“I’m so tired of being here.

Supressed by all my childish fears.

(…)

These wounds won’t seem to heal.

This pain is just too real”

            Tudo ficou em silêncio por um tempo, mesmo sendo curto, até que ela disse:

            -Fechado! Providenciarei um gravador de som para você colocar para funcionar assim que você for falar com o Bill. Temos um acordo, então?

            -Com certeza! Quando você me libera?

            -Assim que eu providenciar o gravador. Até lá... Você permanece onde está.

            E ela desligou, eu acho.

            A única coisa que fiz assim que ela desligou foi deitar na minha cama, se é que aquilo poderia ser considerado tal, e chorei por algum tempo. Eu estava pensando na dor que eu provavelmente implantaria em Bill, e muito mais em mim mesma. Mesmo se o que eu quero fazer em relação a esse acordo der certo, eu ainda sim vou ficar longe do meu primeiro e único amor.

            As horas se passaram e nada de Franciska. Apenas recebi uma sopa de legumes mal feita uma hora, por debaixo da porta novamente, claro. Deveria ser noite já. Eu tomei a sopa, mesmo estando sem vontade de comer, dormir, ou até mesmo viver. Até que...

            -Encontrei um gravador para você! Daqui alguns instantes levarão as suas coisas junto com o gravador.

            -Está bem.

            -Vê se cumpre a promessa... Senão eu te mato realmente dessa vez, dona Thaís!

            -Eu sei.

            Não demorou muito, e minhas coisas apareceram por debaixo da porta como se estivessem me entregando mais comida. Minhas roupas, meu celular e tinha o tal gravador. Me troquei rapidinho.

            -Sabe usar um gravador?

            -Eu não sou burra, Franciska.

            -Que bom que você ganhou alguma inteligência apesar dos anos!

            Que péssima ironia!

            -Para que você não descubra onde você se encontrava, vamos te levar de olhos vendados até o bairro onde os Kaulitz moram.

            Eu apenas dei um suspiro e confirmei com a cabeça, independente se ela conseguia me vizualizar ou não. Nada mais importava. Nada. Eu ía perder, talvez, o Bill para sempre. Não sei.

            Franciska abriu a porta. Ela não havia mudado muito depois dos anos. Estava até parecendo mais venenosa do que antes e meio descabelada talvez. E com muitas olheiras para ser sincera.

            -Vamos logo! –ela disse, olhando para mim seriamente.

            Fui até ela com as minhas coisas e ela me levou algumas escadas acimas. Até que chegou uma hora em que avistei uma porta que deveria ser a saída.

            -Vou te vendar aqui. Por precaução.

            -Eu sei, eu sei. –Eu estava me controlando um bocado para não dar vários socos nela e sair correndo dali, denunciá-la para a polícia, ou sei lá. Mas no que adiantaria? A polícia não encontraria-a a tempo!

            Virei-me de costas e ela vendou os meus olhos e me guiou me puxando pelo pulso. Enfim, ela me guiou até um carro, sentei em um dos bancos do carro e ela, eu pressuponho, começou a dirigir.

            Pareciam horas, mesmo sendo alguns minutos, até chegarmos no bairro onde os gêmeos moravam. Cehgando lá, o carro parou e ela tirou as vendas de meus olhos.

            -Agora escute aqui: Amanhã, ao meio-dia, deixe o gravador em uma das estatuetas que tem nessa praça sem que ninguém esteja por perto. Tem que ser aquela com feições femininas, a única entre as estatuetas. Entendido? Em seguida vá embora para sempre daqui!

            -Entendi.

            Saí do carro e logo em seguida o carro foi embora em alta velocidade. Olhei ao redor para me localizar. Ela me deixou logo na rua deles. Que prático. De longe, consegui ver a casa deles. Percebi ao longe que Bill estava olhando pela janela da frente. Respirei fundo para não chorar ou para não esquecer mesmo de respirar e morrer ali mesmo, e andei em direção a casa cabisbaixa.

            Cheguei perto da entrada e olhei novamente para a janela até que Bill percebesse a minha presença. Ele estava com um mix de emoções no olhar: preocupação, tristeza, raiva e pude perceber amor também. Assim que me percebeu na entrada da casa, ele sorriu e desapareceu da janela correndo. Provavelmente viria até a porta me receber.

            O que eu estava prestes a fazer? Eu estava virando uma monstra. Iria deixar ele pior do que ele estava agora pouco.

(Narração Thaís off – Bill on)

            -TOM! Ela voltou! Ela voltou!

            Eu corria desesperadamente em direção à porta. Ela estava com uma cara meio triste, provavelmente estava cansada e com saudades minhas! Mas o que importava agora? Nada, porque ela havia voltado!

            Abri a porta e corri para o portão e abri-o o mais rápido o posspivel. Assim que abri ela me abraçou fortemente.

            -Por onde você esteve? Eu estava preoc-

            -Sh. Pera. Vamos entrar... Que tenho que lhe contar algo...

            Tentei fazer um poker face mais pokerado o possível (Can’t read my, no you can’t read my Poker Face! lol ) e entramos.

            -Bill, vou começar a falar muitas coisas e não acredite em nenhuma delas, estarei gravando tudo para a nossa segurança, está bem? Assim que começar, faça as mesmas perguntas que você estava querendo me fazer lá fora.

            Eu não entendi nada, mas confirmei com a cabeça. O que ela quis dizer com isso????

            Ela tirou um gravador do bolso da calça. Desde quando ela tinha um? Isso eu não sei. Ela botou para gravar.

            -Thaís, onde você esteve? Estava preocupado! –Eu falei com a mesma tonalidade. Ela ainda não me havia respondido.

            -Cala a boca Bill, porque isso não te interessa. Está bem?

            -Mas o quê...? –Tom entrou na sala e eu rapidamente fiz sinal de silêncio pra ele.

            -O que houve com você?

            -Eu disse pra você ficar calado, não meu ouviu? Eu vou embora daqui pra sempre, fique longe de mim, ouviu? Eu percebi neses últimos dias... Nem sei quantos foram....

            -Dois.

            -Enfim... Percebi que eu não te amo mais! Eu não aguento mais você e suas gayzices! Não sei como pude me apaixonar por alguém tão patético quanto você!

            Eu sabia que ela estava atuando, tava estampado na cara dela! Mas ainda sim aquilo soou quase real pra mim então continuei do mesmo jeito.

            -Mas você se apaixonou! Não tem como voltar atrás! Não me deixe! –eu estava fingindo suplicamento, e percebi que Tom viu o gravou e percebeu a nossa atuação também.

            -Bill, não tente me deter eu não quero mais você, ouviu?

            -Se é assim, então pode indo embora agora mesmo! –ela abriu a porta pra soar o barulho da porta sendo aberta.

            -Daqui alguns instantes, quem sabe... ASSIM QUE EU PEGAR AS MINHAS COISAS SEU RETARDADO!

            -ENTÂO TIRA LOGO SUA TRALHA DAQUI SUA FILHA DA PUTA! –Tom estava se segurando para não rir da gente.

            -Olha quem está falando! –E ela estapeou ela mesma, acho que só para sair o som de tapa na minha cara, eu presumo. –Vou indo agora mesmo, depois eu volto para pegar as minhas coisas, seu filho da mãe! –ela abriu a porta e fechou-a com violência. Em seguida desligou o gravador.

            Tom não aguentou mais e começou a rir.

            -Hahaha... Pra... Pra... Hahaha... Pra que ce tá gravando uma encenação de término de namoro? Hiahiahaiahiha É a pior que eu já vi!

            -Para a Franciska.

            Assim que falei o nome eles se calaram e olharam para mim incrédulos.

            -Franciska?!?!?!

“When you cried I wiped all of your tears.

(…)

and I held your hand through all of these years,

But you still have all of me.”