Triplex escrita por liviahel


Capítulo 6
"Casanova"




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Na manhã seguinte Victória foi cedo para casa de NichKhun, estacionou na rua, cumprimentou o porteito, pegou o elevador privativo e viu alguém correndo em sua direção, ela segurou a porta do elevador para a pessoa entrar. Era Nana.

— Você? — disseram juntas.
— Isso já está ficando chato. —disse Victória referindo-se ao fato de falarem juntas a mesma coisa.
— Verdade. Deixa-me adivinhar, você também está indo falar com NichKhun? Qual é a desculpa que ele usou para te convencer a vir aqui?
— Nenhuma desculpa. Ele me pediu ajuda pra vir opinar sobre os móveis da casa. Além disso temos que ensaiar...
— Vocês dois trabalhando juntos? Isso é que é ironia do destino.
— Nem me fale. Há anos trabalhando na mesma agência e nunca nem tínhamos nos visto...
— Não falei por isso. — interrompeu Nana, em tom ligeiramente ríspido. — Falei porque também trabalhei com ele essa semana.
— É mesmo?
— Campanha de calça jeans...
— Me chamaram para uma participação no mv novo dele, vamos gravar em Bali semana que vem.
“Quando foi que começamos a competir e eu não percebi?” pensou Nana.
E o elevador chegou no triplex, Victoria tocou campainha para Nichkhun destravar a porta do elevador.
— E você também veio porque ele pediu?
— Ele me ligou, mas eu vim porque quis mesmo. — disse Nana.

NichKhun abriu a porta em meio a uma pilha de inúmeros móveis.

— Oi lindas! — disse ele, cumprimentando as duas garotas com um beijo rápido na boca, da mesma forma que tinha feito na manhã seguinte à festa de inauguração do club de Junsu. Com o choque de ver aquela quantidade absurda de móveis empilhados, as duas mal o notaram.
— Uau! — disseram as duas juntas de novo.
— Gostaram? — disse NichKhun totalmente alheio ao clima tenso entre elas.
— São moveis fantásticos... Quando você disse que tinha herdado fiquei imaginando coisas antigas. — disse Nana.
— É que eu não me expliquei bem, eu herdei moveis novos não os do meu tio.
— Que confusão... E onde é que nós entramos nessa historia? Por que por mais que três trabalhem melhor que um, não acredito que um dia nós consigamos colocar tudo isso no lugar? — disse Victoria.
— E eu jamais pediria uma coisa dessas a vocês, o que eu quero é a opinião. São três andares, tem mais alguns móveis lá em cima.
— Como assim? — disse Nana.
— Simples, eu me responsabilizo pelo andar onde está o meu quarto e os outros dois são de vocês. — NichKhun buscou dois bloquinhos de papel e canetas. – Escrevam aqui ou desenhem os lugares onde vocês querem que a mobília que escolheram fique, como se a casa fosse suas.
— Só eu acho que isso está soando a algum tipo de proposta maior? — disse Victoria.
— Depois a gente fala sobre isso. — NichKhun fez mistério.
— E quem vai colocar os móveis no lugar? — disse Nana.
— A mesma equipe que veio trazer os móveis. Eles chegam em quatro horas, vamos trabalhar?

Nana e Victória correram juntas para a escada que levava ao segundo piso, elas inconscientemente disputaram o andar que ficava mais perto do quarto de NichKhun. No final das contas o segundo andar ficou sob a responsabilidade de Nana. Discutiram por causa de vários objetos durante a primeira hora, mas nada que peocupasse NichKhun, que preferiu não se envolver, como qualquer homem normal. Depois de algumas horas, o trabalho já estava quase pronto, foi aí que o clima pesou.

— Ah! Fala sério, você tirou meu papel desse quadro Nana!
— Imagina — Nana desconversou, porque ela realmente tinha feito isso.
— Não bastou quase me derrubar da escada para ficar com o segundo andar. Agora deu para ser desonesta?
— Victoria é só um quadro! Você está exagerando!
— Só um quadro?! Você já contou quantos sofás você marcou pra ir lá pra cima?
— E modelos sabem contar? — Nana fez a inocente.
— Pensei que você detestasse esteriótipos... — disse Victoria com sarcasmo.
— Você não me conhece tão bem assim...
— Foi você quem veio querendo ser amiguinha!
— Eu fui super gente boa com você, e não te vi fazer o menor esforço para que isso acontecesse!
— Me diz uma coisa, existe amizade entre mulheres que querem o mesmo homem?! — Victoria tinha finalmente chegado ao verdadeiro motivo da discussão.
— Ah! Que bom que você pensa assim, aí eu não tenho que me sentir mal por ter descumprido com o nosso trato...

NichKhun ouviu todas as discussões pelos ecos do triplex ainda cheio de espaços vazios, e inda não tinha se animado envolver-se até que chegou esse ponto.

— Está falando de quê? — disse Victoria.
— Estou dizendo que eu saí com NichKhun essa semana. E eu gostei muito sabe... — Nana provocou.
— Gostei de ver sua “boa vontade”. — Disse Victoria, que empurrou Nana ligeiramente com o dedo indicador — Ainda bem que eu tenho juízo e não fiquei sua amiga, só me cerco de gente que presta!
— O que foi que você disse?! — gritou Nana, afastando Victoria de si com um empurrão.

"Isso não vai acabar bem" pensou NichKhun, que desceu para o primeiro andar às pressas. Quando chegou à sala, as duas estavam quase se batendo.

— Já chega! Vocês duas! — gritou ele, agarrando-as pelos pulsos.
— NichKhun me solta! — disse Nana.
— Não solto ninguém até que vocês decidam conversar civilizadamente. — disse ele à Nana, enquanto isso Victoria se desvencilhou e sumiu entre os móveis.

NichKhun puxou Nana e a prendeu no elevador privativo.

— NichKhun me solta agora! — esbravejou ela, com voz abafada pela porta metálica.

Ele andou calmamente entre os móveis, tentando ouvir alguma coisa, uns quadros que estavam empilhados caíram. NichKhun deu a volta em um guarda-roupa e trombou com Victoria de novo, cercando-a em meio os outros móveis.

— Você é mesmo bailarina? — ele estava tentando distraí-la.
— Que tipo de pergunta é essa? Claro que sim...
— É que bailarinas geralmente são graciosas, você está sempre trombando nas coisas, pessoas...
— Está me vendo dançar? — Victoria respondeu com impaciência.

Victoria tentou dar a volta num criado mudo, mas sua roupa ficou presa.

— Onde ficam as escadas nesse lugar? — ela perguntou consigo mesma.
— Por que está fugindo de mim como se eu fosse um qualquer tarado?
— Um qualquer você não é, agora tarado... — ela disse rindo.
— Quer ter certeza? — disse ele, naquele tom de malicia habitual.
— Olha, me deixe ir embora, eu não quero mais me envolver com você em nenhum aspecto, amanhã mesmo eu...

"Deus! o que eu faço pra essa garota ficar quieta?" pensou NichKhun. E ele fez a única coisa que lhe veio à cabeça.

—... Indicar alguém para me substituir, aí você...

Victoria foi interrompida pelos lábios de NichKhun, que a colocou contra a parede e a beijou até que ficasse ofegante, e parou repentinamente o beijo.

“ O Silêncio! bem melhor assim” pensou ele, enquanto Victoria ainda estava de olhos fechados. “Foco NichKhun, você precisa resolver as coisas” pensou consigo mesmo quando sentiu-se tentado a beijá-la de novo. Ele a jogou nos ombros e a carregou à força.

— NichKhun me solta! Para com isso! Me deixa ir!
— Eu disse que vocês não iam embora enquanto não conversassem civilizadamente e é isso que vão fazer! — disse ele, levando Victoria em direção ao elevador.
— Você está falando feito um maníaco, me solta! — Victoria se debatia, mas na posição em que estava era inútil.
— E você supõe muita coisa sobre mim, vai ver é isso que eu sou, um maníaco. — NichKhun respondeu brincando.
— O que?
— Diz um “oi” amigável pra Nana. — disse ele empurrando Victoria para dentro do elevador e fechando a porta em seguida.

Ele se sentou do lado de fora. “Tomara que dê certo, ou que pelo menos elas não se matem lá dentro”, pensou ele.

— NichKhun me solta! Eu sou claustrofóbica! — disse Victoria esmurrando a porta do outro lado.
— Eu não caio nessa Vic, já te vi entrar em elevadores antes...
— Não é assim que funciona NichKhun! Me solta vai?
— Não! Mesmo que seja verdade, morrer disso você não vai... — “Espero que não” pensou ele — faça as pazes com a Nana e vai poder sair...

Victoria continuou gritando e esmurrando a porta.

— Uma hora, resolvam seus problemas dentro desse tempo e pode ser que eu solte vocês mais cedo. Vou deixar vocês conversarem em paz. — ele disse, mas não saiu de perto da porta.
— Uma hora aqui presa aqui dentro, eu não vou agüentar. — disse Victoria ofegando ligeiramente.
— Não exagera Victoria — disse Nana, Victoria só pareceu notar a presença da outra garota agora.
— Eu não estou exagerando! Eu sou mesmo claustrofóbica.
— Não parece... Sei lá, se você está gastando energia gritando, esmurrando, quando devia estar hiperventilando...
— Vou esmurrar outra coisa se você não ficar quieta no seu canto. Eu não ia brincar com uma coisa dessas, não tenho costume de sair mentindo...
— Nem eu, se o recado foi pra mim...
— Victoria riu meio sem força.
— Dessa vez eu não falei de você. — disse baixinho, sentando-se no chão.

Nana sentou-se do lado oposto.

— Não acha que estamos sendo meio ridículas?
— Certeza... Mas eu gosto dele... de verdade...
— E eu também, como faz?

Victoria não respondeu, só fechou os olhos e encostou a cabeça na porta.

— Vic, você está bem?
— Não estou não, me tira daqui. — ela disse chorando.

Nana se aproximou dela e a deixou deitar a cabeça no ombro. Passaram-se vários minutos, e Nana sentiu Victoria pesar, ela tinha desmaiado.

— Vic?! Vic acorda! — Nana notou que ela não respondia e bateu na porta com força. — NichKhun! Abre a porta! Acabou a gracinha! Vic está desmaiada!

NichKhun, que tinha ficado por lá o tempo todo ouvindo as duas conversarem, abriu a porta imediatamente e encontrou Nana levantando Victoria nos ombros.
— Me deixa carregá-la.
— Não NichKhun! – Nana estava realmente brava. — Não teve graça o que você fez.

Ela levou Victoria, a essa altura meio acordada, com dificuldade até o sofá.

“Quando é que você vai começar a levar mulheres a sério NichKhun?” disse a consciência do rapaz, que estava muito preocupado. Passaram-se vários minutos de absoluto silêncio, Victoria já estava completamente bem.

— Vic, me desculpa eu não achei que...
— Tudo bem NichKhun, eusei que eu devia tratar isso. — disse ela, vendo a culpa consumir o rosto geralmente alegre de NichKhun, ela não conseguia vê-lo daquele jeito e simplesmente sentir rancor. — E você tinha razão, morrer disso eu não ia... Mas tem outra coisa que me preocupa agora...
— O que?! — disse ele ainda preocupado.

Victoria olhou pra Nana, que estava sentada logo ao lado dela.

— Queremos saber o verdadeiro motivo de você ter chamado nós duas aqui hoje. — Nana disse exatamente o que Victoria pretendia dizer naquele momento.

— Vocês me garantem que pararam de brigar?

As duas se entreolharam.

— Sim.

NichKhun respirou fundo e disse tão rápido, que foi quase impossível entender:

— Chamei vocês aqui porque eu gosto das duas... da mesma forma.

“Por favor não me matem” completou em pensamento.

As duas riram.

— Agora conta a novidade. — disse Victoria.
— Eu falei sério, não estou jogando com vocês.
— Como sabe que é isso que pensávamos? — disse Nana.
— Vocês disseram no dia em que estavam bêbadas, da aposta... — ele sorriu de novo.
— NichKhun, foco! Diz logo qual é o seu joguinho! — disse Victoria.
— Eu já disse que não estava jogando! Por isso não procurei vocês na semana passada. Achei que seria maldade brincar com vocês, porque eu realmente gosto das duas.
— Então o que é que você pretende? — disse Nana.
— Estou sendo o mais sincero que eu já fui na vida... Eu... quero namorar as duas.
— Fala sério NichKhun! Você ainda tem dois anos para montar seu harém, por que agora? Com a gente? — Victoria disse em tom de deboche. — Isso nunca vai dar certo!
— Problema resolvido então Vic, você desiste e eu fico com NichKhun... nem precisava tanto escândalo. — Nana também estava debochando de NichKhun.
— Epa! Peraí! Eu só disse que nunca vai dar certo, nunca disse que não ia tentar. — Victoria disse rindo.

“Essas duas são muito bizarras, esqueceram completamente que eu estou aqui.” Pensou NichKhun, que observava Victoria e Nana trocarem inúmeras piadas sobre seu incomum pedido de namoro.

— Quietas vocês!

Nana e Victoria se sobressaltaram.

— Eu falei sério, não estou brincando com vocês.

Nana ficou séria de repente.

— Vejamos, acho que você não está pensando nas coisas direito NichKhun. Você acha que é fácil pra nós duas?
— Exatamente. — disse Victoria. — São duas mulheres! Duas! E uma delas extremamente ciumenta. Suponhemos que nós duas aceitemos isso, como é que você pretende sustentar a situaçõo?

— Eu sou jovem, saudável...
— Oh criatura! Ela não está falando de sexo! — disse Nana.
— Disso também. — disse Victoria, Nana ergueu as sobrancelhas surpresa. — NichKhun,você tem idéia do quanto isso chocaria as pessoas? Você se lembra que você e a Nana são pessoas públicas e que são perseguidos por paparazzis quase vinte e quatro horas por dia?
— Claro que eu pensei nisso Vic,por isso as chamei aqui. No dia da inauguração eu vim com vocês duas aqui pra casa, e nenhum dos fotógrafos sequer as viu, porque podemos entrar com o carro na garagem e podemos pegar o elevador privativo no andar subterrâneo, ninguém precisa nos ver. Claro que, fora daqui, não vamos poder ser vistos juntos...
— Deixa eu entender, você está nos chamando pra morar aqui?

NichKhun assentiu e fechou os olhos como se esperasse apanhar.

— Você pode nos dar licença um minuto? — disse Nana à NichKhun.

Ele saiu da sala por um instante.

— E então, vai abrir mão ou vamos agüentar até sei lá quando? — disse Nana, séria.
Victoria ficou pensativa por uns instantes, depois respondeu, sem olhar direito pra Nana.
— Por mais que eu odeie admitir, não conseguiria, e não quero mais abrir mão. — disse Victoria.
Nana não entendeu a que Victoria se referia quando disse " não quero mais abrir mão", mas relevou, porque imaginou que estivesse falando de algo muito pessoal.
— Então vamos ter que selar a paz de vez, e nos tratar com sinceridade?
— Está bem. O maximo de sinceridade... e o mínimo de detalhes, por favor! — Victoria disse.
As duas riram.


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