Ei, Quer Ser Meu Amigo? escrita por LuMartins


Capítulo 71
Capítulo 71


Notas iniciais do capítulo

Oooooi ♥



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Chegando ao portão do cemitério que estava semiaberto, o sol quente do meio-dia ardia em cima de minha cabeça.

Entrei e estava ofegante, encontrei um homem velho, de 50 anos mais ou menos.

- Senhor, poderia me ajudar, por favor? – perguntei.

- Claro, moça. O que posso ajudar? – respondeu.

- Queria encontrar um túmulo, mas não tenho quase nenhum registro que possa ajudar. – estava ficando desesperada.

- Quem você procura?

- Minha mãe, Helena Martins. – senti um nó na garganta ao pronunciar mãe.

- Tão nova assim, é uma pena, você pelo menos lembra o ano que ela morreu? – perguntei.

- Eu não sei ao certo. Eu deveria ter meus quatro anos. Acho que em 2002.

- Já me ajuda, vamos naquela sala que lá posso procurar a quadra e o número.

Andamos até aquela sala, sentia meu coração batendo mais rápido do que tudo. Ele ligou o computador e se sentou.

- Sente-se menina, sabia que perdi minha mãe cedo também? – perguntou.

Balancei minha cabeça em negação. Sentei em uma cadeira velha.

- Sabe, eu a vi morrer. – ele disse como se estivesse se lembrando.

- Eu vi a minha morrer também, mas quase não me lembro. – disse baixo, o suficiente para aquele homem escutar, queria um segredo, mas entre mortos era quase ironia.

- Você é tão novinha, quantos anos? – perguntou. – 14 ou 15?

- Quase 16 anos. – disse sorrindo.

- Helena Martins, não? – perguntou olhando para mim, apenas assenti.

- 2002... – disse para ele mesmo, coçando o queixo.

- Então, encontrei uma Helena Martins, única nesse ano. – disse. Virou um pouco o monitor, e vi seu rosto; - Tenho quase que é sua mãe menina, tem seus olhos.

- Acho que é ela. – e fiquei por mais tempo encarando aquela foto. Ela era tão bonita.

- Bom, acho que já ajudei, ela esta na quadra 38 e no túmulo 5259. – disse.

- Obrigada, muito obrigada mesmo. – disse apertando a mão daquele velho.

Saímos daquela salinha e vi uma imensidão de túmulos a procurar

Ela era tão linda, tinha a pele um pouco mais morena que a minha, os cabelos negros, e os olhos tão mais azuis que os meus, e então segui de cabeça erguida, e com o coração apertado.

Já estava cansada de procurar a quadra em que ela estava, estava desistindo.

Aproveitando que estava na parte velha do cemitério, iria sair por outro portão, olhei para os lados e vi uma plaquinha velha e enferrujada cujo número era 38, e sorriso cansado enlargueceu em meu rosto. Entrei, e fui tentando encontrar o número, tantos túmulos esquecidos, mortos jamais visitados, será que o de minha mãe estaria assim.

- 5253, 5253,5254... – e assim ia falando os números para eu mesmo, com a expectativa de logo encontrar. – 5258, finalmente 5259.

Dei um longo suspiro vitorioso, mas o que eu vi era horrível, como puderam ser tão insensíveis.

Ele estava deplorável, cheio de terra, as flores mortas, e totalmente esquecido.

A vontade de chorar passará a um tempo e agora um novo sentimento de raiva estava queimando dentro de mim.

Como puderam? Era a mulher que eles amavam e que eu amei, e que nunca me lembraria.

Como puderam?

Vi uma mulher logo ali, com um balde e vários produtos na mão, corri até ela.

- Com licença senhora. – disse assim que cheguei.

A mulher levou um susto, e logo se recompôs.

- Oh que susto menina. – disse segurando o peito.

- Desculpa, não era minha intenção.

- Tudo bem. O que queria? – perguntou com a voz terna.

- A senhora trabalha aqui? – perguntei.

- Há muito tempo minha querida. Por quê? – perguntou curiosa.

- Eu sei que a senhora pode não lembrar, mas gostaria de saber, se nunca vieram visitar aquele túmulo? – perguntei e apontei para ele.

- Ah claro minha querida, sempre fui muito encucada com ele, desde que me lembro nunca ninguém veio visita-lo, eu o limpei duas ou três vezes sem ganhar dinheiro, mas eu vi  a foto de uma moça tão jovem e bonita, que  tive compaixão. – disse ela com a voz simpática.

- Nossa, não sabe como fico agradecida. Tenho que perguntar, quanto ficou esse trabalho? – perguntei um pouco embaraçada.

- Não precisa pagar. – disse pegando em minha mão. – Por que tanto interesse?

- Descobri hoje que ela é minha mãe. 

- Oh minha nossa. Sinto muito.

- Tudo bem moça, será que pode me fazer um favor? – perguntei.

- Claro. – respondi rapidamente.

-Quanto à senhora cobra para limpar ele agora? – perguntei.

- Bom, eu cobro 50 reais. – disse.

Peguei minha carteira para ver se tinha a quantia, e por sorte tinha pegado minha mesada ontem. Peguei uma nota de 50 reais e ofereci para ela.

Ela pegou sem hesitar e foi direto para o túmulo e enquanto ela limpava, fui a uma lojinha que tinha do lado de fora do cemitério e comprei dois vasos de flores de plástico e levei até lá, mesmo que talvez ela não seja minha mãe, eu não me importo, eu tenho certeza que é ela, eu sinto isso.

Cheguei lá, e a mulher estava terminando o serviço, peguei mais 100 reais, e assim se foi minha mesada.

- Toma senhora, pela limpeza de antes. – e entreguei.

- Que isso menina, não precisa, fiz de bom agrado.

- Eu insisto.

Ela pegou e logo saiu.

Deitei em cima do túmulo e fiquei ali pensando em tudo, aos poucos uma dor forte em minha cabeça começou, e fui me lembrando aos poucos do acidente. Doía muito e fui sentindo algo abaixo do meu nariz, passei o dorso da mão e vi sangue, e a dor insistia e fui vendo aquele maldito acidente passando em minha cabeça como se fosse um filme.

Flashback On:

Meu pai corria muito com o carro, e minha mãe gritava bastante, eu não entendia muito o que eles estavam discutindo, e eu chorava.

- PARA DE CHORAR SOPHIE. – gritou meu pai.

- NÃO GRITA COM ELA. – gritou minha mãe.

- PARA DE ACHAR QUE MANDA EM TUDO HELENA.

- É por isso que me traí com a Clarice? – perguntou minha mãe calma.

- É SIM, VOCÊ É INSUPORTÁVEL, É NOJENTA, EU NÃO SEI COMO PUDE FICAR COM VOCÊ. – e ele ainda gritava.

- Eu te odeio! Quero o divórcio, e quero minha filha. – disse ela determinada.

- Não vai ter nada disso. Vai ficar pobre e vai morrer de fome com a minha filha.

- E você se importa? – perguntou minha mãe desafiadora.

- Nunca me importei, você sabe, você e essa menina foram um erro.

- VAI DEVAGAR!!!. – gritou minha mãe.

- VOCÊ NÃO MANDA.

- OLHA O POSTE...

Já era tarde demais, o carro bateu, e principalmente do lado do passageiro. O lado da minha mãe.

Flashback Off:

Minha cabeça latejava, e meus olhos estavam lacrimejando.

- Sabia que encontraria você aqui. – disse meu pai.

- Pelo menos estou no lugar certo? – perguntei com desdém.

- Você é uma garota muito esperta, esta no lugar certo sim, sem muitos dados, na verdade sem nenhum dado. – disse meu pai se sentando ao meu lado.

- Por que nunca me contou que eu fui um erro? – perguntei tomando distancia dele.

- Nunca disse que você foi um erro. – disse.

- Não mente, eu lembrei, lembrei de tudo. – disse olhando em seus olhos, e ele desviou.

- Então quer dizer que sabe o quanto eu fui tolo, não? – disse.

- Você não merece se quer meu respeito. – disse com nojo.

- Eu sou seu pai.

- E eu? – perguntei amarga e ri sem humor. – Um erro, não?

- Filha, eu era um tolo, jovem, não sabia o que fazia. – disse, deixando lágrimas caírem.

- Você nunca me amou ou amou a mamãe né? Sempre foi Clarice. Mesmo sabendo de tudo o que ela me faz.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, calma, calma, e se você ficarem confusas, peço que se acalmem, eu recebi um review que me falou: " Teve posts que o Guut estava apaixonado e tals, e dai aparece que ele traiu ela" não foi bem assim, mas calma la vai, talvez no próximo capítulo eu faça só com o ponto de vista dele, e aos poucos vão entendendo,. alias o próximo vai ser crucial para entenderem as tretas do Guut e do pai dela.
Então não percam no próximo capítulo tudo isso que eu falei.
Beijooooooooooooos pessoaas lindas. ♥



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