POVPólux

Aí, no outro dia, na hora do recreio, eu e metade dos nerds fomos falar com os diretores pra ver se eles autorizavam o concurso, enquanto os outros convenciam a secretária a sair da sala dela e compravam alguns marshmallows e refrigerantes que o Travis e o Connor contrabandearam de uma lanchonete perto da OHS. Íamos precisar muito da energia que aquele açúcar ia nos proporcionar, porque tínhamos pouco tempo ( apenas o tempo do recreio, ou seja, do intervalo) para pesquisar na internet modelos de capas que podíamos usar para a capa do anuário.

Eu queria poder comer bem mais do que isso, mas é como dizem: ajoelhou, tem que rezar.

Quando chegamos lá, bati na porta da sala deles e o sr. Olympus abriu. Enquanto fazia isso com uma mão, desligava seu Smartphone com a outra. Parecia estar muito preocupado com alguma coisa. Adverti a mim mesmo para não falar nenhuma besteira, porque isso tinha grande chance de deixar ele irritado.

_ O que vocês querem ? – perguntou o diretor com um suspiro.

_ Hã... – gaguejei, e dei um chute em minha própria barriga, para voltar ao normal, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, um dos nerds ( que tem um nome muito, muito comprido, por isso eu nunca lembro como se chama)  passou à minha frente:
_ Como não conseguimos decidir qual aluno colocar na página de Mais Talentoso, decidimos organizar um concurso de talentos aqui na escola, mas precisamos saber se você e a diretora autorizam.

Zeus fez um gesto de desprezo com a mão, e murmurou:

_ Tudo bem.

_ A diretora também autoriza ?  - perguntou o nerd.

O sr. Olympus bateu a porta em nossa cara. Literalmente. Eu e os nerds levamos uma pancada em nossos narizes e caímos de costas no chão.

Vencemos o atordoamento e nos levantamos. Imediatamente, um plano para divulgar o concurso surgiu em minha mente. Fiquei surpreso com minha inteligência.

_ Caras – perguntei aos nerds – vocês acham que conseguiriam hackear o site da escola para colocar um anúncio sobre o concurso lá.

O nerd do nome comprido respondeu:

_ Eu conseguiria, mas nunca faria isso. Posso ser expulso se fizer.

_ Mas é para o bem do concurso! – argumentei.

_ Mesmo assim, Grapes. É proibido hackear o site.

Tirei um bom maço de notas de cem dólares do bolso. Acho que umas nove.

_ Se você fizer isso, te dou toda essa grana.

Os olhos dele brilharam:

_ Eu topo. – cedeu.

_ Então faça isso agora! – mandei.

Entenda. Como já disse antes, estava fazendo isso por minha reputação. Não pelo anuário.

  O CDF tirou um laptop Dell da mochila e sentou no chão. Ligou o computador. Sentei ao seu lado , e vi quando ele digitou OHS no Google.

Um dos resultados era o site.

Observei atentamente como ele hackeou o site e colocou o anúncio. Não convivo muito com eles, mas aprendi com os gêmeos Stoll a nunca desperdiçar uma informação que pode  beneficiar você.

Talvez eu pudesse mudar minhas notas pelo site. Elas subiriam de 2 para 10.

_ Terminei. – anunciou o CDF.

Olhei para meu relógio. Eram quase 10 horas da manhã. A qualquer momento, quando os alunos que estavam usando a internet no tempo do intervalo fossem desligar seus PCs para voltar às aulas, uma campainha irritante ia soar, como sempre acontece nos computadores das pessoas cadastradas no site da escola ( ou seja, a escola inteira, pois é obrigatório se cadastrar no site), para avisá – las que há um novo anúncio.

E a campainha nunca para de tocar enquanto o usuário não olha o que é, ou seja todos são vencidos pelo seguinte pensamento:

“ CARALHO! Essa campainha do inferno tem que parar, senão meus tímpanos vão explodir!”

E uma vez que hoje eles fossem vencidos, olhariam o anúncio e mandariam um e –mail para os administradores do site ( ou melhor, a administradora, que é a secretária) perguntando como podiam se inscrever para participar do concurso, porque apesar de uma festa da pizza ser muito melhor que isso (pelo menos eu acho), os shows de talentos atraem as pessoas de um modo inexplicável, do mesmo jeito que arquitetura atrai a Annabeth e o Pac – Man e os filmes de gladiadores atraem o meu pai.

Eu já tinha decidido o que fazer quando isso acontecesse.

Eu iria mandar um SMS para os nerds que estavam na secretaria pedindo que eles fingissem ser a secretária e respondessem os e – mails das pessoas dizendo para mandar uma mensagem no Facebook de Pólux Grapes, dando seu nome completo, série, classe e qual o talento que iria mostrar para os juízes ( eu e o todo o resto do Clube dos Editores do Anuário) no concurso.

E eis que foi isso que fiz, alguns minutos depois, quando os alunos viram o anúncio, e deu certo.

Próxima sub – parte da parte 3 da jornada: arranjar um palco, holofotes, um locutor e alguns amplificadores para o concurso.

Mas eu também sabia que seria fácil, e foi.

Na última aula daquele dia, a de Filofosia, dei um tapa na cabeça do Will para ele acordar ( pois não existe ninguém além da Rachel que não dorme nessa aula: eu só consegui ficar acordado porque roubei um litro de café do armário da secretaria, ou melhor, os nerds roubaram) e cochichei:

_ Brother, você já sabe do concurso de talentos ?

_ Sim.- respondeu ele com certo esforço, pois ainda estava com sono.

_ Então você gostaria de nos ajudar a fazer ele acontecer ? – perguntei.

_ Sim.

_ Você conseguiria arranjar um palco, holofotes, um locutor e alguns amplificadores até o dia do concurso, que é daqui a duas semanas ?

_ Pô! – a expressão de Will era de pura e genuína arrogância – você tá falando com o filho do Apolo Sun, camarada! Consigo tudo isso em menos de doze horas!

_ Beleza. Tá combinado, então ?

_ Tá.