Meet Athena escrita por Nunah


Capítulo 16
capítulo bônus


Notas iniciais do capítulo

Quero que saibam que o tempo que passei escrevendo essa história, com vocês, foi muito especial, mesmo. Realmente espero que isso não seja uma despedida total.
Capítulo dedicado para a Ju (espero que goste da música hihi).



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Once upon a time, I was falling in love

But now I’m only falling apart

There’s nothing I can do, a total eclipse of the heart

Once upon a time, there was light in my life

But now there’s only love in the dark

Nothing I can say, a total eclipse of the heart

– Total Eclipse of the Heart

...

A família tinha acabado de desembarcar no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A garota loira de longos cabelos cacheados e enormes olhos cinzentos ainda estava maravilhada com a paisagem que conseguira avistar enquanto o avião pousava.

– É aqui, mãe? – ela perguntou a uma mulher mais velha, que tinha suas mesmas características.

Ela lhe sorriu, trazendo-a mais perto, mas quem respondeu foi seu marido, que a menina sabia que não era seu pai, mas que a tratava muito bem.

– Você gosta? – o homem moreno de olhos verdes lhe respondeu com outra pergunta. A garota assentiu animadamente. – É lindo, não é? Logo meu amigo virá nos buscar e então você vai poder ver a cidade de perto.

Annabeth sorriu ainda mais. Tinha apenas doze anos e já havia viajado bastante com sua mãe, Athena e o marido dela, Poseidon. Os três eram muito felizes e isso a fazia pensar como sua vida era perfeita.

Há alguns meses Poseidon tinha lhe contado que também tinha um filho, com outra mulher, que vivia no Brasil e tinha a mesma idade que ela, Perseu. Na hora a mente brilhante que tinha puxado à sua mãe começou a trabalhar e a se animar com a possibilidade de conhecer a cidade maravilhosa da qual todos falavam e ainda ganhar um irmão de graça.

Outro, na verdade. Porque agora eles tinham descoberto que sua mãe estava grávida de novo, mas dessa vez Poseidon era realmente o pai da criança, e tudo tinha ficado ainda mais colorido em sua vida.

Ela teria dois irmãos! Não precisaria mais se sentir tão solitária. Por mais que tivesse conhecido bastante gente nas viagens que seus pais tinham de fazer a trabalho, ela não tinha realmente amigos, ou algo que chegasse perto disso.

Em alguns minutos eles encontraram o amigo de Poseidon, que ficou maravilhado com a “sorte que seu amigo tivera no exterior”. Os quatro entraram no carro, encaminhando-se para a antiga casa de seu padrasto.

Athena concordara que eles precisavam descansar, então ficariam em casa o resto do dia, o que deixou Annabeth pouco contente, para arrumar tudo e dormir um pouco. No dia seguinte Poseidon iria atrás de Sally e Percy, pois ele achava que já estava na hora de seu filho saber de sua existência.

Isso fez com que Annabeth ficasse feliz, pois eles poderiam dar um passeio em família depois. Poseidon, sua mãe, ela e Percy!

...

O dia veio e se foi muito rapidamente. Annabeth se distraiu ficando horas diante da janela, observando o trânsito, o mar, algumas árvores... Era realmente lindo.

Ela não reclamou quando sua mãe lhe mandou arrumar seu quarto, tirar as roupas das malas e tomar um banho. Na verdade, não foi nem preciso pedir para ela dormir um pouco, pois acabou se encontrando bem cansada.

Annabeth acordou na manhã seguinte com a energia revigorada, sorrindo de orelha a orelha, cantando e recitando trechos dos milhares livros que lia. Podia até comprar alguns novos quando fossem sair!

Poseidon deu uns telefonemas, pesquisando, e avisou que voltaria logo. Duas horas depois ele chegou com uma pequena sacola e se desculpou por ter de se ausentar.

Elas não eram bobas, sabiam bem o que ele tinha feito. Poseidon não seria um pai tão ruim assim, ele tinha ido comprar uma lembrança para entregar ao filho, como uma oferta de paz. Quem sabe se ele não tivesse descoberto que seu pai não era aquele com quem morava e encarou isso como um abandono, sem deixar sua mãe explicar? Ou até mesmo se Sally tivesse se revoltado, contando mentiras?

Quando Annabeth perguntou o que ele tinha comprado, Poseidon realmente pareceu muito mais aliviado, e Athena sorriu encorajando-o. A menina adorava ver como os dois eram companheiros.

Seu padrasto explicou que tinha demorado mais que o previsto porque não conseguia saber o que levaria, mas por fim lhes mostrou uma camiseta azul-marinha com um tridente que brilhava no escuro desenhado, em que o cabo e a lâmina do meio formavam na verdade uma espada dourada. Annabeth achou aquilo mais que perfeito. Ela sabia bem que os nomes de sua família vinham do grego, e o nome “Poseidon” vinha especificamente do deus dos mares, então aquilo cairia bem. Também não achou que o nome de seu filho, Perseu, fosse uma mera coincidência com o herói da mitologia.

...

Eram duas horas da tarde quando o amigo de Poseidon apareceu, novamente para levá-los em algum lugar.

– Nem sei como agradecer, tem certeza de que não é um incômodo?

Seu amigo sorriu e lhe deu um soco no ombro, aparentemente leve.

– É claro que não, amigos servem para isso.

Ele os levou até um edifício alto e branco, de frente para o mar, com janelas enormes e transparentes.

Essa mulher deve ter dinheiro..., Annabeth pensava enquanto entrava no elevador.

Poseidon parecia nervoso e Athena tentava ajudá-lo, mas não era como se tivesse alguma melhora. Ele iria conhecer o filho, ele iria vê-lo pela primeira vez, e Percy já tinha doze anos.

Annabeth tentou se imaginar abrindo a porta e vendo seu pai pela primeira vez, ali, parado, na sua frente. Mas aquilo era algo impossível de acontecer. Pelo que a mãe lhe contara, Frederick Chase era do pior tipo de pessoa existente. Mentiroso, mulherengo e irritante. Quando Annabeth lhe perguntou como ela pôde se apaixonar por ele, a resposta estava óbvia: eles tinham sido amigos de infância, Athena nunca imaginaria que ele tivesse se tornado nisso em todos aqueles anos em que estiveram separados.

A menina não a culpava e não guardava rancor por Athena ter se casado com Poseidon. Os dois eram extremamente felizes juntos e ele a tratava como a uma filha de verdade. Annabeth não poderia pedir mais nada. Mas tinha curiosidade de saber como era o pai, olhar em sua cara de pau uma vez na vida, para poder enfiar um soco naquela sua fuça.

Ela e Percy eram bem diferentes daquele ângulo. Ele tivera sorte de Sally ter se apaixonado por alguém como Poseidon.

O amigo de seu padrasto tinha ficado lá embaixo, no carro, sabendo que aquele seria um momento apenas para a família.

E quando a porta se abriu, depois de Poseidon ter tocado a campainha, Annabeth pôde ver uma mulher mais do que surpresa parada lá.

Ela viu quando Athena engoliu em seco, apertando a mão do marido.

– Sally?

– Impossível. – os olhos da mulher que supostamente era Sally estavam arregalados. Annabeth teve medo que ela os mandasse embora, mas na verdade lhes deu espaço para passar. – Ah, entrem logo.

Annabeth foi a primeira. Mais uma vez, ela ficou maravilhada com a arquitetura daquele apartamento, inteirinho branco, com as janelas abertas, passando uma sensação de paz intensa.

– Gabe* está viajando.

Sally fechou a porta e se virou, visivelmente nervosa.

– Vocês querem beber alguma coisa?

– Aonde tem água? – Annabeth perguntou, impassível.

A mulher a guiou até um balcão, com um frigobar escondido, onde Annabeth encheu um copo com água gelada e o colocou nas mãos de Sally, que a encarou confusa.

– Desculpe, mas a senhora está precisando, sabe?

Sally assentiu e murmurou um “Obrigada”, indo se sentar num sofá de couro branco defronte uma parede de vidro que dava para a praia.

– Podem se sentar, se quiserem.

Que clima mais tenso..., Annabeth fez questão de se sentar ao lado de Sally.

– Está tudo bem? – ela perguntou.

Sally a encarou. Não sabia quem era, mas podia ter uma ideia. Poseidon não pôde ficar ali, pois ela era casada. É claro que ele encontraria uma mulher que o fizesse feliz, e aquela menina era exatamente uma cópia da que usava a aliança.

Não tinha certeza se podia falar com a menina, mas seus olhos redondos transmitiam confiança e a reconfortavam.

– Está, obrigada.

– Certeza?

– Annabeth... – a mulher loira a repreendeu, com uma expressão dura. Ela parecia ser uma boa mulher, delicada por fora, mas forte por dentro. Poseidon nunca escolheria uma Barbie para ficar ao seu lado.

– O que é? Ela está nervosa!

Annabeth olhou para a mulher que supostamente era sua mãe e depois olhou Sally novamente. A mulher tinha longos cabelos castanhos e ondulados e olhos que pareciam mudar de cor às vezes. Ela sabia a história de Poseidon e sua mãe, e ficou feliz ao perceber que quando ele viera ao Brasil não escolhera uma qualquer para tomar o lugar. Sally era uma boa pessoa.

– Sally... Onde está Percy?

A mulher engoliu em seco.

– Ah... Hum... Percy... Ele... Ele chegará logo.

Como que esperando para ser introduzido na conversa, a porta do apartamento se abre subitamente. Por ela entram primeiro um garoto, de cabelos pretos e olhos verdes intensos, uma visível cópia do pai; atrás dele vem uma menina, ruiva, com algumas sardas no nariz e com olhos de um verde-oliva.

Annabeth novamente abriu um sorriso caloroso, mas Percy, ao ver que todos o encaravam com expectativa, parou onde estava e olhou para sua mãe, em busca de ajuda ou explicação.

– Percy, querido... – ela se levantou e tentou sorrir, mas ele conhecia a mãe bem demais. Atrás dela uma garota também se levantou e depois uma mulher, que parecia uma réplica mais velha. Então, o homem se levantou também. Ele só o tinha visto de costas, mas agora...

O ar faltou a Percy. Era como se ele conhecesse o homem... de algum dia... algum sonho... era como se reconhecesse sua presença. Ele também tinha cabelos pretos e olhos verdes, assim como Percy.

Talvez seja isso...

– Hm... Olá?

– Rachel... Nem tinha visto você. – Sally abraçou a garota que viera com Percy. Parecia ser algo normal tê-la ali.

– Por que não me avisou que teríamos visitas, mãe?

Sally se virou subitamente, ela ainda não tinha se recuperado.

– Eu não sabia que teríamos, filho. Ah... Esses são... – ela olhou para os três, lembrando-se que não tinha intimidade o bastante para realmente apresentá-los. Annabeth, como sempre, a ajudou, dando um passo a frente.

– Sou Annabeth. – ela estendeu a mão, a qual Percy apertou, sorridente. – E essa é minha mãe, Athena. – Athena acenou sorrindo. – E Poseidon...

Poseidon estava sorrindo como se fosse um sonho. Ele apertou a mão de Percy também, mas estava alienado, como se nem soubesse o que fazia direito. Annabeth lhe deu uma cotovelada, trazendo-o para a realidade. Ele a encarou surpreso, as sobrancelhas da garota estavam arqueadas, como numa pergunta silenciosa.

– Sally... – Athena sussurrou. – O que ele sabe?

– Eu não lhe contei nada, mas ele não é estúpido. Percy sabe que Gabe não é seu pai, não tem nenhuma semelhança entre os dois. Mesmo os olhos de meu marido sendo verdes... Não são como o de Poseidon. Sem ofença, Athena.

Athena sorriu, assentindo.

– Eu sei como é, Sally.

– Não sei se isso irá funcionar. Percy não é do tipo rebelde, mas ele sabe que se Gabe realmente não for seu pai, eu visivelmente o traí, ele não vai aceitar isso fácil.

– Er, eu sou Percy. – ele disse, sorrindo. – Por que estão aqui? São parentes distantes?

– Mais ou menos isso. – disse Annabeth.

Sally deu dois passos à frente.

– Percy... Me prometa que não vai fazer escândalo e ouvir bem... – ele assentiu. – Poseidon é seu pai.

Percy nunca saberia dizer o que sentiu naquele momento. Ele sempre gostou de Gabe, que o tratava como um filho, claro, mas nunca realmente sentiu uma conexão com ele, não tinham semelhanças físicas, nem maneiras de fazer as coisas iguais, mas Percy sabia o que aquilo significava. Sua mãe traíra Gabe. E ele sabia que aquilo não se fazia, mas, pelo que a conhecia, ela devia ter bons motivos para isso.

Por um lado, ele se sentiu aliviado, porque pensara que iria viver com aquela dúvida para sempre. Sorte a deles que Gabe resolvera viajar.

O sorriso de Percy se alargou. Ele olhou para o homem de olhos verdes à sua frente. É claro, por que não notara antes? Eles eram idênticos, assim como a garota e a mulher loira.

Poseidon, o homem que suposta e afirmativamente era seu pai, lhe jogou um pacote, onde ele encontrou uma camiseta que adorou e colocou na mesma hora.

– Então, garoto? – Poseidon disse, olhando-o com expectativa.

– Quando posso ir morar com você? – Percy sorriu, aproximando-se.

– Oh, Percy, acho que é um pouco cedo demais para...

– Sem problemas, Sally. Na verdade, eu acho até bom ele passar uma temporada conosco, já que a casa vai cair quando Gabe voltar.

Ela fez uma careta de horror, brincando, pois na verdade estava feliz até demais por tudo ter sido fácil desse jeito.

– Bom, acho que já vou indo... Até mais. – Rachel disse timidamente e se retirou. Annabeth a olhava. Não simpatizara muito com a garota. Ela podia ser até legal com Percy, mas parecia que aquela educação toda, aquela timidez, meiguice... Para Annabeth era tudo fingimento. Ela arqueou as sobrancelhas.

– Podemos andar pela cidade agora? – ela perguntou, como quem não quer nada.

– Se Sally não se importar...

– Oh, não. Podem ir. Vocês precisam passar um tempo juntos.

Poseidon sorriu e passou o braço pelos ombros de Percy.

– Vamos, garoto, temos muito o que conversar.

Athena e Annabeth se despediram de Sally, que estava com um sorriso no rosto.

As duas também saíram abraçadas; como se todos fizessem parte de uma família mais que normal.

Annabeth sabia bem que, depois daquele dia, suas vidas mudariam drasticamente.

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.

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*Gabe: Nessa fic, eu o imaginei como uma pessoa boa e normal para não ficar estranho, não como é retratado no livro, então não me entendam mal.


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Notas finais do capítulo

Oneshot que eu prometi fazer sobre Zeus e Deméter: http://fanfiction.com.br/historia/276911/Hit_Me_Like_A_Man_Meet_Athena/
...
Obrigada.