Pov. Edward

       Depois do recreio voltei pra aula e reencontrei a Bella. O pior é que ela não parecia distraída com nada, mas evitava me encarar o tempo inteiro. O que eu fiz pra essa menina, afinal? Resolvi deixar ela pra lá e me concentrar na aula. Ela não merecia tanta atenção. Agora era aula de Química e o professor Augusto entrou todo afobado na aula, ele parecia animado. Todos os alunos ficaram quietos para poderem escutá-lo. As aulas de química eram sempre muito interessantes.

        -Hoje nós faremos um novo experimento, pessoal! – anunciou o prof. Augusto, quase dando pulinhos de excitação. A turma deu murmúrios animados. – Vamos até o laboratório para começar.

        Todos os alunos seguiram o professor. Os corredores da escola eram bonitos, mas escuros e eu sempre tive um pouquinho de medo deles. Estávamos todos amontoados no corredor, enquanto íamos para o laboratório. Bella estava logo ao meu lado, percebi que ela queria avançar para longe de mim, mas como não tinha espaço nem para respirar ela pouco podia fazer. Apesar de eu me sentir ligeiramente irritado com o comportamento hostil dela, me senti bem por sua presença. Estávamos tão perto que quase nos tocávamos. Eu sentia o calor dela em meu corpo – o calor dela e o de mais 40 alunos, mas tudo bem.

          Finalmente e depois de muita balburdia chegamos ao laboratório do colégio, que era imenso. Eu conversava com Alec, que era um colega nosso. Eu sempre gostei dele, apesar de ele ser dois anos mais novo que eu. É, o garoto estava bem adiantado para a idade... Paramos todos em frente ao balcão branco do laboratório. Alec do meu lado direito e... Bella do meu lado esquerdo? O que ela estava fazendo ali? Eu tinha certeza que ela jamais iria querer ficar perto de mim. A expressão dela estava contrariada. Percebi que o balcão estava lotado, então ela provavelmente estava aqui, por falta de lugar vago.

        -Nossa experiência será bem interessante. Primeiro quero que façam duplas – falou o professor. Eu e Alec sorrimos um para o outro. – Sr. Cullen, não se importa de fazer dupla com a aluna nova, Sra. Swan, não é? – meu sorriso se fechou. Seria perseguição? – Claro, não tem problema – respondi.

         É claro que tinha problema! A garota simplesmente me detestava e me ignorava! Olhei pra ela, ela olhou pra mim. Nenhum olhar solidário e nem de compreensão. Muito menos amigável. Dei de ombros. Que seja, vamos ver no que vai dar!

        O professor nos distribuiu um material e nos explicou o que tínhamos que fazer. Eu entendi, mas não prestei muito a atenção. Só olhava pra Bella que agora estava pegando o copo de água que o professor tinha nos entregado e depois ela pegou uma pastilha efervescente.

        -O que vai fazer? – perguntei rápido demais.

        -Acho que experiência, né? – ela respondeu sarcasticamente. Olhei pra luva de borracha que o professor tinha nos dado. Aquela era uma experiência que eu conhecia muito bem. Havia feito na feira de ciências do ano passado. Ia ser fácil. Na verdade era bem simples. Ela já ia colocar a pastilha.

        -Espere. – eu disse. Ela parou o movimento no meio – O que foi? – perguntou ligeiramente irritada.

       -É que eu fiz essa experiência no ano passado e...

       -Ai, o que foi agora? Ta pensando o que? Que eu não sei fazer nada direito?

       -Não é isso, eu só...

       -Eu já entendi. Você tem que colocar a luva de borracha RAPIDAMENTE depois da pastilha. – ela falou.

       -É isso que eu ia dizer – me rendi.

       -Viu só? – ela parecia presunçosa.

       Ela botou a pastilha e depois tampou a boca do copo com a abertura da luva. A luva encheu e inchou. Ela sorriu exibida. Revirei os olhos. Só faltava essa! O professor foi conferir os resultados. Todos haviam feito perfeitamente. Seria isso que ele estava tão ansioso? Era um experimento simples demais. Ele olhou para mim e para Bella.

       -Sra. Swan poderia me dizer qual o sentido químico ou conclusão dessa experiência? – ele perguntou para ela. Bella hesitou. Eu vi as orelhas dela ficarem vermelhas e o rosto corar. As mãos se contraíam e descontraíam em baixo da mesa. Percebi que ela não sabia a resposta. Eu não queria que ela ficasse em maus bocados logo no primeiro dia e eu conhecia bem a turma e se eles resolvessem pegar no pé dela logo no inicio não iriam largar mais, então por mais idiota que seja minha decisão, resolvi ajudar.

        -Professor se me permite, gostaria de responder essa pela minha colega de equipe.

        Ele olhou pra mim por um momento e então assentiu.

       -Claro. Tudo bem Sr. Cullen.

       -Há uma reação química entre o comprimido e a água, liberando um gás, que infla a luva de borracha. A explicação para isso é que o comprimido contém bicarbonato de sódio, que reage com a água, e libera CO2, que é o gás que encheu a luva – expliquei, me sentindo um nerd idiota. Eu falei exatamente as mesmas palavras do livro em que havia lido no ano passado.

       -Correto – falou o professor. Eu me virei para a Bella, sorrindo gentilmente. Talvez agora finalmente nós nos déssemos bem. Olhei para ela e me assustei com a expressão furiosa dela.

       -Qual o seu problema, hein? Por que não me deixou responder? – ela sussurrou vermelha.

       -Bem... Eu pensei que você não sabia – admiti. Ela me fuzilou com os olhos.

       -Será que não dá pra parar de pensar que sou burra?

      -Tá... Mas eu nunca pensei que você fosse burra – respondi. Ela parou de olhar pra mim e olhou pro professor que agora explicava o segundo experimento. Eu era realmente bom e interessado em química, pois logo reconheci o segundo experimento. Eu já tinha visto na internet e tinha que admitir que era bem mais interessante. Envolvia ácidos e coisas do tipo.

       Ele nos entregou o novo material e eu e Bella começamos a fazer. Acrescentamos líquidos e ácidos em um frasco. Eu me lembrava de ter visto na internet que borbulhava às vezes. Bella pegou a pastilha efervescente e já ia acrescentar ao experimento, então me lembrei de dar essa instrução pra ela. Eu ia dizer, mas mudei de idéia. Provavelmente ela já sabia e ia ficar ainda mais brava se eu lhe subestimasse pela terceira vez. Mantive-me calado e me afastei um pouco, só observei. Ela largou a pastilha no experimento e observou com a mão apoiada na borda do frasco. O líquido começou a borbulhar e um pouco do conteúdo saltou na mão dela. Logo ela começou a gritar. O líquido era puro ácido. A mão dela devia estar queimando e ardendo demais. Foi só uma mínima gota, mas era o bastante para lhe machucar muito. Eu corri até ela e a peguei nos braços pouco antes de ela cair de dor. Ela chorava e gritava. Todos olhavam. Ela me apertava o braço com a outra mão enquanto agonizava. Eu não sabia o que fazer naquele momento agonizante.

        O professor se aproximou de nós e seguimos para a enfermaria da escola. Eu, o professor e Bella que se mantinha agarrada em mim enquanto tentava não chorar, mas falhava bruscamente na tentativa.