Prison Break: A Verdade Contestada escrita por Jessyhmary


Capítulo 3
3. Eu Prometo


Notas iniciais do capítulo

Michael recebe uma surpresa que promete mexer com suas emoções e faz uma proposta irrecusável à sua futura esposa.
(Nota: A "Babá" de Michael e Lincoln foi um personagem de minha autoria)



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Como em dias de outono, as folhas estavam espalhadas por todo o pátio de festas. O mar, impetuosamente irresistível, permanecia sóbrio, com leves tons esbranquiçados vindo de encontro às enormes rochas ao longo da orla. Desta vez estava só. Michael não estava ao meu lado quando acordei. Deixei a brisa adentrar as frestas alaranjadas da janela do quarto outrora escuro. Estava com um sorriso de paz estampado no rosto, sentia minha vida correr pelas veias, a noite havia sido realmente reparadora.

        - Bom dia, Sara.

        - Oi... Bom dia. – Sorri – Não percebi que estava aqui.

        - É... Eu me aproximei devagarzinho pra não te assustar.

        - Estava olhando o mar. – Voltei meu olhar ao mar azul distante.

        - E como se sente o pequeno Scofield hoje? Nossa! Como você tá enorme! Aposto que vai dar o maior trabalho pra mamãe...

Sorri como se voltasse à infância. Michael era de longe o homem mais carinhoso do mundo. Não consegui me conter de tanta felicidade. Há apenas quatro semanas em mim, o bebê já me fazia sorrir como criança e o pai dele se mostrava a melhor coisa que acontecera em minha vida.

- Sara... Sobre ontem...

- Michael, se não quiser falar...

- Uma mulher me ligou. Ela trabalhava para a Companhia na mesma época que meu pai nos deixou. Ela disse que meu pai tinha me deixado uma coisa. Ela cuidou de mim e do Linc até a “morte” de Christina; depois disso nunca mais a vimos. Ontem, antes de chegar ao Dugdale, liguei pro Linc para te buscar, pois imaginei que ficaria preocupada, como eu também fiquei. Falei pro Lincoln se preparar caso fosse uma nova armadilha para nos incriminar, mas correu tudo certo.

- Tudo bem... Tem a ver com o papel de ontem à noite?

- Sim. Era uns registros do meu pai. Fotos, documentos, cartas... Inclusive uma pra você...

- Pra mim?

- Sim. Ele escreveu para a futura mãe dos meus filhos e essa eu estou te entregando agora.

E estendendo a mão, me entregou a carta com as bordas ruídas (pelas traças, talvez) e muito amarelada. A carta datava de 1979.

Ele tirou de debaixo da cama uma caixa. A caixa continha todas as lembranças deixadas por Aldo Burrows. Olhei a carta diversas vezes antes de começar a lê-la. Por fim, resolvi abrir enquanto Michael revirava a caixa repleta de coisas do século passado que fazia brilhar seus olhos, não sei se de espanto ou de emoção.

- Sara, tem muitas coisas que gostaria de dizer...

- Michael, se isso tiver te machucando...

-Não, Sara. É a minha história. A minha e a do Linc. Eu passei os últimos meses juntando provas, recortes, fórmulas... Fazendo cálculos, criando enigmas e mandando mensagens em códigos. Por algum motivo, minha... Minha mãe fazia o mesmo. Mas meu pai estava atrás da mesma coisa que eu.

Ele olhou para a caixa como se me apontasse alguma coisa e eu voltei meus olhos para uma das fotos que ele segurava timidamente em uma das mãos. Na foto estava Michael e Lincoln, com mais ou menos seis e catorze anos de idade, ambos vestindo terno e próximos a um vasto lago.

- Nesse dia, eu pedi pro Linc pra trazer minha mãe de volta.

Meu olhar enrijeceu-se como alguém que procura tirar forças de algum poço bem profundo. Respirei forte e segurei sua mão e, entrelaçando meus dedos nos seus, dei-lhe um beijo no ombro, procurando de alguma maneira, aliviar a dor que eu sentia escorrer de seu peito.

- Era ela, Sara. O tempo todo era ela. Toda dor que eu causei, o longo percurso até Los Angeles... Ela nos vigiou o tempo todo. Colocou pessoas atrás de nós... Tentou tirar minha vida... Ela odiava o meu irmão. Lincoln foi mais irmão pra mim do que ela foi uma mãe pra nós!

Seus olhos, antes verde-musgo, tornaram-se algo próximo à um azul piscina, conforme os olhos foram se enchendo de lágrimas. Uma antiga cozinha, quase em ruínas que se transformou num verdadeiro Coliseum. Nunca esquecerei aquele lugar, onde as feras estavam no poder até Michael tomar uma decisão que encerraria toda essa busca frenética por Scylla, e consequentemente traria paz às nossas vidas.

Depois que a arma falhou, meu coração disparou. Tinha quinze segundos até Christina descarregar a arma sobre o seu próprio filho. (O que, sendo mãe, não consigo imaginar) Minha primeira atitude foi verificar se a arma em cima do balcão estava carregada. Quando me certifiquei disso, aproximei-me de Christina, dessa vez, sem temor. (embora o fato dela ser mãe do meu futuro esposo ainda me trouxesse certo receio.) Quando vi que teria de fazer isso, respirei fundo e puxei o gatinho. Até onde pude ver, a bala havia atravessado a lateral da parte superior das costas. Se Christina tivesse se virado, provavelmente teria sido direto no coração, matando quase que instantaneamente a vitalidade de todo o seu corpo. Sem bombear sangue pro organismo, em menos de dois minutos Christina estaria completamente morta.

Enfim, o que eu fiz foi o suficiente para matá-la; Christina, porém, arranjou forças suficientes para atirar em Michael, o que, graças a Deus, não lhe trouxe maiores danos, a não ser uma bala alojada em sua clavícula.

Creio que ao mesmo tempo em que revivi essas cenas, Michael também as sentiu como que em um pesadelo sincronizado.

        - Mas olha, Sara... – Disse ele enxugando uma lágrima que rolou timidamente - As coisas mudaram. Estamos livres agora. Temos nosso bebê chegando em alguns meses, estamos juntos de novo. Sem culpas e sem arrependimentos... Eu amo você.

        - Tá bom. – Sorri concordando – Também te amo.

        - Sara, eu planejei uma coisa para nós nesse fim de semana.

        - O quê? – Sorri curiosa -

- Quero que você conheça minha casa. Onde eu e Linc moramos quando éramos crianças. Fica perto do mar. Além disso, tem alguns barcos para alugar. Podemos navegar por aí...

- Ah é? Eu gostaria muito...

- Viajamos em dois dias. Aí podemos ter um tempo só pra nós. Preparando as coisas para o casamento... O que me diz?

        - O que eu posso dizer? Que eu te amo?! – Sorrimos – Então... Parece tentador... Uma proposta irrecusável.

        - Tá bom Dra. Scofield, me daria a honra de ser minha companhia até o fim de minha vida?

        Desculpem, mas essa eu não segurei. Ele havia colocado uma rosa de origami no meu cabelo e, ajoelhado, beijou minha mão. Caí na risada e fiquei vermelha. Sorri de cabeça baixa e vi os seus olhos me pedindo para estar do seu lado. Era tudo que eu queria nessa vida.

        - Então... Isso finalmente é um encontro? – Sorri -

        - Ah... Claro, tirando a parte do burrito.

        - Ah, Scofield... – Dei uma pausa – Isso é tudo que eu mais quero na minha vida.

        - O quê, o burrito? Perguntou ironizando –

        - Não... – Segurei seu rosto - Estar com você, seu bobo.

        - Ah... Isso é bom.

        Ele me olhou com um carinho que recusa qualquer explicação. Scofield Conseguia me fazer sentir como na primeira vez naquela sala da enfermaria em Fox River quando eu estava fazendo o curativo na parte superior das suas costas. Michael nunca quis me envolver na sua fuga, ele é altruísta demais para isso. Naquele dia, quando ele me beijou pela primeira vez... Eu esqueci de todo o resto, mas apesar de estar ligada a ele, tentei fugir disso uma, duas, cem vezes. E acabei aqui, ao seu lado.

        - Obrigada por não ter desistido de mim, Michael. Sei que por muitas vezes fui cega, dura e insensata... Obrigada por não ter desistido de nós.

        - Eu nunca vou desistir de você, Sara. Vou fazer tudo o que eu puder pra fazer você a mulher mais feliz desse mundo. Eu prometo.

        Ele me abraçou.

        Como quando eu cheguei em Evansville e ele me recebeu com um seus braços como quem diz “Tudo bem, Sara... Você está segura agora. Fica aqui comigo... Não saia de perto de mim.” Não preciso dizer o quanto ele estava lindo com o gorro preto e seus olhos sempre atentos a mim. Naquela hora eu me senti segura, embora ironicamente, a razão de toda essa perseguição fosse sua presença. Eu estava a salva por dentro por tê-lo por perto.


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Notas finais do capítulo

"Quando eu sair daqui, vivo, eu vou te levar pra jantar. Almoçar... Tomar café." (Michael Scofield)



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