P.O.V JUSTIN

Já estávamos naquela posição por meia hora. Ou mais.

Sinceramente, não me importei.

Ela já havia parado de chorar. Agora, nós estávamos sentados no tapete, com as costas apoiadas no sofá e ela deitada em meu peitoral.

Sem perceber, comecei a fazer carinho em seu cabelo.

Talvez ela tenha se incomodado, porque ela se levantou bruscamente.

–hãm... des -desculpa por tudo isso. Eu já vou indo! –foi se direcionar a porta mas eu a puxei

–May! Você vai mesmo voltar pra casa sendo uma da manhã?

–Eu não vou dormir aqui né! –ela riu fraco

–por que não? Meus pais estão em uma viajem de negócios, só chegam quarta e seu pai já deve estar dormindo.

–Eu não posso

–Pode sim –sorri e me sentei. Bati na parte do sofá ao meu lado –vem cá.

–Eu não sei o que estou fazendo mas... –ela respirou fundo e se sentou ao meu lado.

–Então, quer conversar sobre o que aconteceu? –eu perguntei esperando receber um monte de xingamentos. JUSTIN, VOCÊ NÃO PENSA? –Desculpa eu...

–Não, eu quero conversar sim. –ela disse decidida. Me surpreendi mas não deixei a chance escapar.

–Então, vamos lá –deixei os crocs no chão e me virei sentado de indiozinho pra ela. Ela riu e fez o mesmo.

–Bom, despois que eu saí da escola...

–Ignorando minha carona –disse a provocando

–Vai picotar mesmo? –ela disse séria. Eu ri.

–Sorry. Continua

–então, aí eu ia em um lugar procurar emprego de babá. Mas eu me perdi.

–Por que não me ligou? Eu te levava.

–eu não tenho celular –ela riu

–como você vive? –aí ela riu mais

–enfim, aí eles me intimaram, tentei fugir mas eles me botaram no carro e... aí você e o Sammy apareceram.

–Então, pode me chamar de Hero a partir de agora –ela riu mas depois parou, sorrindo

–Obrigada. Mesmo.

–Ok, ok. Mas me deve um favor.

–O QUE? QUE CHANTAGISTA! Por isso gosto mais do Sammy –rimos

–Posso pedir?

–tenta

–se abre pra mim –disse simples. Mas assim que olhei seu olhar de ‘’VISH’’ minhas bochechas coraram

–quer dizer, não é o que está pensando, é que tipo... –ela riu fraco

–deixar você e o grupo se aproximarem de mim. É isso?

–Bom, é. –sorri de lado

–eu... não sei.

–por que não?

–Justin... eu aprendi a desconfiar das pessoas.

–Mas você já conhecia o pessoal todo

–e eu os magoei. Não é culpa de vocês... é só que eu não valho tudo isso.

–Vale sim. Todo mundo vale.

–Justin. Quando eu entrei na escola pública com onze anos, me faziam de gato e sapato. Por eu ser pobre e ainda sim ser a melhor aluna. E aí eu me esforcei muito para na oitava série passar para a Wishes high school. E no começo, eu já havia me enturmado com Kate, Chaz e Ryan. Éramos melhores amigos, mas no meio do ano, eu percebi que fariam tudo o que fizeram comigo na outra escola e... eu fiquei com medo. Medo nos faz coisas horríveis.

–sei bem. –realmente, eu sabia disso.

–sabe bem o que?

–nada. Nada não. E de onde você era?

–Brasil –ela sorriu

–Ta explicado!

–o que? – ‘’o seu corpo, seu andar e porque lá é quente’’

–seu tom de pele. –ela riu

–por que ta rindo? -perguntei

–porque você ficou rosadinho –revirei os olhos

–isso é zoado

–é fofo! –rimos

–ta se declarando? Me acha musculoso... fofo... que mais? –rimos

–larga de ser besta –ela me tacou uma almofada

–espera... vem na minha casa e ainda me bate? Tsc tsc –balancei a cabeça negativamente ela riu.

–Eu queria ser diferente –ela disse, assim, do nada.

–como assim?

–ser mais... simpática. Fazer todo mundo da escola deixar de me odiar... sabe, voltar a ser a May com quinze anos.

–e por que não volta?

–eu não sei mais fazer isso.

–eu te ajudo –ela riu

–Boa sorte. Sempre, quando estou perto, a Angel volta

–seguinte, prometa de dedo mindinho que não vai desistir e eu te ajudo

–o que? –ela riu. Apenas estiquei o dedo mindinho e ela entrelaçou. Rimos, mas em seguida ela bocejou.

–Ta na hora de dormir né? –ela riu fraco –tem um quarto de hóspedes aqui, pode ficar nele.

–tudo bem –subimos. Mostrei a ela o quarto que quase enfartou, devido ao tamanho. Apenas ri de sua reação. Quando ela se deitou, eu já estava pronto para ir ao meu quarto mas dei meia volta e dei-lhe um beijo na testa

–boa noite –ela sorriu

–boa noite.

**

Acordei.

Oito e meia.

Fui ao banheiro e lavei meu rosto.

Logo em seguida fui ao quarto de hospedes. A cama estava arrumada e não havia ninguém lá.

OOOOOOOOOOXE.

Desci as escadas e fui vendo cada cômodo, até acha-la.

Na cozinha, tomando uma xícara de algo e conversando com Dora, a governanta.

–oi –ela sorriu ao me ver –desculpa, é que eu vim ...

–imagina. Já conheceu Dora, então? –as duas riram

–sim, ela estava me contando uns negócios

–ah não Dora! Diz que você não falou de quando eu tirei a fralda em um evento e saí correndo pelado e muito menos mostrou a foto! –as duas riram, mais.

–na verdade, a Dora só tinha me falado da sua família. Mas falando nisso, cadê a foto? –aposto que fiquei vermelho

–sentem-se os dois para tomar café –Dora disse fingindo estar brava

–Não, dora, obrigada. Mas eu já vou.

–como assim já vai? Nem tomou o café.

–Meu pai deve estar surtando.

–Toma o café e aí depois você vai

–Já tomei café.

–como se um cafezinho fosse te sustentar –Disse já sentado

–Mas eu não posso...

–não vem com o papo de engordar porque você já é linda sem ser magricela e só ficaria mais gostosa. –Mark, meu mordomo passou e assoviou colocando um prato na mesa. May apenas olhou para o chão rindo fraco

–Velho, hoje to voando mesmo hein –abaixei com a cabeça na mesa

–Eu espero você tomar o café, aí nos vamos

–May, você conhece a senhora marques? –Mark disse

–Do meu bairro?

–sim

–conheço. Por que?

–encontro.

–NÃO ACREDITOOOOO! –ela colocou as mãos a boca. Dora mediu Mark de cima a baixo totalmente brava

–a velha é uma Biscate –Dora se pronunciou, may riu

–Você nem a conhece –Mark retrucou

–Ei gente, acho que ao invés de discutir, poderiam perceber que o amor de vocês está bem na frente um do outro.

–ó quem fala –Dora e Mark disseram

–Ei, parou a palhaçada. A menina acabou de chegar e vocês já tem essa intimidade?

–Eu acho que ela virá aqui mais vezes, Justin –Dora disse e piscou. May riu

–incrível era que queríamos nos matar a algumas horas atrás

–Pois é -ri

Conversa vai conversa vem, já estava parado com o carro na porta da casa dela.

–Velho, mal posso esperar para ir ao Brasil

–ah, naquela viajem da escola?

–isso. Você vai né?

–não. E como não posso pagar e vale muito na média, vou sair da escola. É. –ela riu

–por que não pede emprestado?

–ta louco? Não vou poder pagar depois

–e se falasse pro seu pai?

–não quero dor de cabeça pra ele.

–Mas May...

–nada se mas! Bom, eu vou indo... depois que eu lavar a roupa te devolvo

–Pode ficar. Aí você vai lembrar que te salvei e vai me amar pra sempre –ela riu

–ok então Justin, meu herói. Eu preciso ir mas... prometa nunca me abandonar

–Donzela, é complicado. Eu preciso salvar outras pessoas.

–o que são outras pessoas comparadas a mim? Sou só mais uma?

–você é a única. Mas entenda, que uma vez em meus braços, você nunca mais precisará de um resgate –rimos.

–wow, touché Don Juan. Tchau –ela saiu do carro, mandei beijos no ar. Enfim ela entrou em casa, então acelerei o carro.

Sorri sozinho. Simples assim. Sem motivo, acho.