Triplex escrita por liviahel


Capítulo 25
Que comecem as... festividades? Parte 1 – O natal.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo especial de Natal...pq eu escrevi no natal do ano passado...



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— Sua mãe? Passar o natal aqui? — Victória disse muito surpresa.
— Sim, minha mãe e meu pai, algum problema? — NichKhun pareceu apreensivo.
— Problema algum, é só que natal é daqui dois dias...
— E daí?
— Ela disse quando chegava? — Nana disse.
— Esqueci de perguntar...
— Como assim?! Como assim esqueceu-se de perguntar?
— Ué Vic, esqueci mesmo. E isso lá importa realmente?
Victoria e Nana se entreolharam um pouco impacientes, Suzy, que não tinha nada a ver com história só ficou quieta, escutando.
— Claro que importa!
— A menos que eles vão se hospedar em outro lugar...
— Está querendo se livrar dos meus pais Nana?
— Ai não criatura, você é que não está acompanhando a conversa direito. Sabe a quantidade de coisas que nós duas vamos ter que mover de volta para os nossos apartamentos, junto com a gente? Leva tempo...
— E quem disse que eu quero que vocês façam isso?
— Não quer?! — as duas disseram juntas.
— Omo! Você vai nos apresentar! — Victoria concluiu. — Você já disse pra ela alguma coisa?!
— Só o que ela sabe é do meu falso relacionamento com a Suzy...
— Espera ela já sabe? — Nana disse meio pasma. — Quer dizer que você já contava que a gente ia concordar com isso?
NichKhun riu de forma travessa.
— Bom, sem querer parecer convencido, mas vocês raramente me negam alguma coisa...
— Ah meu Deus, Victoria nós mal criamos o NichKhun!
— Acho melhor eu sair pra vocês conversarem melhor. — Suzy se levantou da cadeira, mas Victoria a puxou de volta. 
— Você volta aqui, já está envolvida. Nana foco! NichKhun, você só pode estar ficando maluco, quer dizer que se sua mãe aparece aqui de surpresa você simplesmente vai dizer “Oi mãe, essas aqui são minhas namoradas”? — Victoria não soava nem um pouco irritada, estava mais em um estado de perplexidade, e talvez até um pouco de satisfação, sabe lá do que, nem ela sabia.
— Basicamente isso, não há maneira ideal pra dizer uma coisa dessas, há? 
— Suponho que não... — Victoria respondeu, e não pareceu ter muita vontade de continuar argumentando.
— Quer dizer, se de qualquer maneira ela vai ficar muito surpresa... — NichKhun tentou parecer tranquilizador, mas provavelmente estava avaliando de que forma a senhora Horvejkull iria reagir.
— Mas e seu pai, não vai brigar com você ou coisa assim? — Nana disse.
— Fala sério Nana! — Victoria disse rindo. — De onde você acha que veio esse jeito mulherengo dessa criatura?
— Está chamando meu pai de libertino ou coisa parecida? — NichKhun disse resmungando, mas sorrindo.
— De maneira alguma, mas aposto que o tal tio que te deu esse apartamento é parente dele... — ele não disse nada, mas o silencio já respondia muita coisa. — Não disse?
— Como foi que deduziu isso? — Nana perguntou. — Ah é! Você é PhD quando o assunto é homem mulherengo.
— Há há há — Victoria riu ironicamente. — Simples, foi ele mesmo quem disse que o tio dele era obcecado com “perpetuar” a família, e deixou isso a cargo do NichKhun porque ele mesmo não pode... Parece coisa de machão, sei lá...
— Então é por isso que vocês moram aqui? Pra ter um monte de filhos do NichKhun? — Suzy não resistiu e teve que perguntar, mesmo sendo extremamente indiscreto da parte dela.
NichKhun engasgou com a bebida.
— Será que podemos parar de discutir essa parte? Que bizarras...
— Então não é por isso que estamos aqui? — Nana disse com sarcasmo.
— Não... Estão aqui porque gosto da adorável companhia de vocês, ok? — NichKhun disse com o rosto bem vermelho. — E meu pai não é assim... Como você está pensando, Victoria.
— Vai dizer que ele não vai gostar de saber que você tem duas... três namoradas?
— Você tem razão...
— Quase sempre... — Victoria disse brincando.
O celular de NichKhun começou a tocar.
— Mensagem... — ele leu rapidamente, com uma expressão mais séria no rosto, meio misterioso — Parece que temos visita...
— Sua mãe?! — Victoria, Nana e Suzy disseram juntas.
— Não. — Ele disse saindo da mesa. — Vocês podem ficar aí, eu já volto, vou atender a porta.
NichKhun foi até a sala destravar a porta do elevador privativo, quando a porta se abriu, Fei apareceu rindo, segurando uma pequena caixa de veludo preto.
— Interrompi alguma coisa? — Ela disse reparando que ele estava sem camisa.
— Claro que não, por que pensou isso?
— Não sei, vai ver é porque sempre tem mulher na sua casa, e por coincidência talvez seu zíper esteja aberto.
— Não deixa escapar um detalhe. — NichKhun fechou o zíper da calça. — Está reparando demais em mim...
— Eu reparando em você? Sonha Khun...
— O que te trás aqui?
— Meio óbvio né? Você me disse hoje que ia contar pra Victoria e pra Nana sobre a Suzy, vim ver se você ainda estava vivo...
NichKhun riu.
— Muy amiga você, quer dizer que você ia esperar pra me ver morto ao invés de vir me salvar? 
— Não duvide disso nem por um minuto.
— Boba... Quer jantar com a gente? As meninas estão na mesa...
— Desde quando eu preciso de convite?
— Só disse por educação... Você sempre vem quando quer... — NichKhun disse sorrindo.
— Exato. 
NichKhun a acompanhou até a cozinha, e os dois pararam à porta.
— Olhem meninas, quem veio nos fazer uma visita.
As três, que aparentemente pelas risadas estavam tendo uma boa conversa, pararam para olhar para Fei, Nana com a expressão divertida de sempre, Victoria estava supresa, e Suzy pareceu desconfortável de novo.
— Boa noite. — Fei disse sorrindo e inclinando-se três vezes para cumprimentá-las.

Victoria não sabia o porquê, mas achou que a atitude da moça parecia um tanto exagerada, que não combinava com a moça com quem tinha trocado umas palavras na festa de estréia do drama. Pensou que pudesseser simplesmente pelo fato de estar intrigada com a conversa entre ela e NichKhun que tinha ouvido no salão. Nana não estava prestanto a menor atenção àquele detalhe.

— Olá! Sente-se aí e coma com a gente. — Nana disse.
— Muito obrigada. — ela disse sentando-se numa cadeira ao lado de Suzy, que voltou a comer com a cabeça meio baixa.
NichKhun sentou-se de volta à mesa, no mesmo lugar em que estava antes, entre Victoria e Nana, de frente pras visitantes.
— Que surpresa você por aqui, você e NichKhun são amigos, mas você nunca vem aqui. — Victoria comentou de forma simpática, feito anfitriã mesmo.
— Essa é minha amiga mais ajuizada Vic, ela evita de vir aqui. 
— Evita de vir pra não ser seduzida por você NichKhun? — Nana perguntou rindo.
— Evita de vir pra não acabar caindo num catfight com vocês duas malucas.
— Verdade, acabei de dizer a ele que eu vim ver se ele ainda estava vivo, já que ele fica dias sem dar noticias. — Fei disse rindo.
—Olha a fama que você nos dá NichKhun! — Victoria resmungou. — Nunca fizemos nada disso.
— Mas essa fama é boa pra manter longe as biscates. — Nana disse.
— Você não assusta ninguém Nana.
— Você sim assusta Victoria, ou não é? — Nana disse rindo, olhando pra Suzy e Fei.

As duas fizeram que sim.

— Eu concordo. — NichKhun disse rindo também. — Que é isso Fei? — ele disse apontando para a caixinha de veludo preto.
— Ah, é que eu vim do trabalho, é uma peça que eu mesma forjei para Suzy. — Fei disse tropeçando no próprio raciocínio pela mudança brusca de assunto. — Para o drama. — ela acrescentou.
— Como sabia que eu estava aqui? — Suzy disse.
— Não sabia, foi coincidência.
— NichKhun não te disse?
— Não, eu falei com o Khun hoje, e ele só me disse que ia conversar com Victoria e Nana sobre o namoro falso, não sabia que ele ia arriscar te trazer aqui junto. — Fei respondeu com bom humor. — Mas então, não vai abrir a caixa?
— Se é pro drama é melhor deixar pra abrir antes de ir gravar, pra cena ficar mais natural.
— Bobagem. — NichKhun comentou.
— Também acho, essa peça não vai aparecer em nenhuma cena especial, só me pediram pra forjá-la.
— Tudo bem então. — Suzy disse abrindo a caixinha.

A peça era um colar de ouro, com um pequeno pingente em forma de botão rosa, mas não simplesmente um botão 2D, era tridimensional, incrível em riqueza de detalhes pra algo tão pequeno. Era cravejado de pedrinhas vermelhas.

— Nossa que lindo, são rubis? — Victoria disse impressionada.
— Não, é alexandrita.
— Não conheço.
— Nem eu. — Nana e Suzy disseram juntas.
— É uma pedra preciosa, bem rara. Foi descoberta na Rússia, mas também pode ser encontrada no Siri Lanka e no Brasil. Essas vieram do Brasil.
— Nunca ouvi falar... — Suzy comentou.
— Mas o mais interessante dessa pedra nem é a origem em si. É que ela muda de cor dependendo da luz.
— Sério? — Suzy e Nana disseram juntas de novo, francamente curiosa com esse simples fato.

Fei sorriu e pegou o celular no bolso.

— Olha só. — mostrou uma foto de um colar parecido com o da Suzy, a única diferença era que as pedras eram verdes como esmeraldas.
— Parece o meu colar...
— Não parece, é o seu colar.
— Está louca Fei, esse pingente é de cor diferente. – Suzy disse incrédula.
— Eu disse que a pedra muda de cor, sob luz natural a alexandrina é verde, sob a luz artificial ela é vermelha.
— Uau!
— Experimenta o colar. — Fei disse e Suzy levou a peça ao pescoço, ela obviamente não conseguiu atar o cordão sozinha. — Se vira, deixa-me prender o cordão. — A garota se virou e levantou o cabelo, expondo o pescoço e Fei fechou o colar pra ela. — Pronto, agora mostra pra gente como ficou.
A garota se virou para que todos na mesa pudessem ver.
— Muito lindo. — NichKhun e Victoria comentaram.
— Mas aqui, uma rosa verde? É assim que ela vai ficar a maior parte do tempo, não é?
— Verdade Nana, mas achei que ia ficar legal, sei lá, diferente. Também tem as luzes do estúdio pra deixá-la vermelha... Com certeza ia chamar a atenção, não?
— Sim, com certeza, mas tem algum significado? Quer dizer, para a produção ter te pedido fazer uma peça assim sob incomenda... — Victoria tentou deduzir.
— Fui eu mesma que criei tudo, a produção só me disse pra fazer algo quechamasse a atenção, que ganhasse significado próprio quando alguém olhasse. Por isso mesmo eu escolhi alexandrina e não rubi, ou esmeralda, em muitas culturas dizem que a cor verde quer dizer esperança, e vermelho é amor. Todo mundo associa assim não é?

Nana, NichKhun e Victoria concordaram, Suzy tirou o colar com cuidado e pos de volta na caixa.

— Bom gente, eu tenho que ir embora, tenho um compromisso hoje, e já fiquei tempo demais. — Suzy disse. 
— E o jantar de Natal aqui em casa, vai querer vir? As meninas vão estar aqui, a Fei também...
— Tudo bem, meus pais não comemoram o Natal, eles são budistas, mas eu posso vir sim. Alías posso trazer um convidado?
— Quem é? 
— É um amigo, não quero que ele passe o Natal sozinho, só isso...
— Tudo bem. Eu te chamo um taxi e te acompanho até a porta então. — NichKhun disse.
— Obrigada. Tchau meninas. — Suzy se curvou uma vez timidamente, para a três moças.
— Espera! — Fei gritou. — Leva o colar com você. — ela disse erguendo a caixa que a garota já ia deixando em cima da mesa. 
— Ai não, se eu perco isso...
— Não tem problema, tenho certeza de que você não vai deixar isso acontecer, além do mais você me poupa o trabalho de ter que ir aos estúdios entregar isso pessoalmente.
— Está bem. — Suzy voltou e pegou a caixa. — Tchau.

NichKhun e a garota deixaram Nana, Victoria e Fei na cozinha.

— Legal essa garota. — Nana comentou.
— Sei não hein. O NichKhun e essa mania de não perguntar as coisas... Aposto que esse amigo que ela quer trazer aqui na ceia de Natal é o ByungHee.
— Você acha?
— Quem é ByungHee? — Fei perguntou.
— É o G.O... — Nana respondeu dando um suspiro meio impaciente só de pronunciar o nome do rapaz.
— Ah sim... Como sabem que é ele o amigo que ela quer trazer?
— Não sei, pressentimento, nada de “ruim” acontece comigo, só de “péssimo” mesmo. Não bastava eu ficar uma pilha porque a mãe do NichKhun está vindo, G.O tem que aparecer pra me deixar mais tensa.
— Não entendi a relação entre as duas coisas.
— G.O é o ex maluco da Victoria e aparentemente o atual da Suzy.
— Coitada, tenho dó, mas espera como sabe dessas coisas? — Victoria disse meio distraída.
— Ela disse que no dia da festa ela deu uma fugida com ele pelos corredores, mas que não tinha feito o que eu estava pensando, você sabe como eu penso besteira... Disse que não tinha feito nada de errado... Mas fez algo de certo, na concepção dela né?
— Defina errado. Porque você é a pessoa mais errada que eu conheço, tirando o G.O.
— Ai credo, você me ofendeu me comparando ao traste. — Nana disse rindo.
— Falei alguma mentira? Vocês dois tem muito em comum, os dois são indecentes, os dois estão sempre aprontando, estão sempre de implicância um com o outro...
— Ai para Victoria, essas semelhanças todas estão me assustando.
— Espera, esse cara é tão ruim assim quanto vocês falam? — Fei perguntou, francamente curiosa.
— Sim. — as duas disseram rindo.
— Espero que pelo menos no Natal ele me dê sossego.
— Milagre de Natal Vic, quem sabe acontece?
— Vai ver não é ele. — Fei comentou.
— Minha cara amiga, não creio que eu mereça tal benção. — Victoria disse rindo.
— Essa aí está vivendo em pecado, Fei. — Nana disse rindo.
— Se eu estou vivendo em pecado, você tem passe livre pro inferno então... 
******

Fei foi embora logo depois do jantar, e como era domingo e NichKhun estava de folga, Victoria e Nana foram pro quarto dele, assistir a um filme e depois dormir, como de costume. O inverno estava ficando cada vez mais frio, nevava um pouco lá fora e os floquinhos de neve se acumulavam aos poucos nas enormes e panorâmicas janelas do quarto de Nichkhun, era uma visão realmente linda combinada à luz noturna. Seria romântico, e até sensual fazer qualquer coisa tendo uma visão daquelas por todos os lados do quarto, mas obviamente NichKhun não tentou nada com as duas, não podia arriscar mexer com os ânimos delas antes do Natal. 

É claro que o tríplex tinha sistema de aquecimento, então podiam dormir vestidos como de costume, entende-se NichKhun de cueca, Victoria e Nana de lingerie, pois o sistema fazia o trabalho das roupas. Então dormiram assim, debaixo de um edredom comum, tranqüilos até a manhã seguinte. E o silêncio habitual das seis da manhã foi quebrado com um grito e uma risada.

— Que foi? Que foi? — NichKhun acordou assustado. — Vocês estão bem? O que aconteceu?
— Estamos bem, foi você quem gritou, você teve um pesadelo. — Victoria disse meio acordada meio dormindo.
— Eu não estava tendo um pesadelo, pelo contrário... E o grito que eu ouvi foi de mulher...
— Só eu ouvi uma risada? Uma risada de homem? — Nana comentou, esfregando os olhos.

NichKhun acendeu o abajour para aumentar a luminosidade do quarto e checar se realmente estava tudo bem com as garotas, e deu de cara com duas pessoas perto da porta.

— Pai?! — disse ele olhando para o homem se acabando em risos, de braços cruzados. — Mãe?!
— Ahhh! — Victoria e Nana gritaram enquanto tentavam se cobrir com o edredom.
— Oi filho... — disse o pai de NichKhun entre risos. — Diga “oi” pra sua mãe também...
— Oi mãe... Pai! O que vocês fazem aqui? Como conseguiram destravar a porta do elevador?
— Fácil filho, depois de anos você ainda usa a mesma senha pra tudo... A data de quando você perdeu a virgindade.
— Pai! — NichKhun disse envergonhado. — Não precisa dizer essas coisas!
Victoria e Nana riram alto.
— Como eu ia esquecer se você veio me dizendo todo feliz no dia...
— Pai! Será que você pode descer com a mamãe pra gente poder vestir umas roupas?!
— Está bem... Vamos querida... — o homem disse empurrando a mulher, que estava de costas o tempo todo desde que os tinha visto na cama.
E os três ficaram sozinhos n quarto de novo.
— Ai! — NichKhun reclamou de uma travesseirada que levou no rosto. — Que foi isso?!
— Era por isso que você tinha que ter perguntado quando seus pais chegavam! — Victoria disse indignada.
— Como é que eu ia adivinhar que meu pai se lembrava dessa data?!
— Pelo jeito você fez questão de fazer a familia inteira se lembrar, por gerações!
— Está bem, mas como eu ia adivinhar que eles iam chegar a essa hora?!
— São seis da manhã ainda... — Nana comentou. — Que vergonha, seus pais nos viram de lingerie! — ela acrescentou, em pânico, finalmente despertando pra realidade.
— Por outro lado, me pouparam do trabalho de dizer que vocês são minhas namoradas... — NichKhun disse rindo.
E ele levou outra travesseirada no rosto.
— Fala sério NichKhun, seus pais devem estar achando que nós somos duas vadias!
— Claro que não Victoria, eles me criaram muito bem. 
— Por isso mesmo eles devem saber o ser obceno que você se tornou.
— Bobagem, vocês me tornaram um homem honesto. — ele disse ironicamente. — Vão vestir roupa, que eu resolvo as coisas lá embaixo. E Nana, vista algo decente, por favor.
— O que ele quis dizer? — Ela disse olhando para a mini saia e a camiseta jogadas no chão.
— Vai ter que buscar algo nos nossos quartos Khun, não deixamos roupas limpas aqui... — Victoria comentou.
— Tudo bem, eu já volto. — ele se levantou e já ia saindo pela porta.
— NichKhun veste uma roupa antes!
Ele parou na porta e se virou surpreso para Victoria.
— Vic, meus pais me viram nascer, me criaram, já me viram com menos roupa...
— Isso quando você era menos homem... — ela disse se referindo a um certo volume nas partes baixas do rapaz.
Nana riu alto.
— Como se cobrir com roupa fosse resolver... — NichKhun disse rindo.
— Podemos discutir esses pormenores depois? 
— Pormaiores...
— Vai pegar umas roupas pra gente! E veja lá o que vai trazer hein?!
— Vou ter problemas, se eu for escolher o que fica bonito em vocês... — ele disse, vestindo uma calça larga e uma camiseta preta.
— Khun, vai logo! Porque se Vic resolve te bater pelas besteiras que você está dizendo logo cedo eu vou ajudá-la! 
— Está bem!

NichKhun desceu para pegar as roupas,e os pais dele estavam na sala de estar do primeiro andar, esperando. O Sr. Horvejkull com um largo sorriso no rosto e a Sra. Horvejkull de braços cruzados, entre o choque e a indignação.

— Bom dia mãezinha, bom dia pai!
— Bom dia filho!
— Bom dia NichKhun... — disse a mãe dele, um tanto séria.
— Por que chegaram tão cedo? Vocês podiam ter avisado, eu buscava vocês no aeroporto...
— Nós queríamos fazer uma supresa, mas acho que não há supresa maior que a que nós tivemos. — disse o Sr. Horvejkull rindo.
— Pelo jeito nós incomodamos não é? 
— Claro que não mãe... Vocês me esperam aqui uns minutos? Tenho que levar umas roupas mais quentes pras meninas lá em cima... 

NichKhun foi ao quarto de Victoria e voltou com uma muda de roupa
.
— NichKhun! Essas moças deixam as coisas delas aqui?! Espalhadas pela casa?!

NichKhun passou pela mãe em direção ao andar superior, sem dar muito crédito ao que a mãe resmungava.

— Já já eu explico mãe, fiquem à vontade aí, eu já desço.

Ele foi até o quarto de Nana procurar por uma muda de roupa pra ela, a tarefa de achar uma roupa que fosse do tipo que se usa quando a moça vai ser apresentada aos pais foi mais demorada que no armário de Victoria. Enquanto isso as duas conversavam no quarto.

— O que acha que vai acontecer quando descermos? — Nana perguntou, super insegura, o que era bem raro de se ver.
— Não tenho idéia...
— Arsh Victoria, você é a voz da experiência aqui, diz alguma coisa pra me tranquilizar!
— Eu também não sei, ou você acha que G.O ou Minwoo me apresentaram para os pais deles como namorada?
— Jura? O G.O eu sei que nem se tivesse durado mais de uma noite ele faria...
— Pois é...
— Diz alguma coisa!
— Eu não sei o que dizer! A mãe dele deve estar achando que nós somos duas vagabundas, já deve estar com uma péssima impressão nossa.
— Isso me tranqüiliza tanto, você não sabe o quanto... — Nana disse ironicamente.
— Fora que ela deve achar que somos umas golpistas querendo ter vida boa com fortuna dele...
— Não entendi porque ela faria essa associação...

Victoria revirou os olhos.

— Você só é esperta quando te interessa não é? Depois de ela nos ver dormindo aqui com ele ao mesmo tempo, em trajes menores, deve estar pensando que NichKhun está esbanjando tudo que tem com mulheres...
— Mas eu sou rica!
— Então você tem um problema a menos em relação a mim, porque eu estou bem longe de ser rica.
— Fala sério Victoria, você também não é pobre... 
— Verdade... Mas o fato é, quanto mais tempo ficarmos sem nós apresentar formalmente, mais besteira a mãe do Khun vai pensar sobre nós... Cadê ele com essas roupas?

Nesse momento NichKhun entrou pela porta trazendo jeans e camisetas.

— Prontinho!
— Estava demorando! — disseram as duas, que tomaram as peças de roupa das mãos dele.

NichKhun ficou assistindo Victoria e Nana se lavarem e trocarem de roupa no banheiro. Elas foram muito mais rápidas que o habitual, e ele achou que fosse pela ansiedade do conhecer os pais dele.

— Estão ótimas assim. — NichKhun comentou. — Vamos descer?
— Já? — as duas responderam.
— Precisam de mais alguma coisa?
— De uma cara de pau bem linda... — Nana comentou.
— Como é?
— NichKhun, com que cara nós vamos nos apresentar aos seus pais depois do que eles já devem estar pensando de nós duas?
— Meus pais são ótimos Vic, não estão pensando nada de vocês... E eu mesmo vou apresentar vocês, como minhas namoradas.
— Sua inocência me surpreende.
— Sua desconfiança também... — NichKhun disse sorrindo e pegando as duas pelas mãos. — Vamos logo.

Os três desceram à sala de estar e lá encontraram o casal Horvejkull sentados no sofá maior.

— Eu disse que íamos precisar mandar lavar o sofá, já, já eles sacam pra que esse móvel anda servindo nessa casa. — Nana comentou com Victoria, aos sussuros, NichKhun riu.

Victoria respondeu com um beliscão no braço, por trás das costas de NichKhun.

— Quietas vocês duas... Oi pai, oi mãe — NichKhun disse umas coisas em tailandês, que obviamente as duas não entenderam, e também só as deixou mais ansiosas. — Essas aqui são Victoria. — ela se curvou. — E Nana. — que também se curvou com um sorriso no rosto. — Meninas, esses são os meus pais.
— Olá. — a mãe de NichKhun disse um pouco séria.
— Olá. — o pai dele respondeu, bem mais simpático.
— Essas aqui são minhas namoradas.
— Eu disse que ele ia fazer exatamente isso, sem rodeios. — Victoria cochichou com Nana.

A Sra. Horvejkull as avaliou de cima embaixo rapidamente.

— As duas? Mas eu pensei que fosse aquela jovem com quem você anda aparecendo nos jornais.
— A Suzy? Não mamãe, nós somos só amigos de trabalho, a imprensa acha que somos namorados porque estamos deixando que o rumor ganhe força...
— Não sei por que a supresa querida, NichKhun sempre vem com essas maluquices... — o pai de NichKhun comentou de forma simpática. — Além do mais, essas duas moças parecem legais.
— O que vocês fazem da vida? 
— Mãe? — NichKhun se surpreendeu com a pergunta, ainda que não soubesse exatamente o porquê.
— Eu sou... bailarina e coreógrafa. — Victoria disse timidamente, atitude nada comum pra ela.
— E eu sou modelo.

A Sra. Horvejkull não pareceu muito empolgada, mas também não reagiu mal.

— Então vocês devem ter trabalhado com o NichKhun, não é? — ela não estava sendo falsa, mas estava se esforçando pra ser simpática.
— Sim, algumas vezes. Elas são o máximo no que fazem mamãe.
— Percebi...

Victoria desejou que NichKhun fosse menos ambíguo quando falava as coisas, mas também pensou que talvez fosse ela pensando mais besteira do que devia. Houve um momento de silêncio constrangedor entre as cinco pessoas, e ninguém parecia capaz de quebrar aquela quietude, Victoria e Nana queriam estar longe dali, ou que ao menos as coisas tivessem acontecido de forma menos dramática.

— Então, vocês não querem ir pro quarto descansar pouco? Saíram de casa muito cedo. — NichKhun finalmente disse alguma coisa.
— NichKhun, faz quase um ano que você não nos vê, não quer passar mais tempo com a gente? — senhora disse, soando um tanto dramática.
— Você trabalha hoje filho?
— Não pai... Estou de folga, só perguntei por educação. Então, o que querem fazer?
— Conversar. — a mãe dele disse meio séria. — Quero saber como vai sua vida aqui.

NichKhun olhou pra Victoria e para Nana, como quem se comunica com os olhos para dizer que a conversa ia ser séria e que é algo que elas não precisavam escutar. Felizmente, ele parecia bem tranquilo e passou bastante segurança para elas.

— Então, eu e a Nana vamos aproveitar pra fazer umas compras pra casa... Se os senhores nos permitem...
Victória buscou a bolsa no quarto e saiu com Nana.
******

NichKhun sentou-se com os pais no sofá da sala de estar, menos relaxado que de costume, estava sentado com os antebraços apoiados nas pernas, com o tronco abaixado e só de vez em quando levantava a cabeça para encarar os pais.

— E então, sobre o que a senhora quer conversar? — ele mesmo quebrou o silêncio.
— Quero saber quem são realmente essas moças que estavam aqui com você.
— Eu já disse que são minhas namoradas...
— Você não pode estar falando sério, pra variar...
— Eu falei sério! — NichKhun insistiu. 
— Você continua nessa fase de mulherengo, não vai crescer nunca rapaz?
— Pai, será que você pode dizer alguma coisa?
— Dizer o que filho? O único que eu posso dizer é que você já é um homem adulto, pode fazer o que quiser da vida.

A Sra. Horvejkull suspirou profundamente, bem impaciente.

— Não pode não, você se esqueceu do testamento do seu tio não é?
— Pra ser sincero eu não penso nisso há meses, há quase um ano... Não entendo qual é o objetivo dessa conversa, se o pai já disse que me considera um adulto e...
— Isso tudo eu já imaginava, só de ver o tipo de lugar que você transformou esse apartamento!
— Espera aí, eu não transformei esse apartamento em coisa alguma!
O pai de NichKhun continuava calado, e bem calmo, apesar de que a conversa já estava ficando em tom de gritos.
— Não foi isso que nós vimos!
— Eu não vi coisa alguma querida, aliás, não vi nada demais.
— Não viu nada demais? Ele dorme com duas mulheres, ao mesmo tempo... Duas mulheres que pelo jeito também moram aqui agora... Sabe lá quem mais ele colocou nessa casa, ainda tem aquela outra garota, a do drama...
— A Suzy só trabalha comigo... E claro que Victoria e Nana estão morando aqui, porque elas são minhas namoradas... E eu só “durmo” com elas ao mesmo tempo, nós nunca... você sabe... ao mesmo tempo...
— Não precisa explicar esses detalhes NichKhun. — o Sr. Horvejkull disse calmamente.
— Isso é ridículo NichKhun! Não acredito nessa história absurda, porque só sendo umas aproveitadoras, para duas moças tão bonitas aceitarem uma situação dessas, só dando muita vida boa mesmo...
— É claro que elas não podem gostar de mim pelo que eu sou, não é? — NIchKhun disse ironicamente.
— Cuidado com o jeito com que fala com a sua mãe NichKhun!
—Ela nem as conhece e já está chamando as duas de aproveitadoras, a senhora não sabe da história toda! Eu praticamente implorei pra elas aceitarem ficar comigo, eu gosto mesmo das duas! – NichKhun praticamente cuspiu as palavras porque estava furioso.
— Vai dizer que você não disse pra elas que você vai receber uma fortuna quando formar uma família e ter filhos?
— Eu disse isso, uma vez... Nunca mais toquei no assunto...
— Eu não disse! Elas estão atrás de dinheiro e vida boa!
— Mamãe, a Nana é rica! Você nunca a viu nas revistas, desfiles? Se bobear ela tem três vezes mais dinheiro que eu meu tio tinha!

Com esse argumento ela se desarmoou um pouco.

— Viu só? Eu não sou tão ingênuo assim como a senhora pensa...
— Pode até ser, mas e a outra, a tal dançarina. 
— Não deprecie a Victoria mãe, ela não é rica, mas é super profissional e honesta. E o que importa isso de dinheiro? Fui eu quem correu atrás dela!
— Só estou preocupada com você!
— Já chega querida, você está de implicância com as garotas...
— E você só sabe defender as infantilidades desse menino!
— Mãe eu não sou um menino! 
— Enquanto você continuar com essas criancices...
— Que criancices mãe?!
— Você não tinha um prazo de dois anos? Vai jogar tudo fora assim?
— É com isso que você está preocupada? 
— Estou preocupada com você! Você! Só não quero que você perca aquilo que você conquistou.

NichKhun suspirou um pouco mais calmo.

— Eu ainda tenho um ano pela frente, e como você pode ver eu já estou encaminhando as coisas...
— Com as duas? Mesmo que elas não estejam realmente interessadas em fortuna, acha que essa situação dura por mais tempo? 
— As coisas estão ótimas mamãe, eu tenho trabalho, ganho o suficiente pra viver bem, as garotas são amigas, se dão super bem e também gostam de mim. Preciso de mais alguma coisa? Quer me ver rico ou me ver feliz?
— E se a imprensa descobre isso? Sabe o inferno que vai ser tanto pra você quanto pra essas meninas? Acha que elas vão agüentar uma situação dessas por muito mais tempo? São mulheres NichKhun, em algum ponto da vida delas vão querer se estabilizar, formar família de verdade...
— Eu não tenho como saber do futuro mãe, você acha que elas não sabem tudo isso? Eu não as obriguei a viverem assim, elas aceitaram de livre e espontânea vontade, porque realmente gostam de mim. E você devia gostar delas simplesmente por isso.

A Sra. Horvejkull refletiu por uns momentos, parecia bem emocionada depois da discussão. Ela não era mesquinha ou coisa parecida, estava realmente preocupada e estranhava a situação, provavelmente só ela enxergava o quão frágil aquele relacionamento a três era, e o quão desastroso poderia terminar.

— Tudo bem... Faça como quiser, nem sei por que estou me intromentendo nessa história, quanto ao testamento, isso é assunto seu e do irresponsável do seu pai.

NichKhun se levantou e sentou-se mais perto da mãe, no outro sofá, para poder olhá-la nos olhos que estavam marejados.

— Eu sei que não é com isso que você realmente se preocupa mãe, você está é com ciúmes... Porque eu nunca morei com uma mulher antes, e agora moro com duas... Será que você pode dar uma chance pra Victoria e pra Nana? Tenho certeza de que você vai gostar delas.
— Eu já gostei, estou orgulhoso filhão, são lindonas. — o pai de NichKhun disse brincando e levou um tapa da mulher, que acabou rindo também.
— Você definitivamente puxou o lado errado da família menino.
******

NichKhun ligou pras garotas dizendo para encontrá-los num restaurante tailandês num bairro vizinho, disse também que tinha conversado sério com os pais dele e explicado toda a historia, e que eles estavam dispostos a conhecê-las melhor. Elas chegaram pontualmente, claro, porque Victoria estava dirigindo e jamais cometeria uma gafe dessas, porque se dependesse da Nana fazendo compras, elas jamais chegariam a tempo.

— Quem bom que vocês chegaram, também acabamos de chegar. — NichKhun comentou e as cumprimentou discretamente, como sempre faziam quando estavam fora de casa. — Podemos pedir agora? Esqueci de tomar café e estou morrendo de fome...
— Olá de novo. — Victoria disse aos pais de NichKhun, que retribuíram com sorrisos.
— Olás. — Nana disse, sentando-se ao lado.
— Foram boas a compras? — O pai de NichKhun disse, sendo simpático.
— Ah, passamos mais tempo andando que qualquer outra coisa... O senhor fala coreano muito bem. — Nana respondeu. 
— Meus pais aprenderam bem quando eu disseque vinha morar aqui... Ficaram com medo de eu não me adaptar bem e aprenderam um pouco para o caso de eu precisar deles.
— Impressionante, eu passei um sufoco quando vim pra cá.
— Você não é coreana Victoria? — a Sra. Horvejkull perguntou.
— Não, sou chinesa, eu vim pra cá logo que me formei na academia de dança de Beijing, saí de lá contratada, nem tive tempo de me preparar...
— Interessante... E seus pais?
— Ficaram em Qingdao, minha cidade natal... Eu já morava sozinha em Beijing desde os dezesseis anos...
— Você tem quantos anos agora? 
— Vinte e quatro... — Victoria disse meio insegura porque se lembrou que geralmente as mãe não gostam que os filhos namorem mulheres mais velha, mas mentir seria pior, afinal era uma diferença pequena de idade.
— Então você é mais velha que ele... — a senhora disse levantando as sombrancelhas. — Não é uma diferença muito grande...
— Melhor assim, vai que assim ela coloca um pouco de juízo na cabeça dele. — o pai dele disse brincando.
— Estou tentando o meu melhor. — Victoria respondeu sorrindo.

NichKhun tinha a impressão de que aquilo ia ser mais ou menos um interrogatório, a mãe dele fazia praticamente todas as perguntas, só estava torcendo pra continuar naquele tom amigável. Victoria, era mais sensível às mudanças de comportamento dele, notou o quanto ele devia estar tenso e respondeu às perguntas de forma agradável e suscinta. Não que Nana não reparasse em no humor de NichKhun, ela também estava tensa, então ficou mais tempo calada.

— Quer dizer então que as duas moram sozinhas desde muito novas?
— Tempo pouco tempo que eu moro sozinha, meu pai é militar e teve que servir fora do país...
— Onde ele está agora?
— Acredito que em algum lugar da China, ele se muda muito e já faz uma duas semanas que não me liga.
— Falando em China, você convidou aquela sua amiga chinesa, bonita, a que faz jóias lindas, para o jantar de Natal?
— A Fei? Convidei sim mãe.
— Adorei quando você me apresentou aquela moça, tão talentosa...

Victoria e Nana não puderam deixar de notar que perguntar pela Fei foi uma provocação para ver qual era a situação, se elas sabiam da garota, se sabiam se eram amigos ou não. As duas só se entreolharam antes de comentar.

— Muito talentosa, olha só o que ela fez pra gente. — Victoria mostrou o colar com o pingente de conchinha e Nana mostrou o dela.
— É, ela mesma forjou os colares, pro nosso aniversário de cem dias. E ontem ela nos mostrou o que ela fez pra Suzy, é uma rosa com uma pedra que muda de cor dependendo da luz... Como é mesmo o nome Victoria?
— Alexandrita. É incrível mesmo a pedra... Bom, o colar é um espetáculo.
— Vocês já namoram há cem dias? — a mãe de NichKhun disse, aparentemente ela parou de acompanhar a conversa quando essa informação foi citada.
— Pra ser mais preciso já tem uns oito meses.
— Uau! Você nunca passou tanto tempo assim num relacionamento sério filho. — o Sr. Hovejkull disse.
— Talvez fosse de duas namoradas que eu precisasse para me aquietar um pouco.
— Não sei como agüenta, uma mulher já dá muito trabalho...
A Sra. Horvejkull deu um tapa no ombro do marido, rindo.
— Verdade, mas contrói o caráter.

O almoço foi um tanto tenso no inicio, mas melhorou com o tempo, até porque a mãe de NichKhun não conseguiu encontrar nada que realmente a incomodasse nas duas, ainda que ela ainda não estivesse de muita boa vontade com Victoria. Não que ela a achasse uma aproveitadora, só não conseguia entender como uma moça tão madura não tomava as rédeas da situação, estava tentando encontrar um motivo não relacionado a dinheiro.
******

Anoiteceu e foram todos de volta ao Triplex, eles tinham combinado de sair cedo para comprar coisas para preparar o jantar, Victoria e Nana tinham educadamente se oferecido para a judar em tudo que fosse necessário. As duas foram cada uma para seu respectivo quarto, resolveram que seria melhor não expor aos pais de NichKhun como realmente funcionavam as intimidades naquela casa.

NichKhun dormia profudamente, quando de repente sentiu o colchão balançar bruscamente, e acordou com o susto de ter alguém pulando em cima de seu quadril, mas não viu quem era porque estava escuro demais.

— Oi lindo! — disse, aos sussurros, uma voz feminina cuja dona deu um beijo de leve nos lábios de NichKhun.
— Não estou vendo quem é...
— Arsh, mesmo assim, você já devia saber, não é!
— Ah Nana... É que a Victoria disse que ia mudar de... Espera, você não tinham combinado de ir dormir? Os meus pais estão...
— Seus pais estão dois andares abaixo, no terceiro sono. Ninguém mais cumpre as regras dessa casa?! Virou bagunça! Domingo já pode fazer safadeza... E Victoria só combinou de não te procurar porque hoje ainda é segunda-feira, meu dia de ficar com você, porque se fosse outro dia... 
— Sério, ela disse isso? – NichKhun disse empolgado.
— Eu não vim aqui pra falar da Victoria...
— Tudo bem. — NichKhun levantou o tronco e abraçou Nana pelos quadris, dando-lhe um beijo no peito, perto da clavícula. — Mas você não vai poder dormir aqui... meus pais acordam cedo e aí você já viu, não é?
— Khun cala a boca! Eu também não vim aqui pra dormir criatura!
— Ok Ok, adoro quando você fica brava. — NichKhun virou o corpo e beijou Nana.

Os dois ficaram juntos durante umas duas horas, depois ficaram conversando um pouco sobre qualquer coisa.

— Você já não está falando coisa com coisa, está com sono? — NichKhun disse rindo.
— Eu não, eu disse que não vim aqui pra dormir...
— Você nunca dorme!
— Não quando tem coisa melhor pra fazer... Mas parece que é você quem está cansado.
— Verdade, já tinha me esquecido o quanto é exaustivo ter a família por perto, fiquei tenso o dia todo...
— Você ainda está tenso? — Nana perguntou séria.
— Não...
— Ih! Então eu vou embora dormir. — ela disse rindo e se levantando pra sair.
— Ei!!! Volta aqui garota! Sua indecente! — NichKhun a puxou de volta para o colchão com força.

E Nana acabou dormindo por lá mesmo. Na manhã seguinte ela já não estava lá, desceu cedo para ajudar Victoria com o café da manhã, os pais de NichKhun ainda dormiam, provavelmente descansando das horas de sonos que perderam viajando cedo de avião no dia anterior.

— Olá. — Nana disse, já pegando coisas no armário para por a mesa.
— Ah oi Nana... Você parece cansada, não dormiu também? Espera, você foi ao quarto dele não é?
Nana riu travessamente.
— Eu sabia! A gente tinha combinado!
— Queria ver se fosse o seu dia de ficar com o NichKhun...
— Os meus dias caíram justamente na véspera de Natal e na véspera do ano novo... Acha que eu não vou ter que esperar?
— É, seja forte amiga... Se aventurar é para os fortes.
— Vocês se arriscam demais, depois do que aconteceu ontem...
— Relaxa, a gente quase não fez barulho... Felizmente essas paredes são do mais puro concreto. — Nana disse rindo.
Victoria riu.
— Aposto que se fosse eu dizendo isso teriam chegado exatamente na hora e escutado.
— Escutado o quê? — NIchKhun apareceu com os pais.
— Nada... — Victoria respondeu o mais naturalmente possível, e se virou para Nana para chochichar. — Eu não disse?
— Bom dia. — as duas disseram.

Os pais de NichKhun as cumprimentaram e foram para a mesa, visto que já não havia em que ajudar com o café, a refeição transcorreu de forma razoavelmente silenciosa, era muito cedo pra conversa.

— Precisamos sair pra fazer compras, mas não podemos sair sozinhos porque nosso coreano ainda não é bom. — A mãe de NichKhun comentou.
— As meninas podem acompanhar você e o papai, estamos todos de folga hoje. 
— Preciso de alguém que saiba cozinhar pra me ajudar a escolher as coisas. — a Sra. Horvejkull queria a companhia do filho pra essa tarefa, mas NIchKhun aproveitou para arrranjar as coisas do seu modo.
— Victoria sabe cozinhar mãe, e ela pode te levar no carro dela. — Victoria congelou ao ouvir a sugestão. — Papai, Nana e eu vamos comprar bebidas.
— É mesmo necessário que três pessoas saiam para comprar bebidas? — Victoria perguntou esperando que Nana se manifestasse para acompanhá-la com a senhora.
— Eu não nem ferver água, acho melhor eu, sei lá comprar algo pra decoração. — Nana teve que agüentar a dor aguda de uma cotovelada nas costelas comum sorriso no rosto.
— Pronto, meu pai e eu ajudamos a Nana a comprar a decoração também, se era com a distribuição de tarefas que você estava preocupada, está resolvido.
— Vamos então? — o senhor disse e todos foram saindo da cozinha para se aprontarem para sair.
Victoria e NichKhun foram os últimos e ela cochichou para ele.
— Por que fez isso?
— Calma Vic, minha mãe não morde. — ele disse pegando-a pela cintura. — Fiz isso para vocês poderem passar mais tempo juntas, pra ela ver que pessoa adorável você é. — ele deu-lhe um beijo leve nos lábios. — Faz isso por mim?
— Ok... Por que eu sinto que estou te mimando demais fazendo todas as suas vontades?
— Porque você sabe que eu retribuo em triplo depois...?
— Seu bobo!

E eles saíram às compras.
******

Victoria e a Sra. Horvejkull fizeram as compras durante toda a manhã, a coreógrafa teve que agüentar mais uma sessão de intermináveis e incovenientes perguntas, dentra as quais incluíam até escolaridade e detalhes médicos, parecia uma entrevista de emprego. Mas Victoria foi educada e respondeu à todas pacientemente porque se sentiu como se fosse um forte candidata a alguma coisa. Três ou quatro vezes a Sra. Horvejkull perguntou sobre comprar um ingrediente que NichKhun não gostava, e Victoria dizia “NichKhun não odeia isso?” e ela respondia “Ah é”, como quem não se lembrava.

As duas almoçaram num restaurante chinês do centro da cidade, e foram as primeiras a chegar em casa, não ficaram muito tempo sozinhas cozinhando, o outro trio voltou logo depois pra ajudar.

— Estão todos vivos nessa casa? — o pai de NichKhun gritou da porta do elevador depois de sentir cheiro de comida.
— Ai Deus! Deixei uma coleção de facas dando sopa na cozinha! — NichKhun disse rindo.
— NichKhun seu menino irresponsável! Vá chamar a polícia!
— Vocês dois são tão bobos... — Nana comentou.
— Já está começando a achar defeitos no sogrão aqui?
— Ahn? — Nana foi pega totalmente de supresa. — Na... Não, é só que, vocês podem, por favor, me ajudar a carregar essas sacolas?

Mais tarde, quando a decoração já estava toda pronta e o jantar só precisava esperar a meia noite, todos foram tomar banho e se arrumar para a festa. Por volta das dez da noite Fei chegou sozinha trazendo várias caixas de presentes, Victoria a recebeu na porta do elevador, achando super incomum ver a designer tão desajeitada com as caixas.

— Se forem todas jóias será um prazer recebê-los e começar minha coleção pessoal. — Victoria disse rindo e pegando algumas caixas para ajudá-la a entrar em casa.
— As pessoas sempre pensam que eu só ando com ouro e diamantes nos bolsos... 
— Mas aposto que tem um coração de ouro escondido aí no peito. — NichKhun chegou de repente dizendo isso com um sorriso no rosto, pegando o restante das caixas e deixando-a de mãos vazias.
— Se fosse se diamante seria melhor, mais resistente, mais bonito... — Fei disse brincando.
— Sem falsa modéstia Fei... Que bom que veio! — ele lhe deu um abraço. 

Nesse momento o elevedor indicou que mais gente havia chegado, era Suzy com o convidado dela, Victoria voltou para abrir a porta pra eles.

— Oi Suzy! — Ela disse logo que a porta abriu. — Oi... você... — acrescentou o cumprimento ao não tão bem vindo G.O.
— Oi Vic, bom te ver também. — G.O disse ironicamente, entrando na sala com um sorriso simpático no rosto.
— Eu nunca disse que era bom te ver... Só disse “oi”.
— Uhuhu! É natal Vic, dia de ser bonzinho pra poder ganhar “o” presente. — G.O não se referia a um presente material.
— A única coisa que eu realmente queria ganhar hoje era sua ausência.
— Então você foi uma garota muito má durante o ano, porque olha só eu aqui.
— Arsh...

Os dois atravessaram a sala e foram se apresentar aos pais de NichKhun. Ele, de braço dado com ela, que como de costume estava tão tímida que usava o braço do rapaz para esconder metade do corpo. Nana foi até as outras duas moças para conversar, enquanto a social acontecia mais a frente.

— Eu disse que era ele!
— Era um tanto óbvio, eu nem criei esperanças, mas espero sinceramente que ele não fique no meu pé ou apronte pra cima de mim.
— E você diz que não cria esperanças... — Nana disse ironicamente, quando viu a expressão de NichKhun quando se virou e viu que G.O estava lá.
— Esses dois estão namorando? — Fei perguntou.
— Duvido...
—Ele é obcecado pela Vic...
— E eu também duvido que eles se conheçam há muito tempo, obviamente ele usou a garota pra ter uma desculpa e vir pra cá.
— Que decadência.
— Nem me fale... Mas ele já chegou mais baixo que isso, então considere uma evolução. — Victoria disse rindo.
As três se aproximaram, porque Fei ainda tinha que ir cumprimentar o casal Horvejkull, que aparentemente a esperavam com muito entusiasmo.
— Fei! Como vai querida? — a senhora disse dando –lhe um forte abraço. — Você está deslumbrante! Muito bom te ver de novo.
— Vou bem e os senhores?
— E o coração?
— Ah... Esse aí anda sozinho.
— Eu falei quando te conheci que meu filho estava à disposição...— ela disse, e lançou um breve olhar para Nana e Victoria sentadas no outro sofá. — Agora nem dá mais...
— Essa mulher me odeia, sério. — Victoria comentou baixinho com Nana. — A Fei a mulher de quem eu mais tenho ciúmes, e ela faz questão de jogar a garota nos braços do NichKhun...
— Ai nossa, quem está com ciúmes agora sou eu. — Nana respondeu meio séria. 
— Você?
— Claro achei que eu era a mulher de quem você mais sentia ciúmes. Acabou com minha auto-estima agora Vic... — ela acrescentou rindo.
— Boba. — Victoria também estava rindo. — Você sabe que tem um lugar guadado na minha lista negra não é? Obrigada por me distrair.
— Teve um dia difícil?
— Bastante, a sogrinha passou o dia me enchendo de perguntas, me avaliando...
— Pelo menos ela não te ignora, acho que ela não me leva a sério.
— Coisa de sogra?
— Não sei, diz você... Ah é mesmo, você também nunca teve sogra.
— Não que eu queira nesse momento...

As duas ficaram ouvindo a conversa e observando o ambiente durante algum tempo, G.O estava anormalmente quieto e agradável sentado ao lado de Suzy, era tão obvio que os dois não tinham nada um com outro que elas se perguntavam o que realmente ele veio fazer ali. O jantar foi servido às 11:30 da noite, as mulheres voltaram a falar sobre jóias, enquanto que os homens, bom, NichKhun e o pai conversavam, porque G.O ficou totalmente isolado da conversa.

— Ah! Você está usando o colar que eu te dei. — Fei comentou com Suzy, que pareceu surpresa por ser citada na conversa. 
— Sim... Você disse que eu podia ficar com ele...
— Tudo bem, ficou feliz que tenha usado, eu fiz pra isso... — Fei disse sorrindo, super satisfeita. — Esse também fui eu quem fez. — ela contava a Sra. Horvejkull.
— Fantástico, é um trabalho muito interessante, ser designer de jóias.
— Acho que é meu único dom. 
— Como foi que descobriu que tinha dom pra essas coisas?
— Eu adorava as jóias que minha mãe tinha, e ela um dia me disse que foi meu pai quem deu todas elas, todas em datas importantes da vida delas juntos. As jóias duram para sempre então, eu sempre faço peças que tem significam algo especial pras pessoas. Não tem joia sequer, das que eu mesma forjei, em que eu não tenha pensado na pessoa que me pediu para fazer ou na pessoa que vai usar.

Ouvir Fei falar com tanta paixão daquilo que ela fazia foi o ponto mais alto da noite, até Suzy que ainda estava tentando se esconder estava com os olhos marejados escutando a designer falar. G.O olhou para o relógio com uma expressão de tédio evidente, que logo se transformou num sorriso, e ele mesmo anunciou.

— Meia noite pessoal! Feliz Natal para todos.

Todos saíram das mesas para se desejarem Feliz Natal, depois foram para perto da árvore para trocar presentes. As caixas que Fei tinha trazido eram de numero suficiente para presentear até G.O, e realmente ela deu uma das caixas pra ele. Não eram jóias propriamente ditas, mas eram flores de pedras coloridas, que pelo desenho tinham sido feitas por ela mesma, ela deu duas flores amarelas ao casal Horvejkull, uma azul à NichKhun, uma cor de rosa à Nana, vermelho escuro para Victoria, roxo para G.O e uma branca para Suzy. Victoria notou que enquanto ela abria as caixas, parecia pensar bem a quem distribuir cada flor, como se atribuísse significado a cada uma delas, como tinha descrito em seu discurso.

— Olha só, está nevando! — Nana apontou para a janela.
— Vamos pra cobertura ver a cidade. — disse NichKhun, que deu o braço para Nana e Victoria.

Eles subiram e tiveram uma visão linda das luzes da cidade batendo nos flocos de neve, alguns deles ganhavam cores enquanto caiam. O casal Horvejkull estava abraçado, NichKhun, Victoria e Nana também. G.O, Suzy e Fei estavam debruçados na sacada.

— Nossa, que lindo. — Suzy comentou esticando o braço para tocar alguns flocos de neve.
— Nunca tive um natal colorido assim, parece até um presente uma noite como essa.
— Já fez seu pedido? — Suzy estremeceu de frio, Fei também.
G.O se aproximou e colocou seu casaco sobre o ombro das duas.
— Só tenho a agradecer.


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