Quando Bella acordou já estava escuro, e ela sentia uma baita fome. Trocou de roupa e desceu as escadas indo até a cozinha. Fez um sanduíche e então foi  pra sala. Ligou a televisão e percebeu que eram quase nove horas. Ainda estava passando o jogo dos Yankees.

Pela primeira vez em sua vida, Bella começou a prestar atenção em um jogo de baseball. Ninguém da sua família nunca acompanhara os jogos, seu pai sempre gostara mais de assistir partidas de basquete.

Para ela, o jogo era uma incógnita. Apesar de saber algumas regras básicas, aprendidas na infância, quase por osmose, como qualquer outra criança norte-americana, não entendia a dinâmica do jogo e nem mesmo conhecia os nomes de alguns times da liga principal.

Durante aqueles meses sozinha, ela se absteve de assistir a qualquer partida, para não ver Edward e cair na tentação de tentar entrar em contato com ele.

Como agora isso era uma coisa totalmente ultrapassada e sem sentido, deu uma mordida no sanduíche, continuando a observar atentamente o que acontecia na enorme TV 3D-HD.

Viu Edward na base, agitando o bastão de um lado para o outro, o olhar relaxado e confiável. Até mesmo a postura parecia surpreendentemente graciosa.

“- E agora, Cullen rebatendo... enquanto ele permanecer ocupando essa posição, o Yankees é praticamente imbatível!”, dizia o comentarista.

“- É mesmo! A constância dos resultados das rebatidas dele é surpreendente.- dizia outro comentarista. – Chova ou faça sol, são sempre ótimos, e isso reflete no desempenho do time, dando confiança aos companheiros!”

“- É isso mesmo, George! O homem vale cada centavo da fortuna que o Yankees paga a ele!”

Nesse momento, o arremessador jogou a bola rapidamente, de modo tão forte, que Bella, horrorizada, soltou um pequeno grito quando viu Edward se lançar ao chão para escapar do impacto que a bola faria em seu rosto. Aquela jogada não podia ser legal!

Bella pressionou a mão em seu estômago e prendeu a respiração. Só voltou a respirar aliviada quando Edward sinalizou ao banco que estava bem e se levantou, limpando o pó do uniforme.

A multidão no estádio vaiava o lançador do time adversário, enquanto Edward se mostrava perfeitamente calmo. Já Bella, estava xingando mais que bêbado em fim de festa, fato inédito para ela.

“- Smith está querendo irritar Cullen – disse o comentarista – No entanto não está conseguindo obter sucesso. E lá vai ele arremessar novamente!”

Edward se ajeitou pra rebater novamente e dali a pouco, em um movimento elegante e preciso, se ouviu o barulho do taco rebatendo a bola.

“- Mas que rebatida é essa! – disse o comentarista, entusiasmado – Cullen é O cara! Que rebatida!”

Edwrd começou a se movimentar entre as bases, enquanto a multidão no enorme estádio entrava em um estado de quase histeria. Quando terminou ou percurso, os amigos de time estavam lá para comemorar com ele o home run.

Ele sorriu, tirou o boné, passando as mãos pelo cabelo, naquele gesto agora tão familiar para ele e jogou o boné para a multidão.

E nem fez caso de James Smith o inútil lançador, que estava extremamente infeliz olhando a comemoração, solitariamente, de seu monte no meio do campo.

- É imbecil... pode chorar, chora! Meu marido é melhor que você! – Bella se ouviu exclamando, euforicamente.

“- Com certeza essa será a última vez que Smith tentará prejudicar Cullen! – disse o comentarista, com uma risada.”

“ - Ele foi mexer com quem estava quieto e essa foi a resposta. E o jogo está dois a um para os Yankees!”

Bella foi estourar um saco de pipoca no microondas, durante o intervalo e voltou a sentar-se no sofá, se interessando cada vez mais pelo jogo.

Era um esporte tão organizado... havia algo que satisfazia muito seu senso de ordem: a precisão dos movimentos, a maneira como cada jogador funcionava individualmente como parte de um todo, como se o time fosse um conjunto de engrenagens que sozinho não fazia nada, mas juntos fazia algo funcionar. Havia um rodízio de posições, assim como no vôlei.

Enfim, até que era um espetáculo que a satisfazia assistir. Sabia que era gostoso praticar um esporte, fora do time de basquete na escola, mas nunca parara pra assistir. Era tão gratificante quanto jogar.

Depois que o jogo acabou, subiu as escadas e escreveu sobre suas impressões em seu diário por mais ou menos uma hora. Quando finalmente pousou a caneta sobre o caderno fechado, olhou pela janela. Nenhum sinal de Edward.

Suspirou, desalentada. Essa não era noite de núpcias dos sonhos de garota nenhuma e com certeza, não dos dela. Se sentiu muito só.

Quando ia fechar as cortinas, os faróis do carro de Edward iluminaram a entrada da casa.

Edward chegara. Por alguma razão inexplicável, Bella começou a se sentir apreensiva. Continuou sentada na cadeira da escrivaninha, até ouvir o som da voz de Edward na base da escada.

- Bella, ainda está acordada?

Ela saiu do quarto e desceu as escadas.

- Estou. Como foi o jogo?

- Bom. Mi querida, faz um sanduíche pra mim? Estou morto de fome!

- Claro. – ela disse e ele sorriu. – Não comeu nada desde o almoço?

- Não gosto de jogar de estômago cheio.

Ele se sentou na cadeira à mesa da cozinha, olhando Bella lhe preparar um sanduíche de peito de peru com salada.

- Eu assisti ao jogo. – ela disse, enquanto colocava o sanduíche na frente dele. – O que você quer beber?

- Leite, por favor.

Ele mordeu o sanduíche com vontade e perguntou.

- Pensei que você não assistisse baseball.

- E não assistia. Até agora.

Ela encheu dois copos de leite, um pra ele e outro pra ela.

- Porque aquele lançador jogou a bola daquele modo em você? O comentarista deu a entender que foi de propósito.

- E foi. – Ele deu um gole no leite, olhou a expressão horrorizada de Bella e riu. Então falou:

- Não fique apavorada assim corazon!  O baseball é uma guerra constante entre o lançador e o rebatedor, e uma das batalhas é o limite de distância entre um e outro. Quando o rebatedor se aproxima mais que o necessário, dificulta a vida do lançador e esse usa qualquer método para fazê-lo recuar

- Até mesmo jogando a bola nele de modo violento? Mesmo quando você nem estava em posição de rebater? – ela disse, revoltada.

Ele levantou as sobrancelhas de modo interrogativo.

- Obrigado por me defender! Pode crer, eu não gosto de ter uma bola coma  velocidade de cem quilômetros por hora sendo jogada contra a minha cabeça!

- É, eu penso que não.

Ficaram alguns minutos em silêncio, enquanto Edward terminava seu sanduíche. Então Bella disse:

- Algum dia você pensou que sua noite de núpcias seria assim? Com uma mulher grávida, redonda que nem um balão, comendo sanduíche na cozinha?

Ele riu, seus dentes brancos se destacando no sorriso torto.

- Não. Mas não estou me queixando. Estou sentado numa cozinha, com a minha esposa, a mulher grávida mais bonita que já vi, que NÃO parece um balão. Teremos tempo pra uma lua de mel decente mais tarde.

Ela sorriu.

- Ainda tem aqueles biscoitos que você assou ontem? Estavam deliciosos!

Ela indicou a lata em cima do armário e ele pegou.

- Nós não somos exatamente um casal romântico, não é? – ele disse, com algum bom humor, olhando nos olhos dela.

O rosto de Bella se iluminou um pouco com um sorriso também.

- É, não somos, rs... – ela disse, com a mão repousada no ventre.

- Você está carregando meu filho, me alimentou, me escutou. O resto pode esperar até você estar preparada.

Ele falou “o resto” com malícia no olhar, e Bella lembrava muito bem o quanto aquele “resto” lhe deixara atordoada. Tirou as coisas da mesa e foi até a pia.

Ao ver que Bella fazia menção de lavar a louça, Edward disse, impaciente:

- Venha, vamos dormir. Eu te mantive acordada até tarde nesse dia extremamente cheio. Deixe a louça aí, Maria limpa amanhã. É o trabalho dela.

E pegando a mão de Bella, saiu da cozinha.

- Seu trabalho, mi querida – ele disse, enquanto subiam as escadas – é apenas cuidar bem do nosso filho.

E naquela noite, Bella apenas dormiu, tranquilamente, de conchinha, com  Edward, que repousava a mão em seu ventre.