Triplex escrita por liviahel


Capítulo 26
Que comecem as... festividades? Part 2




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Suzy olhou para Fei com uma expressão curiosa, também de quem estranha o comentário, a designer, ainda que com um sorriso no rosto, não parecia feliz o suficiente para dispensar um pedido de natal.

— Sorte a sua... É difícil estar satisfeita a ponto de não ter nada a pedir na vida... — Suzy comentou, um pouco cética no tom de voz.

Fei lançou-lhe um breve olhar, meio de lado, e riu baixinho.

— Sorte mesmo é saber esperar para as coisas virem naturalmente... Uma coisa que eu estou aprendendo a duras penas é que quem pede demais acaba não tendo o que quer. Não tem um ditado que diz isso? Quem muito quer, nada tem? Pois então, é isso... Agradecer já está de bom tamanho... — ela terminou o raciocínio com um sorriso bem sincero.
— Não parece muito razoável.
— Ainda estou esperando pra ver se essa filosofia funciona na pratica — Ela respondeu sorrindo — Mas isso é coisa pro ano novo, não é? — Fei tinha deixando a pergunta no ar.

Nesse momento o pessoal todo já estava para descer de volta à sala de estar por causa do frio, Fei saiu do calor acolhedor de dentro do casaco de G.O e o ajeitou sobre os ombros de Suzy, depois seguiu a fila e desceu junto com o pessoal, deixando os dois sozinhos.
— Você ouviu o que ela disse? Mulher estranha... — Suzy comentou de forma divertida, ainda meio confusa.
— E você vem falar isso pra mim? Disso eu estou cansado de saber, vocês são todas estranhas...
— Mas você gosta não é? — Suzy disse, dando-lhe um beijo de leve nos lábios.
— Não precisa fingir enquanto não tem ninguém olhando. — ele comentou rindo.
— Eu não estou fingindo nada, eu gosto de você, você sabe disso. — Suzy disse de forma franca, mas nem tão convincente.
— Sei...
— Vai reclamar?
— Claro que não... Só estava comentando.
— Você é quem não precisa fingir que aceitou vir comigo só por mim... Estou admirada de ver que você não passou do “boa noite” com a Victoria, e olha que o pouco que eu já convivi com ela já sei que você não sai do pé...
— Ela fala de mim? Quero dizer, ela fala de mim quando eu não estou?
— Não se empolga, só falamos de você porque a Nana contou que nós estávamos juntos na festa de estréia do drama.
— Ainda sim falaram de mim...
Suzy riu.
— Você vê coisas aonde não tem, sabia?
— Nem sempre, nem sempre, especialmente hoje...

O sorriso no rosto de Suzy se apagou um pouco, ela voltou a olhar para as luzes da cidade e pra neve que tinha aumentado. Fazia mais frio que quando subiram na cobertura, mesmo sem o casaco, G.O ficou por lá com a garota até que ela decidisse descer.

No andar debaixo, mais precisamente no corredor próximo ao quarto de NichKhun, ele e Fei conversavam aos sussurros.

— Você disse que funcionaria...
— E eu também disse que você tinha que ser paciente, não é?
— Não gosto da forma como as coisas estão indo Khun... Chato isso...
— Vai me dizer que você não viu nenhum progresso?
— Não, quero dizer... Talvez?
— Viu só? Você viu alguma coisa! — NichKhun disse esfregando a palma da mão nos cabelos de Fei, e atrapalhando-os um pouco. — Tenha um pouco de confiança em si mesma, ser insegura não te ajuda em nada agora.

Ela se afastou rindo, tentando colocar as mechas de cabelo no lugar.

— Pra você é fácil dizer, sua vida vai muito bem...
— Você acha? — NichKhun disse ironicamente.
— Não te escuto reclamar...
— Isso é porque tem gente em situação mais dramática. — ele respondeu rindo e levou um tapa no ombro. — Falando sério agora, já ouviu falar que a pior das prisões é aquela feita com o coração?
— Que filosófico! De onde você tirou isso?
— De um biscoito da sorte chinês.
Fei riu alto.
— A sabedoria chinesa claro... — ela disse irônicamente. — Pena que nem todos os chineses sabem tanto...
— É uma cultura milenar, é preciso de muitos anos pra desenvolver tal filosofia...
— Por que me disse isso?
— Porque você anda vivendo em função desse seu coração problemático, que tal viver em função das virtudes desse coração pra variar um pouquinho? Quero dizer, faça algo por si mesma, algo que te alegre, que te faça bem.
— Quem é você e o que fez com meu amigo desnaturado?
— Sou um homem adulto agora, tenho casa, emprego e duas mulheres pra cuidar. — NichKhun disse rindo.
— Coragem! E eu que não consigo cuidar nem de mim mesma... Falando nas suas mulheres, elas já devem ter dado falta de nós, vamos descer?
— OK.

Eles desceram e de fato lá estavam o casal Horvejkull sentado num sofá, Victoria e Nana de braços cruzados sentadas no sofá do lado oposto.
— Finalmente vocês desceram! Que é que vocês faziam sozinhos lá em cima, hein? — a mãe de NichKhun disse.
Victoria interpretou como uma provocação, Nana também entendeu o que a senhora tinha insinuado.
— Mereço? — Victoria disse irônicamente, com a voz quase inaudível.
— Nem me fale, considerando os costumes do Khun, nesse meio tempo de ausência pode ter acontecido muita coisa...
— Você não ajuda hein?
— Nós estávamos conversando, só... — NichKhun disse tranquilamente sentando-se entre as duas moças, pois tinha notado o clima um tanto tenso da sala de estar.

Fei tinha se sentado numa poltrona bem ao lado. Victoria pensou ter visto a Sra. Horvejkulll retorcer um pouco a expressão, mas resolveu ignorar. O que se seguiu foi um breve momento de silêncio constrangedor, breve pra quem observa a cena, interminável pra quem participava. A quietude só foi interrompida quando G.O e Suzy desceram de braços dados, falando e rindo um pouco alto, talvez parecesse alto demais por causa do silêncio na sala. Eles pararam subitamente quando perceberam o clima do ambiente.

— Bom gente, foi ótimo passar esse tempo com vocês, o jantar estava ótimo, mas eu preciso ir pra casa. — Fei disse simpaticamente levantando-se da poltrona.
— Vai sair com esse tempo minha filha? — a mãe de NichKhun disse. — Você pode dormir aqui hoje, não é? — Ela tinha olhado diretamente para Victoria enquanto fazia o convite.
— Claro, sem problemas, há muitos quartos aqui. — Victoria respondeu o mais simpática que pode, mesmo estando furiosa, não com Fei, é claro, mas com a sogra.
— Eu não quero incomodar.
— Está tarde e está nevando muito, as ruas devem estar escuras e escorregadias, é perigoso.
— Você não quer carona? Nós também estamos indo embora. — Suzy disse.
— Eu estou de carro, não precisa...
— É perigoso dirigir sem companhia com as ruas assim mocinha. — a mãe de NichKhun insistiu.
— Eu vou devagar, moro bem perto daqui, não vou ter o menor problema, mas muito obrigada pela preocupação. — Fei disse, já se inclinando para se despedir dos presentes.

Suzy e G.O também cumprimentaram a todos, Nana, Victoria e NichKhun foram com os três até a porta do elevador. G.O deu um abraço rápido em Victoria e ela disse:

— Obrigada pelo presente.
— Que presente? Eu não trouxe nada...
— Você conseguiu passar a noite sem me perturbar nem me causar problemas... — ela disse rindo.
— Abri uma excessão porque hoje eu não vim por você... Mas eu ainda não desisti.
— Seria milagre demais não é?

G.O sorriu e entrou no elevador. Enquanto isso NichKhun se despedia de Fei.

— Vai ficar bem? — ela confirmou com a cabeça — Então dirija com cuidado.
Ele fechou a porta e ficou observando a cena dos três lá dentro pela câmera de segurança até o mesmo chegar ao térreo. Fei saiu na frente com pressa de chegar ao carro por causa do frio.
— Vou te acompanhar com o carro, ok? — G.O gritou do outro lado da rua.
— Não precisa, eu moro realmente perto daqui. — Fei respondeu baixando o vidro da janela do carro.
Suzy deu uma cotovelada em G.O para que ele insistisse.
— Eu insisto!
— Tanto faz, você é quem sabe. — Fei deu partida no carro e saiu.

G.O demorou um pouco a entrar e acomodar Suzy no banco do passageiro, mas não perdeu o carro de Fei de vista. Foi um tanto perigoso correr com o carro sabendo que o trator que removia a neve das ruas ainda não tinha passado e que por isso havia inúmeras poças de água congelada no asfalto. Embora não estivessem correndo com o carro, a velocidade não era adequada àquelas condições, já que não usavam correntes nos pneus para aumentar a aderência. E foi como se alguém tivesse previsto, na primeira curva acentuada G.O e Suzy viram o carro de Fei girar duas vezes feito um pião e só parar quando as rodas se chocaram forte contra o meio-fio. Com o impacto, o vidro da porta do motorista se estilhaçou, G.O parou o carro e Suzy saiu correndo na frente pra ver o que tinha acontecido.
— Fei! — Suzy gritou abrindo a porta do carro para ajudá-la a sair.
— Eu estou bem. — Fei respondeu com a cabeça baixa, apoiando-se na lateral do carro e tentando afastar as mãos de Suzy. — Eu já disse que estou bem.
— Deixe-me ver! Não seja teimosa! — a garota levantou o rosto da designer e afastou as mechas de cabelo do rosto dela, e então avistou um corte do lado esquerdo da testa, onde ela devia ter batido com a cabeça no vidro, sangrava profusamente. — Nossa!
— Não foi nada. — Fei disse dando um tapa na mão que Suzy usava para segurar seu rosto, mas então ela caiu para frente, nos braços dela, inconsciente.
— G.O! Me Ajuda aqui!
******
Enquanto isso no tríplex...
Todos tinham ido dormir cada um em seu quarto, NichKhun já estava quase pegando no sono quando sentiu o colchão balançar como na noite anterior.
— Nana? — ele perguntou, por não saber quem era por causa da falta de luz, e recebeu um beijo apaixonado.
Só quando precisaram respirar é que se afastaram do beijo.
— Victoria?! — ele disse meio surpreso demais para definir se o que tinha dito era uma interrogação ou uma exclamação.
— Surpreso?
— Muito. Achei que você já estivesse dormindo...
— E eu esperava que você não estivesse. — Victoria disse maliciosamente.
— Você não está vestida... — NichKhun comentou o óbvio, já que tinha a garota nos braços e isso era fácil verificar mesmo sem luz.
— Eu disse que eu ia começar umas mudanças.
— Espera! Você veio assim pra cá? Victoria meus pais...
Victoria riu alto.
— Claro que eu não subi pra cá assim! Eu vim de hobby seu pervertido.
— Você não está com frio? — NichKhun disse, puxando Victoria para perto de si pelos quadris.
— Em absoluto, foi exatamente o contrário que me trouxe aqui. — ela disse dando-lhe um beijo de leve nos lábios e jogando o corpo por cima do dele.
NichKhun riu.
— Wow! Espera, está escuro demais...
— O que tem isso?
NichKhun arrastou o corpo contra a cabeceira da cama para alcançar o abajour e acender a luz.
— Você veio me dar um presente e não vai querer que eu veja? — ele respondeu maliciosamente, e quando se virou para olhar Victoria ela sorria abertamente pra ele. — Você é muito linda sabia?
— Claro! — ela respondeu brincando, imitando alguém muito conhecido.
NichKhun riu.
— Nana está mal influenciando você.
— Te garanto que ela tem mais a aprender comigo que eu com ela... — Victoria passou os braços em volta de NichKhun e tomou-lhe os lábios.
Os dois começaram a se agarrar de forma ansiosa e desajeitada, quando alguém bateu à porta gritando “NichKhun telefone!”. Com o susto NichKhun e Victoria caíram da cama ruidosamente.
— Ai! — Victoria gemeu de dor enquanto se arrastava para pegar o hobby que ela tinha deixado no chão.
— Me desculpe. — ele disse ajudando-a se levantar. — Que foi mãe? Que é que você quer? — ele gritou sem abrir a porta.
— Sua mãe me odeia, não é possível! E esse telefone, não tinha hora melhor pra tocar não?
— Vem atender ao telefone NichKhun! Sua amiga Fei sofreu um acidente de carro!
— Quê?! — NichKhun e Victoria disseram juntos.
Ele correu para abrir a porta, sua mãe estava esperando com o telefone sem fio nas mãos tentando olhar para dentro do quarto.
— Está falando sério?!
— Claro, ligaram do hospital...
— Dá isso aqui. — tomou o telefone da mão dela. — Pode ir dormir que eu resolvo. — e bateu a porta na cara dela sem cerimônia.
— Se tiver algo que eu possa fazer meu filho... — a senhora gritou do outro lado da porta.
— Pode ir dormir mãe, qualquer coisa eu aviso! — NichKhun respondeu nervoso. — Alô?
— Oi NichKhun.
— Suzy? — NIchKhun e Victoria estavam dividindo o telefone para ouvir ao mesmo tempo a noticia.
— Sou eu sim, eu falei pra sua mãe que não precisava te chamar, era só avisar que a Fei está bem o carro dela derrapou há umas cinco quadras da sua casa.
— Mas minha mãe disse que ela está no hospital.
— G.O nos trouxe aqui, a Fei está bem, só bateu com a cabeça e tem um corte na testa...
— Sério mesmo?
— Sim, por isso eu disse à sua mãe que não precisava te chamar.
— Quer que eu vá aí?
— Não acho que seja necessário, já disse que ela está bem. Eu fico aqui até de manhã e depois você vem.
— Ok então, até de manhã.
— Até mais.
NichKhun desligou o telefone e deu um suspiro, desabando em cima da cama no colo de Victoria.
— Nossa, parece que eu previ isso... Ainda bem que não aconteceu nada de mais.
— Ela vai ficar bem? Tem certeza de que não quer ir para o hospital?
— Sim, tenho certeza de que está bem cuidada lá.
— Viu porque eu não tenho o costume de sair da rotina? Sempre dou azar... Sua mãe fez de propósito não fez? — Victoria disse rindo baixinho.
— Talvez...
— Ela não vai muito com a minha cara...
— Quem tem que gostar de você aqui sou eu... — ele disse, levantando o corpo para dar um beijo no rosto de Victoria.
— Você é o único homem que eu conheço que pensa assim.
— Vai ver é porque eu sou um homem único...
Victoria riu alto.
— Definitivamente temos que parar de andar com a Nana, está transviando nosso caráter. — ela disse brincando.
— Bom argumento, mas não, obrigado... Onde é que nós paramos antes?
******
Depois que lhe fizeram um curativo para o ferimento na testa, Fei tinha sido levada para fazer uns exames e foi para o quarto cerca de uma hora depois, esperar pelos resultados. Não tinha ficado muito tempo desmaiada depois que caiu nos braços de Suzy, o próprio médico já tinha dito que os exames eram só precaução. G.O e Suzy esperavam no quarto, Fei chegou sentada numa cadeira de rodas, totalmente desnecessária porque ela insistiu em acomodar-se na cama sozinha.

— Seus exames serão analisados e dentro de algumas horas o médico vai vir falar com você. — a enfermeira disse — Enquanto isso você não pode dormir.
— Tudo bem, não vou dormir.
— Não é fácil como parece, você deve estar com uma baita dor de cabeça e apagar nesse travesseiro vai ser tudo que você vai querer nas próximas horas. Vocês dois aí, podem fazê-la ficar acordada a noite toda?
— E pode isso no hospital? — G.O disse rindo.
Suzy também riu, Fei revirou os olhos desaprovando o comentário.
— Pode deixar enfermeira, não vamos deixar que ela durma. — Suzy disse.
— Vou confiar em vocês, ok? Passo aqui mais tarde.
E a enfermeira saiu.
— Não precisam ficar aqui se não quiserem, não estou com sono.
— Você é muito teimosa... — Suzy comentou brincando — Pra alguém da sua idade...
— E você é muito atrevida pra alguém da sua idade... — Fei comentou, sorrindo. — O que aconteceu com meu carro?
— Você não chegou a bater o carro, mas quebrou o vidro da janela com essa cabeça dura.
— Ah sim... Eu me lembro, eu acho.
— Se você quiser posso mandar um guincho levar seu carro para um mecânico, conheço alguém que está atendendo hoje. — G.O disse.
— Acho que não é preciso, depois eu faço isso.
— É que, bom, se o deixarmos lá com essa neve toda amanhã ele vai virar um bloco de gelo.
— Por que está insistindo? — Suzy disse baixinho pra ele.
— Só estou querendo ajudar. — ele respondeu também baixinho. — Bom, eu vou lá de qualquer forma, não vou demorar, aproveito e trago algum agasalho pra vocês.

Ele nem esperou que as duas opnassem, e saiu do quarto rápido, deixando-as sozinhas em silêncio. Elas não conversaram por um bom tempo, Fei se acomodou na cama e inclinou a cabeça no travesseiro para ver TV, obviamente não passava nada de interessante àquela hora da madrugada, de repente ela fechou os olhos, sonolenta. Suzy correu pra perto dela e a sacudiu.

— Ei! Você não pode dormir, está louca?
— Eu não estava dormindo! Estava só descansando. — Fei respondeu rindo.
— Não brinca com essas coisas, você pode entrar em coma se dormir sabia?
— Sério?! Como sabe disso?
— Vi num drama uma vez...
Fei riu.
— Fala sério!
— Estou com cara de quem está brincando? — Suzy disse meio emburrada. — Você está meio fora de si.
— Claro, se você tivesse batido a cabeça do jeito que eu bati e estivesse enxergando dez “Suzys” também não estaria no seu normal.
— Você está tonta?
— Tonta eu sempre fui, hoje parece que alguém está misturando meu cérebro com uma colher.
— Credo, péssima analogia. Quer que eu chame a enfermeira?
— Não, ela disse que eu ia ficar meio retardada durante algum tempo.
— Só espero que não seja definitivo, porque você está começando a me assustar com esse papo non sense.
— Está brigando comigo? — Fei disse meio manhosa, estava muito tonta para se concentrar em agir como uma moça normal.
— Está vendo? Isso não é certo, uma mulher da sua idade devia saber cuidar de si mesma, e, no entanto, eu que não sou adulta nem nada é quem tem que ficar aqui. — Suzy respondeu brincando. — Inversão de papéis.
— Acredite, você não ia querer estar no meu lugar agora. Nossa está doendo demais...
— Quer ser sedada?
— Não acho que vá resolver, não é só minha cabeça que está doendo... Além do mais se eu for sedada vou dormir e eu não posso, lembra?
— Verdade. Que vamos fazer nesse meio tempo, ver filme?
— Em qual das TVs, porque nesse quarto deve ter uma dez. — Fei disse rindo, meio grogue.
— Você não está bem mesmo.
— Não... — ela se virou de repente para o outro lado da cama, pegou uma vasilha em cima da mesinha e vomitou. — Ai! E essa agora? — ela começou a falar várias coisas em chinês e Suzy ficou meio assutada.
— Vou ter que chamar a enfermeira, volto já. — Suzy saiu correndo e trombou com a enfermeira na saída do quarto. — Ai! Que bom que está aqui, minha amiga está mal, não está falando coisa com coisa, está super tonta e acabou de vomitar.
— Vou chamar o doutor pra ver como ela está, mas não se preocupe, provavelmente é por causa da dor de cabeça.
Suzy voltou para o quarto, porque não podia deixar Fei sozinha, pois ela podia acabar dormindo nesse tempo de ausência.
— Você disse à enfermeira que é minha amiga... — Fei comentou.
— Você ouviu?
— Eu estou meio míope, mas não estou surda...
— Depois que a gente vê alguém vomitar, essa pessoa se torna automaticamente sua amiga...
— Quê?!
— Deve estar escrito em algum manual.
— Caramba, eu devo estar péssima mesmo, pra ouvir uma maluquice dessas. — Fei disse rindo. — Que vergonha...
— O que mais eu diria à enfermeira? “Que a doida que saiu correndo de carro no meio das ruas congeladas, derrapou e fez um estrago no próprio automóvel com a própria cabeça acabou de vomitar”?
— Desculpa, me perdi no “a doida” e não entendi mais nada do que você disse.
As duas riram, o médico e a enfermeira tinham acabado de entrar no quarto.
— Aqui estão sua tomografia e ressonância magnética, já analisei, e felizmente não houve nada sério. Você só teve uma concussão cerebral.
— Hein?
— Doutor, ela é chinesa, não vai entender o que está dizendo, simplifica.
— A perda da consciência de curta duração que acontece logo a seguir a um traumatismo craniano, ou seja, bater com a cabeça. Por isso está com confusão mental, tontura, náusea, sonolência...
— Problemas de visão... — Fei completou. — Mas eu vou ficar assim?!
— Pelas próximas doze horas sim, você ficará em observação durante esse tempo. E ainda poderá apresentar outros sintomas...
— Que outros sintomas? — Suzy perguntou.
— Esquecimento, depressão, falta de sensibilidade ou de emoções e ansiedade, então não se assuste se sua amiga ficar meio fria com você ou qualquer outra pessoa que vier visitá-la.
— Não pode me dar nada para a dor?
— Posso te sedar...
— Não vou entrar em coma se eu dormir?
— Não. — o doutor disse rindo. — Embora fosse essa a razão de você não ter podido descansar até agora, mas não há mais perigo.
— Tudo bem então pra você acabar com essa dor horrorosa que eu estou sentindo?
— Você só vai dormir por umas quatro horas, tudo bem? Porque eu precisarei repetir seus exames depois.
— Ótimo.

A enfermeira aplicou um liquido incolor no tubo que estava ligado à veia no braço de Fei e deixou a sala junto com o médico antes de ela dormir.

— Você pode ir pra casa se quiser, não vai ter nada pra fazer por aqui agora que eu vou hibernar.
— Mesmo se eu quisesse, não posso. G.O ainda não voltou com o carro, e eu também prometi a NichKhun que ia ficar aqui até amanhecer...
— Você disse ao Khun que eu sofri um acidente?! Ele deve estar louco de preocupação!
— Não se empolgue, ele deve estar muito entretido com a Vic ou com Nana...
— Como sabe disso?
— A senhora Horvejkull resmungou algo ao telefone enquanto levava o aparelho para o quarto dele.
E Fei apagou completamente.

******
Já eram sete e mais da manhã quando NichKhun apareceu no quarto de hospital com Victoria e encontrou Fei, Suzy e G.O ainda dormindo, aparentemente G.O tinha encontrado as duas adormecidas no quarto, pois elas estavam cobertas com casacos masculinos. Fei obviamante estava na cama de hospital e Suzy com a cabeça deitada no colchão, sentada numa cadeira, G.O dormia encostado na parede.

— Quem vê essa cena até acha que ele é um amor de pessoa. — Victoria disse ironicamente.
— Se ele não fizesse isso eu mesmo o chutava daqui, está muito frio.
— Ele até que tem se comportado nos últimos dias, queria saber que é que está provocando tamanha mudança de comportamento...
— Não sei não viu, não acho que ele esteja em paz...
— Não foi isso que eu falei, ontem mesmo ele disse que não tinha desistido de mim.
— Na minha própria casa, que descarado.
— Falando de mim? — G.O disse de repente, levantando-se da cadeira.
— O que foi que aconteceu? — NichKhun disse sem rodeios.
G.O riu da reação exagerada dele.
— Se o que está pensando é que eu causei o acidente, está redondamente enganado cara. Foi sua amiga roda-dura que resolveu sair correndo com o carro em ruas congeladas. Tudo que eu fiz foi acompanhar o carro dela e trazê-la pra cá.
— Obrigada, já pode ir se quiser. — NichKhun disse meio ríspido.

Victoria ficou surpresa com a atitude do namorado, uma vez que ele nunca era mal educado com ninguém, ela julgou ser por conta de ter que agradecer à ajuda de G.O.

— Ok, vou levar Suzy pra casa então, o médico disse que volta em meia hora para acordar a Fei e refazer os exames.
— Muito obrigada ByungHee. — Victoria disse com sinceridade.
G.O foi até Suzy e tocou-lhe o ombro para acordá-la.
— Su, NichKhun e Victoria já chegaram pra ficar com ela, vou te levar pra casa pra você poder descansar direito.

A garota abriu os olhos com dificuldade e afastou os cabelos do rosto, meio confusa.
— Ah... está bem. — ela se levantou, esfregou os olhos. — Não vão precisar de nada?
— Não, pode ir descansar, mais tarde você pode passar aqui se quiser.
— Então até mais tarde. — ela se inclinou e saiu com G.O.
— Desde quando Suzy é amiga da Fei? Ela parece preocupada. — Victoria comentou.
— Acho que desde quando G.O resolveu te dar um pouco de paz... — NichKhun respondeu, mas Victoria não entendeu a relação entre as duas coisas.
Já eram oito da manhã quando o doutor entrou no quarto para levar Fei, que ainda dormia sob efeito do sedativo, para fazer novos exames.
— Bom dia. — ele disse ao entrar, e notou a presença de NichKhun e Victoria. — Vocês não eram o casal que estava aqui antes.
— Viemos acompanhá-la agora pela manhã, o outro casal foi pra casa descansar. — NichKhun respondeu.
— Ah sim, a garota que estava aqui antes me avisou. Você são amigos da Fei também não é?
— Sim, como ela está doutor?
— Pelos exames que eu fiz ontem ela está bem, vamos ver como segue o quadro agora que vou fazer novos exames. Se vocês me permitem, eu tenho que acordá-la, não se assustem se ela estiver confusa quando vir vocês, não é bom mostrar preocupação nesses casos.
NichKhun olhou para Victoria meio preocupado. O doutor verificou o pulso de Fei e ela foi acordando aos poucos, depois ele ligou uma lanterninha para verificar as pupilas dela.
— Bom dia, como vai você hoje? — ele disse.
— Zao shang hao. — Fei respondeu em chinês e em seguida falou algumas outras coisas incompreensíveis para o médico.
— Hein?
— Victoria ajuda o doutor. — NichKhun disse, meio preocupado.
Victoria foi até perto dos dois.
— Ela bom dia, também disse que está com fome e está com dor de cabeça ainda. Por que ela não está falando coreano?
— Ela só está confusa, ela entendeu o que disse.
Fei confirmou com a cabeça.
— Sim, eu entendi, só não me veio o que responder em coreano na hora.
— Você se lembrade como veio parar aqui no hospital? — o doutor estava fazendo perguntas para forçar a memória e a concentração dela.
— Meu carro derrapou e eu bati com a cabeça.
— Muito bem. — o doutor se virou para Victoria e NichKhun. — Viu só, era só confusão mesmo, mas ainda temos que fazer alguns testes, porque ela ainda pode apresentar falta de memória e alguns outros sintomas menores.
— Sério?! — NichKhun disse. — Mas o doutor disse que ela estava bem?
— Vocês poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui?
— Tudo bem, vamos fazer os exames então, pra você poder comer e descansar mais um pouco. Pode ser que você vá pra casa ainda hoje.
— Você vai pra minha casa hoje. — NichKhun deu praticamente uma ordem, Victoria nem argumentou, afinal quem mais ia cuidar da garota?
— Ok, ok. Seu mandão. — Fei respondeu rindo.
Ela foi levada para fazer uma nova tomotgrafia e ressonância magnética, e voltou meia hora depois para aguardar os resultados no quarto com Victoria e NichKhun, que tinham mandado trazer comida pra ela.
— Ai eu estava quase desmaiando de fome já. — Fei disse pegando várias coisas pra comer ao mesmo tempo.
— Você se sente bem?
— Fora uma dorzinha de cabeça, sim, me sinto ótima Khun.
— É um alívio.

Uma hora depois o doutor voltou para falar com Fei.

— Então, tenho aqui seus exames, não houve nenhuma lesão. Claro que, como foi uma pancada forte na cabeça você pode ficar meio deprimida, ou insensível e meio confusa por uns dias, nada que não vá voltar ao normal.
— Vai me dar alta?
— Só quando completarem doze horas de observação, isto é, às três da tarde, aí eu te libero. Tenham um bom dia vocês três.

Ele deixou o quarto e os três ficaram conversando até o horário do almoço, NichKhun tinha insistido pra Fei descansar, mas ela disse que estava com dor de cabeça, e que não ia conseguir dormir, mas que também não queria ser sedada. Depois que almoçaram NIchKhun recebeu uma ligação de Suzy, perguntando sobre o estado de Fei, ela queria voltar para o hospital, mas ele disse que não havia necessidade porque iriram pra casa às três. E foi isso o que aconteceu, Suzy ficou de ir visitá-la no fim da tarde.
******

Ficou combinado que Fei passaria a próxima semana no tríplex onde NichKhun, e a mãe dele poderiam cuidar dela. Victoria foi arrumar um quarto pra Fei a pedido da senhora Horvejkull, Nana foi ajudá-la por vontade própria, e também para ficar a pardos acontecimentos.
— Sabe, eu não me importo nem um pouco com a presença da Fei aqui, muito menos deter que arrumar um quarto pra ela, mas o fato da sogrinha ter me intimado a e fazer isso me irrita sim, muito. — Victoria disse estendendo um lençol sobre a cama.
— Sabe o que me irrita? Ela não ter me pedido pra fazer isso, a mulher me ignora, não me leva a sério mesmo. Estou sinceramente com ciúmes de você.
— De mim?!
— É, estou sentindo como se ela te tratasse como nora e eu como a amante do Khun, você é tipo a anfitriã da casa e eu o que?
Victoria riu.
— É porque você é nova... E acredite, prefiria que ela não me tratasse como você está descrevendo, pelo menos não enquanto ela não gostar de mim. Eu fui ao quarto do Khun hoje de madrugada e...
— Ah, por isso você saiu cedo pra irão hospital com o ele! Safada!
— Para de bobagem! — Victoria disse rindo. — O que eu ia dizer é que Suzy tinha ligado pra avisar do acidente e dizer que a Fei estava bem, e pediu mãe dele que não o acordasse, mas fez questão de subir e bater à porta do quarto.
— Você quer dizer que, tipo, ela está vigiando você?!
— É exatamente o que eu acho.
— Que tenso. Está aí uma vantagem de ser a amante, sem sogra.
As duas riram e nesse momento Fei entrou para ocupar o quarto, ela não estava acompanhada e parecia um pouco séria.
— Ah, oi Nana, ainda não tinha te visto hoje...
— Oi Fei.
— Querem ajuda? A mãe do Khun não sai do meu pé, tenho que me ocupar com alguma coisa antes que ela volte a me paparicar.
Victoria e Nana riram.
— Você também? — Victoria disse rindo. — Nós já acabamos de arrumar o quarto pra você, pode ficar aqui descansando.
— Ai não, eu disse que ia vir dormir, mas não estou com vontade, podem ficar aqui, ela não vai aparecer tão cedo. — Fei disse travessamente, deixando-se cair na cama.
Victoria e Nana acharam muito estranha a forma como Fei falava da senhora Horvejkull, uma vez que a senhora parecia adorá-la e que ela era sempre agradável com as pessoas, mas isso provavelmente era um dos efeitos colaterais da pancada na cabeça.
— Eu aceito o convite.
— Eu também! — Nana disse rindo.
As três ficaram comversando durante algumas horas, e por volta das sete da noite Suzy apareceu para visitar Fei e saber como ela estava. Ela entrou no quarto junto com NichKhun.
— Olá. — Suzy disse simpaticamente.
— Olá. — Victoria e Nana responderam.
Fei a olhava de forma estranha, sem expressão.
— Como você está agora?
— Quem é você?
Suzy olhou para Nana e Victoria sem entender o que estava acontecendo, mas as duas entendiam menos ainda.
— Para de brincadeira Fei.
— Eu perguntei quem é você? — ela parecia estar falando sério.
— Como assim ontem você sabia quem eu era e hoje não? Sou eu, Suzy.
— Me desculpe, mas eu não me lembro de você.
— Fei você está falando sério? —NichKhun disse, meio preocupado.
— Estou Khun, não sei que é essa garota.
— Como assim você sabe quem é todo mundo menos eu? Isso é possível? O doutor disse que você estava bem, nós até ficamos conversando enquanto esperávamos o médico.
— E você disse que se lembrava de como veio parar no hospital.
— Para o doutor foi suficiente dizer que eu derrapei e bati com a cabeça, disso eu me lembro perfeitamente, eu só deduzi que foi por isso que eu fui internada.
— Mas você não se lembra de quem te levou pra lá? —NichKhun tinha ficado realmente preocupado, embora tivesse sido advertido pelo médico.
— Foi uma ambulância, não?
— Não. Fui eu, e o G.O.
— Ah, o G.O...
—Dele você se lembra? — Suzy estava pasma com a situação e tentava entender como as coisas tinham chegado àquele curso e do quê exatamente Fei se lembrava.
— Claro que eu me lembro dele. — Fei disse num tom bem frio de voz, como se estivesse dizendo algo extremamente obvio. — Ele é o ex da Victoria não é?
— Arsh, disso todo mundo lembra. — Victoria disse sarcasticamente.
— Espera, diz as ultimas coisa de que você se lembra antes do acidente.
— Eu estava aqui, na sua casa, houve um jantar de natal, nós subimos para a cobertura para ver como estava a noite, e depois eu vim embora.
— Quero dizer se você se lembra quem estava aqui.
— Todo mundo, menos ela. — Fei apontou para Suzy.
— Para de criancice, como é que você lembra de todo mundo menos de mim? É tipo, impossível você se lembrar que esteve aqui, o que fez e com quem conversou sem associar a minha pessoa às outras.
— Pois eu não me lembro, aliás acho que nem te conheço. Nem deve ser alguém importante pra mim, não é?
O que ela tinha acabado de dizer tinha sido muito indelicado, e chocou um pouco quem estava no quarto, poirs todos sabiam que Fei era uma pessoa muito amável, mas também fazia parte dos sintomas que diziam que ela apresentaria.
— Bom, nesse caso, agora que eu sei que você está bem, eu não tenho o que fazer aqui. Te vejo no estúdio amanhã NichKhun.
— Espera! Eu te acompanho até a porta! — NichKhun foi correndo atrás da garota, deixando as outras três garotas no quarto.
Ele só a alcançou quando ela já estava quase dentro do elevador.
— Você não está com raiva não é?
— Por que eu estaria?
— Por nada. É só que o médico avisou que isso aconteceria, ela não disse por mal.
— Eu entendi, e não há nada que eu possa fazer pra ajudar agora. Eu tenho realmente que ir pra casa agora NichKhun, até amanhã.
*****
Passaram-se oos dias e Fei continuou sem se lembrar de Suzy, ela consultou o médico a pedido de NichKhun, mas o diagnóstico continuava o mesmo, era temporário, embora não houvesse nenhuma melhora aparente nesse aspecto. Suzy foi visitá-la algumas vezes quando ela e NichKhun terminavam de gravar no estúdio, mas Fei a tratava como uma completa desconhecida.

A mãe de NichKhun aproveitou a estadia da designer no triplex para paparicar ainda mais a moça, e incomodar Victoria e Nana. Volta e meia ela insinuava que Fei nunca quis nada com NichKhun, mas que ela queria que tivessem. A designer, claro, desconversava, porque até Nana e Victoria admitiam que o interesse entre os dois era nulo, o que eles tinham era a mais pura amizade, eram quase como irmãos, tanto que percebendo que o pequeno sintoma de amnésia de sete dias de Fei o fez obrigá-la a consultar um psiquiatra.

E ele esperou do lado de fora do consultório para evitar que ela fugisse da consulta, pois Fei não dava a menor importância para aquela amnésia.

— Que foi que o psiquiatra disse?
— O mesmo que o médico disse, que meu estado é temporário.
— Foi só isso que ele disse?
— Ah ele veio comuma história de que eu mesma bloqueei minha memória, que eu estou traumatizada ou coisa assim. Mas eu não me lembro da garota, e pelo que você me disse nem ela nem G.O tem envolvimento algum com meu acidente.
— Não precisa ficar nervosa, eu só queria conferir se você estava realmente bem.
— Estou ótima, muito obrigada.
— Então vai poder me ajudar com os preparativos da festa.
— Que festa?
— Reveillon?
— Ah sim, perdi a noção de data depois de ficar dias trancada na sua casa.
— Vai dizer que você não gostou de ser mimada?
— Claro que sim.


Chegou a véspera da virada de ano e todos estavam ajudando a terminar os preparativos da festa. Victoria tinha convidado todos os casais de amigos que tinham, JaeKyung e Siwon, Krystal e Junho, Sohee e Junsu. NichKhun convidou somente Suzy, que não quis trazer G.O desta vez, ele tinha dado alguma desculpa para não poder vir, Victoria achou super estranho, mas não questionou por medo de ele mudar de idéia.
Por volta das onze da noite os convidados foram chegando, Victoria e Nana cumprimentavam Sohee, Krystal e JaeKyung e as apresentaram à senhora Horvejkull.
— Essas aqui são Sohee, JaeKyung e Krystal, meninas essa aqui é a mãe do Khun.
— Nossa sogrinha. — Nana disse rindo.
— Ah, elas sabem... — a senhora comentou.
— Claro que sabem, são nossas amigas. — Victoria respondeu pacientemente. — Pessoas da minha total confiança.
— Então aqueles três rapazes também sabem?
— Sim, eles são nossos namorados. — Krystal disse, notando a tensão que Victoria sentia toda vez que a senhora fazia um comentário.
— Não ao mesmo tempo, não é? — Nana comentou rindo. — Cada um é namorado de uma garota diferente.
Victoria teve que rir junto, achava incrível a capacidade que a Nana tinha de chocar ainda mais a senhora Horvejkull com seus comentários, e achava até bom que ela fizesse isso, porque já não suportava tanta provocação gratuita. As duas tinham se esforçado ao máximo para mudar a imagem pré-concebida que a mãe de NichKhun tinha delas, e provar de vez que Fei era sim, uma ótima garota, mas não era dela de quem NichKhun gostava.

Suzy chegou sozinha no triplez, como disse que viria, mas não agia de forma confortável como tinha se acostumado a agir duas semanas atrás, tinha voltado ao jeito tímido de antes, quase não disse nada durante o jantar.

Por volta de onze e meia todos subiram até a cobertura para ver os fogos no centro de Seul, e como no natal, também começara a nevar.

— Está passando maus bocados com a sogrinha hein? — Krystal comentou com Nana e Victoria.
— Nem me fale. — as duas responderam juntas.
— A mulher praticamente finge que eu não existo, e olha que eu chamo bastante atenção com esse tamanho todo. — Nana disse rindo.
— Você deve estar se ordendo de ciúmes não é Vic, porque tudo dela é Fei isso, Fei aquilo...
— Ciumes nada, Fei não tem o menor interesse em NichKhun, eu estou é farta. Queria que a mãe do NichKhun achasse um único motivo, um único motivozinho pra parar de insistir que os dois fiquem juntos.
— Inclui isso nos seus pedidos de ano novo...
— Se a simpatia incluir virar uma garrafa inteira de champagne, até eu vou fazer o pedido, pra reforçar. — Nana disse rindo.

Os fogos começaram indicando que o ano já estava virando, e de novo, talves até de forma mais bonita, a neve se juntou ao espetáculo de cores no céu da cidade. As pessoas brindaram com taças de champagne e se abraçaram desejando coisas boas para o ano novo. Suzy, que não podia beber por ainda ser menor de idade, debruçou-se sozinha no parapeito da cobertura e ficou brincando com um punhado de flocos de neve acumulada na grade de proteção. Fei se aproximou e se debruçou da mesma forma, olhado para a cidade.

— Feliz ano novo. — Suzy disse baixinho.
— Você disse alguma coisa?
— Feliz ano novo Fei.
— Eu já fiz um desejo e ele se realizou em menos de um minuto... E você, já fez seu pedido Suzy? — Fei disse sorrindo pra ela pela primeira vez em vários dias.
— Será que você... você se lembra do que eu te perguntei semana passada? Ah não, claro que você não... — a garota continuava a mexer com a neve no parapeito.
— Eu sim...
— Você o que? — Suzy finalmente olhou para Fei que estava sorrindo. — Sério?!
Fei fez que sim com a cabeça, Suzy lhe tomou o rosto com as mãos de surpresa e lhe deu um beijo nos lábios. Fei segurouseus pulsos e se afastou.
— Ai!
— Que foi?
— Que mãos geladas! — Fei disse rindo.
— Sua boba! —Suzy deu-lhe um tapa no ombro. — Nunca mais me esquece de novo, promete? —ela disse com o sorriso mais terno e infantil do mundo.
— Prometo... Se você largar aquele babaca do G.O...
— Por que você acha que eu não vim com ele hoje? — Suzy respondeu travessamente.
Fei pegou o rosto de Suzy com as mãos e também lhe deu um beijo de leve nos lábios.
— Ai, você está descontando!
— Descontando o que? — Fei fez-se de desentendida.
— Essas mãos frias...
— Vem cá.
Ela lhe deu uma abraço forte e as duas pareceram esquecer do mundo, esqueceram do mundo e das pessoas que estavam lá observando a cena.
— Omo! Anota a marca dessa champagne pra mim rápido. — Krystal disse de repente à Victoria e Nana.
— Por que?
— Olhem lá... — ela apontou para Fei e Suzy. — Parece que sua simpatia deu mais certo do que se podia imaginar.


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