Wakeru escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 20
Cap.19 - Asas de vidro retalhando os meus pulsos*


Notas iniciais do capítulo

Milhões de desculpas... sim, estou pedindo de novo!
Eu não desisti dessa fic! *só tô meio atrapalha*
Vou fazer o possível para postar o próximo nessa semana ainda!
Dedicado para a Aline-chan... que vai me matar tenho certeza!
Boa Leitura!



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“Foi antes de minha natureza severa de minhas aspirações, mais que qualquer degradação particular de minhas faltas, que fez de mim aquilo que eu era e, com uma fenda mais profunda do que aquela que a maioria dos homens, separou em mim essas regiões do bem e do mal, que dividem e compõem a natureza dual do homem.”

O Médico e o Monstro - Pág. 90/91

Tooru POV.

Despertei novamente. Eu estava deitado com o  Jun ao meu lado e nem sei como eu cheguei aqui no quarto.

-Chibi?! – chamei baixinho para não assustá-lo.

- Nii-san? – ele abriu os olhos vagarosamente  e sorriu.

- Como eu cheguei aqui?

- Você dormiu depois que o Kyo e o Kaoru brigaram.

- O Kaoru está machucado?

- Não. Ele está bem. – respondeu me olhando atentamente.

- As vezes penso em me afastar de vocês.... eu só tô trazendo problemas....

- Não nii-san...  – ele se levantou e me encarou triste.

- Jun... Vê o quanto eu prejudiquei o Kaoru... vê onde ele está se afundando por mim? Ele está protegendo um assassino...

- Nii-san... por favor... não sai daqui... – ele segurou minhas mãos.

Eu não podia simplesmente largar meu irmão ali com o Kaoru. Mas eu também não podia ficar ali deixando o Kaoru se complicar com a policia.

- Nii-san... você não é um assassino... não foi você... foi o Kyo...  – disse  ele segurando para não chorar.

- Não há muitas diferenças entre mim e ele.

- Há.. .muitas... – ouvi a voz do Kaoru entrando no quarto.

- Você não vale... – sorri, tentando amenizar a situação. – Para você eu sou perfeito.

- Claro que sim... – ele se sentou ao meu lado.

Ele tirou minha franja da frente do rosto, e me deu um beijo na testa.

- Eu tô cansado de ficar aqui dentro... posso sair um pouco?

- Você não precisa pedir para mim... você é livre.

- Claro...  – me levantei. E percebi que meus dedos estavam com as tatuagens. – Mas acho que não vai dar para sair agora... – disse mostrando minha mão para ele.

Ele estendeu a mão com um frasco com o que eu julguei ser a Wakeru. Nem havia percebido que ele estava com isso.

- Beba...  – disse.

Peguei sem nem ao menos pensar sobre o assunto. E logo virei o liquido dentro da minha boca. Realmente, parecia com um gosto mais adocicado. Não era tão ruim quanto, nas lembranças do Kyo.

Não senti nada, mas vi as tatuagens em meus braços aparecerem. Isso de certo modo me apavorou, mas no fim, só ficaram as tatuagens mesmo.

- Acho que não vão sumir... – disse o Jun segurando o meu braço.

- Eu também acho... Então vamos? Vem também Kaoru?

- Não. Vão vocês... eu preciso fazer algumas coisas antes.

Jun foi me puxando, e não demorou muito para ganharmos as ruas.

Uma sensação de liberdade tomou conta de mim, e eu pude me sentir um pouco mais feliz.

Era como se nenhum pesadelo pudesse destruir esse pequeno momento.

O Jun seguia em silencio ao meu lado.

Era como se ele quisesse guardar esse momento para si. Respeitei isso, e segui também em silencio.

Andamos por uns quarteirões, e já devia ser quase 22h, mas estávamos ali andando, como se fosse um fim de tarde.

Encontramos uma pequena praça, onde havia um simples playground.

Nos sentamos nos balanços,  e observamos o céu, que parecia mais estrelado do que o normal.

- Nii-san. Lembra quando íamos brincar no parque que tinha perto de casa?

- Lembro sim... tentávamos  ver quem ia mais alto no balanço. –ri, mas logo um lembrança ruim, me fez calar.

Não queria ter lembrado daquele homem... ele já estava morto, não devia me atormentar mais.

- Desculpa... te fiz lembrar de um momento ruim... – disse ele me encarando.

Jun sempre foi testemunha de tudo que me aconteceu, e foi em um parque onde eu e ele nos sentíamos mais livres, que aquele infeliz me arrastou pra dentro de casa e machucou pela terceira ou quarta vez.

- Se eu não quiser lembrar desses momentos, eu deveria perder a memória... são muitos momentos ruins, e eu não posso culpar ninguém quando vier um a minha mente.

- Sabe, nii-san... eu queria poder voltar no tempo... e impedir que a nossa mãe tivesse se casado com aquele imbecil.

- Eu também...

Mudamos de assunto, por que o clima ficou um tanto melancólico, como vinha sendo nos últimos dias.

Logo começamos a ver quem balançava mais, e começamos a rir um do outro.

- Eu vou mais alto que você, nii-san...! – disse ele consideravelmente mais rápido e mais alto.

- Seria por que você é mais leve e menor  que eu? – ri.

- Talvez.

Rimos.

- Agora é a hora de ver que se solta e cai mais longe... – disse, sempre voltávamos arranhados nos braços, ou com belos hematomas nos joelhos, mas no fim era sempre divertido.

Jun pulou e foi parar perto da caixa de areia, me fazendo rir muito.

Eu me soltei, e cai perto dele também... e pela primeira vez não havia me machucado.

Me levantei e percebi que tinha alguém nos olhando de longe, e eu tinha certeza, que não era o Kaoru.

- Você está mais diferente do que eu pensei.... Kyo.  – disse, e só então eu pude ver melhor que aquele era o policial que perseguia o Kyo.

- Jun corre daqui, vai avisar o Kaoru. – disse bem baixo, vendo meu irmão levantar e sair correndo.

-  Eu não ia fazer nada com o menininho... – disse se aproximando de mim, e me segurando pela gola da camiseta.

Fiquei calado, não podia me demonstrar o quanto era podia ser frágil nessa forma.

- Não vai se pronunciar... Kyo?

- Não me chama por esse nome... eu não sou o Kyo. – respondi, tentando ser agressivo, e me soltando das mãos dele.

- Até pode ter o cabelo e os olhos diferentes, mas não pode negar que você é ele. Principalmente por isso aqui. – ele puxou meu braço e apontou a estrela que eu tenho no pulso.-  Isso você fez dentro da detenção.

- Você sabe muito sobre o Kyo. – sorri, para irritá-lo.

- SEI MUITO SOBRE VOCÊ – gritou – Eu disse que estaria de olho em você... agora não tem volta, você se fudeu de vez.

Ele sempre prometeu, que se um dia capturasse novamente o Kyo, não ia deixar ele sair tão cedo.

- Você não pode me prender.... eu não me pareço nem um pouco com o que todos conhecem, e vai ser meio difícil, você convencer o delegado, ou melhor um juiz, a fazer um teste de DNA.

- Não se o efeito dessa droga que você usa passar.

Espero que a Wakeru funcione bem dessa vez...

Eu queria correr dali, mas não tinha fôlego o suficiente, eu ainda estava um pouco febril, e me sentia um pouco cansado demais para qualquer movimento brusco.

Desperdicei praticamente todas as minhas energias brincando com o Jun.

Encarei os olhos escuros dele.

E tentei ser o mais persuativo o possível, para  tentar me livrar dele.

- Me solta, por favor... – disse numa tonalidade baixa.

- Nem todo favor que existir, não vou te perder... eu tenho que te levar para ser visto por alguém.

Ele foi praticamente me arrastando, eu senti que eu realmente estava perdido, o Kaoru não poderia fazer qualquer coisa.

Sendo puxado desse jeito , me lembrei que o meu padrasto fazia sempre isso comigo.

E quase não pude controlar as lágrimas.

Ele me jogou dentro de um carro, e quando eu olhei para frente, vi que era o Toshimasa-san, o amigo do Kaoru.

- Toshimasa-san... – pronunciei, vendo que ele semi-cerrou os olhos.

- Porque eu não percebi antes? Kyo.

- Eu não sou o Kyo!

- Não tem como negar, eu vi você voltando a ser ele.

Eu não podia acreditar nisso, como eles sabiam de tanta coisa?

- Me solta... esta me machucando... – disse tentando soltar o meu braço que ainda era segurado.

- Solta ele, daqui ele não vai fugir.

- Tá. – ele soltou meu braço, que já estava avermelhado onde ele apertava.

- O que você  toma para ter essa aparência quase infantil? – disse o Toshimasa-san tirando a franja da frente dos meus olhos.

Eu não iria responder, eu não iria ferrar o Kaoru agora.

Não respondi, e senti que o Daisuke, pelo que eu lembrava era esse o nome dele., apertou meu braço novamente.

- Ai... – tentei me desvensilhar, mas foi em vão...

- Responde... antes que eu arranque seu braço e dê de presente para o seu cumplice yakuza.

- o Kaoru não é yakuza. – a frase escapou dos meus lábios, e os dois me encararam.

- Sério?! – o tom do Toshiya foi de deboche, mas eu não liguei, continuei tentando me soltar.

Senti meu coração disparando. Mas não era de medo. E eu sabia que aquilo era um sinal de que o Kyo estava voltando.

Mas ele não podia voltar.... não.... Me permiti  chorar, e ouvi o Daisuke rindo.

- Que cena comovente, um assassino chorando.

- Eu não sou um assassino! – gritei.... e foi a ultima coisa que eu disse... Kyo voltou muito mais rápido do que eu imaginei.

Daisuke POV

- Que cena comovente, um assassino chorando.

- Eu não sou um assassino! – ele gritou e quando eu percebi, já não era aquele garoto loiro de olhos claros, e sim o garoto que eu sempre perseguia, de cabelos que já não eram tão rentes assim, o rosto agressivo, e senti um murro. – Me solta! – gritou, com uma voz já tão desafiadora.

- Isso é fascinante... – disse Toshimasa rindo.

- Me solta, senão eu destruo seu carro.

- Até parece que vou deixar você sair... – disse Toshiya acelerando o carro.

Não era uma boa idéia fazer isso, estávamos indefesos, e o Kyo  era muito agressivo.

Ele começou a me empurrar, para tentar abrir a porta do  carro.

Tentei segurá-lo, mas foi impossível, ele tentou me acertar mais alguns murros.

Me defendi, mas logo  o carro parou bruscamente, surpreendendo nos dois.

Toshimasa tinha parado o carro na frente da casa, da qual acreditava ser onde o Kaoru estava.

E isso foi confirmado quando vi o garoto que estava com o Kyo.

- Chama ele. – disse Toshimasa, olhando pelo retrovisor... – Anda logo Kyo chame aquele menino.

- Não.

Toshimasa tirou  o cinto, e desceu do carro.

- Hey, garotinho, vem aqui!

O menino olhou assustado, mas logo foi empurrado para dentro por Kaoru, que apenas encarou o Toshimasa.

Toshiya POV

- Hey, garotinho, vem aqui!

O garoto olhou para mim, assustado, mas Kaoru surgiu e o empurrou ele para dentro da casa.

Ele me encarou, e eu pude notar seu olhar de fúria.

- Cadê o Tooru? – ele me perguntou.

- O Kyo está bem... – sorri, e pude ver que a fúria nos olhos dele aumentou.

- Ele não é o Kyo.

- Não tente mudar o que eu já vi. – fiz um sinal para que o Daisuke abrisse a janela do carro, e assim que ele o fez, a feição do Kaoru, pareceu de desespero.

Eu olhei para a janela, e percebi que novamente era o ‘Tooru’.

- O que você deu a ele?

- Algo que ninguém irá colocar as mãos. – respondeu.

- Até parece... Kaoru, nunca imaginei você envolvido com a máfia...

- Eu não estou envolvido com a máfia.... – respondeu.

- Não é exatamente isso que eu descobri.

- Há coisas do meu passado que eu evitei contar a você... Eu não sou de onde você cogita, eu não sou como eles.... e acho melhor você devolver minha experiência.

Semi-cerrei os olhos, experiência... era isso que o Kyo era? Uma experiência?

- Você está prejudicando uma descoberta cientifica Toshiya....

- Você está descumprindo uma lei, está usando uma cobaia humana. – me aproximei dele, e encarei.

Ele apenas sorriu.

O que raios ele tá fazendo...

Ele fez um movimento brusco do qual eu me afastei...

Ele injetou algo no braço, e eu só pude ver o Kyo/Tooru  gritou para ele não fazer aquilo.

Não entendi nada, pela primeira vez eu estava diante de uma situação que eu não sabia como agir...

Estava vendo,  mais uma pessoa mudando a aparencia....

O cabelo escuro se tornara roxo,  o olhar mais raivoso, e sim, as tatuagens desapareceram, os olhos ficaram de um vermelho quase que intenso...

E realmente a maneira que ele me encarou me assustou.

Estava ali diante de mim, mais uma coisa que só a ciência poderia explicar....

- Kaoru! Não!!!! – disse Kyo tentando em vão sair mais uma vez do carro.

- Fique quieto Tooru! – disse estupidamente se aproximando mais de mim... – E você o que vai fazer agora? – riu.

- Kaoru... você já está encrencado até o pescoço... Se fizer algo contra mim, vai piorar ainda mais a sua situação.

- Tô pouco me importando...  – ele segurou meu pescoço,mas antes que fizesse alguma coisa, senti mãos pequenas impedindo...

- Kao... não faz isso... – disse, o menininho que estava com o Kyo.

- Sai daqui, Jun, não se mete... – disse Kaoru o empurrando, mas nesse momento, eu consegui me soltar e me afastei consideravelmente.

O garoto, Jun, entrou na minha frente, como se quisesse me defender.

Mas claro que não era isso. Ele estava tentando tirar o Kaoru de uma encrenca maior...

- Senhor por favor.... solta o Tooru... e deixe-nos em paz... não faremos mal a ninguém...

- As acusações são muito graves, não posso, e nem devo deixa-las passar sem uma punição adequada. Você ficará seguro voltando para sua mãe, que também deu queixa por te levarem de casa sem a autorização dela. – disse ao me lembrar, que Jun era o irmão do Kyo.

- Eu fugi porque ela me obrigava a morar com um pedófilo! – gritou, saindo de perto de mim, e indo tentar abrir a porta do carro.

Ouvi um barulho...

E depois os gritos do menino, e um urro de raiva do Kaoru.

E o que se sucedeu depois, seria algo digno de ser ocultado de qualquer relatório

Daisuke seu imbecil!


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Notas finais do capítulo

O Porque desse titulo, estava eu ouvindo Glass Skin - versão em inglês... e lendo um poema (mais uma homenagem) que eu tinha escrito pro Kyo... então dai o nome.
kkkkkk *e sim, como o amavel Tooru disse o Yomi (Jun... ) é menor que ele, mas nem é tanto assim!
O Totchi e o Die pareceram dois vilões agora nee?
Até mais!