Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 8
Capítulo 7: Não era o que você esperava!


Notas iniciais do capítulo

Aeeeeeeaaeaeaea, tá aí o capítulo. Eu ia postar ontem, mas eu não tinha revisado e estava com preguiça e sono -w-
Agradeçam a música linda que é a King For a Day do Pierce the Veil, porque me inspirou bastante pra esse capítulo. Sério, eu não consigo fazer nada sem ouvir música, lol. Falando no capítulo, achei que ficou meio tenso e eu enrolei bastante, mas a história está seguindo o rumo que eu planejei sem problemas. Anyway, boa leitura, seus fantasminhas e stalkeadores de fics ~~



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As lágrimas caiam pelas bochechas de Larysse rapidamente, caindo em seu saco de dormir, e às vezes, na grama, como o orvalho que ela via pela manhã quando mais nova. Depois do incidente com o Pokémon serpente, ela desatou a chorar desesperadamente por sua Pichu, e Clair tentou acalmá-la, levando-os para um lugar distante de onde ocorrera o incidente e prometendo que pela manhã iriam redobrar o passo para levar Khurtnney a um Centro Pokémon. Depois disso, ela recolhera sua Pichu com pesar, e deitara em seu saco de dormir antes mesmo de Clair acender a fogueira. Não queria que a vissem chorar de novo.

Ficou preocupada com a Khurtnney, e temia mais por ela do que por si mesma. No momento, nem passou por sua cabeça que talvez ela reconhecesse os cabelos vermelhos e o R vermelho do manto do estranho que os atacara. Nem a menos a ocorrera que aquilo não fora um ataque de Pokémon selvagem. Tudo o que estava se preocupando era Khurtnney. Ela era sua primeira Pokémon, e mal havia começado sua jornada. Mesmo conhecendo a pequena Pichu por pouco tempo, já havia se apegado a ela. E o que faria se perdesse Khurtnney? O que faria sem um Pokémon inicial? O que faria sem sua Pokémon?

O ataque da serpente havia sido horrível para ela. Mal haviam começado a viagem e então acontecia isso. Nunca havia pensado que algo assim pudesse acontecer. Afinal, isso não era coisa de TV? Isso acontecia com as outras pessoas, e não com ela. Sua viagem devia se seguir sem problemas, pelo menos no começo. Contendo as lágrimas, Larysse cerrou o punho.

Quem quer que tenha feito aquilo com Khurtnney, iria pagar.

Não soube quando parou de chorar e conseguiu dormir. Naquela noite, Larysse teve um sonho estranho. Assim que teve consciência dele, soube que não estava participando dele, e sim apenas observando do alto, como se fosse apenas uma espectadora ou uma espiã. O lugar estava escuro, mas claramente era uma floresta, mais precisamente uma clareira, e de algum modo, ela enxergava melhor e com todos os detalhes, embora soubesse que estava escuro. O ar parecia estar frio, embora ela não soubesse dizer exatamente, já que era um sonho. Como ela poderia saber disso?

Havia duas pessoas ali, com uma clara diferença de altura, embora fossem maiores do que ela. Ambos estavam com um manto negro por sobre o corpo, embora o da pessoa maior fosse mais pesado e mais escuro. Um grande capuz cobria suas cabeças, tornando quase impossível de vê-los Com certeza, ambos eram homens, a julgar pelo físico. Estavam de frente um para o outro, olhando-se, em silencio. A atmosfera do sonho parecia se tornar cada vez mais sombria enquanto a menina olhava para os dois. Tentou se forçar a acordar, ou a desviar o olhar, mas era impossível. Larysse não tinha mais controle de seus próprios sonhos.

Resmungando alguma coisa mentalmente - ou pelo menos, ela acreditara que estava resmungando-, continuou a observá-los, sem opção.

– E então? – Perguntou o homem mais alto, com uma voz meio grossa, porém extremamente doce, do tipo que se tornava boa de ouvir.

– Eles estão juntos. – Respondeu o outro, que a julgar pela voz, parecia ser mais novo. Sua voz lhe parecia estranhamente familiar – Os resultados dos experimentos se mostraram altamente eficazes.

– Eles mostram as habilidades que o projeto antigo tinha?

– No momento, só a principal. As outras, para que se descubra, ainda precisa de vários testes.

O homem mais alto levantou o braço, e descansou sua mão no ombro do outro, que estremeceu como se estivesse com medo. Ele pareceu olhar para o mais alto por um longo momento, até que este tomou a iniciativa, e disse num tom de voz animado:

– Então, que comece a diversão.

Assim que ele disse aquelas palavras, os sonhos de Larysse mudaram, e a menina não conseguiu mais voltar aquele, então ela simplesmente não ligou, e decidiu que estava vendo muito filme de mistério e suspense. É claro, era estranho, mas talvez ela pudesse aproveitá-lo depois e criar alguma coisa com ele. Talvez pudesse retratar a cena sombria num desenho, embora não acreditasse que desenhasse assim tão bem.

Só abriu os olhos o que pareceram ser poucos minutos depois, e o sol já estava alto no céu, dando cor novamente a clareira que encontraram para passar a noite. A menina não se sentia descansada. Outra fogueira já havia sido acesa, e Clair estava sentada a frente dela com seu Chimchar, fungando. Satoru estava sentando ao lado da mais velha, com seu Growlithe ao lado, com a cabeça deitada em seu colo. Assim que a menina se levantou, resmungou baixinho, desejando estar em sua casa e ter um banheiro para lavar o rosto. Provavelmente seus olhos estavam inchados e em seu rosto havia rastros de lágrimas secas.

Os dois olharam para Larysse. Clair parecia preocupada, e Satoru deu um meio sorriso torto. Seu rosto não parecia exatamente o mesmo depois de ter sido atacado pelos Starlys no dia anterior. O curativo que cobria seu machucado, de algum modo o fazia parecer diferente, como um menino travesso que caiu e se machucou. Mas aquele não era exatamente o estilo de Satoru. Ele sempre fora tímido, um pouco reservado, e não falava muito sobre si mesmo, de modo que ficava a critério de Larysse descobrir. A única coisa que realmente sabia dele era que nascera em Kanto, acompanhara os pais por algumas poucas cidades, depois se mudara para Sinnoh. Mesmo assim, a garota não se importava. Era fácil falar com o menino, e isso bastava para ela.

Mas nunca havia imaginado que Satoru fosse tentar protegê-la de um bando de Pokémons enfurecidos.

Várias coisas que das que estavam acontecendo ela não estava esperando.

Assim que se levantou, enrolou novamente seu saco de dormir e o arrumou na mochila, prendendo-o assim como Clair havia ensinado. Tocou seu cinto, onde a Pokeball de Khurtnney estava presa. Passou os dedos por ela, se perguntando se a Pichu estaria melhor. Provavelmente não, já que não cuidara dela ainda.

– Larysse, vamos comer e depois vamos indo... – Disse Clair. – Tem um Centro Pokémon na estrada, podemos levar a Khurtnney ainda hoje se andarmos rápido.

A menina assentiu, sem dizer nada. Assim que a comida ficou pronta e Clair alimentou os Pokémons, a menina foi a primeira a se servir, e foi também a primeira a terminar. Embora não esboçasse nenhuma expressão, Satoru e Clair podiam ver claramente que a menina não estava muito bem, e queria sair logo. Assim, eles se apressaram. Larysse foi à frente novamente, embora fosse Clair que ditasse o caminho. A menina andava com pressa e olhava constantemente para frente, e várias vezes parava para esperá-los, só para depois ficar mais a frente novamente, assim como havia feito no dia anterior. Desta vez, ela não corria, e desta vez, não havia Khurtnney para brincar com ela.

Um silêncio desconfortável seguia o grupo, cada um deles imerso em seus próprios pensamentos novamente. Ninguém pensava que iria acontecer algo parecido. Larysse suspirou novamente, secando uma lágrima antes de ela deslizar por sua bochecha. Agradeceu por estar andando na frente, assim ninguém a veria. Resmungou alguma coisa e continuou caminhando, pensando em milhares de coisas que poderia ter feito para ajudar sua Pokémon, mas não o fez. E isso aumentava a sua culpa.

Essa pessoa, dona do Pokémon serpente teria que pagar pelo o que fez. Assim que chegasse a Jubilife e cuidasse de Khurtnney, iria direto a policia e deixaria que eles cuidassem disso. Só o pensamento de ver aquela pessoa presa, privada de sua liberdade e recebendo o que merecia era o bastante para se sentir um pouco mai9s aliviada.

Depois de duas horas de caminhada, eles puderam ver ao longe uma alta construção de concreto com a pintura descascada, com uma grande fachada com um grande P em vermelho, indicando que era um Centro Pokémon. Larysse olhou para ele aliviada, e desatou a correr em sua direção.

– Larysse, espera! – Gritou Clair para ela, em vão. A menina nem sequer virou a cabeça para ouvir.

Satoru deu de ombros, e começou a correr atrás dela, com Clair o seguindo. Devido à altura superior da menina comparada a Satoru, o menino teve que apertar o passo para acompanhá-la. Logo estavam ao lado de Larysse, que parou para abrir a porta, e correu novamente, adentrado o prédio, quase tropeçando em seus próprios pés. Satoru e Clair a seguiram, ofegando pelo cansaço.

O Centro Pokémon era simples, e no momento, estava completamente vazio, a não ser pela Enfermeira Joy atrás de um balcão. O assoalho era de madeira, e às vezes algumas tabuas faziam o chão ranger. As portas eram do mesmo material do assoalho, de uma cor escura que Satoru não pode identificar devido a pressa por seguir sua amiga. Pode ver com o canto do olho um quadro de avisos com grandes pôsteres de anúncios e papéis informando outras coisas que não pode identificar.

Logo que a enfermeira Joy os viu, ela se levantou, ficando de pé. Ela era estranhamente parecida com a enfermeira Joy do centro Pokémon de Sandgem, o que Satoru achou estranho. Eram gêmeas, talvez?

– Pra que essa pressa toda? – Perguntou a enfermeira, parecendo preocupada.

– Enfermeira! – Pediu Larysse, arfando. Ela levou alguns segundos para recuperar a voz e finalmente falar: - É a minha Pokémon...

A mulher hesitou, e uma expressão séria tomou o seu rosto.

– Fomos atacadas... – Continuou Larysse, fazendo uma pausa para tomar ar. – Por alguém, eu não sei. Acho que ela foi envenenada.

– Ela quem? – Perguntou a enfermeira.

– Minha Pichu.

Com isso, a menina liberou sua Pokémon em cima do balcão, mostrando-a ainda desacordada. Ela respirava pesadamente, e tinha um corte fundo que ia desde abaixo do pescoço, passava pela barriga e terminava na lateral do corpo numa curva, formando um estranho “S” malfeito. A enfermeira Joy franziu o cenho, e seus lábios formavam uma linha reta, demonstrando sua clara irritação. Ela lançou um olhar para Larysse e a repreendeu:

– E você não fez nada para ajudá-la?

– Eu... – Larysse hesitou. – Foi rápido demais!

– Você não tinha nenhum medicamento para ajudar com o ferimento? – Perguntou a enfermeira, cada vez mais enfurecida. – Podia ao menos ter feito um curativo. Não pensou que ela poderia pegar uma infecção por isso?

A menina se calou. Mais lágrimas surgiram em seus olhos, que ela lutou para não caírem. Limpou os olhos com as costas da mão antes de deslizarem por suas bochechas, e a enfermeira bufou, aborrecida, e se virou, ficando de costas para as crianças.

Larysse sentia o olhar dos amigos por sobre si, e quase podia sentir o pesar que sentiam por ela, somando-se ao seu e deixando-a ainda mais culpada. Porque não havia pensado naquilo? Porque não pedira para Clair para ajudá-la com Khurtnney? E se ela tivesse pegado uma infecção e ficasse ainda pior do que antes? Isso seria culpa dela.

A enfermeira se virou novamente para eles, pegou Khurtnney cuidadosamente e entregou para grande Pokémon rosa pálido, semelhante a um ovo com braços arredondados e pés pequenos. Com uma expressão preocupada, o Pokémon a segurou, e logo outro Pokémon como aquele surgiu, abrindo uma porta atrás do balcão facilmente, carregando uma pequena maca. O Pokémon que segurava Khurtnney a depositou na maca, e o outro começou a se dirigir para o interior da sala que saíra, sneod acompanhado pelo primeiro. Joy os seguiu, e segurou a maçaneta da porta antes de entrar.

– Espere aqui. – Disse ela, virando-se para o grupo. - Vou cuidar da sua Pichu.

Finalmente, entrou, deixando os três ali, no saguão de entrada. Larysse bufou, e se dirigiu para a fileira de cadeiras que havia no canto da sala, perto do quadro de avisos que Satoru havia visto enquanto seguia a menina. As cadeiras eram duras e desconfortáveis, mas isso não impediu a garota de sentar e esperar pela enfermeira Joy. Preocupação transparecia em seu rosto, mas assim que percebeu Clair e Satoru olhando para ela, ela fechou a cara, e desviou o olhar, observando o quadro de avisos. Havia coisas como o horário de funcionamento, propagandas antigas de novas Pokeballs ou e medicamentos, ou de algum produto qualquer.

O maior cartaz chamou sua atenção. Era roxo, com outras cores fortes marcando-o. No fundo, havia um enorme labirinto feito de muros de pedra com plantas cobrindo quase toda a sua extensão. Era uma visão pequena vista de cima. Na frente havia um garoto louro segurando uma Pokeball em sua mão, e abaixo dele, havia um Pikachu olhando de forma imponente. Letras em branco diziam a seguinte mensagem:

Já imaginou passar dias num labirinto, chegar até seu centro, e depois conseguir voltar?

Participe do Desafio do Labirinto!

Você pode conseguir um desses fabulosos prêmios:

1° Lugar – Três Pedras evolutivas de sua escolha, um conjunto de Pokeballs especiais e dois TM’s a sua escolha.

2° Lugar – Um Conjunto de Ultra Balls, um conjunto de Great Balls e um TM.

Cidades que irão participar:

Jubilife – Eterna – Solaceon – Veilstone

Ela deu um sorriso rápido, imaginando aquilo. Um labirinto e alguns prêmios legais? E as pedras evolutivas? Já havia ouvido falar delas, mas não sabia muito. Só que havia alguns Pokémons que evoluíam por meio delas. Poderia ser divertido. Khurtnney iria gostar daquilo? Poderia participar com ela mais tarde...

De repente, a amarga realidade tirou Larysse de seus breves devaneios. Primeiro: mal conhecia Khurtnney, apesar de gostar dela. E segundo: havia o pequeno incidente do dia anterior. Será que, depois daquilo, Khurtnney iria continuar gostando de sua treinadora? Poderia confiar nela mais uma vez?

Com um suspiro, ela continuou esperando, a dúvida corroendo-a. Olhava para o assoalho de madeira com uma expressão vazia, mas sem realmente vê-lo. Sentia o olhar dos amigos sobre ela, mas os ignorou. Os três estavam em silencio, e não havia um único som que pudesse ser ouvido, com exceção da respiração de todos. Era quase como se o mundo tivesse parado, só para que os pensamentos de Larysse gritarem mais alto.

***

Demorou alguns poucos instantes para Satoru se dar conta que não sabia para o que estava olhando. Ao invés disso, viu em sua mente claramente o rosto pálido de Altaris, escondido pelas sombras, e os olhos azuis brilhando estranhamente. Um a visão assustadora para ele. Satoru não queria acreditar que tivesse visto Altaris na noite anterior.

Não soube quanto tempo se passou exatamente quando a porta de entrada do Centro Pokémon se abriu novamente, revelando um grupo de viajantes bem familiares. O menino ofegou, com medo. Seu coração disparou, e ele teve vontade de pular a janela e fugir só para não vê-los.

Alyss parecia um pouco mais pálida, com o cabelo longo cheio de mechas azuis preso num rabo de cavalo. Usava jeans com uma blusa branca sem mangas, parecendo um ou dois números maior do que o que lhe serviria. O garoto menor, com seus cabelos louros bagunçados era, no mínimo, adorável. Tinha um estilo semelhante ao de Satoru, vestindo uma camisa azul e calças folgadas. Ele possuía uma franja, que caia por sua testa e que provavelmente deveria ser irritante, mas não fazia nada para tentar tirá-la dali, como se gostasse do incomodo.

O terceiro e último garoto parecia ser o mais diferente de todos os outros do grupo, e foi o que Satoru menos queria ver naquele momento. Alto, vestido todo de preto, desde sua blusa da banda Avenged Sevenfold, até as calças jeans negras, o tênis All Star preto e as luvas cortadas nos dedos. Seus cabelos vermelhos caiam por sobre os ombros, fazendo com que algumas mechas ficassem para as costas. Uma franja estilo “emo” cobria seu olho esquerdo, que ele tentava inutilmente colocar atrás da orelha.

Os olhos azuis de Altaris não pareciam combinar com o visual gótico. Satoru imaginou que poderiam ser lentes, pois nunca vira olhos tão azuis assim. Especialmente hoje, que parecia diferente da ultima vez que o vira. Hoje, eles pareciam brilhar, assim como na noite anterior. Misteriosos. Discretos. Perigosos.

O Charmander dourado estava ao lado de seu treinador, suas escamas pareciam brilhar de leve com a chama da própria cauda. Ele olhou para o outro grupo, e abriu um sorriso inocente, mas o menino sabia que provavelmente não era nada disso. Satoru olhou diretamente para Altaris, parecendo surpreso. Larysse, parecendo sair de seu estranho transe, olhou para eles e levantou a sobrancelha, surpresa por vê-los tão cedo assim, quase como se eles tivessem saído momentos antes que eles e tivessem seguido os mesmos caminhos. Talvez tivessem mesmo.

– Ei, olha só quem está aqui! – Disse Altaris, abrindo um sorriso enquanto se dirigia ao grupo. – Estão nos seguindo?

Satoru engoliu em seco, parecendo nervoso. Não eram eles que os seguiram?

– Parece que é o contrário. - Sorriu Clair, ecoando seus pensamentos. – Estão seguindo para Jubilife também?

– Sim. – O menino assentiu. - Vou desafiar o líder do ginásio de lá. Parece que é um novo ginásio ou eu sei lá...

– Como vocês chegaram aqui tão rápido?

– Acho que... – Altaris hesitou. - Não saímos muito depois de vocês.

Ele lançou um olhar rápido para Satoru, seus olhos brilhando ainda mais quando ele sorriu gentilmente. Mas não parecia aquilo. Parecia cruel.

– Hey, Satoru. Como é que vai? – Perguntou, alargando o sorriso maldoso. Ninguém pareceu perceber a maldade em sua voz, muito menos o brilho perigoso em seus olhos azuis e familiares. Lembrava sua mãe, mas os olhos dela não brilhavam tanto assim. Será que estava ficando louco?

– Eu... – O menino tossiu, quase engasgando com apropria saliva. – Vou bem, eu acho. E você?

– Eu? – O menino perguntou como se estivesse de fazendo de inocente. – Vou muito bem.

Alyss e Drew cumprimentaram os outros, falando coisas breves, mas Altaris olhava diretamente para Satoru, o sorriso cruel ainda em seus lábios, tentando parecer gentil. Mas ele sabia que não era. Ele o observou por muito tempo, enquanto os outros estavam distraídos demais para perceber qualquer coisa que estivesse acontecendo ali. Nem mesmo os Pokémons prestavam atenção nele. Os olhos brilhantes do garoto mais velho pareciam olhar diretamente em sua alma, e saber de todos os seus segredos. Foi naquele momento, que uma clara mensagem passou por eles.

Ele sabia.

Sabia que o menino fora o único a perceber quem ele era, principalmente por culpa de seus brilhantes olhos azuis. E parecia saber também que Satoru tinha medo do garoto, desde aquela noite, embora não tivesse feito muita coisa senão machucar o Pokémon de sua amiga. Sabia que sua expressão havia o assustado, e agora, como que querendo assustá-lo mais ainda silenciosamente, sua expressão e a cor vibrante dos olhos pareciam dizer tudo o que não queria que fosse verdade. O menino apertou as costas contra a cadeira desconfortável. Como alguém podia demonstrar tanta coisa só com o olhar?

– Onde está a enfermeira? – perguntou Drew, distraindo Satoru.

– Ela... – Larysse hesitou, mordendo o lábio. Finalmente, Satoru conseguiu desviar o rosto de Altaris para olhar para a amiga. – Foi cuidar da minha Pichu.

– O que aconteceu com ela? – Perguntou Drew, parecendo confuso e preocupado ao mesmo tempo.

– Nada de mais... Só um Pokémon que nos atacou. – Disse Larysse, hesitando. Satoru se sentiu melhor com ela dizendo isso.

E se Altaris, Drew e Alyss quisessem resolver o incidente da noite anterior com eles? E se fizessem alguma coisa? O menino certamente não iria aguentar aquilo tudo. Sabia que, de algum jeito, iriam fazer alguma coisa para impedi-los de relatar aquilo para a polícia, talvez. Ou iriam fazer com que não acreditassem neles. Satoru não sabia se era possível, mas Altaris era da Equipe Rocket. Mesmo não sendo um grupo de crime sério e que traria problemas grandes demais, Satoru tinha medo. Principalmente por conta de sua mãe, e do dia em que aquilo acontecera.

De repente, Satoru não aguentou mais ficar ali. Levantou-se, e saiu, deixando Growlithe para trás. As meninas perguntaram o que havia acontecido, mas ele simplesmente disse que tinha que ir ao banheiro. Nem ao menos sabia onde era, mas passou pelo balcão onde a enfermeira Joy estava há um tempo, e no fim da sala, havia duas portas, uma na parede superior e outra a sua frente. Escolheu a primeira que viu, e entrou nela sem a menor cerimônia. Simplesmente não queria mais ficar no mesmo cômodo que aquele maldito garoto de cabelos vermelhos.

Sua cabeça parecia pulsar por conta dos pensamentos que invadiam sua mente, como se esta estivesse interferindo em seu crânio, em seu corpo. E de certa forma, estava.

Olhou para o cômodo em que se encontrava. Era uma sala pequena, e estava cheia de pequenos cubículos, e dentro deles, vídeo fones, que eram os telefones que as pessoas usavam para falar umas com as outras e ver uma a outra. Ele olhou para cada um dos telefones e para a sala vazia e silenciosa. Pois é, havia errado o caminho. Mas não queria voltar para o saguão e ter que admitir que estava no lugar errado. E se rissem dele?

Deu de ombros. Afinal, ele não queria ir ao banheiro mesmo. Pensou em ligar para seu pai, e contar a ele como estava sendo a jornada. Ao pensar naquilo, franziu o cenho. Desde a última vez que vira seu pai, ele não parecia estar preocupado que seu único filho fosse sair mundo afora, e nem ao menos pedira para que ele ligasse quando chegasse a Sandgem ou em Jubilife. Resmungando, se dirigiu para um dos vídeos fones e discou o número de sua casa, e esperou.

O telefone tocou três vezes antes da tela se acender e revelar o rosto cansado de seu pai, porém como sempre, duro. Ele pareceu surpreso ao ver o filho ali, com um sorriso animado ao ver seu pai, porém levemente assustado.

– Satoru...? – Perguntou Thomas, como se não esperasse ver o filho. – Onde você está?

– Eu estou a caminho de Jubilife. – Disse o menino, confuso com a reação de seu pai. – Tem esse Centro Pokémon no meio da estrada, e fizemos uma parada...

– Onde está Clair e aquela outra garota? – Perguntou, interrompendo o menino.

– Estão no saguão do Centro, conversando com umas pessoas...

– Que pessoas? – Ele franziu a testa.

– A gente conheceu um grupo de treinadores não muito mais velhos que a gente, e que vivia em Sandgem... – Explicou o menino, cada vez mais preocupado. Aquele era mesmo seu pai? - Os encontramos aqui, e elas estão lá conversando com eles.

O homem hesitou um pouco, as linhas franzidas de sua testa se desfazendo lentamente até ele parecer normal mais uma vez. Atrás dele, seu escritório era visível, e uma grande mesa na qual ele usava para fazer suas coisas, das quais Satoru nem ao menos sabia. Um silêncio estranho se formou entre eles. Satoru quis contar como havia sendo sua viagem, e queria contar sobre os Starlys, sobre como Growlithe era um Pokémon legal e sobre as conversas que tivera com ele. Mas... Ele parecia tão distante. Tão difícil de conversar.

Era sempre assim. Desde o dia da morte de sua mãe, onde acontecera o incidente... Horrível, para Satoru e provavelmente para Thomas também. Depois daquele dia, mal conversava com o filho, e quando conversava, eram coisas breves. O deixava sozinho a maior parte do tempo, embora ele tecnicamente não devesse ficar sozinho, por recomendação médica. Era quase como se ele não tivesse mais um pai como tivera antes.

Como se tivesse perdido os dois numa única noite.

Aquele dia havia sido como uma humilhação para seu pai acostumado a tomar o controle de tudo, cuidar das coisas. Thomas sempre dava um jeito nas coisas, se mostrava forte, e nunca perdia para ninguém, tanto ele sozinho como com seus Pokémons. Mas aquela noite... Tudo isso fora tirado dele.

Satoru imaginou o quão ruim aquela noite tinha sido para seu pai. Logo, imagens, lembranças começaram a voltar para o garoto. Viu confusão passar pelo rosto de seu pai, depois, um leve brilho de preocupação, que logo se desfez, escondido pela máscara que seu pai usava para esconder seus sentimentos, tornando-o indecifrável. Provavelmente o rosto do menino estava mostrando sinais do modo como as lembranças o afetavam. Estava prestes a dar uma desculpa para encerrar a ligação, quando Thomas disse:

– Eu tenho outra ligação aqui. Eu vou atender, e depois a gente se fala, ok?

– O-ok. – Gaguejou o menino.

Sem dizer mais nada, Thomas encerrou a ligação, fazendo a tela se apagar e deixar Satoru ali, olhando para ela como se seu pai ainda estivesse ali. Podia ver um reflexo de si mesmo na tela escura. Seu rosto parecia extremamente assustado, os olhos estavam arregalados, e pôde ver uma lágrima escorrendo por sobre seu rosto, já marcado de outras lágrimas. O menino franziu o cenho. Tinha começado a chorar e nem havia percebido. Seu pai havia visto?

Tentou desfazer aquele rosto, limpando as lágrimas com sua blusa, de modo que elas não aparecessem, nem menos um rastro delas. Não fazia sentindo relembrar uma coisa que já havia acontecido há muito tempo, ainda mais quando sua vida estava se tornando tudo o que sonhara... Quer dizer, em partes.

Decidiu que havia “estado no banheiro” por tempo demais, quando a porta da sala de vídeo fones se abriu, e o menino congelou.

Altaris observou-o, parecendo preocupado.

– Satoru? – Disse ele, olhando o garoto. - Você sabe que aqui não é banheiro, não é?

– Eu estava fazendo uma ligação, já que estava aqui. – Disse o menino, colocando o telefone de volta no gancho. – E o que você está fazendo aqui?

– Hum... – Altaris ignorou a pergunta, se aproximando. Seu Charmander não o acompanhava. – Vim ver porque você estava demorando. Não consigo ficar muito longe de você.

Riu de sua própria piada, e ficou de frente para ele. Satoru começou a bater seus dedos na mesa onde a tela do vídeo fone estava, nervoso pela presença do mais velho.

– Enfim... – O garoto mais velho puxou uma das cadeiras de um dos vídeos fones vazios e se sentou ao lado de Satoru. - Eu quero conversar com você.

Nervoso, Satoru apenas esperou. Altaris o fitou, indecifrável. De repente, um sorriso maldoso brincou em seu rosto, deixando-o com um aspecto ainda mais sombrio do que já parecia ter hoje.

– Não me leve a mal, mas... Você não devia ter me visto ontem. – Disse ele, estudando suas curtas unhas arredondadas, ainda com o sorriso presunçoso em seu rosto.

O coração do menino disparou, e o medo o corroeu por dentro. Satoru ofegou. Então Altaris realmente sabia que ele o tinha visto? E era realmente ele? Se aquilo não fosse um pesadelo, então era verdade. Afinal, no dia anterior ele o tinha visto com a serpente, os olhos azuis brilhando como estavam agora. Mas preferia não acreditar que era verdade. Que era outra pessoa, outro alguém. Ou que aquilo com o Charmander havia sido só mais um sonho.

Mas isso explicaria o porquê dele e seu grupo ter chegado ao Centro Pokémon pouco tempo depois deles. Como se estivesse seguindo-o.

– Olha, eu não queria ter feito aquilo com a Pokémon da sua amiga... – Explicou ele, mas não parecia arrependido. – Foi só uma coisinha que me mandaram, então, o que eu podia fazer se não obedecer?

– O-obedecer a quem? – Perguntou Satoru, se encolhendo.

Altaris fingiu surpresa.

– Oh, o Charmander não te contou?

Satoru engoliu em seco, fazendo barulho. Ele sabia da habilidade do menino de entender os Pokémons? Quis perguntar, mas ele parecia paralisado no lugar. Só conseguia encará-lo de volta, temendo o perigo que via em sua expressão.

– Ele não devia ter contado, mas... Você não vai contar que me viu, nem de onde eu sou. – Disse ele, alargando o sorriso com uma voz estranhamente doce. – Nem pra seus amiguinhos, nem pra polícia, nem pra seus Pokémons, e nem pra ninguém. Ou eu vou cuidar para que você suma... Se é que você me entende.

Ele fez um gesto de cortar o pescoço com a mão, e saiu, com o sorriso cruel ainda em seu rosto, deixando um Satoru apavorado para trás. O menino esperou que aquilo fosse apenas um longo pesadelo, e que ele fosse acordar na cama do dormitório do Centro Pokémon de Sandgem, ou talvez ainda na floresta.

Mas ele não acordou

***

Mais tarde, naquele mesmo dia, Larysse ainda esperava pela volta da Enfermeira Joy. Uma garotinha de longos cabelos castanhos aparecera há algum tempo atrás, recebendo o grupo de Altaris, que alugou dois quartos para si. Clair havia alugado quartos também, já que não sabia quanto tempo iriam passar ali por conta de Khurtnney. Aproveitando que a garotinha estava ali para atendê-los, Clair deixou seu mais novo Starly com ela para ser tratado também, e a menina havia sumido pela mesma porta atrás do balcão que havia surgido para levar o Pokémon ferido.

Não tinha ideia de quem era aquela menina, mas Larysse não estava pensando naquilo agora. Ficou grata de Altaris e seu grupo terem ficado ali no saguão com ela, conversando. Aquilo a distraia de seus pensamentos, e fazia um som a mais naquela sala.

O único que não parecia grato nem animado era Satoru. A menina podia ver claramente que o amigo não parecia se sentir bem na presença deles, principalmente de Altaris, que estava sentado entre ele e Clair, conversando animadamente e rindo, mostrando estar animado em revê-los, mesmo que por uma estranha coincidência. Ela mesma não ligava para coincidências, mas estava feliz por esta ter acontecido.

Ainda assim, a culpa com Khurtnney não foi esquecida. Ignorada, talvez, mas não esquecida. A cada hora que se passava, Larysse ficava cada vez mais preocupada. Logo a noite caiu, e nem sinal da enfermeira Joy com sua Pokémon. Era tão sério assim?

Foi ficando tarde, e Clair puxou Larysse para a cozinha do Centro Pokémon, onde um velhinho gentil lhes serviu a comida. Assim como antes, o grupo estava sentando um de frente para o outro, com mesas postas juntas. Altaris estava sentado de frente para Satoru, encarando-o abertamente, enquanto os outros estavam distraídos com suas próprias conversas. Larysse percebeu, mas não disse nada. Com o canto do olho, pode ver o fantasma de um sorriso no semblante de Altaris, e Satoru arregalou os olhos, parecendo assustado. Ainda com o canto do olho, viu o garoto mais velho fazer um gesto de cortar a cabeça com a mão, passando-a por seu próprio pescoço.

Confusa, a menina olhou para os dois, mas Satoru estava batendo seus dedos na mesa levemente, parecendo distante. Altaris ainda o observava, interessado. Como se sentisse que Larysse estava o encarando, ele virou os olhos em sua direção de leve, e deu um sorriso gentil. “Garoto estranho”, pensou a menina, e voltou a conversar com Drew.

Mais tarde, Clair insistiu para que Larysse fosse dormir, mas a menina se recusava. Satoru começou a insistir também, assim como Alyss e Drew. Finalmente, a menina cedeu, resmungando alguma coisa incompreensível. Subiram as escadas que havia no canto direito do saguão, seguindo para um corredor cheio de quartos. Desta vez, Clair havia alugado um quarto para ela e um para as crianças, duvidando do tamanho. Mas quando Larysse se despediu dos novos amigos e da garota mais velha, ela não se importou com o tamanho, nem com o beliche com um colchão fino, nem com a falta de mobília, e com o fato de que o banheiro era pequeno e humilde. Não estava acostumada com aquilo, mas tudo o que conseguia se importar no momento era sua Pokémon.

Depois de tomar um banho assim que Satoru saiu do banheiro, ela se deitou na parte de cima da beliche, e olhou para o teto.

– Larysse? – Perguntou Satoru, baixinho. A menina se surpreendeu ao ouvir a voz dele. O dia todo ele não dissera quase nada, e pelo jeito tímido que ele tinha, era fácil passar despercebido, como se estivesse invisível.

– O que foi? – Perguntou ela, indo para o canto da parede.

– Você não acha que o Altaris é estranho? – Perguntou ele, hesitante.

Larysse franziu a testa.

– Não... Porque acha isso?

– Nada não! – Respondeu ele rapidamente, e ela o ouviu puxar um cobertor por cima dele.

Larysse deu de ombros. “Satoru também é estranho”, decidiu ela, e se virou na cama também, pensando. Será que Khurtnney estava bem? Será que, mesmo com o Centro Pokémon sendo pequeno e humilde iriam conseguir cuidar de Khurtnney? E se fosse muito sério? A garota cerrou o punho, pensando na noite anterior e da pessoa de manto negro que os atacara de um modo estranho com aquela serpente. Seja quem fosse, ela iria fazê-lo pagar de modo justo. Assim que chegasse a Jubilife, iria relatar tudo para a polícia, então deixaria que eles cuidassem disso. Ninguém machucava sua Pokémon e depois sairia impune.

Com aquela ideia na cabeça, ela lentamente fechou os olhos, e adormeceu, pensando em quem poderia ser aquela pessoa.

***

Larysse acordou com o som irritante do toque de um telefone que havia no quarto. Ela nem ao menos sabia se era de manhã ou não, mesmo que o quarto estivesse iluminado por alguns raios de sol que se infiltravam pela janela. Resmungou alguma coisa, e se virou na direção do telefone. Estava com tanta preguiça de levantar. Deixou o telefone tocar uma, duas, três... Quatro vezes. Continuou tocando mesmo assim, como se a pessoa que estivesse ligando fosse insistente.

Na parte de baixo do beliche, ouviu Satoru se levantar com um resmungo. Os passos arrastados dele fizeram o chão ranger de leve. Seu cabelo estava completamente bagunçado, e seus olhos mal estavam abertos. Apesar do calor que estava fazendo mesmo de noite, ele usava o que parecia ser um pijama, com a manga da blusa cinza passando de suas mãos. Resmungando, pegou o telefone e murmurou:

– Alô? – Ele esperou por um tempo, e abriu os olhos totalmente, parecendo surpreso. – Ah sim, eu vou chamá-la.

Curiosa, a menina jogou os cobertores para o lado e se inclinou para a beirada da cama, observando Satoru. O garoto se virou para Larysse, e apontou o telefone em sua mão com a cabeça.

– É pra você. A enfermeira Joy com noticias da Khurtnney...

Imediatamente, Larysse afastou todo o sono e a preguiça e saltou para o chão, sem se importar de usar a escada do beliche. Caiu com um baque, fazendo seus pés descalços arderem, e rapidamente cruzou o caminho que separava ela de Satoru e pegou o telefone de sua mão.

– Alô? – Perguntou ela, sua voz saindo rouca.

– Larysse, não é? – Perguntou a Enfermeira Joy. – Só queria avisar que já pode visitar a sua Pichu, e se ela estiver se sentindo bem, poderá receber alta hoje mesmo.

Larysse hesitou, segurando o gancho do telefone em suas mãos. Uma sensação de alivio tomou conta dela, e a menina quis gritar de tanta felicidade.

– Estou indo aí. – Disse a menina, com um sorriso, e rapidamente desceu as escadas, deixando o telefone fora do gancho e Satoru para trás com uma expressão confusa.

Quando chegou ao saguão do Centro Pokémon, encontrou a enfermeira Joy no balcão, a tempo de vê-la colocando o telefone de volta no gancho, com a testa franzida, como se soubesse que a menina não havia desligado. A menina ofegou, e se dirigiu até ela.

– Você veio rápido. – Disse ela. – Sua Pokémon estava envenenada, mas como você a trouxe para cá rapidamente, não foi nada sério. Agora ela está bem melhor, e parece que quer te ver.

A enfermeira mostrou um ponto no balcão onde podia levantar uma grande tabua de madeira, e a menina passou por ali, e acompanhou a enfermeira Joy. Passaram pela estranha porta que havia ali, que dava para um corredor. Este, além de ser longo, estava cheio de portas. Larysse contou seis portas, três em cada lado, até chegarem ao qual a enfermeira desejava, e entraram por ela.

Lá, encontraram um grande quarto de hospital, completamente branco, diferente da pintura descascada da entrada. Pouca coisa ocupava o espaço do quarto, o que o fazia parecer maior do que realmente era. Havia um armário com portas de vidro cheio de diversos medicamentos, uma grande pia, e no canto do quarto, uma grande maca e estranhas máquinas ao lado, além de uma das cadeiras que ficavam no saguão. Em cima da maca, uma Pichu descansava, e puxava para os lados o lençol branco que a cobria.

Ouvindo o som da porta se abrindo, a Pichu se levantou e olhou para as duas. A enfermeira Joy sorriu, e saiu do quarto, deixando Larysse sozinha com Khurtnney. A Pichu olhou para sua treinadora, e abriu um enorme sorriso.

– Larysse! – Exclamou ela, ficando de pé na maca. – Estou tão feliz que você está bem!

– O que? – A menina franziu o cenho, de repente toda a culpa que sentia sumindo rapidamente ao ver a Pichu bem de novo. – É você que estava machucada... Eu é que estou feliz em vê-la.

– Eu fiquei preocupada com você. – Admitiu a Pichu, bufando. – Humanos não tem as mesmas coisas que os Pokémons... E se aquele Pokémon te atacasse?

Larysse sorriu, e se sentou na cadeira desconfortável que estava ao lado da maca, para poder ver melhor a Pokémon. O ferimento que cobria sua barriga estava coberto por um grande curativo, e não havia nenhum outro arranhão por seu corpo ou algo do tipo. Ferimentos menores haviam sumido.

– Não, ele não me atacou... Fugiu depois que te atacou. – Explicou ela. A menina se encolheu em sua cadeira. – Fiquei tão preocupada...

– Você ficou preocupada comigo? – Perguntou Khurtnney, como se não acreditasse nas palavras da menina.

A menina resmungou, desviando o olhar. Sentiu-se envergonhada.

– Fiquei... – Admitiu Larysse, murmurando baixinho. – Achei que você iria ficar brava comigo, e não ia mais querer que eu fosse a sua treinadora...

– Por quê?

Mais uma vez, a menina hesitou.

– Eu não pude fazer nada pra te proteger...

– Mas você me levou até aqui. – Khurtnney bufou novamente, se mostrando aborrecida. – E não precisa ficar assim, eu estou bem.

– Mesmo? – Perguntou Larysse.

A Pichu assentiu, e como que para enfatizar, saltou para o colo de sua treinadora.

– Estou muito feliz em te ver bem de novo. – Disse Larysse, sorrindo, mas longo fez uma careta, fingindo estar com raiva. – Você me deixou muito preocupada, mocinha!

– Não é culpa minha se você é que não tem energia no seu corpo pra se defender. – Rebateu ela, brincando, depois deu um sorriso. – Quer se minha melhor amiga?

Larysse ergueu as sobrancelhas, surpresa e confusa ao mesmo tempo. Aquilo parecia ser o tipo de coisa que crianças bem novinhas falariam quando conheciam alguém legal e queriam que a amizade durasse. É claro, ela sabia que Khurtnney era muito mais nova que ela, mas não imaginava que um Pokémon pudesse dizer coisas assim. Ela não soube exatamente o que sentir. Não sabia se sentia surpresa ou se sentia emocionada pela Pichu querer que a amizade delas durasse.

Khurtnney apenas esperou a resposta da treinadora, ainda com o sorriso no rosto. Larysse hesitou mais uma vez antes de perguntar:

– Como... Como assim?

– Eu não quero ser só a sua Pokémon. – Explicou Khurtnney, dando de ombros.

Larysse engoliu em seco, com um sorriso se formando em seu rosto. Aquelas palavras significaram muito para ela.

– Eu também não quero ser só a sua treinadora.

Khurtnney a abraçou, o que não deu muito certo por causa de seu tamanho. Ao invés disso, agarrou a blusa da menina e se aconchegou em sua barriga. Surpresa, a menina colocou uma mão em sua pequena cabeça e começou a acariciá-la, feliz só por tê-la ali. Ela viu lágrimas descerem pelo rosto amarelo da Pokémon, mas não imaginou que fossem de tristeza. Pôde ver também o enorme sorriso dela.

De repente, Larysse sentiu uma corrente elétrica passar por sua mão e por sua barriga. Ela irou a mão rapidamente, e murmurou:

– Mas o que...?

Abriu a boca para repreender Khurtnney, mas, ainda abraçando sua treinadora, um brilho branco passou por Khurtnney por alguns segundos e sumiu. Logo depois, o brilho surgiu de novo, envolvendo-a totalmente e ofuscando a visão de Larysse e fazendo seus olhos arderem. Ela gritou e protegeu os olhos com os braços. O que raios estava acontecendo?

Rapidamente, a porta se abriu, revelando a enfermeira Joy, que perguntou:

– O que aconteceu?

Assim que viu Khurtnney no colo de Larysse brilhando, ela levou a mão até a boca, surpresa. Larysse tentou olhar para ela, o que foi inútil. Apenas ouviu a voz surpresa da enfermeira murmurar:

– Isso é... Isso é uma evolução.


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Notas finais do capítulo

Mé... e.e
Espero que tenha ficado bom (eu achei, mas aí a opinião de vocês é outra coisa, outro nível, rç). Desculpem a enrolação, mas eu vou parar com isso, e vamos chegar logo a próxima cidade. Só eu que achei o Altaris extremamente sexy, embora ele tenha esse ar malvado? eu adoro ele, srsly! Anyway, digam-me o que acharam, fantasminhas. Falando nisso, talvez eu escreva outra pokefic inspirada em uma creepypasta que eu li ontem, muito perturbadora... Ah, de qualquer forma, como estou me sentindo inspirada, vou escrever rápido o próximo capítulo e postar dentro do prazo ^w^

A proposito, o pokémon da enfermeira Joy são Chanseys, e a garotinha é completamente random.



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