Só Você escrita por ViicSalvatore


Capítulo 1
parte 1: a vitória do predador


Notas iniciais do capítulo

e lá venho eu com mais uma das minhas fanfics /o/
estava outro dia toda linda no pc de madrugada fuçando o youtube (tenho insônia nas férias, fato kkk) quando me veio uma ideia para uma nova one shot. como ficou meio grande eu a dividi em três partes, e como sou mega ansiosa vim logo postar pra vcs hahaha espero que leiam e comentem!
com carinho,
Vic



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  Depois que acordara como vampiro Stefan não demorou a perceber que a constante vertigem causada pela mistura de culpa, ódio, solidão, ira, sofrimento e sede era mais do que ele podia suportar. Estava sozinho no mundo, sua família e amigos pensavam que ele estava morto, e o caçariam como a uma assombração se ele tentasse qualquer tipo de contato. Seu irmão o odiava e o culpava pelo destino terrível dado à mulher que ambos amavam, e aquela era a verdade mais dolorosa. Katherine estava sofrendo por um erro dele. Como pudera ter sido estúpido a ponto de confiar no pai? Giuseppe sempre fora obcecado pela caça aos vampiros. Até mesmo tinham um patético conselho anti-vampiros na maldita cidade! Onde ele estava com a cabeça?
  E agora era tarde demais, eles tinham levado Katherine. Sua doce Katherine... o olhar fulminante de ódio que Damon lhe lançava diariamente não alcançava nem um terço do ódio e da repulsa que ele sentia de si mesmo. Ela estava sendo torturada? Eles a tinham matado? Ou tentado dissecá-la para entender como funcionava o organismo de um vampiro?
  Se fechasse os olhos e apurasse os ouvidos, Stefan podia ouvir os gritos agoniados retorcendo a voz macia que ainda sussurrava em sua cabeça. O desespero dela era como afiadas navalhas penetrando seu crânio.
  Era tudo culpa dele.
  Tudo perdido, tudo desmoronando. Ele não existia mais para nenhuma das pessoas que um dia tinham se importado com ele. Sua única família agora era um irmão que o odiava, preso a ele pelo simples fato de também estar sozinho, de também não saber o que fazer. Ele tinha que repetir aquilo a si próprio várias vezes ao dia, forçando-se a assimilar sua nova e amarga realidade. Damon também o abandonaria na primeira oportunidade que tivesse, ele sabia disso. Talvez o matasse. Stefan não se importava. Não via sentido naquela semivida, se arrastando pelos cantos como um parasita sem alma, apenas uma casca de infelicidade e sofrimento. Ele perdera todas as razões que o prendiam à vida terrena. Não via mais motivo para lutar, para resistir. O que ele podia fazer quando o culpado por tudo que estava passando era ele próprio? Por que seguir em frente, quando ele não tinha certeza se conseguiria?
  Seu tormento só piorava a cada novo amanhecer, o sofrimento, a culpa, o ódio, a sede.
  Ah, a sede...
  Era de longe a pior parte.
  Queimava-o por dentro, exigia atenção, fazia-o pensar em inúmeras formas de tortura a se aplicar em pessoas inocentes. Ele conseguiu resistir a ela nos primeiros dias. Por três infinitamente longos dias ele aceitou a queimação em silêncio, como penitência por tudo que tinha feito.
  Depois descobriu a ponta do iceberg, o esboço do que era o monstro que despertava dentro dele. Descobriu a satisfação e o prazer sombrios que a morte de sua presa podia trazer. Por alguns minutos, ele não era mais o menino apavorado, confuso e cheio de remorso, era apenas um caçador. Um caçador que se entregava aos instintos, que sentia apenas o medo da vítima. A adrenalina da caçada. A satisfação da conquista. Nada mais. Sem sentimentos profundos, sem dor. Sem Katherine.
  Pensar no nome dela fazia seu coração morto latejar. Por mais três semanas, Stefan repeliu o predador que lutava dentro dele por controle. Ignorava os apelos da voz melodiosa e persuasiva que mal se parecia com sua própria voz, sussurrando as vantagens de deixá-lo assumir. Abandonar-se ao egoísmo puro, não sofrer mais pelas perdas, não se importar. Apenas sua vontade e seu prazer importavam, o resto não era mais que baboseira dramática e sem sentido. Era tão tentador deixar para trás aquela enorme confusão de sentimentos e pensamentos que o machucavam. Tudo doía. Tudo o lembrava [i]dela[/i].
  Katherine Pierce era sua pedra de salvação, o único fator sólido para mantê-lo longe da loucura. Ele não queria perdê-la. Só o que tinha era a lembrança de seu cheiro, de seu gosto, da risada que era o som mais valioso do mundo para ele, da voz macia que, mesmo quando aparecia em seus sonhos como berros cheios de agonia, ao menos ainda estava lá. Ele daria a própria vida para que a voz deixasse de gritar, deixasse de sofrer. Mas não queria esquecê-la. Por mais dolorosas que fossem as lembranças, por mais fraco e emocionalmente acabado que ele estivesse, ao menos ainda tinha algo dela consigo. Ao menos podia guardar os pequenos vestígios que tinham sobrado de sua doce Katherine.
  E ele seguiu enterrando-se em seu sofrimento, ficando cada vez mais fraco e absorto na lembrança dela.
  Se tivesse continuado com sua abstinência por mais alguns poucos dias, Stefan teria morrido. Mas seu instinto de sobrevivência vampírico era forte demais. Quando ele estava perigosamente próximo do limite que seu corpo atormentado podia aguentar, o monstro dentro dele o dominou e levou-o à caça.
  Era matar ou morrer.
  Envolvido pela própria sede e fraqueza, pela necessidade gritante de se alimentar e momentaneamente longe da lembrança de sua Katherine, Stefan escolheu matar.
  E foi assim que o período mais nebuloso de sua semivida começou.
  Ele nunca esquecera o nome de sua primeira presa. Sim, presa, porque as duas outras pessoas que tinha ferido antes foram apenas vítimas inocentes para ele, a quem dera mortes rápidas e que o haviam deixado com a consciência ainda mais pesada depois. Ele lamentava sinceramente as mortes delas, e embora tivesse sentido o prazer do predador na hora da caçada, recusou-se a se entregar completamente ao instinto e apenas matou-as por necessidade.
  Angelina Reed.
  Ou Angel, como ela tinha se apresentado.
  Era o nome de quem começara sua devastação. Angel. Que ironia.
  Ela era uma bela garota, por volta dos dezoito anos, espontânea e com um lindo sorriso. Tão inocente quanto as outras duas que tinha matado antes, porém havia algo de diferente nela. Ou seria nele? Não tinha certeza, e não importava. Ela era ruiva, seus longos cachos avermelhados desciam pelas costas delicadas, olhos verdes enormes e ingênuos, sardas salpicando suas bochechas e o pequeno nariz. Uma donzela com seu conservador vestido branco e dourado que, apesar de bonito e gracioso, ocultava dos olhos do predador sua pele cor de leite. Seu decote era quadrado e um pouco abaixo da clavícula sem deixar entrever nem mesmo uma sombra do vale entre os seios, as mangas compridas lhe iam até as palmas das mãos e a barra do vestido se arrastava junto aos seus pés. A silhueta branca e dourada revelava ao menos um corpo esbelto e bem feito, embora não revelasse muito bem suas curvas.
  Fora o rosto quase angelical dela que o atraíra. O monstro dentro de Stefan clamava por tirar a inocência daqueles olhos e ele nada podia fazer para impedir estando tão fraco.
  Foi um perfeito cavalheiro com ela, encantou-a, conseguiu sua confiança e a atraiu para longe da segurança minuciosa que sua família oferecia. Levou-a para uma ruela escura e começou a beijá-la, carinhoso a princípio. Angelina ofereceu resistência, mas logo cedeu a suas investidas quase ternas. Insatisfeito o monstro nele se tornou mais exigente, chegando a ser quase violento. A menina ficou com medo, e ele usou nela seu Poder. A partir daí ela voltou a ser dócil e permissiva.
  Stefan fez com ela tudo que quis e como golpe de misericórdia finalmente a mordeu. Concentrou-se apenas no líquido delicioso e quase luxuriante que lhe descia pela garganta, ignorando os pensamentos de sua presa. As sensações que o sangue revigorante causava em seu corpo, como tomar água fresca depois de longos dias vagando pelo deserto, eram muito melhores do que ele sequer ousara imaginar. Ele pôde sentir quando o coração dela começou a bombear sangue freneticamente em uma vã tentativa de compensar o que ele sugava. Sentir a menina completamente à sua mercê, zonza e frágil, apenas tornava tudo melhor. Ele bebeu com abandono, entregando-se ao prazer do momento e desfrutando do torpor que começava a envolvê-lo.
  Logo o sangue se esgotou. Ele largou o corpo sem vida em um canto qualquer e saiu à procura da próxima vítima. Ainda estava faminto, e Angelina mostrara a ele tudo o que estava perdendo. Ele não conseguia se impedir de querer mais, por que aquilo seria errado se lhe fazia tão bem?
  Na mesma noite, Stefan atacou outras três garotas. O torpor que o envolvia era tão glorioso que o seduziu como nenhuma das palavras do monstro tinha conseguido até então. Estava determinado a se livrar dos sentimentos que quase o haviam destruído. Ele não precisava de ninguém, não se deixaria mais abater. Apenas sua sobrevivência e suas necessidades importavam. Ele deixaria o monstro assumir, se tornaria parte do predador. Entregaria-se de vez à sua nova existência amaldiçoada. Ele era parte das sombras, e em troca não precisaria mais sentir. Finalmente se livraria do que restava de sua humanidade.


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