Prison Break: A Verdade Contestada escrita por Jessyhmary


Capítulo 9
9. Race Point


Notas iniciais do capítulo

Com a ajuda de Mahone, Michael e Sara desvendam a misteriosa mensagem de Christina e embarcam num plano audacioso para chegar até a pista.



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- Michael... Mahone chegou.

        Me dirigi à cozinha para servir o café. Mahone havia chegado às oito horas da manhã para uma missão que não o envolvia. Pam estava a salvo, sua ficha estava limpa... O que nos prendia a ele? Mahone ainda era a lei. Ainda corria em suas veias aquele mesmo sangue que outrora quis a qualquer custo tirar a vida de Michael e talvez escondê-lo em um quintal qualquer. Talvez esse fosse o sentimento que o fizera vir até San Francisco... Mas, de alguma maneira Alex sentia-se parte da família. Tínhamos ele como um amigo mais do que um mero parceiro de tantas missões. Ele e Michael tinham algo em comum. Ambos usavam mais o cérebro do que os músculos (diferente de Lincoln) e tinham um vício de códigos, vício esse que adquiri com o tempo. E era justamente disso que se tratava essa manhã.

        - E então, o que acha? – Michael dirigiu-se à Mahone.

        - Acho que Christina quer esconder alguém. – Disse Alex analisando o bilhete.

        - Eu e Michael acreditamos que Christina estava se referindo a Jeremy nesse bilhete. Ele é cheio de... Não, sei... Sentimentos. Parece algo que os dois compartilharam juntos... Como se fosse uma maneira de se lembrarem um do outro.

        - Hum... Isso é bom, Sara. Quanto mais soubermos dos vínculos dele, mais fácil será para nós encontrá-lo. Michael... Vamos dividir isso em duas partes por enquanto, sim? Primeiro, deciframos a mensagem de Christina e apuramos os dados. Em seguida, rastreamos todas as informações que pudermos sobre aquele número.

        - Espera gente, espera... Mahone... Sabe aquele cara, o que me perseguiu na volta do... Bar e que... Que matou o seu filho?

        - Claro, Sara. Como iria me esquecer dele...

        - Lembra que, não conseguiram rastrear sua localização, bem como o celular de Paul Kellerman... Isso significa que, se o telefone for de alguém da Companhia... Não poderemos rastreá-lo.

        - Sua localização não. Mas podemos obter algumas informações adicionais do portador do número. Teremos alguma pista com certeza.

        - Vamos analisar o bilhete, palavra por palavra. As iniciais, os pontos e vírgulas. Qualquer coisa que indique horário e localização...

        - Bom dia rapazes! Olá, Sara, querida. Está mais magra desde a última vez que a vi. – Gretchen aparece de repente – Agora, sem joguinhos. O que descobriram?

        - Íamos ligar pra você assim que...

        - Sim, eu sei... – Disse ela com sarcasmo – Assim que estivessem com Scylla e pudessem se livrar de mim, não é?

        - Tínhamos um acordo, lembra? Não vamos ganhar nada enganando você. Precisamos das informações. É só por isso que estamos aqui. – Michael falou encarando Gretchen sob a mira de um revolver. – Agora abaixa essa arma, não estamos em Miami.

        - Tudo bem, Scofield. Já se passou mais um dia, e eu não sei como está minha filha... Quer as informações? Diga o que descobriu.

        Michael deu uma pausa e respirou.

        - Encontramos isso no bolso do paletó do cara que pegou sua filha.

        - O que é isso? Um número de telefone?! Tem ideia de quem pode ser? E se não for importante para...

        - Calma Gretchen! Olha me escuta... –Tentei acalmá-la - Eu sei que você está alterada com a ideia de perder sua filha, mas se agir assim vai piorar as coisas. Você tem que parar e pensar. Desse jeito você não pode continuar.

        Os olhos azuis dela se confundiam com as lágrimas que eu ainda estranhava ver rolando no seu rosto. Gretchen sempre foi controlada, altamente concentrada e extremamente focada. Competente. Mesmo que fosse para fazer o mal.

        - Tudo bem, Sara. Vamos voltar ao plano.

        - Então, Gretchen. Sua missão por enquanto é pesquisar sobre esse número e coletar as informações que puder a respeito do dono. Com isso, teremos mais alguém para nos dar uma pista sobre Jeremy. – Disse Mahone, entregando-lhe o numero de telefone.

        - Bem lembrado, Alex. Tenho uma má notícia pra vocês: Jeremy descobriu que Scylla está perdida e agora ele não medirá esforços para recuperá-la. Ele sabe sobre você, Michael. Sabe que Sara matou Christina. A corrida apenas começou.

        Michael levantou-se e se dirigiu até a varanda. Levou as mãos à cabeça e me pediu um analgésico.

        - Michael, não faz isso... Você precisa de um médico.

        - Já tenho uma.

        - Tô falando de um especialista, Michael. É sério.

        - Não temos tempo, é só uma dor de cabeça.

        - Tem certeza?

        - Tenho, vamos ver o bilhete.

        - Tudo bem. – Dei-lhe um beijo no rosto e ele se dirigiu até Mahone.

        Meus olhos percorreram os prédios em busca de algo que pudesse frear minha ansiedade. Lembrei de como aquela sala era fria e de como seria minha vida se não o tivesse conhecido. Estaria sozinha, vivendo cega e num estado de monotonia; congelada. O tribunal decretou sua sentença e depois de alguns dias o encontrei ali, com os olhos da inocência e com um sorriso triunfante. Michael sempre fora um mistério para mim, que eu insistia em decifrar. Lembro-me de socorrê-lo tantas vezes que nem pude contar. Eu o tive em meus braços por tantas vezes... Mas de alguma maneira eu queria mais. Queria ajudá-lo. Arrancar fora aquele silêncio que me corroía a alma. E ele não me deixou sozinha. Agora, tenho medo de perdê-lo. Tenho medo de que depois de tudo isso, ter que lhe dizer adeus.

        - Michael! Acho que tenho uma pista.

        - O que encontrou, Mahone? – Perguntei fitando nele os olhos.

        - Essas palavras... Leia em voz alta.

        - Muito bem, prestem atenção. – Disse Michael que, antes de ler o bilhete, deu uma pausa e respirou fundo. - “E toda vez que eu te olhar será como o sol do meio-dia. A mesma luz que me ilumina. Minha corrida por ti será eterna, não desistirei de te buscar, em algum ponto iremos nos encontrar.”

        - Percebam que temos duas orações. Na primeira, temos a variável Tempo. Na segunda, Espaço.

        - Então, se na primeira temos tempo... Nosso horário é às 12h em ponto... Meio-dia. – Conclui.

        - E a variável espaço...

        Michael andava de um lado para o outro com o bilhete entre as mãos.

        - Eu já sei! Mahone, preciso de um mapa.

        - Estou abrindo o arquivo, Michael...

        - Michael, o que tá pensando?

        - Na segunda frase, temos um ponto de encontro, Sara. Lembra do hotel em Gila? Onde nos encontramos, e eu te mandei a mensagem em código em origami?

        - Sim Michael... Eu lembro. Foi onde Mahone quase nos matou. – dei um sorriso e elevei os ombros em tom de piada.

        - Bem lembrado, Sara. Devia ter acabado com vocês ali mesmo. – Mahone sorriu e deu uma tapa nas costas de Michael - Eu ainda estava sobre o controle da Companhia. Não sabia o erro que estava prestes a cometer.

- Mas, brincadeiras a parte, tem ideia de onde fica esse ponto?

        - Sara, eu conheço minha mãe. Ela era como eu... Infelizmente tomou o caminho errado e corrompeu seus princípios. Trocou seus filhos por uma vida de mentira miserável.

        Vi o punho de Michael se fechar e podia sentir a velocidade com que o sangue corria em suas veias. Seu rosto corou e vi uma gota de suor escorrer de sua testa

- Mas ainda conheço seus truques, Christina. Apesar de tudo... Eu nasci de você e isso me seguirá até o fim de minha vida... Eu vou refazer seu caminho, encontrar Jeremy e acabar com isso.

Ele deu um muro sobre a mesa de madeira e eu o abracei.

- Tudo bem, Michael. Concentre-se no bilhete, ok?

- Mahone... Tudo aponta para um lugar.

- Aqui está o mapa que me pediu.

- Ótimo, dá um zoom na imagem.

- Quanto? Assim tá bom?

- Só um pouco... Um pouco mais... Perfeito!

- E agora?

- Agora vai ficar bom. Uma vez, minha mãe sempre brincou comigo de códigos. Ela desenhava símbolos diversos e me pedia para relacioná-los com palavras e ideias. Fomos adquirindo uma capacidade de condensar muitas informações em poucas palavras, pois cada uma delas continha mais do que uma ideia. Só que em uma dessas brincadeiras com frases ela me disse que sempre existia uma ou duas palavras que não se encaixavam no contexto. Essas palavras eram as palavras-chaves. Elas ficam camufladas no corpo da mensagem. O corpo da mensagem, por sua vez, tem uma função secundária de proteger as palavras-chaves e inserir informações adicionais. As palavras-chaves são a informação.

        Dei uma nova olhada no bilhete. Só então percebi como isso fazia sentido. Fui riscando os artigos e palavras sem significação e cheguei à resposta:

        - Michael... As palavras são... “Corrida” e... “Ponto”? É que, elas poderiam ser facilmente substituídas por outras palavras que se encaixassem melhor num bilhete romântico, é isso?

        - Exato. “Corrida” e “Ponto” estão fora de contexto. Christina não podia correr por ele... Ela já o tinha!

        - E “Ponto” poderia ser substituído por “Lugar”... E o termo “Ponto” remete a um espaço estratégico... - Concluiu Mahone.

        - E agora, para nos auxiliar temos o termo “Luz”. Ela fala no bilhete de “Sol do Meio-dia” e em seguida faz menção à luz. Christina jamais escreveria algo que repetisse uma ideia. Isso significa que o termo tem um significado relevante. Na primeira temos o horário e na segunda temos uma característica do lugar... Luz!

        - Ponto de Corrida... Luz... – Mahone fazia cálculos.

        - Sara, pesquise isso no mapa.

        - Tudo bem... Vamos ver... Race Point. Aqui. Então, o que temos?

        Estávamos apreensivos esperando o zoom nos levar até um local que respondesse às nossas expectativas. Estávamos perto de descobrir algo mais sobre Jeremy.

        - Michael, veja isso. – Chamei-o perplexa.

        - Luz... É um farol, claro.

        - Farol de Race Point - Cape Cod, Provincetown, Massachusetts, E.U.A.

        - Encontramos.

        - Ótimo, Michael. É só do outro lado do país. – Disse enquanto tomava um pouco de café.

        - Mahone, passaremos alguns dias na estrada para chegar lá...

        - Não vamos precisar disso. Já sei o que fazer.


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Notas finais do capítulo

"Escuta, você é o que me motiva agora. Você é tudo que me resta... E isso me assusta. Só quero que fiquemos juntos."



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