Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 9
Capítulo 8: Novo começo


Notas iniciais do capítulo

Er... Eu demorei mais que o normal, não é? Tá, me desculpem por isso, mas é que Zapdos andou passando aqui quase todas tardes, então teve uma tempestade do cão... E me atrasou. E no sábado, eu pretendia finalizar e postar, mas minha mãe me obrigou a acordar cedo e omos para uma festa de aniversário chata para caramba, e só fui voltar lá pelas três da manhã!
Ma svejam pelo lado bom, eu postei hoje de madrugada, o que eu não deveria ter feito, já que meus pais poderiam acordar, me ver no pc e me deixar de castigo... Mas tá aí, e spero que gostem, meus fantasminhas :3
Boa leitura o/



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Sim, aquilo era claramente uma evolução.

O brilho de Khurtnney pareceu aumentar ainda mais, tomando todo o quarto da sala. A Pichu começou a crescer rapidamente no colo de sua treinadora. Suas orelhas triangulares cresceram, e ficaram bem mais longas e finas. Sua cauda cresceu para o formato de um raio, com a ponta cortada formando um V. Seus braços se tornaram maiores e mais fortes, diferentes dos da pequena Pichu.

Finalmente, o brilho se extinguiu, e Khurtnney fez uma exclamação, olhando para si mesma.

– O que aconteceu? - Perguntou, olhando para as próprias patas maiores.

Finalmente, se acostumando novamente a claridade normal, Larysse olhou para Khurtnney. Seus pêlos amarelos agora estavam em um tom mais escuro, e em suas costas havia um par de listras marrom-avermelhado. Ela não tinha mais a coleira negra em seu pescoço, muito menos o preto da cauda. A única coisa que permanecera quase igual eram suas longas orelhas, com a mancha preta em forma de triangulo e uma ponta triangular também preta, assim como tinha nas orelhas quando Pichu. Suas bochechas estavam um pouco mais vermelhas e um pouco maiores, e os olhos castanhos mais intensos e escuros. Ela havia mudado completamente.

– Uau... Isso é... Incrível! – Exclamou Khurtnney.

– Ela evoluiu... – Murmurou Joy, olhando para a Pokémon, incapaz de compreender suas palavras.

Larysse abriu um enorme sorriso, orgulhosa.

– Sim, é completamente incrível! – Disse ela, ignorando a Enfermeira Joy.

– Agora que eu evoluí... – Disse Khurtnney, ainda examinando a si mesma. – Eu estou mais forte, não é?

Larysse assentiu, e olhou para a enfermeira Joy, que ainda a encarava com surpresa. Logo ela deu um enorme sorriso, e disse:

– Bem, acho que está tudo bem agora. Parabéns pela evolução. Sua Pokémon deve gostar muito de você, pois Pichus só evoluem quando bem tratados ou quando confiam muito em seu treinador...

Khurtnney virou o rosto, constrangida, mas Larysse agradeceu, feliz, e acariciou a sua mais nova Pikachu. A Enfermeira Joy continuou:

– Sugiro que continue cuidando bem dela, porque assim como nós, os Pokémons também tem sentimento, e precisam de muito amor e carinho. Eles não são só usados para conseguir fitas, insígnias e batalhar. – Ela fez uma pausa, e se aproximou da menina. – É bom você comprar antídotos e outras coisas medicinais para poder ajudá-la quando ela precisar, já que nem sempre você vai encontrar um Centro Pokémon nas estradas... Além disso... – A enfermeira hesitou, mordendo o lábio.

– O que foi? – Perguntou Larysse curiosa. Khurtnney também olhou para a enfermeira Joy, querendo saber.

– É que... Ultimamente vem acontecendo umas coisas estranhas em todos os Centros Pokémon do continente.

– Que tipo de coisas? – Perguntou Khurtnney, e Larysse repetiu sua pergunta.

– Bom, nós usamos uma tecnologia de ponta para cuidar dos Pokémons, e sem isso, é quase impossível cuidar de todos os Pokémons que os Centros recebem, principalmente na época da Liga e do Grande Festival. – Ela hesitou mais uma vez. – Ultimamente, um vírus está atacando nossos computadores, o que praticamente destrói tudo, e por causa da facilidade da tecnologia, não há muita gente para ajudar... E não é só por aqui, entre Sandgem, Twinleaf e Jubilife. Por todo continente isso vem acontecendo, e os treinadores muitas vezes não sabem cuidar de seus Pokémons do jeito convencional ou simplesmente não cuidam, acreditando que o próximo centro não estaria infectado com o vírus... E isso está resultando em muitas mortes dos Pokémons.

– Mortes...? – Perguntou larysse, perplexa. – Mas... Como assim?

A Enfermeira Joy bufou.

– Você acha que os Pokémons são imortais ou indestrutíveis? Eles podem ser resistentes, mas também podem morrer...

– Mas isso é horrível. – A menina engoliu em seco, fazendo barulho. – Eu não quero que você morra, Khurtnney.

Em resposta, a Pikachu apenas lhe dirigiu um sorriso tímido, provavelmente pensando no assunto também.

– Então, acho que você deveria cuidar dela o modo convencional, mesmo que haja um Centro Pokémon por perto. Além disso, isso a permite conhecer mais seu próprio Pokémon. – A mulher de cabelos rosa deu um sorriso gentil.

– O que é que está causando os vírus? – Perguntou ela.

A menina ficou em silencio por um tempo, pensando no que a enfermeira havia dito. É claro, ela sabia que Pokémons podiam sim, morrer, mas a ideia ainda a deixava assustava. Porque treinadores confiariam tanto assim nos centos Pokémons para cuidar de seus Pokémons?

Assim que essa pergunta lhe veio à mente, ela já sabia a resposta. Por vários anos, mesmo sem tecnologias, os Centro Pokémons foram e vêm sendo a melhor coisa na vida dos treinadores, lhe oferecendo abrigo, comida, e tratamento de graça para os Pokémons dos viajantes e de todos que pediam ajuda as enfermeiras e outras pessoas que trabalhavam ali. Então, sempre que alguém tinha um problema com seu Pokémon, um Centro Pokémon resolvia.

Mas... Ainda assim, deixar de cuidar de seu Pokémon, deixar de ajudá-lo e mostrar que se importava com ele era algo um pouco... Cruel, pelo menos no ponto de vista de Larysse. Pelo menos ela, gostava de star junto de Khurtnney, e gostava de conversar com ela, mas os outros treinadores não tinham a capacidade de entender cada palavra que diziam como ela.

Ainda pensando, a menina continuou acarinhando Khurtnney, e afastou os pensamentos. Aquilo não era uma coisa que aconteceria com ela, e sim com as outras pessoas.

– Ei, Khurtnney, vamos para o quarto?

– Sim! – Respondeu ela, animada, e pulou para o chão.

Rapidamente, Khurtnney correu para fora da sala e Larysse a seguiu correndo também, mas Khurtnney era mais rápida, tanto por seu tamanho quanto por seu peso, além de se mover nas quatro patas. Observando-a, Larysse logo esqueceu o que a Enfermeira havia dito sobre os vírus. Estava tão feliz por ela ter evoluído. Parando na porta, Khurtnney esperou por Larysse, já que não tinha altura o suficiente para chegar até a maçaneta. Finalmente, a Pikachu parou no corredor e deixou que sua treinadora a guiasse até o quarto que dividia com Satoru.

Quando o abriu, encontrou Satoru deitado novamente, virando-se na cama e gemendo constantemente. Seus olhos estavam fechados, e ele estava dormindo, mas não parecia ter um sonho bom. A menina estranhou. Nunca o tinha visto dormindo, a não ser no acampamento, mas ficara pouco tempo acordada para descobrir como ele era em seu sono. Khurtnney olhou para ele também, curiosa. Olhou pelo quarto em busca de Growlithe, e o encontrou dormindo na parte de cima do beliche.

Satoru começou a se mexer ainda mais na cama, gemendo alto, como se estivesse sentindo dor. De repente, na mesma altura dos gemidos, ele começou a falar.

– Não! – Disse. – Não, não, não, não, não, não... – Ele continuou repetindo, como um cântico, até que ele o interrompeu: - Mamãe! Não, por favor, mãe, não faça isso!

Curiosa, Larysse se aproximou dele, com Khurtnney caminhando nas patas traseiras atrás dela. Larysse se sentou na beirada da cama, longe do menino, que se virava constantemente. Ele disse a palavra “mamãe” mais uma vez, e afundou o rosto no travesseiro, ainda murmurando palavras, mas desta vez, abafadas.

A menina estremeceu, com medo.

A única coisa que Larysse sabia da mãe de Satoru, é que fora morta pela Equipe Rocket num ataque terrível a casa deles, e fora algo horrível. Na época, pelo o que ela vira nos noticiários, a Equipe havia torturado todos os membros da família, incluindo seu amigo, e roubado coisas de valor, até mesmo alguns Pokémons de Thomas e Anne, que foram recuperados mais tarde. Numa manhã, ela vira uma reportagem exclusivamente dedicada a Satoru. Parece que ele estava com trauma, e estava internado num hospital, sendo fortemente medicado. O garotinho estava praticamente louco.

Depois daquilo, se Larysse se lembrava bem, disseram a história do menino de forma bem dramática. Prestara pouca atenção, pois preferia ver outras coisas, e estava assistindo o noticiário naquele dia só para ver noticias sobre novos e velhos treinadores, mas a reportagem demorara muito tempo. Tentou forçar a mente e procurar por mais lembranças, mas todas estavam enevoadas, inalcançáveis. Apenas se lembrava que o menino estava muito abalado, e precisava ficar por muito, muito tempo, na clinica onde havia sido internado. Não sabia detalhes, nem nada que pudesse ajudar a responder com o que ele estava sonhando.

Larysse nunca perguntou nada sobre aquilo quando o conheceu. Seus pais disseram para não fazer isso, quando a escola recebeu a noticia que o garoto iria estudar lá. E depois daquilo, nem ao menos perguntara. Nem ao menos se interessava em saber.

Afastou os pensamentos, e colocou a mão no ombro do menino, balançando-o.

– Acorda, bicho preguiçoso. – Disse ela. – Você está sonhando.

Satoru soltou um profundo suspiro, se calou, e depois de alguns segundos, se virou, e abriu os olhos castanhos para Larysse e piscou, como que para focar a visão.

– Ah, é você... – Murmurou ele, sonolento.

– Como assim “é você”? – Perguntou Larysse, irritada, afastando-se do garoto.

– Nada. – Satoru bocejou, e se sentou na cama. – Droga, está muito cedo. Porque me acordou tão cedo assim?

– Você estava tendo um pesadelo. – Ela bufou. – Deveria me agradecer por isso.

– Eu tive um pesadelo? – Satoru franziu o cenho.

– Teve. – Disse Khurtnney, tirando a atenção dele.

O garoto olhou para ela e arregalou os olhos, fitando-a de cima a baixo – o que não demorou muito-. A Pikachu deu um sorriso presunçoso, e perguntou:

– Como estou?

– Diferente. – Respondeu o menino erguendo uma sobrancelha. – Como assim você evoluiu?

– Não sei. – Respondeu ela. – Só aconteceu.

Satoru ergueu as sobrancelhas novamente, e chamou Growlithe. O cão se recusou a acordar, resmungando, então Satoru o ignorou. Depois disso, ele foi direto para o banheiro e se trancou lá dentro, deixando Larysse pra trás com uma expressão confusa. “Ele é maluco”, pensou ela, rindo, e pegou sua Pokedex na mochila. Ligou, e apontou para Khurtnney, que olhou para Larysse com um sorrisinho convencido. Logo, a voz mecânica soou:

Pikachu, o Pokémon Rato elétrico

Nativo da região de Kanto, Pikachu é a forma evoluída do Pichu. É um Pokémon inteligente, que usa seus choques elétricos para deixar o gosto picante das Berries doce o suficiente para comer, além de muitas vezes usar seus choques elétricos para curar outro Pikachu. Se esse Pokémon perder a eletricidade armazenada em suas bochechas, pode ficar doente.

– Huum, isso é interessante. – Disse.

Logo após, Larysse começou a conversar com Khurtnney e depois Growlithe, que levantou pouco tempo depois para olhar a Pikachu, que estava orgulhosa de sua nova aparência. Enquanto esperava por Satoru, contou a pequena um dos Contests que assistira pela televisão e explicou como funcionava. Respondeu suas milhares de perguntas, pelo menos até o que sabia, já que nunca havia participado de um Contest antes. Depois, Khurtnney começou a descrever suas idéias para a apresentação, no qual planejaram treinar mais tarde, depois de tomarem um bom café da manhã. Não demorou muito para Satoru sair do banheiro e Larysse ir no lugar dele, deixando os Pokémons conversando com o menino. Este parecia um pouco distante, mais do que o normal, mas Larysse não deu importância. Estava feliz por Khurtnney.

Não muito tempo depois, Clair chamou as crianças para irem até o refeitório para um breve café da manhã, e encontraram o grupo de Altaris novamente, que os acompanhou. Logo depois disso, decidiram ir para o campo de treinamento do Centro Pokémon, e Altaris prometeu que daria dicas a eles de como começar um treinamento, já que eram novatos no assunto.

Como o Centro era humilde, ao invés de uma arena real, era um grande campo atrás devidamente feito para batalhas. Grande, espaçoso e sem obstáculos, o que era perfeito. Tinha espaço o suficiente para que todos, inclusive Alyss, Drew e Altaris pudessem treinar.

Eles liberaram seus Pokémons, com exceção de Altaris, já que seu Charmander sempre o acompanhava.

Primeiro, o Pokémon de Alyss surgiu da Pokeball, rodeado por bolhas criadas por um Seal de água, que provavelmente estava em sua Pokeball, já que aquilo não era um efeito normal. O Pokémon era pequeno, não muito maior que Khurtnney, e parecia um pingüim azul claro. Seu rosto era redondo, e tinha um bico curto e amarelo. A maior parte de seu rosto era branco, porém quando chegava ao bico, um retângulo azul claro se fazia e depois se curvava num semi circulo acima dos olhos, o que o fazia parecer que usava uma espécie de mascara. O resto do corpo também era azul claro, com exceção de uma espécie de paletó que começava em seu pescoço e cobria as costas. Em seu peito, havia um par de círculos brancos que pareciam com botões, como se completasse seu paletó dessa forma. Seus pés eram do mesmo amarelo de seu bico, pequenos e chatos, mas ele andava normalmente.

Depois, Drew liberou seu Pokémon também. Era pequeno, muito semelhante a uma tartaruga. Tinha a cor verde claro, porém a maior parte de sua mandíbula inferior era da cor amarelo claro, e o focinho era ligeiramente curvado para baixo, dando-lhe o aspecto de um bico. As patas arredondadas também tinham a mesma cor amarelo claro da mandíbula, e provavelmente a sola dos pés também. No topo de sua cabeça, havia uma espécie de semente crescendo, com duas pequenas folhas em seu caule fino. Assim como uma tartaruga, ele tinha um casco, porém era da cor marrom, e uma linha negra o dividia verticalmente ao meio.

A garota mais nova olhou maravilhada para os Pokémons, assim como Satoru. Eram tão diferentes d e muitos que ela havia visto, mas sabia que eram os iniciais que muitos cientistas Pokémons forneciam para novos treinadores. Larysse pegou novamente sua Pokedex e apontou para o Pokémon azul que parecia um pingüim primeiro, e a voz mecanizada logo lhe deu as informações:

Piplup, o Pokémon pinguim

Nativo da região de Sinnoh, Piplup não gosta de ser cuidado, e dificilmente cria laços com seu treinador, e muitas vezes o desobedece. É orgulhoso, e odeia aceitar comida de humanos. Apesar de suas desprezíveis habilidades de caminhar, é um ótimo nadador.

Satoru olhou para a Pokedex da garota, se aproximando, com Growlithe aos seus pés, seguindo-o. Lentamente, ele estendeu sua mão até os botões da Pokedex e apertou alguns, tendo cuidado para não tocar Larysse. Seus dedos se moviam agilmente, porém a tela estava congelada na imagem de um Piplup sorridente. Logo, a imagem tremeu e foi substituída pelo mesmo Pokémon de Drew, e logo a Pokedex falou:

Turtwig, o Pokémon planta

Nativo da região de Sinnoh, Turtwig pode fazer a fotossíntese com seu corpo. Seu casco é feito com terra, e quando um Turtwig consome bastante água, esse casco fica duro e bem resistente. Turtwigs costumam ser gentis, mas um selvagem, quando capturado, é muito difícil de criar por seu temperamento.

Depois disso, ele gentilmente se afastou, roçando seu braço de leve no de Larysse que estava estendido para segurar sua Pokedex. Seus olhos se encontraram brevemente, mas o menino parecia sombrio, distante. O tempo pareceu parar por um instante, embora ela soubesse que não se passava de segundos que estavam ali, poucos e lentos segundos. Larysse engoliu em seco, com seu coração martelando em seu peito. Finalmente, ele se afastou, indo para um ponto do campo onde treinaria com Growlithe, que continuou seguindo-o como se nada tivesse acontecido. Khurtnney também parecia não ter notado nada de estranho, muito menos os outros, que nem ao menos perceberam o que Satoru havia feito com a Pokedex.

Aliás, o que ele havia feito? A menina tentou mexer nos botões como ele, mas tudo o que conseguiu foi voltar ao menu. Confusa, ela se perguntou se havia mesmo ouvido aquilo e se Satoru realmente tivesse olhado estranhamente para ela. Dando de ombros, voltou a falar com Khurtnney, e a menina sugeriu testá-la para ver o que havia mudado em sua força.

– Ei, Larysse! – Chamou Altaris, tirando-a de seus devaneios. – Venha aqui, por favor.

A partir disso, o menino instruiu todos eles de que modo poderiam instruir seus pokémons e assim, fazer um bom treinamento. De acordo com a explicação dele, poderia pedir para que eles aperfeiçoassem movimentos para ficarem mais fortes ou com uma intensidade maior, ou poderiam ensinar novos movimentos que a espécie era capaz de aprender. Explicou também que, aumentar coisas como agilidade e resistência também eram importantes em batalhas longas e competições, seja Contest ou algo qualquer.

Com as instruções do menino ruivo, Larysse se concentrou no seu treinamento, que tomou o resto da tarde. Clair decidiu ficar pelo Centro Pokémon por mais uma noite, e naquela tarde,

Mais tarde, quando a noite caiu, e todos já estavam exaustos, Clair chamou as crianças para voltar para o Centro, enquanto o grupo de Altaris, Alyss e Drew ficaram ali, batalhando entre si, embora os Pokémons parecessem cansados. Larysse simplesmente deu de ombros, e caminhou ao lado de Clair e Satoru em direção a seu quarto, todos animados com o que estavam fazendo. Khurtnney se acomodou no ombro da treinadora, segurando-se em seu pescoço para não cair. Growlithe seguia o mesmo exemplo, mais dormindo do que acordado.

Já no quarto, Larysse subiu para seu lugar no beliche, resmungando alguma coisa. Satoru se sentou abaixo dela, brincando com sua Pokedex, movendo os dedos agilmente pelos botões. Ela levantou uma sobrancelha, curiosa, mas se segurou para não ir ver o que ele estava fazendo.

– Ei, isso é legal. – Murmurou ele, encostando-se à parede, e cruzando as pernas para ficar mais confortável.

– O que é legal? – Perguntou Larysse, curiosa.

– Um negócio que meu pai me ensinou.

Growlithe olhou para Satoru com uma expressão aflita. Larysse não pode ver, o que não lhe levantou suspeita alguma. O garoto apenas olhou de volta para Growlithe, e com os lábios, disse: “Está tudo bem.”

– Que negócio? – Perguntou ela, curiosa.

– Na verdade não é nada, ele só me ensinou como fazer umas coisas com a Pokedex.

– Como assim? Tipo aquilo que você fez hoje mais cedo?

– Tipo isso, só que mais complicado. Se quiser, eu explico mais tarde.

– Tudo bem.

Satoru ficou em silencio, apenas mexendo na sua Pokedex, olhando com curiosidade o que fazia na Pokedex, até que finalmente a fechou, e se deitou, desdobrando os cobertores, o que era uma tarefa extremamente difícil.

Pensou em seu pai e nas coisas que ele havia ensinado e que incluía aquela... Coisa... Com a Pokedex. Havia sido pouco tempo que esteve junto de seu pai, mas as coisas que lhe ensinou foram úteis o bastante, e embora Thomas houvesse lhe dito não viu problemas para não ensinar a menina também. Claro, Satoru se preocupava com ela, e seu pai se preocupava com ele... E ter recomeçado com aqueles estranhos ensinamentos parecia provar a sua suposta preocupação.

Sim, depois que Satoru voltara da clinica seu pai começara a lhe mostrar coisas que ele nem ao menos sabia que existia ou que ele algum dia seria capaz de fazer. Mas, de certa forma, havia conseguido fazer tudo com destreza, o que lhe surpreendeu. Não se achava uma pessoa apta o bastante para aquilo, e aquelas coisas lhe assustavam, e o que mais o assustava era um dia estar em uma situação que exigia aqueles conhecimentos. O menino não se sentia bem sabendo que sabia daquilo. Não era coisa que se ensina a uma criança.

Será que Larysse se sentiria bem sabendo disso também? Eles não poderiam contar para Clair. Isso geraria outro segredo, e Satoru já estava cheio deles. Pelo menos, hoje fora um dia cansativo e servira para distraí-lo da maior parte das coisas, principalmente da presença assustadora de Altaris, que estava se mostrando não ser tão assustadora quanto pensara. Até mesmo se oferecera para ajudar a treinar Growlithe, juntamente com seu Charmander. E, de alguma forma, o ruivo o fizera esquecer quem ele realmente era e conseguiu fazê-lo entrar em uma conversa, como se nunca tivesse dito alguma coisa ruim.

Agora que havia chegado a noite e ele estava pronto para descansar, levantou uma questão importante em sua mente. Quando Charmander viera lhe encontrar para contar o segredo, quem exatamente estava incluído no “nós” que ele dissera? Será que incluía Alyss e Drew também? Parecia maldade fazer um garoto tão novo quanto Drew fazer parte de um grupo de crime organizado assim tão cedo.

Além disso, porque Satoru tinha que saber daquilo? Para que revelar sua identidade para o garoto, e depois ameaçá-lo caso contasse? Estremeceu ao pensar que, talvez, pudesse estar apenas se divertindo co sua reação. Satoru poderia simplesmente contar a policia, o que estragaria todo o seu disfarce de treinador, e por meio dele, poderiam saber onde o resto os Rockets estariam no momento. Seria ótimo ver a Equipe Rocket destruída por completo, como um consolo por terem matado sua mãe, mas desconfiava que não seria tão fácil assim contar a policia.

Estremeceu diante dos pensamentos que se seguiram. Quase sempre que se recordava de sua mãe, lembrava daquela noite, daquela maldita noite que estava gravada para sempre em sua mente. Ele odiava os Rockets por terem feito isso com ele. Gostava tanto de sua mãe, mas nunca mais poderia pensar nela na pessoa boa que era sem se lembrar daquele maldito dia.

Resmungando, puxou os cobertores até o queixo. Sentiu Growlithe se aconchegar ao seu lado, mas não olhou para ele. Estava agradecido por ter seu novo amigo ali. Finalmente, se entregando ao cansaço, deixou se levar até os sonhos, mesmo não gostando do que saberia que iria encontrar, como em todas as outras noites.

***

Na manhã seguinte, Satoru e Larysse já haviam andado tanto que seus pés doíam, e provavelmente iriam ficar cheio de bolhas. Não conseguiam entender como Clair e Chimchar continuavam andando rápido. Estavam num ritmo dolorosamente rápido imposto pela garota, que parecia nunca se cansar. Growlithe já estava no ombro de Satoru, provavelmente dormindo, depois de andar tanto ao lado dele. Causava um leve desconforto, mas não maior que aquele em seus pés.

– Vamos parar um pouco, Clair, por favor! – Pediu Larysse pela milésima vez.

A garota olhou para um relógio de pulso que havia comprado. Naquela manhã, ela havia reclamado que não sabia que horas eram, então, acabou comprando um relógio, e alguns remédios que Larysse sugerira assim como a Enfermeira Joy havia instruído-a.

– Vamos procurar um lugar pra parar daqui a pouco. – Disse ela. - Ainda está cedo.

– Mas eu estou cansada! – Reclamou Larysse.

Clair deu de ombros e a ignorou, e continuou andando, e as crianças, forçadas a continuar andando, reduziram um pouco o passo, de modo que Clair ficou na frente, junto com seu Chimchar, com o qual ela conversava animadamente. Satoru podia ver o quanto ela estava animada nesse dia, principalmente quando, pela manhã, havia conversado com seu Starly. Com a ajuda de Satoru, ela ouviu sua história dentro do grupo de Starlys em que vivia, e percebeu que ele ficaria feliz em sair de lá, mesmo que na companhia de uma humana. Não manifestou nenhum rancor ou incomodo por ter sido capturado, mas ainda se sentia tímido ao ficar junto com Clair. Depois disso, Satoru a havia deixado contar a ele seu sonho e como ele poderia ajudá-la a realizá-lo.

Pagaram o Centro Pokémon e Clair comprou os remédios e seu relógio, e ela estava andando sorridente desde então. Satoru resmungou, aborrecido por andar tanto assim, mas estava feliz por ela. E estava feliz por deixar o grupo de Altaris para trás, mas um pouco receoso de que fossem persegui-lo.

Se sentia melhor longe deles, e para ajudar, o dia hoje estava agradável. Finalmente, o clima do continente resolvera aparecer, e uma brisa fria passava de vez em quando, dando uma pausa ao calor que estava fazendo.

Ainda sem nenhuma motivação para andar, o menino observou o céu. Algumas nuvens estavam se formando, e elas pareciam ter o formato de algum animal, mas ele não estava com muita vontade de nomeá-los e achar bichinhos nas nuvens. Elas se moviam preguiçosamente, e ele não sabia dizer se era por causa da brisa que soprava levemente pelo ar, ou por causa dele andar rápido para acompanhar Clair. Quando baixou seus olhos, franziu o cenho, para um ponto muito a frente da garota mais velha. Forçou a si mesmo a apressar o passo, e logo estava ao seu lado.

– Ei, o que é aquilo ali? – Perguntou Satoru, subitamente parando e apontando para um ponto distante, logo a frente deles.

Clair olhou na direção que ele apontara, assim como Larysse. Estreitaram os olhos para poder enxergar o que quer que fosse, mas não conseguiram identificar nada de estranho. Percebendo a confusão das meninas, Satoru caminhou até um pouco a frente delas e disse:

– É uma coisa azul, bem ali na frente. – Ele apontou de novo.

– É um Pokémon! – Disse Growlithe ao seu lado, cheirando o ar. Ele se pos de pé no ombro do menino com dificuldades, e saltou para o chão

O cão de fogo correu em direção a suposta coisa azul que Satoru havia visto, e este correu atrás, ignorando a dor em sues pés, pedindo inutilmente para que parasse. À medida que se aproximava, foi ficando cada vez mais visível a estranha coisa azul que notara há apenas alguns instantes mais cedo. Estava deitado com as costas numa arvore e ao seu redor havia algumas poucas folhas secas. Tinha um formato, como um pequeno corpo de algum tipo de Pokémon, que pelo modo que estava deitado, poderia estar inconsciente, ou talvez dormindo, num ângulo muito estranho, mas ainda assim, dormindo. O cachorro de fogo freou bruscamente para poder ficar ao lado da coisa azul, derrapando um pouco, mas não o suficiente para fazê-lo cair. Assim que estava ao lado da coisa, aproximou seu focinho e farejou, enquanto sua cauda creme balançava para os lados.

As crianças não demoraram a alcançá-lo. Agora, mais próximo a forma que vira ao longe, pode identificá-la, e melhor ainda, saber que era de fato um Pokémon. Era pequeno, e azul, e não era muito maior que Growlithe, provavelmente deveria ter a mesma altura que ele, o que provava que poderia ser um filhote. Seu corpo estava cheio de arranhões e outros ferimentos, além de algumas queimaduras, onde o pêlo azul bagunçado fora queimado, revelando a pele vermelha. Os pêlos azuis ao redor da queimadura estavam pretos, e o resto do deles estava completamente bagunçado e sujo, enquanto uma grande parte de seu corpo era totalmente negra.

Apenas a metade superior de seu corpo era azul claro, enquanto mais ou menos da metade da barriga para baixo, ele era negro, inclusive as patas traseiras e uma curta cauda, com que parecia ser uma estrela amarela de quatro pontas no final da cauda. A ponta superior era bem maior que as outras. Tinha um rosto era arredondado com o que parecia ser um par de barbichas ao lado das bochechas e no topo da cabeça, um topete bagunçado. Suas orelhas eram grandes e ovais, com a mesma estrela de quatro pontas de sua cauda no interior, da mesma cor e do mesmo jeito – com a ponta superior maior do que a inferior e as laterais. Ao redor do pescoço, havia uma espécie de coleira, com duas pontas triangulares distantes uma d a outra, como pequenas presas. Em suas pequenas patas dianteiras, o Pokémon tinha o que parecia ser um par de braceletes amarelos, um em cada pata.

Rapidamente, Satoru pegou sua Pokedex e apontou para o estranho Pokémon. Como sempre, a voz mecânica soou, dando informações sobre o Pokémon azul que se encontrava ali.

Shinx, O Pokémon leão elétrico.

A extensão e contração de seus músculos geram eletricidade, para que possa confundir seu oponente e fugir. Ele brilha quando está em apuros. Vivem em campos aberto ou em florestas, onde procuram por comida.

– Um Shinx? – Repetiu Growlithe, como se testasse o som da palavra. – O que será que aconteceu com ele?

– Eu não faço a menor ideia. – Respondeu Satoru, olhando para o Pokémon.

– O que foi? – Perguntou Clair franzindo o cenho. – O que ele disse?

– Perguntou o que aconteceu com ele.

– Ele está muito machucado... – Disse Larysse, com pena.

– Não devíamos deixá-lo aqui com esse frio. – Concordou Satoru, e como se a própria natureza enfatizasse, um vento frio os encontrou, fazendo-os tremer.

– E o que deveríamos fazer com ele? – Perguntou Clair, numa voz sarcástica. – Levar com a gente?

– Boa ideia! – Exclamou o menino, animado. – Vamos levar ele com a gente, aí podemos cuidar dele, então podemos perguntar o que foi que aconteceu.

Khurtnney, Growlithe e Chimchar concordaram, assentindo com a cabeça. Larysse deu de ombros, e Clair mordeu o lábio. Não tinha lá muita vontade de levar o Shinx com eles, já que atrasaria a viagem, mas também não podia deixar um Pokémon todo machucado ali. Isso era maldade. Finalmente, concordou, e Satoru se agachou para pegar o Pokémon. Com cuidado o puxou para si, e o levou até o peito, segurando-o com as duas mãos para que ele não caísse. O felino estava gelado, e seus membros estavam moles, pendendo facilmente. Era realmente pequeno, e ele presumia que realmente fosse um filhote. Não parecia que Shinx poderia ser um Pokémon tão pequeno assim.

Clair suspirou, mas continuou guiando as crianças. Na opinião dela, ainda estava cedo demais para pararem, mesmo que para um almoço, mas por conta do Shinx machucado, ela não viu escolha senão parar em algum lugar seguro e fazer uma fogueira para cuidar melhor do felino. No caminho, ela, os Pokémons e Larysse pegavam gravetos de diversos tamanhos para fazer uma fogueira, principalmente Larysse, que parecia ter adquirido uma animação nova sabendo que iriam parar. Finalmente saindo da estrada, foram em direção a floresta que havia em toda a extensão da Rota 203 até Jubilife.

Não demorou muito para que Clair encontrasse uma clareira com tamanho o suficiente para abrigá-los, e ainda um pouco mais de espaço. Não era muito longe do ponto onde encontraram o Shinx desacordado.

Satoru sentou na grama com um pouco de dificuldade por conta do Pokémon em seus braços. Larysse se sentou a seu lado, olhando com curiosidade para o pequeno felino desacordado, respirando pesadamente. Mas logo se jogou no chão, com um suspiro, grata por ter parado para descansar.

Clair ajeitou a fogueira com a ajuda dos Pokémons, enquanto as crianças observavam o tamanho do dano que fora causado ao Shinx. Ele parecia estar seriamente machucado, com queimaduras em várias partes de seu pelo desgrenhado. Satoru se sentiu mal por isso. Ver aquele Shinx daquela forma lhe causou uma sensação melancólica em seu peito. Quem ou que poderia fazer aquilo com um Pokémon tão pequeno como aquele?

Acariciou de leve sua cabeça, sentindo o pelo bagunçando oleoso. Mesmo sujando a sua mão, não se importou com isso, e continuou acariciando o topo da cabeça do pequeno. Growlithe lançou lhe um olhar acusador, depois acendeu a fogueira com suas chamas a pedido de Clair, como se disfarçasse seu olhar.

Satoru sorriu levemente. Assim que a fogueira estava acesa, Clair foi até sua mochila e tirou de lá uma caixinha de primeiro socorros Pokémon. Abriu, e examinou o Shinx no colo do garoto.

– Hum... Ele parece terrível. Me dê ele para que eu possa limpar suas feridas...

– Posso cuidar dele, Clair? – Perguntou Satoru, lhe dando seu melhor olhar de cachorrinho perdido. – Por favor!

Ela deu um suspiro.

– Ok. Mas faça tudo o que eu disser, ok?

Ele assentiu, abrindo um sorriso agradecido. Clair lhe entregou a caixinha de primeiros socorros, que Satoru colocou a seu lado, e ela se sentou a frente dele. Larysse olhou com curiosidade, observando enquanto o menino seguia as instruções de Clair para limpar as feridas do pequeno Pokémon. Depois de limpar as mesmas com um algodão molhado, ele passou uma pomada para queimaduras na pele avermelhada, e em cortes maiores, colocou curativos. Não era difícil, só tinha que ser cuidadoso, e parecia que isso, ele sabia ser.

Satoru deixou Shinx com Larysse e pegou de sua mochila uma das várias blusas que havia incluído em sua bagagem, devido ao clima de Sinnoh, embora no momento não estivesse tão frio assim. Fez uma caminha improvisada com ela, e colocou o Pokémon ali, deixando-o descansar enquanto Clair se voltou para a fogueira para preparar o almoço, e os Pokémons se juntaram ao lado dela, observando. Curioso, Growlithe cheirava o ar quase sempre, para sentir o aroma da comida.

Antes de se voltar para a fogueira e preparar a comida, a mais velha liberou seu mais novo Starly, que soltou um piado irritante ao sair. Ele olhou em volta, confuso, mas logo se juntou a Chimchar, Growlithe e Khurtnney, que faziam perguntas a ele, tentando fazê-lo se enturmar.

Enquanto as crianças esperavam pela comida, Satoru, entediado, observou o lugar, mas isso era ainda mais entediante. Olhou para Larysse. Ela tinha um caderno de desenho nas mãos e com uma lapiseira, ela parecia desenhar algo. E não havia reclamado nem uma vez enquanto testavam parados. O menino se sentou ao lado dela e observou, franzindo o cenho, ela fazer vários rabiscos, apagando a maioria. Enquanto olhava, a garota começou a dar forma ao desenho, colocando olhos, formando uma cabeça e um corpo de um Pikachu. Por um momento, ela parou para olhar a sua Pokémon, e continuou rabiscando, apagando os rabiscos que havia feito antes, como se limpasse o desenho.

– Você desenha muito bem. – Murmurou ele.

– Obrigada. – Agradeceu, sem tirar os olhos de seu desenho.

Ainda entediado, o garoto puxou sua Pokedex mais uma vez, brincando com ela. Com o canto do olho, Larysse lhe lançou um olhar curioso, mas não disse nada, e continuou concentrada em seu desenho.

Um tempo depois, Clair chamou as crianças para irem comer, enquanto colocava a comida para os Pokémons, que esperavam ansiosamente. Foi neste que momento que Satoru olhou para o Shinx, e ficou surpreso ao ver que seus olhos tremiam levemente. Continuou olhando para ele, e logo, seus olhos se abriram, e se depararam com Satoru.

Levou alguns momentos para que o Pokémon finalmente focasse Satoru, e mais algum tempinho para que ele levantasse a cabeça e franzisse o cenho, confuso.

– Quem... – Começou ele, apertando os olhos. Sua voz era estranhamente fina, como se ele fosse novo. – Quem é você?

Larysse olhou para ele de imediato, percebendo a voz do Shinx. Ela ignorou seu almoço, e foi até Satoru, olhando para o Shinx, que estava se levantando e se mantendo de pé com dificuldades. Ele observou com curiosidade suas ataduras e curativos. Ele observou as meninas, parecendo assustado e confuso, mas ficou parado na blusa do menino, esperando a resposta.

– Ele acordou? – Perguntou Clair, se aproximando também, deixando os Pokémons frustrados com ela por não terminar de servi-los.

– Eu... – Satoru hesitou, ignorando Clair. – Meu nome é Satoru. Essas são Larysse e Clair, e aqueles são nossos Pokémons. – Ele fez um gesto na direção deles, que também estavam se aproximando para examinar o Shinx. – E você, quem é?

O Shinx franziu o cenho mais uma vez.

– Espera, você entende o que eu digo?

– Sim. – Respondeu ele, sorrindo. – Minha amiga Larysse também.

– E ela? – Ele fez um gesto em direção Clair.

– Ela não entende você. Só nós dois. – Respondeu Larysse por ele. – O que aconteceu com você? Te encontramos na estrada, sozinho e muito machucado.

– Ah... – Hesitou o Shinx, parecendo constrangido. – Não foi nada de mais... Eu só fui atacado por um Vulpix chato que me odeia.

– O que? Mas por quê? – Se surpreendeu o menino, preocupado.

– Porque ele me odeia, ué. – Respondeu Shinx, como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo. - É um Vulpix muito chato, que sempre me incomodou. Acho que ele fo abandonado pelo dono, ou eu sei lá, mas não devia estar aqui. – O Pokémon bufou, aborrecido. - Quando eu estava procurando por comida, acidentalmente topei com ele... Discutimos, e ele começou a me atacar, então eu fugi, e acabeii desmaiando perto da estrada.

– Mas porque ele faria isso com você?

– Eu não sei. Ele é muito esquentadinho, e eu nem sei por que ele me odeia. – O Shinx olhou em volta, e depois para si mesmo. – Obrigado por cuidar de mim.

– De nada. – Satoru abriu um sorriso.

O felino fungou, e abriu um sorriso.

– Ei, isso aí é comida, não é? Tem um cheiro ótimo!

Satoru repassou o que ele disse a Clair, e ela simplesmente lhe abriu espaço para que ele se levantasse e pudesse ir em direção as panelas. Os pokémons os seguiram; curiosos e famintos, com exceção de Shinx. Satoru terminou de servi-los, e pegou uma vasilha extra, e voltou até onde Shinx estava.

– Você está com fome? – Perguntou ele, e timidamente, o felino assentiu.

Satoru colocou a vasilha de comida na frente dele, e o Pokémon cheirou desconfiado. Provavelmente não estava acostumado a ver humanos que entediam a fala dos Pokémons e eram gentis com ele, tendo cuidado de seus ferimentos, ao invés de tê-lo capturado. Mas afinal, teriam capturado ele, afinal de contas? Sabia como era ser forçado a entrar numa Pokeball, mas nunca deixara que outros humanos o capturasse, e muita vez evitava treinadores, então nunca havia experimentado estar sendo sugado para uma Pokeball enquanto inconsciente, então não teve certeza. Não que ele não gostasse de humanos e da vida que levaria se algum dia fosse capturado. Só achava que preferia ir com um humano que gostava, e não com um qualquer que aparecesse e o capturasse.

Por mais que pensasse em coisas como aquela, a fome falou mais alto e ele rapidamente abocanhou a comida. Enquanto isso pode ver com o canto do olho as crianças se servindo, e os outros Pokémons observando-o com curiosidade com o canto do olho. Isso indicava claramente que eram treinadores.

Além disso, ele nunca havia visto um treinador que entendesse o que ele dizia. Isso, sim, era interessante. Shinx olhou para Satoru, curioso, mas ao mesmo tempo grato por ele ter cuidado de seus ferimentos. Ele parecia curioso de estar vendo o felino, e em nenhum momento comentou o quanto era pequeno ou algo assim.

De repente, Satoru aproximou sua mão dele, e deixou que Shinx o cheirasse. Ele tinha um estranho cheiro de mato, café e alguma coisa doce que o felino não soube explicar. Deixou que o menino pousasse a mão em sua cabeça e o acariciasse, alisando seus pêlos bagunçados. Não protestou, e continuou comendo, até não sobrar nada na vasilha, e ainda assim, lambeu-a até não sobrar mais num vestígio da comida deliciosa.

Decepcionado, suspirou. Satoru parou com as caricias, e pegou a vasilha do chão, e foi novamente até a panela. Quando voltou, deixou a vasilha em sua frente, cheia de comida. Shinx, surpreso, murmurou um agradecimento e voltou a comer. Com o canto do olho, pode ver Growlithe o encarando enquanto Satoru voltava a acariciá-lo.

Enquanto eles comiam, ouviu a menina mais nova explicar para a que seria Clair a história que Shinx havia contado.

– Porque vocês conseguem me entender? – Perguntou o Shinx, depois que terminou de comer.

As crianças hesitaram, e olharam para ele.

– Não sei. – Respondeu Satoru, por fim.

Shinx deu de ombros, e se colocou de pé mais uma vez. Testou seus músculos, e andou até os outros Pokémons, que estavam junto de Clair. Growlithe olhou feio para ele, e se dirigiu até Satoru, sentando-se ao lado dele, como se não quisesse que Shinx chegasse perto dele. O felino levantou o queixo, ignorando-os, e voltou para conversar com os outros.

Clair começou a juntar suas coisas, e pegou um pouco de água de uma garrafa para poder apagar a fogueira quando viu as chamas que antes estavam médias, subirem rapidamente, aumentando de tamanho e de brilho, como se estivesse sendo reforçada. “Mas o que?” Pensou ela, e derrubou água na madeira, fazendo com que as chamas se apagassem rapidamente e fizessem um som semelhante aquele que se fazia quando ela colocava água numa panela aquecida. Respingos de água foram para os lados já que ela estava de pé.

Assim que ela se apagou, um Pokémon surgiu em seu campo de visão, e a garota arregalou os olhos. Ele olhou feio para ela, se afastando dos respingos de água.

O Pokémon era uma raposa pequena, na cor laranja avermelhado. Ele tiha uma pelagem de uma cor creme, começando de seu peito e descendo até a barriga. Uma cor mais escura era a que tinha em suas patas, tanto dianteiras quanto traseiras, e um laranja mais claro coloria as suas diversas caudas. Clair contou seis caudas. Ao lado de seu olho castanho direito, uma cicatriz formava o caminho, descendo até o focinho e terminando pero do nariz.

Era um Vulpix, e parecia estar furioso.

A garota mais velha se abaixou para poder olhar melhor a raposa, que a fitava. Clair estendeu sua mão em direção ao Vulpix, mas este se afastou zangado, e olhou em volta. As crianças já tinham notado-o, inclusive os Pokémons. Ele pousou seu olhar em Shinx, e abriu um sorriso malvado.

– Ah, aí está você! – Disse o Pokémon, abrindo u largo sorriso. – Quer dizer que foi capturado? Do jeito que você é fraco, não me admira.

Shinx arregalou os olhos, e olhou para as crianças. Recuou até Satoru, e se escondeu atrás de suas pernas.

– Eu não fui capturado! – Gritou o Shinx, numa tentativa de parecer corajoso. – Eu acho.

– Ninguém aqui capturou você! – Apressou-se Satoru em falar.

– O que está acontecendo? – Perguntou Clair, confusa.

– Eu não sei... – Respondeu Larysse. – Acho que esse deve ser o Vulpix que estava incomodando o Shinx.

– Ele é estranho. – Disse Khurtnney, olhando para ele.

O Pokémon raposa ignorou todos, e se aproximou de Satoru. Growlithe rosnou para ele, se postando a frente do menino de maneira protetora. O Vulpix fez uma careta, e voltou sua atenção para Shinx, que estava tentando inutilmente se esconder atrás das pernas do menino.

– Você não vai escapar de mim assim tão fácil. – Falou a raposa, balançando as suas inúmeras caudas. – Venha aqui e lute, se covarde.

Shinx começou a tremer, assustado. Satoru virou a cabeça para olhar para ele com pena, e se voltou para Vulpix.

– Covarde é você! – Exclamou ele. – Não vê que ele está machucado e não pode lutar?

– Isso porque ele se recusa a lutar comigo. – Bufou o Pokémon, balançando as caudas de um lado para o outro. – Não importa.

Assim que disse aquilo ele disparou numa corrida desenfreada contra o Shinx. Growlithe se colocou na frente dele e latiu alto, utilizando o Roar para intimidá-lo. Funcionou. A raposa, assustada, parou de correr no meio do caminho e olhou para ele, com medo, mas logo fechou a cara.

– Pare com isso. – Pediu Growlithe. – Vai embora e deixa o Shinx em paz. Ele não pode lutar.

A raposa bufou, e encarou Growlithe, se recusando a ir embora. Clair, Larysse e seus Pokémons observavam a cena, curiosas. Clair tinha uma expressão confusa, já que não podia entender o que os Pokémons diziam, então não entendia a situação direito. Shinx olhou para os dois, surpreso.

– Se você não for, vamos ter que mandar você embora daqui! – Disse Satoru, fechando o rosto.

– Pois eu não vou até esse Shinx resolver lutar comigo. – Respondeu a raposa, simplesmente.

– Pois então, Growlithe, use o Bite!

O cão obedeceu e cruzou os poucos centímetros que os separavam, abrindo a boca para abocanhar Vulpix. O Pokémon rapidamente desviou e recuou ficando fora do alcance dele. Growlithe não parou, e continuou correndo na direção do Vulpix, tentando mordê-lo, mas a raposa desviava facilmente. De repente, ela sumiu do campo de viso de Growlithe, e reapareceu ao seu lado, jogando seu corpo contra ele. O cão ganiu, e foi lançado para o chão, com uma das patas do Vulpix em seu peito cor de creme, prendendo-o no chão.

Growlithe fez uma cara feia e abriu a boca, soprando uma forte rajada de fogo contra a raposa. Vulpix gritou, e fugiu dele, e Growlithe conseguiu se levantar mais uma vez. Aproveitando a surpresa do Pokémon, saltou contra ele e mordeu seu pescoço com força, cravando os dentes o mais fundo que conseguiu fazendo-o gritar de dor.

– Isso! – Parabenizou Satoru. - Continue!

Em resposta, o cão tirou a boca do pescoço do Vulpix e mordeu sua pata dianteira com força. Assim como ele hvia feio mais cedo, a raposa soprou um rajada de fogo contra ele, mas Growlithe foi mais ágil, e saiu do alcance dele antes mesmo que fosse atingido, fazendo com que a grama entrasse em chamas. O Vulpix olhou para ele co fura, e abriu a boca mais uma vez, mandando chamas em espiral na direção dele. O cão correu para o lado, desviando, e saltou novamente contra Vulpix, jogando-o no chão com o peso de seu corpo, e o imobilizou da mesma maneira que Growlithe havia feito antes. O cachorro de fogo mordeu seu pescoço mais uma vez, fazendo a raposa gritar em seus ouvidos, que doeram com seu grito de agonia.

– Vai embora agora? – Perguntou Satoru, fazendo cara feia para o Vulpix.

Growlithe soltou seu pescoço, para que ele pudesse falar.

– Tudo bem, eu vou! – Gemeu ele.

O cachorro de fogo saiu de cima da raposa, e voltou trotando até Satoru, sentando-se em frente a ele. O Vulpix se levantou, resmungando alguma coisa, franziu a testa, e bufando, disse:

– Você me paga, Shinx. Quando eu te encontrar, vai ser muito pior, e não vai ter humanos para te proteger.

Com isso, o Pokémon saltou, e sumiu no ar, reaparecendo alguns metros a frente, e sumiu de novo, correndo numa velocidade tão grande que era difícil de acompanhar com os olhos. Clair e Larysse olharam para Satoru, com uma expressão confusa. Ignorando-as, o menino se virou para o Shinx, se agachando para poder vê-lo melhor, com um obvia preocupação estampada em seu rosto.

– Você está bem? – Perguntou ele, arrancando olhares aborrecidos de Growlithe.

O Shinx olhou de volta para ele, assustado. Engoliu em seco, fazendo barulho, e assentiu, mas ainda tremia. Satoru fez carinho em sua cabeça, bagunçando seu topete azul, e continuou acariciando o Pokémon até ele parar de tremer. Aquele Vulpix parecia ser um Pokémon irritante e vingativo, então dava para ver como Shinx sentia medo dele. Ele parecia tão pequeno para lutar.

– Isso foi estranho. – Comentou Chimchar, e Khurtnney concordou.

– Pois é, muito estranho. – Concordou Larysse, e seguiu o exemplo de Clair, arrumando suas coisas.

Clair pediu para Satoru arrumar também, pois pretendia chegar logo a Jubilife, e se apressassem, não teria muito que andar. O menino bufou, e fez um ultimo carinho em Shinx antes de obedecer, ainda cansado da viagem. Pegou sua blusa onde deixara o pequeno felino dormindo, e a dobrou novamente, guardando em sua mochila. Growlithe voltou a falar com os Pokémons, e Shinx observou o menino. Finalmente, Clair começou a voltar para a estrada, mas Satoru ficou parado, e se voltou para o Shinx.

– Acho que é isso... – Disse ele. – Eu tenho que continuar minha viagem.

– Ah... – O Shinx pareceu decepcionado. – É verdade... Ouvi falar que treinadores vão atrás de umas coisas pra poder batalhar numa competição Pokémon, não é?

– Sim. – Satoru assentiu, e se agachou ara acariciar o Pokémon mais uma vez. – Se cuida, ta? Depois de um tempo é só tirar os curativos e jogar fora.

Shinx assentiu, decepcionado.

– Obrigado por tudo. – Ele forçou um sorriso. - Boa sorte na viagem.

Satoru assentiu, e seguiu Clair e Larysse, com Growlithe trotando ao seu lado. O Pokémon elétrico observou com melancolia o garoto se afastar. Ele havia sido tão legal com ele, e mesmo sem conhecê-lo, havia cuidado dele e o defendido daquele Vulpix arrogante, e mesmo assim, não havia capturado nem o Vulpix e nem ele mesmo. Além disso, parecia ser um ótimo treinador, embora fosse novato. E podia entendê-lo. Nunca havia visto um humano que pudesse entender os Pokémons, e ninguém que conhecia ouvira falar de um humano desses também.

Por um momento, ele parou, imaginando como seria se ele tivesse um treinador assim, um humano para conversar. A vida na floresta não era lá essas coisas, e ele gostava da vida que levava, mas não podia ficar mais ali. Era atormentado pelo Vulpix, e odiava não possuir força suficiente para batalhar com ele. E aquele Pokémon ficara insano desde que havia sido abandonado pelo treinador. Enfurecia-se fácil. Qualquer coisa que fizesse, Shinx já virava o saco de pancadas preferido dele. E dessa vez, ele havia desmaiado depois de mais uma tentava frustrada de fugir da raposa.

Não entendia porque ele fazia isso com o felino, mas de repente, ele não queria mais ficar ali. Queria ser forte também. Queria ter um amigo para conversar, e conhecer lugares novos. “Não vou ficar aqui pra sempre”, decidiu ele.

Motivado por esse sentimento, antes que mudasse de ideia, ignorou a dor nos membros e andou o mais rápido que podia até encontrar Satoru novamente. Podia ouvir os passos do grupo um pouco mais a frente, inclusive podia ouvir algumas das palavras que a Pikachu de Larysse dizia, e outra voz respondia. Um piado estridente também foi ouvido, fazendo os ouvidos de Shinx doerem, seguido de um protesto de Satoru.

Finalmente, pode ver a cauda creme de Growlithe se arrastando pelo chão, levando folhas secas com ela.

– Ei! Satoru! – Chamou o pequeno, apressando o passo, apesar da dor.

Ele parou e se virou, assim como Larysse, como se fossem atraídos pelo som de sua voz. Assim que percebe que as crianças não as seguiam, Clair parou também, e assim que se virou o Shinx, seu queixo caiu. O menino esperou até que o Shinx chegasse aos seus pés, com os olhos arregalados. O felino tomou fôlego, e finalmente, falou:

– Uh... Satoru? – Shinx hesitou, parecendo tímido e constrangido. – Será que... Eu poderia ir com você... Como o seu Pokémon?

Surpreso, Satoru olhou para ele, arregalando ainda mais os olhos, como se não acreditasse no que ele estava dizendo.

– É que... – O Shinx começou, já que o menino não falara nada. – Eu queria ser mais forte, e acho que eu não vou conseguir isso sozinho, e... Acho legal esse negócio de competição...

O menino hesitou por um momento, mas logo abriu um sorriso tímido.

– Você tem certeza?

– Tenho. – Assentiu o pequeno.

– Então, bem vindo à equipe.

Shinx abriu um enorme sorriso e correu de um modo cambaleante até o menino. E pela primeira vez em meses, ele se sentiu feliz novamente.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Mais revelações kk Estou me divertindo com o Satoru... Primeira vez que eu sou malvada com meus personagens.
Quero a opinião de vocês, por favor, eu preciso, necessito dela, e não me batam por estar monótomo e enorme, cheio de enrolação ç^ç É necessário para o andamento da fic u_u /e que pelo visto, vai ser enorme, rç. Eu bem que queria mais alção, mas não é todo dia que temos, por mais que eu queira, awn T_T
Véi, enquanto eu lia, eu me esqueci de que a pokedex deveria dizer de onde o pokémon é nativo -w- Então eu me lembrei e tá aí, vou arrumar as entries dos outros capítulos...

A proposito, o move usado pelo Vulpix é o Quick attack.



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