A Caçada escrita por Ana Flávia Furtado


Capítulo 2
A força sombria


Notas iniciais do capítulo

Espero que aproveitem este capítulo.



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Era um dia de inverno em Nova York, mas não estava muito frio, talvez fosse culpa do aquecimento global ou do meu aquecedor de ambiente que eu colocara em meu quarto. Estava morta de sono, não queria nem levantar a mão para fazer com que a porcaria do despertador parasse de tocar... Trim, trim... E cada vez ficava mais estridente, isso irrita.

Decide que eu tinha que levantar, não que eu quisesse, só que Bernadette me obrigou a descer da cama para ir a escola, como se eu realmente me importasse com o meu futuro acadêmico, eu não precisava ir a escola e meus pais sabiam disso, mas como queremos passar por uma família normal, tivemos que começar a visitar a escola também. Até Senna tinha que ir para a escola, só que a pior coisa é que ela gostava.

Ouvi duas portas baterem e então realmente acordei, levantei-me e peguei as primeiras peças de roupa que vi, sai em disparada em direção ao banheiro, só tínhamos um banheiro para os irmãos, enquanto meus pais ficavam com um para os dois, cadê a justiça?

Peguei minha varinha e estava disposta a ser a primeira a entrar no banheiro esta manhã.  Jason já ia sair do quarto, o quarto dele é mais próximo do banheiro, então ele não se preocupava em se apressar.

- Acabei de acordar e esta porta vou trancar! – A porta se fechou, trancando Jason no quarto, um já foi só faltam dois.

Os feitiços tinham que rimar, não eram palavras decoradas, são somente rimas que a magia leva ao pé da letra. Realmente ao pé da letra, porque já me meti em muita confusão por causa de feitiços com rimas e sentidos errados para a magia. A frase não precisava fazer sentido, ou seja, usar um feitiço com palavras que não combinem nada com o ambiente ou situação.

Avistei meu irmão Mack, ele estava quase chegando, portanto teria que ser rápida.

- O ladrão foge pelo corrimão e com uma corda vai para o chão! – Uma corda prendeu Mack e o levou de cara ao chão, segurei para não rir.

Não falei que a magia é uma coisa engraçada, meu irmão nem estava fugindo e nem era ladrão, no entanto, ele foi preso pela minha corda, simplesmente amo a magia.

Pulei por cima de um Mack furioso, só que eu não ligava, estava quase chegando e era somente isso que importava. De repente fui arremessada para longe da porta e quando dei-me por mim estava grudada na parede.

Um risinho ecoou do fundo do corredor e então vi Bernadette, com sua varinha em mão e entrando no banheiro, de todos os meus irmãos Bernadette era a mais inteligente e mais insuportável da família.

Só me restava pensar em um feitiço para sair dali, mas qual? Não estava me ocorrendo nenhuma rima boa o suficiente para me tirar dali. Até que Jason e Mack apareceram no corredor.

- Jason! Mack! Me tirem daqui! – Gritei para eles, só que eles simplesmente me olharam e saíram andando como se eles não fossem culpados por nada.

O.K. tinha que me acalmar um pouco e pensar em uma boa rima.

“Quero me descolar e começar a andar.” Pensei no feitiço, ultimamente tenho trabalhado para conseguir realizar feitiços com a mente, pois Jason e Bernadette já sabiam fazer isso.

Como eu não representava sinais de deslocamento e depois de cinco minutos grudada na parede resolvi falar o feitiço em voz alta mesmo.

- Quero me descolar e começar a andar. – Logo eu estava sã e salva no chão, resolvi guardar este feitiço mentalmente, um dia poderia ser útil.

Comecei a correr para o banheiro novamente sentei virada para a porta, esperando ele ser liberado, mas como Bernadette é muito chata demorou de propósito, ela nunca foi de se preocupar com a beleza, só que se era para me provocar, ela fazia de tudo o que fosse possível.

Vinte minutos depois e ela resolveu sair, com sua franjinha lisa e cachos loiros bem definidos, seu cabelo era como o meu, começava liso e depois começava uma chuva de cachos, a única diferença era a cor e que eu comecei a usar franjinha antes dela, porque óbvio sou mais velha.

Entrei no banheiro e comecei a pentear o cabelo, não sei se comentei, mas meu cabelo é azul, quando eu tinha sete anos Jason tentou praticar o primeiro feitiço, o que não deu nada certo, já que agora meu cabelo era permanentemente azul. Olhei no relógio e percebi que estava atrasada, comecei então a usar a magia, deixei meus cabelos penteando por si só, enquanto a maquiagem era feita por uma força invisível.

Magia é tudo, logo estava prontinha para ir ao colégio. Desci antes que meus pais aparecessem para a revisão matinal.

- Bom dia! – Senna entrou em casa, toda alegre como sempre, seus cabelos longos e laranjas brilhantes como sempre. Não, Senna não era ruiva, seus cabelos eram literalmente laranjas, por causa de um feitiço que ela executou errado.

Magia pode ser algo muito assustador. Meus pais logo entraram na cozinha e deram a deixa para irmos à sala. Como era de costume deixamos as mochilas no sofá e as varinhas em um compartimento especial para isso. Meus pais sempre nos ensinaram a obedecer à regra número um de feiticeiros: Nunca revelar a magia a um humano comum. Então tínhamos que deixar nossas varinhas em casa e meus pais revistavam nossas mochilas para ter certeza de que não levávamos nada do mundo mágico para a escola.

Senna também participava disso e ela até gostava um pouquinho, como era de costume o namorado da Bernadette apareceu, ele até que era bonito, tirando o fato de que era um ciclope, tinha catorze anos assim como minha irmão, cabelos cor de areia e olho azul, era alto e esbelto.

Ele ia para a escola conosco, só que ele usava magia para disfarçar o fato de que só tinha um olho.

- Chay o que é isto em você? – Bernadette perguntava para o namorado todo dia de manhã sobre algum machucado, mas de uns tempos para cá ele até que parou de se machucar tanto.

- Mack! Tenha um bom dia de aula! – E agora era a vez da namorada de Mack falar. Nanda.

Nanda era uma garota de quinze anos muito bonita, tinhas cabelos curtos e brancos, com olhos bem verdes, era o fantasma mais bonito que eu já vi, os outros são todos cheios de machucados e sangue.

Nanda, apesar de ser um fantasma, era bem sólida quando queria, sempre deixava que tocássemos nela, porém quando estava de mau humor não deixava ninguém tocar nela e até atravessava as paredes, o que era algo realmente muito estranho. Nanda tinha quinze anos quando morreu, mas nunca comentou como morreu, ela não ia a escola conosco porque já estudou muito desde que morreu, agora todo dia ela ficava em casa ou pelo bairro esperando Mack voltar.

Começamos a ir para a escola, nós seis sempre íamos falando muito sobre a magia e o que seríamos no mundo mágico quando começássemos a trabalhar. Notei esta manhã de que Senna estava muito quieta e não falava muito, o que vindo dela era estranho, já que ela sempre se manifestava muito, hoje não, ela estava quietinha e toda vez que eu olhava virava a cara como se tivesse vergonha de algo.

Resolvi perguntar mais tarde, quando estivéssemos sozinhas, ou seja, na aula de história.

Como o dia estava sendo chato, resolvi esperar somente pela aula de história, as outras aulas até que passaram rápido, quando cheguei a sala de história corri para o fundo da sala, onde poderíamos sentar sem que alguém nos interrompesse, não era nosso lugar de costume, mas seria o suficiente.

Estava quicando na cadeira quando ela chegou, só que ela olhou para mim e sentou em nosso lugar de costume, junto de um garoto, cujo o nome, eu nunca decorava. Na hora fiquei com raiva dela.

“O que está fazendo ai?” Uma vozinha ecoou na minha cabeça, achei que estava ficando maluca, até que me lembrei de que Senna conseguia praticar feitiços mentalmente e sem varinha quando necessário.

“Eu quem pergunto hoje: Por que você está estranha?” Como eu esperava não obtive resposta, peguei meu lápis e retirei o grafite, não era realmente grafite, era um picador, eu sei que trazer artefatos mágicos é proibido, mas eu não podia resistir.

Preparei o picador, mirei e arremessei. Como era esperado ele grudou na nuca de Senna e ficou lá, causando uma vermelhidão extrema.

“Por que fez isso?” Gritou de fúria em minha cabeça. “Retire esta coisa de mim, agora!” Estalei os dedos e o picador saiu da sua nuca.

“Agora me responda!” Ordenei.

“Tudo bem. Sabe o Bruno?” Ela me perguntou um pouquinho esperançosa.

“Não.” Ela nunca gostou que eu mentisse, estava falando a verdade.

“O garoto que senta ao meu lado... Bem é que nós estamos namorando a um tempinho.” Eu pude ver que ela corou ao dizer isso.

“Era só isso? Estava com medo de quê?” Perguntei incrédula, era tão normal ela namorar.

“Bem é que ele... Ele sabe que sou feiticeira.” Fiquei estática e esperei até o fim da aula para dar uma bronca em Senna.

História foi mais interminável do que nunca, só que assim que o sinal tocou, eu fui correndo para o lado de Senna, com a cara bem emburrada.

- Como assim ele sabe que você é feiticeira? – Perguntei antes que ela pudesse falar alguma coisa.

- Eu não pude esconder dele, eu o amo. – Ela explicou para mim.

- E eu amo chocolate, só que nem por isso falo para ele que sou uma feiticeira! – Exclamei com muita raiva.

- Para de ser tão dramática. – Ela repreendeu-me.

Abracei ela e disse que estava feliz por ela e por Bruno, só que eu tive que prometer não contar isso ao Conselho Mágico, se não estaríamos fritos.

De repente o chão começou a rodar descontroladamente, olhei em volta e percebi que nenhum aluno estava vendo o que eu via, olhei para Senna e a cara dela era de espanto, que tive certeza de que eu não era a única a ver o mundo girar. Começamos a rodar cada vez mais rápido até que tudo ficou escuro, um vento me atingiu com tudo o rosto.

Avistei uma luz branca, ela estava vindo em minha direção, ou melhor, eu estava indo em direção a ela, foi neste momento que percebi que estava caindo, olhei para os lados, avistei meus irmãos, Chay e Senna, estávamos todos assustados e sem saber o que fazer, porque estávamos sem varinha.

Íamos bater contra a luz branca e acabar nos machucando, o medo tomou conta de mim, pois pela primeira vez eu senti magia das trevas envolvida.


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Notas finais do capítulo

Eu sei ficou uma porcaria, mas acho que mereço um review, né?



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