obrigado, você é muito simpática.

– Por nada. - Disse minha mãe.

– Tchau dona Marie, foi muito bom vir aqui.

Justin se despediu de Zac e minha mãe e eu acompanhei ele e Kenny até a porta.

– Até amanhã, Justin.

Me despedi dele com um beijo no rosto.

– Tchau Kenny. - Dei um beijo no rosto dele também.

– Tchau. - Disse os dois.

Fechei a porta e subi correndo para o meu quarto. Tranquei a porta e deitei an cama abraçada com meu travesseiro em forma de coração. Eu tinha muito em que pensar. Exemplo: Um estranho que me fez sorrir, me fez voltar a tocar, e ainda me ofereceu um emprego. Bom, ele nunca deve ter sido um estranho para mim, ele era um anjo. Se existe essa coisa de anjo que veio para terra, eu acho que ele é um deles. Como uma pessoa pode ser tão legal e gentil? Nem minhas próprias amigas me deram tanta atenção. Mas, eu não quero pensar em coisas negativas, já perdi tempo demais. E esse tempo deixou marcas em mim para a vida inteira. Deixou cicatrizem em meu pulso. Eu tento mostrar ser forte, mas não sou. E sobre o trabalho, agora que meu pai tinha ido para um lugar melhor, as despesas para minha mãe aumentaram, eu teria a oportunidade de ajudá-la.

Eu não sei o que me fez pensar que eu não conseguiria tocar. Eu não sei se foi a presença do Justin que me incentivou, ou se eu realmente não tinhas problemas. Justin devia ter razão, tava muito recente o acontecido com meu pai.

Eu nem sei o porquê de eu pedir ao Justin um tempo. Tempo para quê? Não é todo dia que se tem uma oportunidade de trabalhar com a maior estrela pop do planeta, principalmente quando se é de menor e não tem experiência. Eu trabalharia, ganharia dinheiro e ainda faria o que eu amo. Tem coisa melhor?

Pode parecer estranho, mas eu não vejo a hora de ver o Justin amanhã, eu já o considero como melhor amigo. Como dá para você perceber eu me apego fácil as pessoas.

Fiquei fazendo planos para o futuro, pensando como iria ser trabalhar com o Justin, e em que eu trabalharia com ele. Eu não queria compor músicas para ele, porque o Justin é homem e eu só componho músicas que tenham a ver comigo. Por exemplo, iria ser muito gay o Justin cantar “Butterfly Fly Away”. Tocar instrumentos não, muito cansativo. Um show inteiro tocando, mesmo eu sabendo tocar: Teclado, piano, violão, bateria, guitarra e baixo. E backing vocal, eu amo cantar e ninguém prestaria atenção em mim, porque eu não sei se estou preparada para ver uma multidão me olhando. Eu estaria meio escondida no fundo do palco, cantando. Perfeito!

Adormeci. Meu sonho foi um tanto estranho

“Estava eu em um piquenique com minha mãe, meu pai e meu irmão. Pedi um sorvete ao meu pai e ele me puxou. Eu pensava que ele ia comprar o sorvete para mim, mas de repente não estávamos mais no parque que fazíamos o piquenique, e sim estávamos em cima de um palco e milhares de pessoas me olhando, esperando eu começar a cantar. Meu pai me entregou o microfone e eu comecei a cantar uma música desconhecida e as pessoas bateram muitas palmas. Quando a música terminou, o sonho mudou de cenário novamente e estava sentada com meu pai na mesa de uma sorveteria, tomávamos sorvete juntos. Ele se levantou de sua cadeira e me deu um abraço, eu não entendi o gesto mas retribui e ele disse em meu ouvido “-Siga seu destino, filha. Seja feliz, sempre estarei ao seu lado.” E eu beijei sua bochecha e disse: “Te amo muito pai, sempre te amarei.”

Acordei com meu despertador chamando. Apertei no botão de desligar e sonolenta, comecei a lembrar do meu sonho da noite anterior. Será que aquilo era uma mensagem de meu pai? Pareceu muito. Seguirei o que ele disse. Derramei lágrimas, queria tanto que aquilo fosse real, que ele estivesse em carne e osso comigo. Mas ele me disse para ser feliz, e eu serei. O amo muito.

Fui até o banheiro, tomei um banho, escovei os dentes e vesti uma roupa que combinasse com a escola e em sair com o Justin. Encontrei umas roupas e um chapéu e fiz uma combinação, que amei. Arrumei meu cabelo, passei maquiagem e coloquei minha bota preferida. Por ultimo que coloquei o chapéu. Peguei meu óculos de sol e coloquei o mesmo na minha mochila. Coloquei pulseiras escondendo minhas cicatrizes e finalmente fui tomar café.

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Zac já estava tomando café. Percebi que eu já tinha escovado os dentes antes de comer. Bufei. Decidi comprar lanche na escola, mesmo. Corri até meu banheiro e peguei minha escova de dente e minha pasta, colocando na mochila, para não ficar com bafo de empada quando for falar com o Justin.

Dei um beijo na minha mãe e fui para o ponto de ônibus com Zac. Logo o ônibus chegou e fomos para o colégio. Nos despedimos e cada um foi pra sua sala. Me sentei perto das minhas amigas e elas fizeram cara de surpresa em me ver e elogiaram minha roupa e meu cabelo. Prestei atenção na aula, copiando algumas coisas que o professor escrevia, se eu quisesse trabalhar, devia logo passar de ano e me livrar desse inferno chamado escola que durante toda a minha vida vim para cá.

No intervalo foi um saco. Na fila da cantina, os garotos do 3º ano da outra turma ficou pedindo para ficar comigo. Lógico que eu disse “NÃO!”. Comi e conversei com as meninas as novidades. O sinal tocou e corremos para nossa sala, pois o próximo professor não nos deixava entrar quando ele entrava na sala.

O segundo horário foi uma eternidade. As duas ultimas aulas eram de história. E parecia que o professor estava cantando uma cantiga de ninar ao invés de explicar a matéria. Comecei a mecher no cabelo da minha amiga e o professor chamou minha atenção. Bufei. Comecei a mecher no macaquinho da minha mochila (que é da Kipling) para não dormir. Até que enfim o sinal tocou, eu e minhas amigas fomos para o banheiro, elas são viciadas em se olhar no espelho e eu precisava escovar os dentes.

– Stacy, você num vai pra casa, pra que escovar os dentes? Ou vai ver um gatinho agora. – Disse Lily e eu ri.

– Vou sair com um amigo, ele me ofereceu um emprego e fiquei de aceitar.

– Amigo? Sei ... – Todo cara que digo que é meu amigo ela leva para o outro sentido. Somos amigas desde o pré, eu poderia contar isso a ela. – Trabalhar com o quê?

Olhei ao redor e tinha muita gente.

– Jajá eu falo. – Disse passando perfume e retocando minha maquiagem.

Saímos e eu vi que não tinha ninguém no corredor e falei baixinho pra ela:

– O Justin Bieber me convidou para trabalhar com ele.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH – Gritou e eu tapei a boca dela com a mão, para ninguém pensar que tem gente estrangulando essa louca. Ela mordeu minha mão, para variar.

– AI! – Gritei massageando minha mão.

– Eu amo ele!

– Olha, isso é segredo, ok?

– Minha boca é um túmulo, não conto a ninguém.

– Acho bom. – Caminhamos conversando e quando chegou perto da porta ela perguntou:

– Você vai ser o que?

– Backing Vocal.

– UAU! – Disse sem palavras.

Avistei o carro de Justin do outro lado da rua e dei um beijo na bochecha dela me despedindo e fui até lá. Justin saiu do carro e abriu a porta para mim. Todo mundo que estava na calçada da escola o viu, pior, comigo. Entrei na porta do carona e Justin estava dirigindo.

– Onde está o Kenny? – Perguntei enquanto colocava o cinto.

– De folga. Você pensou na minha proposta?

– Sim, muito! Eu aceito ser sua backing vocal. – Sorri e vi que ele também sorriu.

– Você não vai se arrepender disso. Que tal almoçar-mos e depois irmos ensaiar? Você conhece alguma música minha?

– Sim, conheço. – Só sei uma decorada, a Lily colocava direto para ouvir.

– Qual?

– Baby. – Ele riu.

– Todo mundo só conhece essa música minha. – Eu ri.

– Verdade.

Fomos almoçar em um restaurante e depois seguimos para a gravadora. Quando chegamos na rua da gravadora, perguntei:

– Gravadora? Mas num vamos apenas ensaiar?

– É que aqui tem um estúdio para ensaios.

– Ah, ta! Sabia que meu sonho era gravar com a sua gravadora?

– Não, sério?

– Sim, talvez um dia eu realize.

– Eu posso falar com eles para gravarem um CD para você.

– Seria bom ... mas agora não faz parte de meus planos, quero trabalhar com você.

Ele sorriu simpático para mim. Entramos na gravadora e fomos na sala de ensaios. Ele chamou algumas pessoas que estavam na gravadora para ir tocar os instrumentos. Ele pegou um microfone e me deu o outro. Lembrei do sonho, meu pai me dando o microfone. Ele me deu uma folha onde tinha a letra de uma música chamada “That Should Be Me”,as partes em que eu cantaria estavam em negrito. Ele começou a cantar e eu cantei baixo, como segunda voz, as partes que era para cantar. Tá, não era muito bom ser segunda voz, nem cantar uns trechinhos. Mas eu me acostumarei.