Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 6
Capítulo 5: O segredo


Notas iniciais do capítulo

aeeeeaeaea finalmente postei! e feliz natal, seus mafagafos e seus fantasminhas, atrasado, mas feliz natal. Aliás, eu coloquei um negocinho legal na fic, porque tipo, no anime todo parece que o povo é rico e sempre tem o que precisa, bizarro. E por falar nisso, eu que criei isso aí, tipo, do nada me veio a cabeça, até porque eu queria mesmo fazer algo interessante...
Espero que gostem!



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– Satoru! Acorda!

A voz de Growlithe o chamou e ele sentiu uma patinha forte bater em seu peito para fazê-lo acordar. O garoto resmungou, mas o Pokémon insistiu, batendo sua pata e latindo furiosamente. Finalmente, ele abiu os olhos e viu o rosto do filhote de Growlithe sorrir para ele.

– Consegui! Acordei ele! – Gritou o cãozinho, e pulou para fora da cara, na direção de Clair.

Ela estava dobrando um cobertor quando o pequeno Pokémon mordeu a barra da calça dela e puxou, abanando a cauda animadamente. A garota parou de dobrar os lençóis com que se ocupara e olhou para o Growlithe, depois para Satoru resmungando alguma coisa enquanto se levantava. Com um sorriso, ela se agachou e agradeceu o Pokémon, fazendo um breve carinho em sua cabeça antes de voltar aos cobertores. Satoru lançou um olhar aborrecido e resmungou algo como “conspiração”, depois bocejou. Clair deu um sorrisinho travesso.

Satoru bocejou mais uma vez e esfregou os olhos. Olhou para o espaçoso quarto do Centro Pokémon mais uma vez. Era realmente enorme. Tinha duas camas, um beliche na qual Satoru dormiu na parte de baixo e Larysse na parte de cima, e outra cama de solteiro, onde Clair ficou. Havia um criado-mudo ao lado do beliche, um pequeno armário e um guarda-roupa onde encontraram cobertores, lençóis e cabides vazios. Em cima do pequeno armário tinha um abajur decorado com lua e estrelas. Acima desses, havia um telefone fixado na parede, na qual podiam ligar para a recepção. Havia uma porta para um grande banheiro, que era branco e muito bonito. Havia uma fileira de azulejos que contornava o banheiro pela horizontal, decorados com diversos Pokémons de água, todos correndo ou voando numa direção só, com um imenso jato d’água atrás deles. Era divertido olhar para aquele azulejo.

O garoto finalmente espantou o sono e desejou bom-dia a Clair. Larysse parecia não estar no quarto, provavelmente no banheiro. Ele avistou Khurtnney no canto da sala, conversando com Growlithe. Assim que o menino terminou de arrumar a cama, ainda com sono, ele ouviu a porta do banheiro se abrir e uma Larysse bem arrumada sair. Ela usava uma bermuda jeans, uma blusa branca sem mangas, e os cabelos foram presos num rabo de cavalo simples, mas de certa forma bem arrumado para Satoru.

Quando o viu, a menina fez uma careta.

– Satoru! – Chamou ela, com uma voz dura. - Só você acorda tarde aqui. Anda logo e se arruma!

– É. – concordou Clair, pegando sua mochila que estava num canto. – Aquele garoto mandou o Charmander dele aqui pra avisar que em trinta minutos vão vir aqui nos chamar, então vê se anda logo.

– Tá bom... – Resmungou Satoru, e foi pegar suas coisas, arrumando rapidamente. Entrou no banheiro para tomar um banho enquanto as garotas ficaram no quarto conversando sobre o grupinho que encontraram ontem.

– Parece que só aquele menino, o Altaris, gosta de falar... Os outros dois ignoraram a gente completamente! – Reclamou Larysse. – E aquela Alyss tem uma cara estranha.

– Estranho é esse Altaris. – Bufou Clair. – O cabelo dele é vermelho!

Larysse revirou os olhos.

– Ah sim, claro. E o seu castanho, tão lindo! – Debochou a garota.

Clair fez uma careta, mas não parecia aborrecida. Então Larysse perguntou sobre o inicial que preferia e depois de mais ou menos dez minutos, Satoru saiu do banheiro, e voltou a arrumar suas coisas. Growlithe abanou a cauda quando o viu, dando um oi, que para Clair foi apenas um latido. A garota ainda queria perguntar sobre aquela habilidade deles. Era tão difícil de acreditar, mas parecia certo. Mas hoje não, pelo menos enquanto o grupo de Altaris estivesse com eles. Queria conhecer seu Pokémon também.

Satoru parecia melhor do que quando acordou. Seus cabelos estavam molhados e sua franja estava colada a testa, deixando-o com um aspecto adorável. Usava uma calça jeans e uma blusa azul. Dessa forma, ele não parecia ter só doze anos. Clair não soube explicar o por que. Ao fitar o garoto, ouviu-se batidas na porta, e uma risadinha travessa seguida de um resmungo, que parecia vir de outra voz.

Clair resmungou alguma coisa e foi abrir a porta. Altaris, Drew e Alyss estavam ali, assim como o Charmander dourado, que sorria abertamente para todos.

– Hey! – Cumprimentou Altaris. – Prontos para ir?

– Depois de tomarmos um café, claro. – Disse Drew, com um sorrisinho.

Alyss revirou os olhos para o menino mais novo, mas não disse nada. Ao vê-la, Satoru abriu um enorme sorriso.

– É claro! – Respondeu o menino, se animando.

Todos eles saíram juntos, como um grande grupo de treinadores. Eles foram para o restaurante do Centro Pokémon. Já tinha bastante gente, sentada nas mesas redondas e quadradas espalhadas pela sala. Havia outras cadeiras que pareciam com mini sofás embutidos na parede pela lateral, e mesas quadradas na frente, mas todas já estavam ocupadas. Então o grupo escolheu algumas mesas postas lado a lado no canto da sala, onde puderam se sentar sem ficar realmente separados. Clair, Larysse e Satoru estavam sentados lado a lado, enquanto Altaris, Drew e Alyss estavam de frente para eles.

O ruivo era o que mais tentava conversar. Descobriram que Alyss era irmã mais velha de Altaris, e Drew era um amigo de infância deles. Vieram de Sandgem, e viveram lá praticamente a vida toda. Quando Satoru perguntou se eram treinadores, coordenadores ou cientistas, descobriram que Alyss era uma treinadora, assim como seu irmão, porém este também gostava muito de ciência, mas no momento, queria ser um treinador mesmo e correr atrás de insígnias. Já Drew admitiu com timidez que queria ser um coordenador. Larysse, fascinada, começou a conversar com ele.

Os Pokémons estavam ocupados conversando entre si e tendo seu próprio almoço, embaixo das mesas postas juntas, comendo uma comida própria que o centro preparava para eles.

Alguns minutos depois, terminaram de comer e Altaris insistiu em pagar a conta. Depois foram para o saguão e saíram do Centro Pokémon. Continuaram conversando sobre diversos assuntos. Drew estava conversando com Larysse enquanto Clair e Satoru conversavam com os dois irmãos. O ruivo constantemente fazia brincadeiras e lidava tudo com bom-humor, o que tornava a caminhada agradável para todos os três. Também implicava com Alyss, mas ela não parecia se aborrecer com ele.

A cidade de Sandgem era bonita. Tinha várias casas coloridas e bonitas, e praticamente nenhum prédio ou casa que passasse do terceiro andar. Era arborizada, e tudo nela parecia ser calmo e perfeito. Viam crianças brincando na rua e pokémons passeando. Satoru chegou a ver alguns Meowths e Glameows conversando sobre alguma coisa. Quando chegou perto, pôde ouvir que um dos Meowths falava animadamente sobre “um humano que morava na esquina e queria um Pokémon”. O garoto sorriu ao ouvir aquilo.

O laboratório do professor Rowan era uma grande construção branca e azul, cheia de janelas de vidro no segundo e terceiro andar. Ao chegarem à entrada do laboratório, Altaris abriu a porta e simplesmente foi entrando, como se fosse o dono do lugar ou algo assim. Alyss franziu o cenho e foi atrás dele, seguida de Clair, Satoru, Larysse e Drew, todos hesitantes. Mas quando entraram, descobriram que na verdade aquilo não era uma casa, e sim um saguão, mais precisamente uma sala de espera, com cadeiras pretas no canto e um balcão de granito, onde uma mulher jovem usando óculos olhava em um computador, como uma caneta e um caderno na mão. Assim que viu o grupo, deu um sorriso amigável.

– Olá! – Saudou ela, interrompendo o que estava fazendo para olhar para todos. – O que desejam?

– Estamos aqui para ver Rowan. – disse Altaris, sorrindo também. – Somos parte dos treinadores que vieram para pegar nossos iniciais e Trainer Cards.

– Ah, vocês devem ser os treinadores que Rowan estava esperando. Só um momento, por favor.

A mulher ajeitou seus óculos e foi até o outro lado do balcão, onde havia um telefone preto com um único botão. Ela apertou o botão assim que tirou o telefone do gancho e uma luz vermelha acendeu. Falou alguma coisa sobre eles e depois apertou o botão de novo antes de devolver o telefone ao gancho, e a luz vermelha se apagou.

– Crianças? – Chamou ela. – Podem seguir por esse primeiro corredor e ir até o fim dele, onde tem uma grande porta marrom. O professor irá encontrá-los lá para conversar com vocês.

Eles assentiram, e a mulher mostrou com a mão um corredor ao lado do balcão em que ela estava. Era um longo corredor repleto de portas, tanto a direita quanto a esquerda. Havia outros corredores lá também, mas seguiram até o fim, assim como a mulher de óculos os instruiu. Como ela havia dito, havia uma porta de madeira no final, com uma plaquinha retangular escrito “LABORATORIO INFERIOR 1”. Altaris bateu na porta, e esperou. Longos segundos se passaram até que finalmente a maçaneta girou e um homem alto os saudou. O homem tinha cabelos e um bigode grisalho, indicando que já tinha certa idade. Usava calças marrons, uma blusa azul escura e um jaleco branco por cima. Apesar dos cabelos brancos, seu rosto não tinha muitas rugas ou algo a mais que indicava que estava velho, a não ser os olhos. Seus olhos castanhos pareciam ser os olhos de quem já viu muita coisa.

– Vocês devem ser as crianças que vieram buscar seus Trainers Cards, não é? – Perguntou o homem. Sua voz não era muito grossa, e ele parecia sério ao dizer.

– Isso mesmo. – Respondeu o menino ruivo, com um sorriso amigável.

– Entrem. – Pediu o homem, abrindo passagem para o grupo.

Agradeceram e entraram na sala. Quando o Charmander dourado passou seguindo seu treinador, o homem demorou seu olhar no lagarto. Fez o mesmo com Growlithe e Khurtnney, mas não pareceu tão surpreso assim quando viu o Charmander.

A sala era grande, toda branca, e por ela estavam espalhadas estranhas máquinas, algumas delas conectados a computadores, a maioria desligado. Havia também aquela estranha máquina que viram no Centro Pokémon, parecida com uma incubadora. Num canto, ao lado de uma janela, havia uma grande estante cheia de livros sobre Pokémons, ciência e coisas do gênero. A esquerda da sala havia uma estante para Pokeballs. Esta estava inteiramente vazia, com exceção de três Pokeballs, com uma etiqueta embaixo escrito o nome dos Pokémons que estavam ali: Chimchar, Piplup e Turtwig. Em outro canto da sala, perto da porta, havia uma mesa com várias coisas: Uma prancheta, vários papéis empilhados, uma maleta preta, uma Pokeball aberta, clipes, canetas de diversas cores e alguns lápis, além de um mapa dobrado.

– Eu sou o Professor Rowan. – Disse o homem de jaleco. – Sou um cientista Pokémon e também um dos encarregados de fornecer Trainer Cards e Pokedex para novos treinadores. E quem são vocês?

– Nós somos treinadores. – Respondeu Alyss e nomeou cada um do grupo, apontando com a cabeça.

– Isso mesmo. – Confirmou Clair. – Viemos pegar nossos Trainer Cards.

– E os iniciais. – Disse Rowan, mas não soou como uma pergunta. – Vejo que alguns de vocês já tem um Pokémon... Inclusive um raro pela sua cor.

– Meu Charmander? – Perguntou Altaris, com um sorriso misterioso. – Eu o ganhei quando ainda era um ovo. Não sabia que seria Shiny.

– É um belo Charmander. Pokémons assim são muito raros de se encontrar, ainda mais conseguir um ovo e nascer um Shiny. É uma chance em um milhão.

O sorriso estranho de Altaris aumentou, mas ele não disse nada. O professor se virou para pegar a prancheta em cima da mesa. Havia algum tipo de ficha nela. Ele leu por alguns segundos e sem tirar os olhos da prancheta, ele perguntou:

– Então Altaris Michaels, Larysse Daniels e Satoru Andy já têm seus Pokémons e vieram pegar só os Trainers Cards e as Pokédexs?

– Eu já tenho uma Pokédex. – Disse Satoru. – Mas é isso mesmo.

Rowan assentiu, e devolveu a prancheta à mesa.

– Então vamos primeiro as coisas mais importantes. Vocês já sabem que iniciais vocês querem?

O grupo ficou em silencio. Clair olhou para Alyss. Alyss olhou para Drew, e este olhou de volta para as duas. Clair não conseguia acreditar que realmente estava acontecendo aquilo, que ela realmente iria ter um inicial, um Pokémon. Mas ela ainda não havia decidido qual Pokémon pegar. E quanto a Alyss e Drew, será que haviam decidido já? Ela lhes lançou o melhor olhar que pôde de “Escolham primeiro”. Drew, parecendo entender a mensagem, olhou para Alyss, e sussurrou algo no ouvido dela, tendo que ficar na ponta dos pés para fazer isso. Ele sussurrou algo de volta, e se encararam.

– Eu sei. – Disse o garoto mais novo, colocando uma mecha de seu cabelo loiro para trás da orelha. – Eu queria um Turtwig.

– E eu um Piplup. – disse Alyss, com um sorriso se abrindo em seus lábios.

Clair piscou, sem responder. Rowan pegou as Pokeballs com o nome dos Pokémons que os dois haviam pedido e entregou a eles. Ambos agradeceram ao recebê-las, e olharam maravilhados para as Pokeballs. Drew colocou a mão no bolso da calça, e tirou de lá um Seal em forma de uma folha, e colou em sua Pokeball, que brilhou em verde uma única vez e voltou a sua forma original. Alyss parecia maravilhada só de ter uma Pokeball em suas mãos. Clair deu um sorriso para ela, e a menina retribuiu, com os olhos brilhando de felicidade. A mais velha balançou as mãos ao lado do corpo, nervosa.

Rowan pegou a ultima Pokeball, que seria a de um Chimchar, e andou até Clair.

– Parece que sobrou o Chimchar pra você. – Disse ele. – Está tudo bem?

Clair assentiu, pois não confiava em sua voz. Realmente não havia problema em ter um Chimchar ao invés de um Piplup ou um Turtwig. O professor se virou para pegar a Pokeball, e de repente o mundo de Clair pareceu ficar em câmera lenta. Pareceu demorar anos até ela estender a mão e o professor deixar a Pokeball em suas mãos, e ela fechar os dedos nela para que ficasse segura. Ela suspirou. Não conseguia explicar o sentimento que a invadiu naquele momento. Era uma estranha mistura de felicidade, nervosismo, triunfo, orgulho e excitação. Depois de anos, finalmente tinha seu próprio Pokémon, o que tornava oficial para ela a sua jornada. Clair abriu um grande sorriso e segurou a Pokeball cuidadosamente, como uma jóia preciosa.

– Obrigado, Rowan. – agradeceu Clair, com a voz embargada.

– Não há de quê. – respondeu o professor, com um sorriso. – Todos vocês agradeceriam ainda mais se cuidassem bem desses Pokémons, já que como vocês, eles são seres vivos também.

– Eu vou cuidar. – Disse a garota mais velha. – Eu prometo.

– Nós também! – Disseram Alyss e Drew, em uníssono.

– Espero que cumpram essa promessa. – Pediu Rowan. – Agora vamos para as Pokédexs.

Ele puxou a maleta preta que estava em cima da mesa e a abriu. Dentro havia alguns cartões semelhantes a cartões de crédito, só que de cores diferentes, Pokédexs vermelhas com uma tira de papel colada com fita adesiva, escrito os nomes de praticamente todo o grupo. Também tinha várias pokeballs do tamanho de bolinhas de gude. Rowan pegou as Pokédexs e as juntou na mesa.

– Elas já estão configurada e registradas com seus dados pessoais. – Explicou Rowan, e entregou uma Pokedex a cada um deles, com exceção de Satoru. – Elas são como mini enciclopédias, com diversas utilidades. A principal é a de fornecer informação do Pokémon que ela captar ou você escolher. Eu vou mostrar.

Rowan tirou uma Pokédex azul de seu bolso, igual à deles, e a abriu. Apontou para o Growlithe de Satoru, e logo uma voz computadorizada disse:

Growlithe, o Pokémon cachorro de Fogo.

Nativo da região de Kanto, Growlithe é um Pokémon extremamente leal a seu treinador, e o irá protegê-lo de toda ameaça que chegar perto. Extremamente obediente, Growlithe irá permanecer imóvel até receber uma ordem de seu treinador.

As crianças, principalmente o próprio Growlithe, ficaram surpresas com a voz a dar informações sobre o Pokémon. O cão se perguntou se tudo o que aquela voz computadorizada disse era verdade.

– Viram? – Perguntou Rowan. – É assim que se usa. A Pokédex sempre vai dar um resumo sobre ele, e como essa é a National dex, ela tem informação de todos os Pokémons catalogados até agora, não só de Sinnoh, então ela sempre vai dizer de onde ele é nativo. Caso queiram saber mais, vão ter que acessar o menu dela.

As crianças agradeceram, e o Professor voltou a malta, desta vez pegando os Trainer Cards, e entregou a cada um do grupo.

– Agora vem uma coisa interessante. – Começou o velho homem. – Trainer Cards, não são só o símbolo oficial de que são treinadores ou coordenadores. Eles também servem para participar de competições e para lutar nos ginásios. E mais interessante ainda, eles servem como cartões de crédito.

As crianças esboçaram uma expressão confusa. Rowan deu um sorriso travesso, como uma criança que aprontara alguma travessura.

– Isso mesmo. – Confirmou ele. – Vocês fazer compras com eles. Mas esse é um beneficio especial para treinadores, então não é como um cartão normal que você paga para ter mais crédito. Como eu disse, são usados para participar dos Contests, batalhas de ginásio e competições. Se você ganhar, ganha um prêmio em dinheiro no seu Trainer Card para gastar como quiser.

– Que incrível! – Exclamou Satoru, admirado. – Eu não sabia disso. É uma coisa nova?

– Na verdade não. Como você acha que os treinadores se sustentam? Eles não são bancados pelos pais para sempre, além disso, é uma profissão também, de certa forma. – Rowan deu um risinho, e Satoru olhou para o seu Trainer card.

Era azul, e tinha o tamanho e a forma de um cartão de crédito comum. Tinha uma foto 3x4 dele, idêntico a de seu RG. Embaixo havia informações como seu nome, ocupação, ocupação adicional, número de identificação, o nome de seus pais e atrás, o nome de Rowan, embaixo dele estava escrito: “Fornecedor e Serviço de Depósito Pokémon”. Ele reconheceu o nome do serviço. Era o nome que dava a quem ou ao lugar que fornecia espaço par “guardar” seus Pokémons adicionais ou que não usaria em seu time principal. A pessoa que “guardava” seu Pokémon iria cuidar dele e faria tudo que fosse preciso para mantê-lo saudável, em forma, e vivesse confortavelmente. Era um ótimo serviço.

– O Trainer Card também tem uma senha. – Continuou Rowan. – Vocês podem registrar a senha que quiserem em qualquer Centro Pokémon.

– Muito obrigada, professor. – Agradeceu Clair. – Muito mesmo.

– Sim. – Concordou Altaris. – Agora somos treinadores oficiais.

– São mesmo. Espero que aproveitem sua jornada. – Disse o professor.

As crianças sorriram e estavam prestes a sair quando Altaris protestou, numa voz alta o bastante para todos ouvirem.

– Vocês podem esperar um pouquinho? Eu só queria perguntar uma coisa.

O grupo assentiu. Clair franziu o cenho, parecendo aborrecida, mas não fez objeções. Altaris se voltou para o cientista, que o observava com curiosidade. O menino chamou seu Charmander dourado para perto.

– Eu queria perguntar sobre o meu Charmander. – Começou Altaris. – Na verdade sobre os Pokémons Shiny. O senhor é um cientista, então provavelmente deve saber porque alguns Pokémons tem essa cor, não é?

– Eu sei. – Rowan assentiu. – É algo bem simples, na verdade. O seu Charmander, assim como os outros Shiny, sofreu uma anomalia genética que o fez ter essa cor. É muito difícil de acontecer, e muitos cientistas tendem a descobrir o que leva um Pokémon a ter tal anomalia.

– E eles têm algo especial além da cor? – Perguntou o ruivo, curioso.

– Até agora, não foi descoberto nada, mas acredita-se que eles não tenham nada em especial.

Altaris olhou para seu Charmander e abriu um sorriso sinistro. Seus olhos azuis adquiriram um brilho perigoso. De repente, ele não parecia mais o menino bem humorado que estava com eles o tempo todo, brincando e fazendo-os rir. Com aquela expressão, ele parecia ser outra pessoa. Satoru franziu o cenho, confuso e assustado ao mesmo tempo. O menino ruivo ficou calado por um tempo, depois, sem tirar o sorriso do rosto, disse:

– Eu não acredito nisso.

Rowan olhou para ele, também parecendo confuso. Ele abriu a boca para falar, mas o menino simplesmente deu as costas para ele, se dirigiu a porta, e saiu.

– Vamos. – chamou ele, deixando a porta aberta para os outros o seguirem. Charmander foi o primeiro a segui-lo, correndo para ficar ao lado de seu treinador.

Assim que o grupo estava junto do menino ruivo de novo, todas as feições sinistras que tomaram sua face quando falou com Rowan naquele momento sumiram, e ele era de novo um garoto bem humorado. Satoru se perguntou se o que vira no garoto havia sido real, ou só sua imaginação.

Com isso, finalmente saíram. Clair ainda segurava a Pokeball de seu mais novo Chimchar, apertando fortemente, como se tivesse medo que fosse sumir ali mesmo. Ainda tinha a sensação de felicidade e triunfo, ainda mais com seu Trainer Card. Era oficialmente uma treinadora, tanto quanto para si mesma quanto nos termos normais. E como era incrível aquela sensação!

O grupo de Clair e Altaris começaram a caminhar de volta para o Centro Pokémon. Os três Pokémons pareciam ser os únicos que conversavam animadamente, enquanto o restante permanecia em silêncio, imersos em seus próprios pensamentos. Satoru e Larysse ouviam, tendo cuidado para não parecer que não estavam entendendo nada, e com mais cuidado ainda para não fazer algum comentário e se juntar a eles. Ao invés disso, se concentraram em caminhar, também com a mesma sensação que Clair tinha. Era oficial.

Eram treinadores.

E estavam orgulhosos daquilo.

Chegaram ao Centro Pokémon com aquela sensação. Clair ainda segurava sua Pokeball, enquanto Altaris, Satoru e Larysse observavam seus Trainer Cards e mostravam aos seus Pokémons. Se as crianças estivessem só com Clair, fariam comentários respondendo a seus Pokémons. Ao invés disso, se limitaram a comentários e frases que não trariam suspeitas e não os respondeu, o que deixou Growlithe e Khurtnney aborrecidos. De certa forma, se sentiram ignorados.

Já no saguão do Centro, Altaris se virou para Satoru e o cutucou

– Podemos ter a batalha agora, se quiser. – Disse ele timidamente.

O menino piscou, surpreso. Havia se esquecido daquilo completamente.

– Aqui? – Perguntou ele, surpreso. – No meio do saguão do CP?

– Não, seu bobo. – Altaris deu um risinho. – O centro tem uma arena para isso.

Satoru arregalou os olhos, surpreso. Não sabia daquilo.

– Opa, isso eu quero ver. – Disse Alyss, interessada.

– Vamos todos ver, então. – Sugeriu Drew.

Altaris deu um sorriso amarelo para eles e perguntou a enfermeira Joy onde ficava a arena. Ela lhes indicou o caminho, que passava pelo restaurante e um corredor longo. Assim que entraram no corredor, puderam ouvir os sons de batalha e diferentes vozes gritando ordens a Pokémons. Satoru estava nervoso. Teria outra batalha em poucos minutos, e estava com medo de perder novamente. Repassou os movimentos que seu Growlithe sabia mentalmente, tentando montar uma estratégia.

A arena do centro Pokémon era um salão enorme, com uma gigante arena de batalha. Era dividido em arenas menores por fitas no chão, que dava um espaço grande o suficiente para uma batalha ou um treino. Tinha um teto alto, diferente dos outros cômodos do Centro Pokémon. Contornando toda a sala, havia uma arquibancada de quatro grandes degraus, para os espectadores.

Altaris guiou o grupo para um lugar ao norte superior da sala, no canto esquerdo, onde havia um grande espaço vazio. O resto do grupo se dirigiu para a arquibancada para assistir. Ao passar por Satoru, Larysse parou por um momento, apertou seu ombro de leve e disse baixinho, só para ele ouvir:

– Boa sorte.

O menino sorriu, e agradeceu. Poderia não ser de muita ajuda, mas pelo menos, havia alguém que estaria torcendo por ele. Altaris foi até o outro lado da arena, e seu Charmander rapidamente se posicionou na frente de seu treinador, parecendo assustado. Altaris se agachou e sussurrou alguma coisa para ele, e eles pareceram conversar sobre algo. Satoru não pôde ouvir o que era. Growlithe fez o mesmo, e se sentou, esperando que a batalha começasse. Satoru esperou pacientemente que o menino ruivo terminasse de conversar com o Charmander.

Enquanto esperava, pensou no que poderia fazer para ganhar aquela batalha. Já que Growlithe e Charmander eram do mesmo tipo, ele provavelmente teria dificuldades em batalhar, sendo que se usassem movimentos do tipo fogo, não teriam tanto efeito no lagarto, e outros que possuía não seriam muito efetivos contra um Charmander. Ele teria que pensar numa estratégia boa para ganhar.

Finalmente, Altaris se levantou, e Charmander parecia mais determinado.

– Pode começar se quiser. – Disse o garoto ruivo.

– Tudo bem... – Respondeu Satoru. – Growlithe, vamos começar com Crunch!

– Evasiva! – Rebateu Altaris.

Growlithe começou a correr na direção do Charmander dourado o mais rápido que pôde, já preparando o movimento. Charmander o esperou, parecendo nervoso, e um momento antes do cão chegar, ele correu desesperadamente para a direita, mas não foi no momento certo. Growlithe foi ao seu encontro, desviando o caminho rapidamente, e mordeu fortemente o braço do lagarto dourado, que soltou um berro ensurdecedor ao sentir a forte mandíbula do cão de fogo nele. Ele começou a chacoalhar o braço para poder livrar-se do cão, mas ele continuou ali, apertando com força.

– Charmander! – Gritou Altaris, desesperado. – Use o Scratch para tirá-lo daí!

Com o outro braço, o lagarto arranhou o rosto de Growlithe, e este, com dor, soltou-se do braço do lagarto e saiu, ganindo de dor. Logo começou a rosnar, enfurecido pelo ataque.

– Continue com o Scratch!

– Evasiva e Bite!

Perto o suficiente pra atingir o Pokémon, Charmander, ainda com dor, usou o braço bom para desferir outro arranhão, porém, Growlithe desviou rapidamente para o lado. Como o seu outro braço não estava bom para lutar, ele não pôde desferir outro golpe do outro lado, então Growlithe aproveitou a chance para usar o Bite, desta vez mirando na perna. Mais uma vez o Charmander dourado gritou, e usou a mesma técnica de antes para tirar o cão dali. Atento, Growlithe soltou de sua perna e se afastou antes mesmo que pudesse receber um arranhão novamente.

– Ótimo Growlithe! – Parabenizou Satoru. – Agora use o Ember!

Obedecendo, o cão abiu a boca e lançou uma pequena rajada de chamas em direção ao Charmander. Este, por sua vez, desviou para o lado para não ser tingido, com dificuldades por ter uma perna machucada. Então, Satoru entendeu o que havia criado sem querer e montou rapidamente uma estratégia.

– Charmander, saia daí, rápido! – Ordenou Altaris, preocupado.

– Growlithe, use o Crunch novamente!

– Dragon pulse!

– O quê!? – Gritou Satoru, assustado.

O Charmander dourado colocou suas patas na frente do corpo e as posicionou como se segurasse algo entre elas. O corpo dourado dele começou a brilhar numa estranha aura azul esverdeada. Ao mesmo tempo, uma minúscula e oscilante esfera da mesma cor de sua aura se formou entre suas patas, e rapidamente cresceu, com o tamanho de uma bola de vôlei. Desta vez, as bordas da esfera tinham um estranho brilho dourado, da mesma cor que as escamas do lagarto de fogo. Ele a lançou como se jogasse uma grande pedra, mas não tocava realmente na esfera. Ela rapidamente foi em caminho a Growlithe, e o cão tentou desviar. A esfera foi mais ágil, e atingiu o cão em cheio, o lançando para trás. A esfera se desfez em seu corpo, lançando várias faíscas douradas para várias direções, que se desfizeram no ar antes mesmo de atingiu algo ou alguém.

Perplexo, Satoru olhou de Growlithe para Charmander. Para um Pokémon que nunca havia batalhado, aquele havia só um movimento bastante forte. Olhou para seu Growlithe novamente. Ele não encontrou muitas dificuldades em seu levantar, e ficou parado no lugar, parecendo furioso. Então, mesmo Charmander sendo do tipo fogo, tinha movimentos variados que provavelmente fariam mais efeito do que usar movimentos do seu tipo. Já Growlithe não teria tanta sorte assim, então talvez ele pudesse arriscar, usando Ember como uma distração ou algo do tipo. Fora esse, só tinha ataques diretos, o que dificultava um pouco as coisas.

– Continue, Charmander! – Disse Altaris, parecendo mais confiante que antes.

– Evasiva e se aproxime dele! – Disse Satoru rapidamente.

A aura verde azulada de Charmander não sumiu, e ele criou novamente uma esfera em suas mãos, e lançou contra Growlithe. O cão estava correndo direto na direção da esfera, mas desviou para a direita rapidamente, e a esfera passou raspando de leve em seus pêlos laranja, indo se desfazer no chão da arena, perigosamente perto de Satoru. Charmander criou mais esferas e lançou-as na direção do cão de fogo, mas este desviava para um lado rapidamente, visto que a esfera do Dragon Pulse seguia somente o caminho que Charmander a lançava, sem fazer qualquer desvio.

Assim que Growlithe estava perto o suficiente do Charmander dourado de Altaris, Satoru ordenou:

– Use o Crunch novamente direto nele!

Enquanto Charmander, cansado, ofegava antes de criar novamente uma esfera, Growlithe apertou o passo, correndo ainda mais rápido para alcançá-lo. A aura verde o envolveu e a minúscula esfera oscilante se formou entre as mãos do lagarto. Assim que ela se formou por completo, Growlithe se jogou contra o Charmander. Assustado, as patas do lagarto tocaram as bordas douradas da esfera, e ela se desfez com o toque, como se nunca tivesse existido.

Growlithe pulou contra o Charmander, e o derrubou no chão, segurando-o com as patas, fazendo o corpo do lagarto bater com força no chão, fazendo um baque surdo. As patas de Growlithe estavam no peito do Charmander, forçando-o a continuar no chão. O Pokémon dourado o encarou de volta com medo. Growlithe abriu um sorriso travesso, e abriu sua mandíbula para mordê-lo. Rapidamente o Charmander dourado usou as patas livres para segurar a cabeça do cão para impedi-lo de mordê-lo. Usando mais força, o cachorro de fogo tentava desesperadamente chegar até o pescoço do lagarto, mas o desespero dele parecia maior.

– Use o Ember. – Pediu Satoru, confiante.

– Não! – Gritou Altaris.

Rapidamente, o Growlithe deixou que algumas poucas chamas saíssem de sua boca para o rosto do Charmander, que o fez gemer. A força que estava sendo usada em seus braços oscilou, principalmente no esquerdo, o qual o cão havia mordido antes. Então a força de Growlithe fez com que eles pendessem rapidamente, ele mordeu o pescoço do lagarto, fazendo-o gritar. Assim que Growlithe tirou a mandíbula do pescoço dele, livrou o Pokémon de seu peso e recuou um pouco para trás, para o caso da batalha não ter terminado.

– Charmander, levante-se!

O Pokémon gemeu em resposta, ainda no chão. Ambos não eram muito experientes, mas aquela batalha já estava sendo demais para o pequeno lagarto dourado, ainda mais para uma primeira batalha. Altaris, por sua vez, estava inseguro e não tinha muita confiança em si mesmo. Não era nada agradável ver o seu amigo, que cuidou desde que estava no ovo ser massacrado daquele jeito.

Com dificuldade, o Charmander se levantou, segurando o braço machucado com a pata boa. Ele ofegava, mesmo não tendo corrido. A chama dourada em sua cauda brilhava mais fracamente que antes. Growlithe ficou parado, a poucos metros do lagarto, atento. Charmander observou-o, com fúria brilhando em seus olhos azuis, assim como os de seu treinador. De repente, eles pareciam um pouco mais azuis que o normal. Growlithe franziu o cenho.

A chama em sua cauda rapidamente aumentou, e o Charmander gritou, mas desta não de dor, e sim de fúria.

– Charmander? – Perguntou Altaris, confuso. – O que está acontecendo com você?

– Isso é... A habilidade especial do Charmander? – Perguntou Larysse em voz alta, da arquibancada, alto o suficiente para os dois garotos em batalha ouvirem.

– Habilidade especial? – Perguntou Satoru, surpreso. – Ele tem uma?

Antes que alguém pudesse responder, Charmander gritou mais uma vez, e correu em direção a Growlithe, como se a dor dos machucados não existisse mais. Suas garras tomaram uma coloração negra, e uma pata se ergueu ao ar para atingir o cachorro de fogo. Tão surpreso quanto os garotos, o cão primeiramente não fez nada para impedir, até que as garras negras do Pokémon rasparam em seu rosto com força. Ele ganiu, sentindo uma dor maior que a do Scratch que ele havia usado mais cedo. Ele recuou, com medo do Charmander. O que havia acontecido com ele?

Altaris apenas observou, incapaz de falar. Nunca havia visto seu Pokémon, sempre tão gentil e dócil fazer aquilo, ainda mais sem ser de ordem dele. E que movimento havia sido aquele? Nunca havia visto seu Charmander usar, mas pensando bem, ele nunca havia explorado de verdade o que ele sabia fazer.

Indignado, Growlithe rosnou para o Charmander e latiu, furioso. O Charmander não pensou duas vezes e abriu a boca, lançando uma rajada de fogo contra ele bem mais forte que o normal, da mesma cor que o fogo de sua cauda dourada. Growlithe reagiu rápido, e também lançou uma rajada de fogo. As chamas se chocaram, desviando-se para os lados como se estivessem se chocando contra uma barreira invisível. Satoru ficou surpreso com o poder das chamas de seu Pokémon. Ele não sabia que ele podia fazer isso.

Mais uma vez a aura esverdeada do Dragon Pulse envolveu o Charmander e ele parou de soprar chamas, assim como o cachorro. Growlithe se preparou, e começou a desviar para os lados.

– Growlithe, acabe com ele logo! – gritou Satoru para ele, tentando controlar seu Pokémon novamente. – Use o Crunch de novo!

– Certo! – Respondeu o cão, desviando de uma esfera verde.

Ele cruzou rapidamente os poucos metros que o separavam, mas desta vez, ao invés de lançar outra esfera verde, Charmander abriu a boca novamente e lançou outra rajada de fogo contra Growlithe. Dessa vez, ele não pôde reagir rápido, e as chamas o envolveram, cobrindo-o por completo.

Desespero encheu o peito do garoto. Com certeza ele havia perdido. Ele esperou, mas não viu seu Pokémon gritar ou ganir de dor. Ao invés disso, ouviu um latido de indignação. As chamas se extinguiram rapidamente, e ele viu seu Growlithe continuar correndo em direção ao Charmander dourado. Ele jogou seu corpo contra o Pokémon com tanta força que o fez cair no chão. Mais uma vez saltou contra ele, e o mordeu com forma no pescoço. Novamente o Charmander gritou, e Growlithe se afastou rapidamente.

– Charmander... – Murmurou Altaris, desolado.

Sem esperar reação de seu Pokémon, o menino ruivo correu em direção a ele, com lágrimas brotando de seus olhos. Ele pegou o Pokémon no colo, segurou-o, e correu para fora da arena, não sem antes lançar um olhar furioso para Satoru. Sem entender, o menino mais novo olhou para ele, e depois para Growlithe. O que havia ido aquilo agora a pouco? E porque Growlithe não havia se queimado com as chamas?

Alyss e Drew seguiram o amigo, deixando o grupo de Satoru sozinho. Gritaram por Altaris, mas ele não respondeu, apenas correu.

“Que belo jeito de terminar uma batalha!” Pensou Satoru.

– O que foi aquilo? – Perguntou Larysse, se juntando ao menino. – Porque ele saiu correndo daquele jeito?

– Eu é que pergunto. – Disse Satoru, observando seu Growlithe correr animadamente até ele. – Como você não tem nenhuma queimadura?

– Ele não usou a habilidade ele? – perguntou Clair.

– Habilidade? – Repetiu Satoru.

– Acho que o Growlithe tem a habilidade do Flash Fire. – Explicou Clair. - Ele pode absorver os ataques de fogo que recebe para transformá-los em energia para si mesmo e se recuperar...

– Bem isso aí mesmo. – Concordou Growlithe, sorrindo para Satoru. – Eu fui bem?

– Você foi ótimo! – Parabenizou o garoto. – Eu não sabia que você podia fazer aquilo! Muito menos achava que podia manter o fogo por muito tempo...

– Mas eu não consigo. Foi o Charmander que parou, mas ele não parasse, eu não ia aguentar mais...

– Parabéns, Satoru! – Exclamou Larysse. Khurtnney estava aos seus pés, sorrindo para eles. – Você ganhou!

– Eu ganhei? – O menino franziu o cenho.

– Sim, você ganhou. Mas vamos lá ver o que aconteceu com Altaris... – Sugeriu Clair. – E parabéns!

Satoru abriu um enorme sorriso. Pegou Growlithe no colo e seguiu as garotas até o saguão do centro Pokémon. Encontraram Altaris sentado numa das cadeiras pretas, brincando com o cabelo. Alyss e Drew estavam ao lado dele, dizendo alguma coisa. Charmander não estava por perto, muito menos a enfermeira Joy. O garoto rapidamente foi para o lado de Altaris, e se sentou numa cadeira vazia ao lado dele.

– Ei... – Chamou ele, tímido. – Está tudo bem?

O garoto demorou para responder. Olhou para Satoru, e depois piscou, como se não tivesse percebido que ele estava ali. Franziu o cenho, e hesitante, respondeu:

– Sim...

– O Charmander está bem?

– A enfermeira Joy foi cuidar dele... Acho que ele vai ficar bem.

Satoru apenas olhou para ele, preocupado. Ele havia gostado de ter ganhado, mas seu novo amigo não parecia muito feliz com aquilo. Será que o culpava por Charmander ter se machucado muito? Ele esperava que não, afinal, não havia usado outros movimento se não o Crunch. Growlithe, que estava no colo de seu dono, olhou para o ruivo com tristeza, e disse:

– Desculpe se eu fiz alguma coisa de ruim...

Altaris piscou, e olhou para o Growlithe. Satoru tinha certeza que ele não havia entendido, mas também não poderia traduzir para Altaris. O menino ruivo estendeu sua mão e acariciou o tipo da cabeça de Growlithe, bagunçando o topete creme que ele tinha.

– Está tudo bem... – Disse o ruivo, baixinho.

O coração de Satoru disparou. Growlithe olhou para o menino ruivo, confuso. Ele havia entendido o que o Pokémon havia falado? Satoru ficou preocupado, e animado ao mesmo tempo. Ele havia entendido errado? Altaris havia mesmo entendido o que seu Pokémon havia dito, ou disse aquilo porque sentiu pena o tom triste que Growlithe usou? Antes que o garoto mais novo pudesse perguntar, o menino ruivo bufou, e disse:

– Acho que você ganhou a batalha! Você é ótimo para um iniciante... Me ajudou a descobrir a habilidade do meu Charmander, obrigado por isso.

– Uh... – Satoru hesitou. – De nada.

– Agora acho que nossos caminhos se separam, não é? – Perguntou ele. – Foi bom ter conhecido vocês.

– S-sim...

Satoru parecia atordoado. Alyss e Drew olharam para o outro grupo, e deram sorrisos tímidos. Clair agradeceu por eles terem levado-os para o laboratório de Rowan, e chamou as crianças para segui-la de volta para o quarto. O mais novo a seguiu, seguido de Larysse e sua Pichu. Satoru estava confuso. Então era isso? Não havia mais nada a acrescentar? A amizade que começara com Altaris havia terminado assim, sem explicação alguma? Growlithe, agora em seu ombro, bufou, e o menino sentiu o hálito quente dele, ainda mais quente que seria o normal, pelo menos Satoru achava.

Por que assim, tão de repente, Altaris, Alyss e Drew os dispensaram? Ele não havia pensado em viajar junto com eles, mas era estranho... Pelo menos para o garoto. Clair e Larysse parecem não se importar muito com aquilo. Ele pensou no Charmander dourado do menino ruivo, e do modo que ele falou com Rowan mais cedo em seu laboratório, como se fosse outra pessoa. Afastou esse pensamento rapidamente, se sentindo idiota. Mal conhecia o garoto para pensar aquele tipo de coisa sobre ele.

Voltaram para seu quarto. E Satoru ainda parecia atordoado por toda aquela coisa de Altaris e seu grupo.

– Ei, Satoru. – chamou Larysse, parecendo preocupada. – Tudo bem com você?

– É, você está parecendo um zumbi com essa cara. – Comentou Khurtnney, o que fez o menino sorrir.

– Está tudo bem sim...

– Você devia estar feliz por ter ganhado a batalha. – Disse Clair. – Eu estou feliz de você ter ganhado. Foi...

– Incrível! – Completou a garota mais nova.

O garoto sorriu. Growlithe também, saltando do ombro de seu treinador para o chão. Khurtnney se juntou a ele, e eles ficaram lado a lado, ao pé da cama, observando as crianças.

– E agora? – Perguntou Satoru.

– Como assim? – Perguntou Clair, confusa.

– Vamos seguir viagem, ou você quer conhecer seu Pokémon primeiro?

Naquele momento, a garota arregalou os olhos surpresa, e colocou a mão no bolso, onde deixara a Pokeball de seu Chimchar, na sua forma diminuída para que coubesse ali. Ele fitou a Pokeball longamente, parecendo nervosa. Apertou o botão do meio, e ela aumentou, ajustando-se ao tamanho da mão da menina. Estava nervosa de poder conhecer seu Pokémon, e de certa forma, queria adiar aquele encontro. É claro, essa seria uma viagem diferente de muitas que ela tinha pensado, pois ela poderia entender o que seu Pokémon dizia por meio de Satoru e Larysse. Mas esse era o problema. E se ele não gostasse dela? E se não quisesse ser o Pokémon dela? De forma alguma iria forçá-lo a ficar com ela.

Mas se ele não aceitasse, então, isso seria meio que um problema ainda maior, e mais uma vez ele não teria mais seu sonho, e não poderia vivê-lo, assim como pensara que iria acontecer. Mas eram apenas preocupações... Que a corroíam por dentro, mas ainda preocupações.

Continuou fitando a Pokeball, sem dizer uma única palavra. Ela continuou dessa forma, todos a observando, até que tomou coragem, e finalmente apertou o botão do meio novamente, liberando o Pokémon.

***

Naquela noite, os sonhos de Satoru foram sendo perturbados pelo som de arranhões. Primeiramente ele achou que fosse algum tipo de pesadelo, mas quando abriu seus olhos, ainda no escuro, os sons continuaram. Era como se alguém ou alguma coisa raspasse as unhas com força em algo, apenas para acordá-lo. E pareciam vir da porta.

Depois daquele dia cansativo, ele só queria dormir. Ter conhecido um Pokémon animado como o de Clair fora um pouco desgastante, principalmente porque ele gostava d e brincar, e chamara as crianças e os Pokémons para brincar com ele. E ele parecia nunca se cansar. No mesmo dia, havia mostrado a ela o que sabia fazer, sem se cansar nem um pouco. Havia aceitado com animo tudo aquilo de ficar com Clair como seu pokémon inicial e seguir jornada com ela. Segundo o Chimchar, estava cansado de só ficar no laboratório tedioso do Professor Rowan sem ter nenhum amigo para brincar. Depois daquele dia, Satoru só queria dormir um pouco.

E que irritantes eram aqueles arranhões!

Sonolento, ele se virou na cama, mas os sons continuaram ainda mais fortes que antes, como que pedindo para que ele fosse ver. Tentou abafar o som tapando os ouvidos, mas foi impossível. Finalmente, jogou os cobertores para o lado e saiu da cama, caminhando no quarto escuro em direção a porta. Não se preocupou em ligar a luz. Quando sentiu a maçaneta em sua mão, girou-a para abrir, e se deparou com algo... Improvável.

Ali, na frente dele, uma criatura pequena em pé nas patas traseiras, semelhante a um lagarto. Seus olhos eram azuis, e a chama em sua cauda era dourada, assim como seu corpo, e mandava claridade o suficiente para os dois se enxergarem e não machucar os olhos do menino. A luz natural fazia com que suas escamas douradas brilharem. Ele tinha um sorriso amigável e inocente, como se reencontrasse um amigo.

– Charmander...? – Sussurrou Satoru, piscando. Ele estava sonhando? – O que você está fazendo aqui?

– Eu vim te contar um segredo. – Disse ele, com um sorriso doce. – Mas não é pra contar para ninguém, ok?

– Um segredo? – Satoru franziu o cenho, confuso.

– É sobre o Altaris. – O Pokémon hesitou, mas seu sorriso não se desfez.

O Charmander pediu para que Satoru se agachasse para poder sussurrar em seu ouvido, pois não queria que ninguém soubesse. Aquela noite estava se tornando estranha, só podia ser um sonho. A enfermeira Joy não estava cuidando de Charmander depois da batalha que tivera mais cedo com Growlithe?

Assim que ele disse o que queria, Satoru ficou paralisado.

Aquilo não podia ser verdade.

E se fosse, como ele não tinha percebido antes? Ele quis chamar o Charmander de volta e perguntar a ele o que havia sido aquilo, mas o Pokémon correu pelo corredor, em direção as escadas, a luz de sua chama o seguindo, deixando Satoru na escuridão, com a estranha sensação de que aquilo não passava de um sonho.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? BTW, a habilidade do Charmander é o Blaze, e o move que ele usou foi o Shadow Claw.
O moveset do Charmander até agora é:
— Scratch
— Growl
— Ember
— Shadow Claw
— Dragon Pulse (Egg Move)



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