Prison Break: A Verdade Contestada escrita por Jessyhmary


Capítulo 8
8. O Ultimo Comprador


Notas iniciais do capítulo

Uma vez revelado o nome do misterioso comprador, Sara e Michael firmam alianças e montam planos para chegar ao fundo dessa investigação.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200510/chapter/8

A tensão pairou no ar. Os olhos verde-musgo de Scofield estavam agora aflitos e esperançosos ao mesmo tempo. Mesmo sem o estetoscópio, eu podia sentir seu coração acelerado, descompassado, ofegante.

- O nome dele é Jeremy. É dono de uma empresa de energia alternativa em Massachusetts. O General me disse que ele tinha alguma relação com Christina e certamente viria atrás de Scylla.

- Mas Scylla não está conosco. Todos sabem disso. Kellerman levou para um lugar seguro. Isso não é mais problema nosso.

- Ainda não sabe? – Gretchen deu uma risada – Scylla foi roubada, Michael.

- Você está mentindo!

- Não, eu não estou. Não viu as notícias? Kellerman foi baleado após um “assalto” e dois dos agentes que estavam com ele morreram. Estavam levando Scylla até a sede da ONU quando isso aconteceu, eles estavam aqui em San Francisco. Kellerman escondeu Scylla pouco antes de o socorro médico chegar até o local.

- Ele está bem?

- Sim, ele sobreviveu. A questão é: Quem quer que esteja atrás de Scylla... Não está com ela.

- Então... Onde está Scylla?

- Parabéns, Michael... Essa é a minha missão... Encontrá-la!


Eu não podia acreditar naquilo. Há pouco tempo eu estava num clube em Las Vegas me passando por uma garota em apuros para conseguir o cartão de Scuderi. Durante essa operação, me passei por uma apostadora de cavalos, por uma estagiária, por umas três médicas diferentes... Mudei de nome, virei advogada, professora e consequentemente uma bela atriz. Fiz tantos papéis quanto pude imaginar... Tudo em nome de Scylla... Em nome da nossa liberdade. E agora ainda havia sobrado alguém. Christina não era a última. Existia um ultimo acordo a ser feito.


- O que sabe sobre o comprador? – Perguntei

- O que lhes falei. Temos um problema maior por enquanto.

- Que problema? – Perguntou Michael

- O comprador não sabe que roubaram Scylla. A Companhia está por trás disso, mas com outros agentes, como posso explicar... Como se fosse uma nova remessa de pessoas. Não são os mesmos agentes que trabalhavam comigo. Depois que o General foi preso, ele continuou mantendo contato com um empresário que está no comando. É ele quem dita as ordens agora.

- E... Por que você está contra o General agora, Gretchen?

- Michael, pegaram minha filha! Você não entendeu? Se pegassem Sara e ameaçassem matá-la...

- Ok, Gretchen... – Tentei contê-la – Estamos do mesmo lado agora. Me diz... O que sabe sobre o cara que pegou sua filha?

- Eu estava nessa operação. – Vi os olhos dela se encherem de lágrimas - Tentei roubar Scylla de Kellerman, mas fui surpreendida por dois agentes que me fizeram refém e pegaram minha filha logo depois. Ele era alto e... Só sei que foi o mesmo cara que baleou Kellerman e, na fuga, cortou o antebraço durante o choque com o vidro do carro na hora que...

- Espera, espera, espera... Você disse que ele cortou o antebraço?

- Foi... O esquerdo... Espera aí, Sara... Você está preocupada com o homem que...

- Não! Não é isso! É que... Então... Ele é o mesmo cara que matou Angela!

- O quê? Você o conhece?

- Eu o vi essa semana. Ele quase nos matou.

- Ele está aqui em San Francisco?

- Está.

- Ótimo. Quando eu colocar as mãos nele...

- Calma aí, Gretchen – Michael interrompeu. – Não faremos nada com ninguém até colocarmos as mãos em Scylla... E acabarmos com isso.

- É, Gretchen... Você vai ter que colaborar. - conclui

- Tá bom, vamos nessa... Vamos pegar Scylla.


Mais uma vez ela estava conosco. Ainda não sabia se ela nos contava a verdade, mas o momento nos obrigou a aceitar a sua ajuda. Pensei em Emilly, no meu pai, no Bruce e em Verônica. “Vamos pôr um fim a esse terrorismo” – pensava comigo mesma. Chega de pessoas fugindo, morrendo e sangrando. Não foi para isso que me formei médica.


- O plano é o seguinte: Sabemos que o agente da cicatriz foi o mesmo que matou Angela e pegou a Emilly, então ele faz parte do novo exército da Companhia. Ele está baleado no tornozelo então precisamos ver quem deu entrada com esse tipo de caso nas unidades médicas nas ultimas vinte e quatro horas...

- Foi você que fez isso, Sara? – Gretchen sorriu.

- Atirar no pé dele? Foi.

- Tá se saindo melhor do que eu pensava. – Disse Gretchen com sarcasmo.

- Não preciso dos seus elogios. Fiz o que tinha que fazer... Não pense que adoro fazer isso.

- Nada mal para uma médica – ela continuou.

- Vamos nos concentrar no plano, ok? Michael... Continue, por favor.

- Tudo bem – ele deu uma pausa – Se acharmos o cara, acharemos quem está no comando. As chances de ele ser o comprador... São grandes.

- Então, quando começamos? – Perguntou Gretchen com um ar de interesse.

- Amanhã. Eu e Sara vamos procurar em qual unidade médica o tal agente esteve e colher o máximo de informações possíveis. Ligamos pra você assim que soubermos de alguma coisa.

- Tudo bem. Vou tentar falar com o General.


Tá bem... Tínhamos mais uma pista: o cara da cicatriz. Sabíamos que o último comprador de Scylla era um empresário de renome chamado Jeremy. Não sabíamos ainda sua relação com Christina, mas ao que tudo indica, ele era um possível namorado dela (apesar dessa ideia me dar arrepios). Ele parecia bem jovem na foto, e Christina já estava nos seus cinquenta e poucos anos... De qualquer forma isso não importa... Tínhamos Gretchen e poderíamos contar com Mahone para emergência. Mas... Onde Nika entra nessa história?


...



- Bom dia, Sara. – Ouvi sua voz ainda ao longe.

- Bom dia. – Sorri e coloquei o travesseiro sobre a cabeça

- Como se sente hoje?

- Bem... Mesmo sabendo dos riscos que ainda corremos. Estamos bem.

- Você sabe o quanto eu quero que isso acabe, Sara... Você e meu filho precisam de segurança, o que só vai acontecer quando acabarmos com isso.

- Sabia que eu também me preocupo com você, Michael? Ontem à noite, eu vi sangue na pia do banheiro... Seu nariz voltou a sangrar?

- Um pouco – ele respirou fundo – Mas não precisa...

- Se preocupar? Se ia dizer isso, acho bom você pensar duas vezes.

- Tá tudo bem – Começou a mexer nos meus cabelos – Eu tô tomando a medicação, deve ter sido o esforço físico, a tensão. Não senti mais tontura nem dor de cabeça. Eu tô aqui com você, Sara. Eu te amo.

- Ah Michael... – Dei um beijo em sua testa – Você é tudo que eu tenho e você sabe disso... Eu sou médica, sei como essas coisas acontecem. Só peço que tenha cuidado... Não posso ficar sem você. Nós temos que terminar isso... Juntos...

- Tá... Eu prometo, Sara. Vamos passar por isso... Nosso filho vai crescer forte e será muito amado... Nós seremos livres. Tá bom? Eu prometo.

- Tá... – Suspirei - Tá.


Ele me abraçou forte e por um instante achei que eu tinha adormecido de novo. Mas não naquela manhã... Eu estava me preparando para mais um papel e seria um longo dia. Tomamos café e fomos atrás das informações do agente com a cicatriz. Dessa vez eu seria a Policial Rebecca Taylor e procuraria em todas as unidades médicas locais um suspeito assaltante de carros. Tínhamos uma longa missão pela frente.


- Bom dia, não queria incomodá-los. Sou a policial Taylor e estou procurando por um sujeito alto, 1,80 aproximadamente, pele clara, olhos castanhos e com um ferimento profundo no antebraço esquerdo que ele fez durante uma tentativa de fuga depois de um assalto a um Honda CR-V prata aqui na capital. E além disso, recebemos informações de que ele foi baleado no tornozelo.

- Quando foi o assalto? – perguntou assustada a recepcionista.

- Foi na sexta-feira passada. Cinco dias atrás. Com licença, mas eu tenho permissão para verificar o histórico de pacientes nesse período que deram entrada a unidade com esse tipo de caso.

- Desculpe policial, mas não tenho permissão para...

- Olha... – Li o crachá da recepcionista – Senhorita Willians, eu não acho que vai querer atrapalhar a investigação e a perfeita execução dessa medida preventiva do Estado. Esse homem é um criminoso e você está atrapalhando o meu trabalho. Enquanto você demora, ele está por aí fazendo mais vítimas.

- Tudo bem, aqui está o arquivo... Mas... Eu não me lembro de ter visto ninguém com essa descrição durante essa semana.

- Obrigada.


Revistei o histórico como formiga atrás de doce. Infelizmente, naquela unidade ele não havia adentrado. Michael me esperava no carro, do lado de fora e de lá percorremos outras cinco unidades adjacentes ao local do roubo. Na sétima unidade, enfim conseguimos uma pista do sujeito. Ele dera entrada ao hospital às onze horas e treze minutos da noite referente ao assalto, era alto e havia feito um corte profundo no antebraço esquerdo. Segundo o médico, ele estava muito agitado e tiveram que sedá-lo para só então darem os vinte e sete pontos sobre a ferida que estava aberta e sangrando muito. Quanto ao seu paradeiro, o médico disse que no dia seguinte ele havia deixado a unidade ao meio-dia. Disse ainda que vieram buscá-lo em um Chevrolet Impala preto e que durante a saída, ele havia deixado o paletó sobre a maca.


- Obrigada, doutor. Precisamos levar o paletó como prova.

- Tudo bem, policial. Tenha um bom trabalho!


Saímos do hospital e voltamos para casa levando conosco o paletó de Karl Matt, o agente que procurávamos. Estava sujo de sangue e tinha um papel dobrado dentro do bolso. As peças começavam a se encaixar.


- O que tem aí, Michael?

- Um número de telefone. Pelo prefixo é local.

- E aí... Vamos ligar?

- Melhor do que isso. Vamos rastrear.

- Michael... Como?

- Mahone.


Michael pegou o telefone e pôs-se a andar de um lado para o outro em direção a varanda.


- Alô, Mahone!

- Michael? O que aconteceu?

- Precisamos da sua ajuda!

- Onde você está?

- Ainda em San Francisco. Encontramos o agente que está com a filha de Gretchen. Tem mais alguém atrás de Scylla. Se não o encontrarmos primeiro... Ele é quem virá atrás de nós.

- Do que vocês precisam?

- Ainda consegue rastrear números de telefone?

- Claro, tenho um kit no meu escritório. Pego o primeiro vôo para San Francisco.

- Obrigada Mahone. Você sabe o quanto isso importa pra mim.

- Tudo bem, Michael. Pela manhã é provável que já esteja aí. Eu mantenho contato.


Ele desligou o telefone e estendeu as mãos, vindo em minha direção:


- Mahone está a caminho. Isso vai dar certo... Precisamos avisar pro Linc.

- Tudo bem... Onde está aquele bilhete, Michael?

- Está no quarto. Dentro da mala mais escura.

- Ele é o nosso próximo passo. Aquela mensagem de Christina... Precisamos decifrá-la.

- Claro, o bilhete. Mahone chega pela manhã. Com a ajuda dele, certamente chegaremos ao fim disso.


Sorri e esperei acreditar na ultima frase que ouvi: “chegaremos ao fim disso.” Mas antes do fim, eu tinha uma conta a acertar. Na verdade, duas.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Não me diga que vai ficar tudo bem... Por favor!" (Sara Tancredi)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prison Break: A Verdade Contestada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.