Olhei pela janela do avião, eu já conseguia identificar a minha cidade, observava as ruas e os prédios tomando forma e meu coração se enchendo de alegria e de angustia ao mesmo tempo ao lembrar de Zayn, como eu gostaria que ele estivesse aqui comigo e eu pudesse mostrar um pouco da minha vida fora de Londres pra ele, mostra-lo a rua onde cresci, a escola que estudei, apresenta-lo aos meus amigos, a minha família.

O avião tocou o solo, enquanto esperava minhas malas eu consegui ver Lavínia me esperando, acenei e ela deu uns pulinhos de felicidade. Peguei minhas malas e fui ao encontro dela, estranhei ela estar sozinha, nem meus pais foram me buscar no aeroporto.

-Aii que saudade – eu disse a abraçando apertado.

-Nem me fala. Eu tenho tanta coisa pra te contar

-E eu estou ansiosa pra ouvir tudo – eu disse me soltando do abraço e olhando pra ela – Você tá linda amiga, isso tudo é pro Ben? – eu perguntei e ela riu.

-E você hein? Londres está te fazendo super bem, que pele é essa? É a agua de lá ou é um cara chamado Zayn?

-Espero que seja a agua ,porque se for o Zayn, adeus pele bonita – eu disse tentando ser engraçada

-O que? Como assim Anna?

-Deixa pra lá, depois a gente fala disso. Eu to bem – menti.

-Mesmo? – ela me perguntou olhando-me preocupada

-Ei, eu to feliz por estar aqui. Eu só quero ir pra casa – eu disse sorrindo

-Então vamos.

Lavínia foi me contando os preparativos do casamento, me atualizando sobre tudo. Estacionamos na frente da casa dos meus pais e eu fui pegar as malas.

-Ei, depois a gente pega isso – ela disse me arrastando pro portão e o abrindo

-Ei, desde quando você tem as chaves da casa dos meus pais? – eu perguntei entrando.

A cadela dos meus pais, Buffy, uma border collie veio correndo em minha direção.

-Eii Buff, que saudades garota – eu disse afagando sua cabeça e ficando da sua altura.

-Buffy, volta aqui agora – escutei a voz do meu pai e ela saiu correndo pra área externa e eu a segui, ela havia fechado o portãozinho ao sair e agora o arranhava pra abrir.

Quando abri o portão eu levei um susto quando todo mundo gritou SURPRESA

Todos os meus amigos, minha família, todo mundo estava em volta da piscina, o cheiro de carne assando me fez salivar.

-Minha bebê – meus pais me abraçaram. Eu era filha única, super mimada pelos dois, então imaginem o abraço, certo?

-Ahh, que saudades de vocês – eu disse deixando uma lágrima cair dos meus olhos – Eu tava sentindo muita muita muita muita falta de vocês – eu disse abraçando eles.

-Ei ridícula – olhei e vi que era Lucas, meu primo

-Ridículo é você – eu disse o abraçando

-Ei, olha quem veio conhecer a tia Anna – escutei a voz da Gisele, ela estava tão... maternal com o pequeno Henrique no colo que dormia.

-AI MEU DEUS – eu gritei e todo mundo ao redor fez SHHH pra mim – Deeesculpaaa – eu falei baixinho e todos riram – Ele é tão lindo

-Não deixem a doida pegar no bebê – eu escutei a voz de Jenny que pegava um pedaço de carne e colocava na boca

-Cala boca Jennifer – eu disse o pegando e cheirando a cabecinha dele, cheiro de bebê, adoro – Ele parece com você Gi.

-Mentira, ele parece comigo – eu vi William se aproximando e dando um beijo em minha bochecha

-Ah Will, ele tem seus olhos só. E pelo visto o seu péssimo gosto pra time de futebol – eu comentei a touquinha do Palmeiras que ele usava.

-Nem me fala. Ele quer vestir o menino como se fosse o mascote do time – Gisele disse

-Não deixa amiga.

-Ei, vamos entrar. Você coloca seu biquíni e aproveita a piscina com todo mundo – minha mãe me interrompeu e entramos eu, ela, Gi, Lav, Lena, Jenny e tia Marina em casa e fomos até meu antigo quarto.

Antes de me mudar pra Londres eu morava com as meninas em um apartamento, mas antes de ir eu trouxe todas as minhas coisas pra casa dos meus pais, já que todas iriam se mudar de lá depois.

-Cadê o rapaz? – minha mãe perguntou

-É, cadê ele? – Gi perguntou

Lavínia ficou fazendo gestos pra pararem de perguntar.

-A gente tá dando um tempo – eu disse fazendo meu melhor pra parecer bem

-O que? – Jenny perguntou – Niall não me disse nada.

-Nem o Harry – Lena disse – Isso não tem graça Anna, quando ele chega?

-Não, é sério. Estamos dando um tempo, as coisas estavam difíceis e estávamos brigando sempre...

-Mas a Marina e o Luciano disseram que vocês estavam tão bem, não é Marina – minha mãe disse e minha tia assentiu

-É... estávamos. Mas ei, vamos falar de outra coisa? Eu to bem, to feliz e vamos deixar ele pra lá, que tal? – eu disse tentando parecer animada.

-Tudo bem então – elas disseram parecendo acreditar na minha falsa felicidade

-Vamos te esperar lá fora – Jenny disse ao fechar a porta.

Coloquei meu biquíni e sai, adorava o clima que estava ali, música, churrasco, todos rindo e conversando.

Peguei uma cerveja e fui pra perto da churrasqueira, tio Fernando a comandava junto com meu pai.

-E ai churrasqueiros? – eu dei um beijo na bochecha de cada um – Cadê essa carne? To morta de fome.

-Tá saindo filhota – meu pai disse amolando a faca

-Amolando a faca pro caso do namorado aparecer? – meu tio perguntou e tia Marina deu um beliscão nele.

-Cala a boca Fernando

-Haha, duvido que ele apareça – eu disse pegando um pedaço de linguiça que estava cortada e quando eu ia pôr na boca, Lucas apareceu e tirou da minha mão.

-Cadê o seu namorado viado? – ele perguntou mastigando de boca cheia – Quero ensina-lo a ser homem agora – ele disse mostrando os músculos.

Jenny que estava passando na hora caiu na gargalhada

-Que músculos heim primo? Zayn te dá um peteleco e você cai no chão chorando – Jenny disse rindo

-O que essa pirralha tá fazendo aqui mesmo? – Lucas implicou com ela

-Eu só sou três mais nova seu ridículo, mas meu cérebro definitivamente é mais desenvolvido – ela disse revidando, língua afiada sempre.

-Eii, vamos parar com a demonstração de amor hein? – eu conhecia o temperamento dos dois e mesmo que estivessem só brincando não demoraria dois segundos pra começarem a discutir – Zayn não vem, então vamos parar de falar nele, que tal?

-Por quê? Vocês terminaram? – tia Marina deu um beliscão nele – AI TIA – ele reclamou

-Foi, fim de conversa – eu disse

-Pô prima, foi mal ai – ele disse sem jeito

-O tio Luciano disse que você não havia aprovado, eu não iria ficar com alguém que meu primo não aprova né? – eu disse enchendo a bola dele.

-Eu tava até aprovando sabe, depois que eu soube que ele tem uma Mercedes e tal

-E um Jaguar. Lucas, já que você disse que ele era gay... se você quiser a Anna te passa o número dele e você tenta a sorte, que tal? Fica tudo em família – jenny disse provocando, Lucas saiu correndo atrás dela, ela pulou na piscina e ele foi atrás e eles ficaram brincando de se afogar... quer dizer... eu acho que era brincadeira.

Eu ria dos dois, roubei um pedaço e carne e assim que eu sentei, meu primo Otávio chegou com uns amigos e a nova namorada.

-Tavinho – eu o abracei bagunçando seu cabelo – que saudades.

-Anna Banana – ele disse bagunçando meu cabelo também – essa é a Raquel, minha namorada.

-Oi, muito prazer – ela disse apertando minha mão – Otávio sempre fala muito de você.

-É né. Esse ai nunca me esquece – eu disse rindo e piscando pra ele. Esse era o nosso sinal, quando eu gostava de alguma menina que ele apresentava eu piscava. Ele sorriu de volta.

Sentamos todos juntos pra almoçar.

-E ai prima? Quando você vai me levar pra conhecer a noite londrina? – minha prima Larissa me perguntou

-Quando você quiser. Você vai amar Lari, tem lugar pra ir a qualquer hora do dia, aquele povo gosta de festejar.

-Muitos garotos bonitos? – Bethany perguntou

-Muitoooss. Isso eu vi com meus próprios olhos. GENTEE, é cada um mais lindo que o outro – Jenny disse

-Jennifer, rum – meu tio a interrompeu

-A Jenny tá certa, muitos caras bonitos mesmo – eu disse pra elas – Bonitos e educados. Um sonho – eu disse com meu sorriso safado.

-Ué Anna, eu achei que você estivesse namorando – Lari perguntou

-É... tava – eu disse bebendo um pouco de cerveja... Aquele tópico iria render

-Ué Anna? Tá solteira? Como eu não estou sabendo disso Lucas? – Edgar, um amigo antigo de Lucas perguntou – Será que eu tenho chance agora Anna? – ele perguntou movendo a sobrancelha.

-Hahaha. Nem nos seus sonhos – eu disse rindo

-Ah Anna, nos meus sonhos você é...

-AH CALA A BOCA SEU TARADO – eu disse o interrompendo jogando um pedaço de pão de alho nele e todo mundo riu.

-Ficamos sabemos da Foster&Co, estamos muito orgulhosos, Anna – meu tio Antônio falou tentando mudar o rumo da conversa, ele trabalhava no mesmo ramo que eu – Diretora de novos projetos heim? Grande.

-Ahm, já que estamos falando desse assunto eu tenho um anuncio pra fazer – todos pararam e olharam pra mim – Essa semana o Sr.Foster, veio pessoalmente até mim me oferecer o cargo de PRESIDENTE na nova sede na China.

-UAAUU – todos aplaudiram, gritaram, tacaram coisas em mim.

-Parabééns ridículaa – Lucas gritou – Você presta pra alguma coisa afinal de contas heim?

-Uau Presidente. Eu achei que eles só dessem esse cargo a alguém da família – meu tio Antônio disse.

-Exatamente – eu disse orgulhosa de mim mesma e balançando meu cabelo.

-Espera, eu não estou acompanhando... Você vai casar com algum dos Foster? – Otávio perguntou

-Você largou seu namorado pra casar com um Foster? Isso sim é inteligente – Lucas disse

-Cala a boca Lucas – Jenny implicou

-Cala a boca você pirralha – ele revidou

-Não não. Eca, não. Meu chefe, Graham Foster, iria dar a presidência pro seu neto recém formado, mas ele está com alguns problemas e perguntou se eu não queria e tal.

-E você vai dizer sim. Querida, isso é uma oportunidade única – meu tio dizia – Presidência da Foster&Co e não tem nem o sobrenome da família? Isso realmente vai dar o que falar.

-Então, eu fico realmente dividida. Eu simplesmente amo Londres e Hong Kong é completamente diferente do que conheço, outra cultura, um idioma que não conheço.

-É Anna, é uma decisão difícil, mas você tem que seguir seu coração – minha mãe disse

-Isso é verdade querida, você já tem uma posição de prestigio na empresa. Segue seu coração, no fim das contas o que importa é a felicidade – tio Antônio disse. Ele sabia do que falava, sua esposa, Louise, pediu a separação depois de anos cansada do marido que nunca tinha tempo pra ela.

-Falou e disse, pai – Otávio disse

-O véio é filosofo também – Lucas complementou e todos riram.

Ficamos conversando e no fim da tarde todos começaram a ir embora, ficou apenas Jenny, Lena, Gisele e Lavínia. Estávamos sentadas na cozinha, estávamos vigiando o bolo de chocolate que estava no forno enquanto tia Marina e meus pais arrumavam um pouco a bagunça que ficou na piscina. Tio Luciano já havia dormido no sofá depois de tantas latinhas de cerveja.

Deitei minha cabeça na mesa, eu estava cansada da viagem.

-Ei, você está bem? – Lavínia perguntou acarinhando meu braço eu levantei a cabeça e sorri

-Estou ótima – eu disse colocando um pouco de Guaraná em meu copo.

-Você quer falar sobre isso? – Gisele perguntou

-Não foi nada demais, a gente só está dando um tempo, não é o fim do mundo – eu disse bebendo um pouco do refrigerante.

-Ah qual é Anna, você tá no meio das suas amigas aqui. Ninguém vai te julgar – Jenny disse na mesma hora que tia Marina e mamãe chegaram.

-Do que vocês estão falando? – mamãe perguntou

-Anna não quer falar porque ela e Zayn brigaram – Jenny disse

-Filha, deixa sua prima – tia Marina disse

-Anna, deixa de besteira e fala logo. Eu estou curiosa – mamãe disse sentando conosco na mesa e fazendo todo mundo rir, inclusive eu e isso me encorajou a contar.

-Ah... ele simplesmente não entende meu trabalho – eu disse brincando com o copo em minha mão, incapaz de olhar pra ninguém – Depois que eu fui pra Foster tudo piorou, eu chamei um cara que ele não gosta pra trabalhar comigo e tudo desmoronou, com o novo projeto meu tempo foi todo consumido com o trabalho e ele não entendeu – eu disse sorrindo de leve e levantando o olhar.

-Tinha que ser né Anna – minha mãe disse – Esse menino parecia ser realmente bom pelo que Marina me dizia e o seu trabalho sempre no meio.

-Isso ai tia, falou e disse - jenny disse fazendo um high five.

-Eu tenho que concordar Anna – Gisele disse - eu só o conheci no navio, mas ele te olhava de uma maneira...

-Eu vi os dois juntos em Londres, parecia que ia dar certo – Lena disse

-Ué, deu certo – eu disse – só que não tá dando mais. Tem muita coisa acontecendo agora e quando eu falei da China ele surtou, sei lá... eu não quero estar com alguém que não entenda minha vida profissional.

-Anna, eu te conheço muito bem – minha mãe disse – e eu sei que você toma mais decisões baseadas na razão do que no seu coração, mas dessa vez, uma única vez, escuta o que seu coração fala. Se ele te manda ir pra China, vá. Mas se ele está te pedindo pra ficar em Londres, fique – ela disse meio brava se levantando pra pegar o bolo.

-A tia tá certa – as meninas falaram

-Você tá perdendo um cara ótimo por causa do trabalho – Lavinia disse

-Por que tem que ser culpa minha? Ele não podia ser mais compreensivo? É meu trabalho.

-Se põe no lugar dele. Se ele te trocasse pela secretária gostosa você iria gostar? – Gisele perguntou

-Eu não troquei ele por ninguém. Eu só não podia deixar o meu trabalho e ficar com ele quando ele quisesse. Vocês ficam falando como se fosse o fim do mundo, ele é só um cara qualquer – todas ficaram caladas – E outra, não terminamos, estamos dando um tempo pra ver que rumo esse relacionamento toma. Somente. O bolo tá pronto?