Hermione acordou sentindo um vazio. Tateou o lado da cama e percebeu que estava vazia. "Tudo não passou de um sonho?" perguntou-se. Não deixou de ficar um pouco desapontada com esse pensamento. Por mais que trair Córmaco parecesse errado, estar com Ron foi maravilhoso, mesmo que isso não passa-se de sonho.

Melhor levantar. - e o fez.

Teria que levantar mais cedo ou mais tarde, Rose logo acordaria e tinha uma fome impressionante, assim como o pai.

Passou no banheiro, e foi ao quarto da filha.

Rose, meu amor. Tá na hora de acordar.

Não desejo a ninguém o desespero de uma mãe ao não encontra a filha onde deixou...

Ron acordou com alguns raios de sol, entrando pela cortina da janela, que estavam atingindo seu rosto. Hermione dormia com a cabeça encostada em seu peito. Achou melhor deixá-la descansar. A noite foi bem cansativa. Principalmente quando ela teve que contar a ele certas coisas.

Como esperar isso do senhor Granger? Um homem que sempre se mostrou tão preocupado com a família, agir de maneira tão... horrível.

Com muito cuidado, desvencilhou-se de Hermione e saiu do quarto. Como se a casa lhe pertencesse, foi a cozinha e abriu a geladeira procurar algo para comer. Procurou, procurou, não achou algo que fosse passar sua fome, então decidiu pegar uma maça. Agiu tão naturalmente que não percebeu a presença de alguém...

"Tem" é "voxê"? - Rose olhou Ron dos pés a cabeça, enquanto segurava um ursinho de pelúcia.

Ah, eu? - não podia dizer que era seu pai... ou podia? - Eu sou Ronald, Ron Weasley - agaixou-se para ficar na altura de Rose, logo em seguida estendeu sua mão para que ela apertasse. - Sou seu p...

Rose! uma Hermione exasperada gritou. - Você está ai. Fiquei assustada quando não te vi no quarto.

Mamãe vai "biga" com eu? - Rose fez cara de choro.

Não, não vou brigar com você?

Hermione abriu os braços em um sinal de "quero um abraço!" Rose entendeu o recado e se atirou na mãe, que a pegou no colo.

Ui, que abraço gostoso. - falou fazendo a menina rir.

Mamãe, "eie" é "bunitu" né? - disse se referindo a Ron.

Realmente não tinha percebido a precença do ruivo. Para ela tudo não tinha passado de um sonho, um sonho muito realista... Agora sabia porque.

Ah... Bom dia Ronald. - desejou um pouco perplexa. Vê-lo ali tinha lhe dado um animo incomum.

Bom dia Hermione. - em um impulso Ron a beijou nos lábios. Rose tapou os olhos com as mãos.

Ron... - a moça o repreendeu.

"Voxês" "sõn" "namolados"? - perguntou olhando de um para o outro.

Não! - Hermione respondeu arregalando os olhos com a pergunta.

Sim! - Ron falou com um sorriso maroto brincando em seus lábios.

Os dois responderam em sincronismo.

''Estô" "cofusa"

Meu amor, porque você não vai brincar - disse antes de colocá-la no chão. - enquanto eu preparo algo para você comer? Que tal?

Eu posso? - seu olhos azuis brilharam. Se tinha algo que ela gostava de fazer era brincar.

Claro, vai lá.

Rose foi saltitante e sorridente ao seu quarto.

Hermione abriu algumas gavetas, pegou facas, garfos e colheres. Abriu uma das portas do armário, pegou pratos e copos.

Quer ajuda? - perguntou normalmente.

Hermione virou-se para ele com uma faca na mão e disse:

Você, não se aproxime de mim. - apontou a faca para seu rosto.

O que foi? - perguntou assustado. Hermione poderia ser um anjo algumas vezes, mas com a ferramente certa em suas mãos poderia fazer um estrago. Optou por livrar Hermione do objeto.

"Vocês são namorados?" - imitou a filha. - "Não" "Sim". Quer mais alguma coisa? - voltou a concentrar-se em preparar o café da manha, abriu a geladeira e pegou ingredientes para fazer panquecas.

Você tem alguma duvida? Depois de ontem? - perguntou como quem não quer nada.

Ron, as coisas não são simples. Aquilo não devia ter acontecido!

Está arrependida?

Sim. - respondeu de costas.

Ron a virou, fazendo com que ela o encarasse.

Tem certeza?

Não. Quer dizer, sim, ah, não sei.

Ron sorriu maroto. Era legal fazer a cabeça dela. Quando mais jovens, nem tanto, Ron se divertia confundindo ela. Divertia-se mais sabendo que ela era uma garota bipolar.

Ron, isso não está certo.

O que? - se fez de desentendido.

Ora, não se faça de desententido. - Hermione parecia impaciente. - Isso é grave, muito grave!

O que é grave, muito grave?

Você tem Lilá - falou com certo desprezo - , e eu tenho Córmaco, nós os traimos. Não deveriamos ter feito. Não e não.

Ah, esqueça isso. - enlaçou Hermione pela cintura. - Já foi, não tem como mudar o passado. - beijou sua testa. - E mesmo que pudesse eu não mudaria. - a abraçou.

Mas, e Lilá? Vocês moram juntos, não? - perguntou ainda abraçada ao ruivo.

Bem, sim, mas ela está viajando com Evy.

Evy? - o encarou confusa.

Evangeline.

Ah, certo, certo.

Mamãe, "tô" "tum" fome. - Rose reapareceu na cozinha passando a mãozinha na barriga.

Hermione se segurou para não rir do jeito dela falar. Era tão fofo o jeito erado dela.

Tá bom meu amor, mamãe já está fazendo alguma coisa pra você comer.

Meia hora depois os três estava sentados na mesa, se alimentando. Rose entre Ron, que estava a direita, e Hermione, que estava a esquerda. Tiveram um refeição um pouco silenciosa, a não ser por Rose perguntar coisas que deixaram sua mãe um pouco rubra.

Um pouco mais tarde tiveram o almoço, que foi bem mais agitado...

Que tal irmos ao parque? - Ron sugeriu e Hermione quase engasgou.

Legal! Mamãe "nõ" me leva eu no palquinho. Pelque ela "tá" "sempi" ocupada. - Rose falou tristemente.

Adorava ir ao parque, mas Hermione quase nunca podia levá-la, o trabalho não deixa.

Então hoje nós iremos. - anunciou o ruivo.

Não, não vamos. - Hermione o contrariou.

"Pelque" manhê? - Rose perguntou toda manhosa.

Você tem escola amanha. E eu e seu pai...

Meu pai? - repetiu confusa.

Seu pai? Não, não, eu disse Ron. - falou quase rindo.

Não, não "falô". a ruiva era muita esperta para idade, e isso às vezes era um problema.

Mione, acho melhor falar a verdade para ela. - Ron disse pesaroso.

Ela não vai entender.

Eu "aina" tô "ati". Rose falou como se pensasse que tinham esquecido de sua presença.

Ok. Muito bem. - Hermione respirou algumas vezes profundamente tentando manter a calma. - Rose, tem uma coisa... que preciso te contar... - ela estava tensa.

O "te"? questionou curiosa.

Ah, sabe... sabe... Ron, ele... bem, ele... ele é... - tentou não gaguejar, mas era quase impossível. Um assunto difícil a ser tratado com a filha.

Eu sou seu pai, Rose. - falou sem rodeios.

Ron era muito direto, e isso em 100% das vezes encomodava Hermione profundamente.

Meu papai? - perguntou alegre.

É, sou, sou seu papai.

Rose não sabia direito o que significava ter um pai, mas sabia que era algo muito importante para ela. Meio que inconscientemente saiu de sua cadeirinha e abraçou Ron.

Papai.

Uma felicidade inesplicável tomou conta de Ron. Não saberia responder o que estava sentindo, e mesmo que soubesse não responderia. Queria guardar aquele sentimento somente para si. Com tão pouca idade, mas tão esperta. Tão pequena, mas tão grande. Tão Rose, mas tão Hermione.

Hermione sempre lhe disse que Córmaco não era seu pai, e Rose, como uma garota curiosa perguntava quem ele é, mas a morena sempre desconversava. Agora não tinha mais o que omitir...

Mais tarde Hermione e Ron tratariam de negócios. Agora não era hora para atrapalhar esse momento...

Se antes, quando não sabia que faria negócios com Hermione, Ronald iria aceitar o projeto, agora tinha mais certeza ainda. Não perderia nenhuma oportunidade de ficar com sua amada.

Passaram duas incríveis semanas. Ron queria participar ativamente da vida de Rose, o que preocupava Hermione um pouco. O ruivo fez questão de levar as duas mulheres de sua vida para passear, sempre que podia. Não poderia desperdiçar esse tempo que tinham. Tentaria recuperar o tempo perdido... Mas como tudo que é bom dura pouco, Córmaco retornou e com ele o humor de Hermione foi embora, desceu pelo ralo. Ron trouxe em dois dias o que Córmaco não conseguiria nem em dois anos. Deixou Hermione com sorrisos sinceros. Essa é uma das coisas que adimirava em Ron. Ele é o único que a faz feliz de verdade... Sem contar Ginny e Harry, é claro, pois a amizade deles não tem comparação...

Alguns dias antes de Córmaco voltar...

Hermione, não vou conseguir ver você com o Mclanche infeliz. - Ron confessou enquanto davam uma volta com Rose, que estava um pouco distante.

Sinto muito, não posso fazer nada. - falou com pesar.

Por hora, pelo menos.

Do que está falando? - disse encarando seus olhos azuis.

Por enquanto não fará nada, mas logo mudaremos isso.

Ron...

Shi, mal posso esperar para que possamos estar juntos novamente. - ele não a encarava. Olhava Rose divertir-se correndo atrás de pássaros. - Eu, você, Rose e um cachorro. Golden retriver, gosto dessa raça.

Hermione gargalhou.

Quem sabe, mais futuramente, daremos um irmãozinho à ela. - acenou com a cabeça a ruiva que vinha em direção a eles.

Ron...

Não diga nada. - a cortou pela segunda vez. - Não estrague esse momento, por favor.

Mamãe, mamãe, "voxê" viu eu? - Rose perguntou a mãe, com o rosto quase tão vermelho quanto os cabelos, por causa da corrida...

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Senhora McLaggen? - Clémence entrou apressada na sala de Hermione.

Me chame de Hermione, por favor. - McLaggen lhe dava arrepios.

Certo, Hermione.

O que houve? - perguntou percebendo a pressa da moça. - É algo com Rose. - já estava temendo o pior.

Não, não. Se acalme. É que chegou este envelope para você. Não sei, mas veio com caracter urgente e sem remetente. - disse entregando-o a jovem.

Hermione abriu o envelope receosa e muito cautelosa. Cartas ou qualquer outra coisa sem remetente não era sinônimo de coisa boa...

Nele continha fotos, muitas fotos, fotos dela com Ron e Rose se divertindo, deles namorando, dividindo um sorvete, brincando com a filha, entre outras cenas. Também tinha uma carta anônima, escrita com letras retiradas de revistas, que Hermione leu silenciosamente.

"Como a vida é bela, não?

Mas tem algo errado ai,

Nessas fotos...

Algo que não te pertence...

Cuidado, muito cuidado..."

Realmente, não era coisa boa...