p.o.v may

Entrei em casa nas pontas dos pés, mas foi em vão

-MAY ANGELINE BROOKS, ONDE ESTAVA? –ouvi a voz autoritária do meu pai

-Bom...ér...

-e que roupas são essas? –meu pai chegou perto –eu quase morri de preocupação

-desculpa pai. É que ontem, eu tinha me atrasado por causa do projeto da diretora e aí eu me perdi depois... aí eu dormi na casa do Justin e...

-mas Pattie e Jeremy estão em outra cidade

-eu sei...

-VOCÊ DORMIU COM UM GAROTO SOZINHA ANGELINE?

-Pai, calma! Eles tem um quarto de hóspedes lá. Eu não teria nada com justin. Ele me ajudou muito ontem –só disse isso. Meu pai respirou fundo e me abraçou. O abracei forte também.

**
-gostei da roupa, May –Lucy disse guardando seu caderno na bolsa. Não era nada demais. Um short preto desfiado, uma camiseta branca e um colete preto. Apenas sorri.

-valeu.

-Já vai? –Tomas perguntou me observando pegar a mochila

-sim. Já ta na hora.

-Por que não vem de carro com a gente? –desta vez Anne perguntou

-Porque eu gosto de andar. Agora, BEIJO FAMÍLIA! –todos mandaram beijos no ar. Ri saindo de casa. Saí cumprimentando todo o pessoal do bairro que eu conhecia.

Por algum motivo hoje eu me sentia diferente.

Vai entender...

Assim que cheguei na escola, vi todos os grupinhos.

OK, todos eram completamente diferentes, mas me olhavam do mesmo jeito : estranhando

Dei de ombros e sacudi o cabelo ainda sorrindo.

-HEY, MAY! –ouvi uma voz rouca me chamar.

-JUSTIN! –Ri dele quando ele veio correndo até mim e trombicou em um moleque, que ameaçou até sua quinta geração.

-VOCÊ SÓ RI! –ele esbravejou

-VOCÊ SÓ FAZ COISA PRA EU RIR! –gritei também do mesmo jeito

-Alguém ta entendendo algo? –ouvi a voz de Kate, olhei para o lado e lá estavam os três

-não. É o fim do mundo véi? –Ryan zombou. Revirei os olhos sorrindo

-oi pra vocês também! –acenei

-ELA FALOU COM A GENTE DE BOA, É UMA ARMADILHA! – Chaz gritou e eles se abaixaram como se estivessem se protegendo

-ah, se vocês querem minha antipátia... –eles se levantaram rápidos

-Então ainda está de pé a proposta? –Justin sorriu de lado e fomos caminhando com nossos materiais

-Talvez –sorri também

-talvez o escambau. Foi uma promessa de dedo mindinho. MIN-DI-NHO! –ri

-Ok. Vai me ajudar mesmo?

-Vou.

-então tudo bem. VISH! Temos uma apresentação hoje! –me apavorei

-artes cênicas? –ele perguntou

-é

-ah, de boa. Sabe improvisar?

-Querido, não sei nem com texto decorado vou saber improvisar? –ele riu

-Aprende.

-Merece um tapa  -revirei os olhos indo mais rápido pra minha sala, mas como sempre, ele me seguiu.

Nós podíamos ficar ensaiando na sala, mas não. Preferimos brincar daquele jogo do papel.

-quer que cor? –abri o papelzinho pra que ele pudesse escolher

-roxo, claro –ele sorriu

-por que “claro” ?

-porque roxo é minha cor favorita. Sabe, sou um purple ninja –ele fez pose de ninja. Ri

-sonha.

-ABRE O PAPEL AE!

-PARA DE GRITAR COMIGO –abri o papel na parte roxa - ‘’delicioso’’

-hmmmmmmmm, eu sou delicioso

-modesto também

-quem colocou delicioso como opção foi você. –ele riu

-ta, mas eu não sabia que você gostava de roxo. Por isso

-ah, May. Você me ama.

-eu não te amo –disse séria.

-você me ama sim.

-não eu não amo.

-como amigo pelo menos.

-Não Justin, eu não amo. –mordi o lábio inferior e olhei para baixo. Ele limpou a garganta. O professor chegou ao auditório, então nos endireitamos.

-acho que tínhamos apresentações né? ÉÉÉÉ, TINHAMOS. Então, May e Justin. Go! –Arregalei os olhos. Justin riu e me puxou para o palco

-antes, só pra eu saber, qual era o tema de vocês? –o professor se sentou em uma das cadeiras, apoiando a perna em outra.

- amor de duas pessoas diferentes e 1+1=5 –justin respondeu rápido

Eu estava nervosa.

Muito nervosa.

Justin passou por trás de mim sussurrando um ‘’relaxa’’

Ah querido, fale isso pros meus pelinhos que se arrepiaram todos.

Disfarcei e fiquei parada.

-Hey, tudo bom? –ele disse feliz

-Não –disse emburrada

-Por que? Hoje é um dia tão ensolarado. Os patinhos nadam naquela lagoa. É aniversário da minha mãe. E eu trouxe meu violão

-Sol me cansa. Os patos defecam naquela lagoa. Aniversário deixam as coisas sujas e não toco violão.

-Você é bem pessimista

-você é muito otimista

-você não quer tentar mudar isso.

-não posso

-por que?

-sei que não vou conseguir

-sozinha, talvez não. Mas e se eu estivesse aqui?

-Se você estivesse significa que não está.

-Sabe, hipoteticamente.

-Pessoas que usam hipóteses são como as otimistas, não entendem a realidade.

-realidade não é tão útil. Você precisa sonhar mais

-você precisa manter seus pés no chão

-Mantenha-os presos então –Todos na sala fizeram um ‘’’uuuuuuuh’’ e sim, eu fiquei sem resposta. Então fiz a única coisa que me convinha, abaixei a cabeça rindo. Ele levantou minha cabeça com o polegar e o indicador e depois veio chegando. Ele sussurrou algo como ‘’fecha os olhos’’, tendo em vista que eles estavam arregalados quando percebi o que ele ia fazer. Fechei os olhos e senti seus lábios encostarem em minha bochecha. Admito, Justin é esperto, Do ângulo que estávamos, a plateia teria a visão de um beijo. Ele se afastou um pouco e então sorriu

-você precisa manter seus pés no chão –ele disse ainda com a mão em meu rosto

-então mantenha-os presos –sorri, provocando um sorriso no canto dos lábios dele.

-FIM –ele gritou e deu um pulo. Ri e acompanhei as palmas de todos

-espera, espera! –o professor barrou a todos –e cadê o ultimo tema?

-Hãm... –justin coçou a cabeça pensando

-O menino otimista e a Menina pessimista se casaram e tiveram três filhos. Então UM menino mais UMA menina é igual a cinco –disse rápido. O professor riu e bateu palmas

-me surpreendi com você hein May. Bom trabalho Justin –nós batemos as mãos um no outro e descemos e nos sentamos para ver os outros trabalhos.

**

Faltam dez segundos... vai....

E O SINAL BATEU.

Saí voando da classe da ultima aula até o intervalo.

Peguei a salada de sempre e me sentei

Ô fome.

Quando eu já estava na terceira garfada, o pessoal todo chegou sentando na  minha mesa

-isso é invasão –disse mastigando

-falar de boca cheia é feio, gata –Ryan piscou

-Não. Feio é você –Kate gargalhou

-Ainda nos veremos, Brooks.

-Fala muito Butler –semicerramos os olhos mas depois rimos.

-o que eu perdi aqui? –Justin disse se sentando

-Ryan intimou a May –Chaz riu

-Hm –Justin pegou seu lanche. Nós nos entreolhamos

-VIIIIIIIIISH. Justin ta com ciúmes? É isso produção? –Kate começou fingindo ser reporter

-Confirmado, Stone. Agora Justin assume a cor vermelha demonstrando que se importa mais do que deveria com nossa querida amiga –Ryan entrou na brincadeira

-Velho, vocês são muito idiotas. Não tem nada a ver –Justin coçou a nuca

-Por que Justin? Eu não sou seu tipo –disse calma o olhando. Ele ficou MUITO, mas acreditem quando eu digo MUITO vermelho.

-NÃO! Quer dizer, não é isso.. é que... tipo... –Todos rimos alto

-relaxa aí Justin. –Disse tacando uma bolinha do salgadinho da kate nele.

-Ainda comendo salada? –Chaz olhou meu prato

-é! –enchi um garfo e coloquei na boca, ouvindo em seguida o sonoco ‘’eeeeeeeew’’ feito pelos meus amigos de 17 ANOOOS!

-é sério, experimenta só uma batatinha –chaz foi me dar a batata, mesmo sendo seduzida, desviei

-não. Sou forte. –sorri

-é boba, isso sim! –Justin deu língua. Novamente enfiei a mão no saco de salgadinho da Kate e joguei nele.

-JUSTIN! PARA DE IRRITAR A MAY! Porque se não, não vou poder comer meu salgadinho em paz –Ri

-gulosa.

-Velho, o que aconteceu com a May? –Chaz perguntou

-Então –comecei me levantando da mesa e colocando as mãos no ombro dele –a May está tentando voltar. E... –fui até justin acariciando seus cabelos –ele vai me ajudar. Agora, vamos lá, lorinho. –saí da mesa. Pude ouvir o ‘’mas eu...’’ mas assim que ele percebeu que eu estava andando veio até mim.

-eu nem tinha terminado –ele disse andando comigo.

-Hey, querida. Posso pegar? –disse me referindo a barra de chocolate a menina ao lado.

-claro –ela sorriu. Retribuí o sorriso e entreguei á Justin.

-Prontinho, come aí –ele revirou os olhos. Nos levei até um corredor vazio

-por onde começo? –sorri

-comprando uma barra de chocolate pra menina, coitada! –justin disse comendo uma parte da barra

-comprar outra eu não vou. Mas se quiser, regurgita essa parte e eu devolvo pra ela –rimos

-da a mão aí –ele fez menção de vomitar.

-Vai agora é sério –disse ficando séria.

-Ok. Ok. Ontem eu fiz uma lista de todo mundo que te odeia e o porque. O primeiro passo é se desculpar com cada um –ele sorriu e continuou mastigando o chocolate. Arqueei uma sobrancelha, e ele foi caminhando até o armário dele.

-aqui! –ele tirou do armário várias folhas.

-MAS É GENTE DEMAIS! –disse com os olhos arregalados

-esses aí são os que te odeiam porque você fez algo. O motivo está a esquerda. O resto de odeia por odeia mesmo –ele disse simples

-E como você sabe o motivo sendo que está na escola a pouco tempo?

-Perguntei a algumas pessoas e o resto fui procurando na internet. Se começar hoje, termina amanhã, acho –ele disse dando de ombros

-com tudo isso de gente só termino semana que vem! Não posso só pegar um interfone e gritar desculpas?

-Vão te vaiar –Justin riu

-Não vão não –sorri

-não vaiariam a Angel. Por medo ainda. Mas eles nem conhecem a nova May, você tem que os conquistar.

-eu não vou pedir ninguém em casamento –revirei os olhos

-mas o problema, é que você já deu motivo pra eles te odiarem. Tenta entrar no grupo onde está a maioria e sei lá, pede desculpas –ele se concentrou no chocolate

-nota. Nunca dê chocolate á Justin Bieber –rimos

-vou começar amanhã. Aí vamos mais cedo pra escola e eu entro na biblioteca e começo

-quando você diz nós....

-eu e você –ele sorriu e ficou vermelho

-O que você pensou? –sorri ajeitando os meus livros da próxima aula no braço

-hã? Eu? Em nada –ele deu um riso fraco e corou mais. Foi o suficiente para me fazer rir mais.

-me fala!

-você é curiosa demais –ele saiu andando. Dei pulinhos para caminhar ao seu lado

-ah, eu? Tem certeza?

-Eu disse que você é curiosa. Não disse que eu não sou. –o empurrei com o ombro rindo. Quando estávamos prestes a virar o corredor, bati de frente com duas pessoas, derrubando todo nosso material

-desculpa –ri fraco recolhendo meu material. Quando eu olhei para frente, vi uma menina loira, olhos claros, grandes óculos, camisa xadrez, all star velho e um menino ruivo, com sardinhas também grandes óculos pretos de vestido quase do mesmo jeito.

-Angel pediu desculpas? –a menina sussurrou

-não entendi. Ela ta armando algo. –o menino sussurrou de volta

-Ei, parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui! –justin chutou meu bumbum, quando eu virei para fazer um escândalo ele arqueou as sobrancelhas de modo que eu entendesse o recado

-desculpa por isso... é só que não entendi o espanto –sorri fraco me direcionando aos dois

-pra falar a verdade, ainda não caiu a fixa –a menina disse ajeitando os óculos

-você não lembra? –o menino perguntou chocado

-Do que?

-no meio do primeiro ano... você nos humilhou naquela festa –ele sorriu –sabe, me iludiu pra ir, porque eu era apaixonado por você, se fez de amiga dela e depois jogou coisas em nós –coloquei as mãos na boca totalmente sem graça

-ai man. É Milena e caio né?

-Não, Mary e Carlos –a menina riu baixo

-Desculpa. Desculpa mesmo

-Por ter errados nossos nomes ou por ter deixado os livros cair?

-por terem feito vocês sofrerem. –eles ficaram quietos

-Bom, não foi um total sofrimento. Nesse dia eu comecei a conversar com a Mary e hoje, estamos namorando –sorri

-sério mesmo? Que ótimo

-Mas porque está agindo assim? –a menina, Mary, perguntou

-porque a May da oitava série voltou! Ou pelo menos está tentando

-Isso é bom. Senti falta dessa May. Mesmo sem falar nada de mais você era uma das meninas mais bonitas da escola –Mary riu fraco

-iiiixe. Eu não sabia disso não. –arregalei os olhos

-Ah querida, quando se senta do lado de moleques você aprende –rimos

-então... me desculpam por... tudo? –perguntei esperançosa

-claro –os dois sorriram. O menino passou a mão na cintura da mary. Sorri ao ver aquilo.

-May? –justin estralou os dedos no meu rosto

-oi?

-menos dois

-e quantos faltam agora?

-Quatrocentos e noventa e oito –ele sorriu

-por que disso? –Carlos perguntou

-Eu vou tentar me desculpar com todos que eu machuquei. Sei que não vai ser fácil –ri fraco

- sabemos de um grupo grande que não gosta de você. Se quiser, pode vir com a gente para os estudos amanhã mais cedo –Carlos sugeriu

-hã... tudo bem –justin riu de mim

-então nos vemos amanhã –Mary piscou e saiu abraçada com carlos

-eles são meio... fofos –disse fazendo careta para Justin, continuando nosso caminho

-e qual o problema? –justin perguntou ainda caminhando

-sei la... pra eles é bonitinhos. Mas eu não consigo me ver andando de mão dadas por aí

-ah May, vai dizer que nunca gostou de ninguém –justin riu fraco

-Não mesmo. Eu não sei mas... nunca tinha parado pra pensar nisso

-Eu tento não me importar mais –Entramos na classe, fiz questão de sentar perto dele

-o que? Como assim?

-bom... a minha primeira namorada me magoou pra caramba então eu não me apaixonei mais.

-mas você foi apaixonado por ela –perguntei ansiosa pela resposta

-não.

-não? Como assim não? Se ela te magoou tanto, você sentia algo forte por ela

-mas não era amor. Poxa, eu só acho que foi do momento sabe? A emoção da ‘’primeira namorada’’. Mas depois, eu fui perceber que eu não a amava. Mas sim foi o que ela fez.

-O que ela fez?

-Nasceu –ele riu pelo nariz

-Mas é claro que você já pegou outras meninas, né?

-é. Do mesmo jeito que você beijou outros caras.

-mas é diferente –protestei.

-é May? Tem certeza? –ele fez um olhar indecifrável.

-Justin e May, quietos agora –A professora de matemática disse pegando o canetão para rabiscar a lousa

**

-Legal te dar carona sem ter que te pegar que nem um saco de batatas –justin comentou já estacionado na minha casa. Rimos

-É, aprendi a lição, okay? –revirei os olhos

-bom mesmo. Agora, vai dormir mocinha –olhei bem pra ele

-como é?

-amanhã temos um dia longo de desculpas –ri

-pois é... tchau –eu pensei em ir até ele e dar um abraço mas tirei essa ideia da cabeça, abrindo a porta do carro e saindo.