When Youre Gone escrita por TaTa B-P, Babi


Capítulo 33
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Não é miragem, não é sonho, nem pegadinha! Isso é um capítulo novo!
Às vezes parece que eu não vou aparecer nunca mais, mas eu ME RECUSO a abandonar essa história! Eu sei que estou parecendo o George R. R. Martin das fics no quesito demora para postar, mas eu juro que quando consigo, estou me dedicando a escrever.
Minha vida pessoal é um constante caos e se eu contasse tudo aqui, ia tomar todo o espaço, então nem entrarei em detalhes, apenas saibam que é apenas mais um obstáculo ao meu tempo livre. A faculdade também não me deu muito tempo para escrever (se formar médico é infinitamente mais difícil do que parece! ufa!) e quando chegaram as férias eu estava com tanta ideia acumulada, que eu tive de escrever muito e ainda assim tenho coisas que preciso digitar ou colocar no papel antes que eu me esqueça. Escrevi partes dessa história que ainda nem estão perto de acontecer, mas é bom, porque terei um objetivo a alcançar... tipo: eu sei aonde quero chegar. Também escrevi outras ideias que eu tive ao longo do tempo e quem sabe, quando eu terminar essa história, eu não comece meu livro original?
Enfim, eu só quero que vocês saibam que eu estarei aqui até o final e torço para que vocês tenham a paciência e a resiliência para ir comigo até o final!
Os comentários que recebi são muito valiosos, até porque me dão perpectivas diferentes sobre o que eu escrevo e até ajudam a melhorar a minha forma de escrever, minha forma de moldar personagens e construir a história. Estou aprendendo muito e tenho a todos os leitores, comentaristas e a minha querida Beta a agradecer!
Obrigado por estarem comigo até agora!

EDIT 2020: Nossa, tinha me esquecido como esse capítulo era comprido. Bem, ele é mais complexo do que minha escrita simplória denota. Espero que minhas edições tenham melhorado isso.



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Quando Edward saiu da sala de jantar, Jasper voltou a se sentar e a sala caiu em um breve momento de silêncio.

—O que eles têm a ver conosco? –Draco perguntou se referindo a Edward e Bella.

—Eles já ficaram juntos no passado. –Anne Louise disse.

—Não compreendo.

—Bella se apaixonou por Edward quando ele ainda era humano. –Jasper respondeu.

—E por que eles não se dão bem?

—Ninguém sabe direito. –Alice começou, fazendo o garoto ficar confuso.

—E não queremos nos intrometer. – acrescentou Rosalie, querendo dar fim à parte inútil da discussão.

—Aconteceu um acidente e por muitos anos ela achava que ele estava morto, mas então ele reapareceu e diz que, na verdade, ela o deixou para trás. –Emmett resumiu para facilitar a vida do humano.

E então, finalmente, Draco compreendera a reação da vampira morena.

—Ela acha que pode acontecer o mesmo agora? –Ele perguntou.

Anne Louise suspirou e assentiu. Nesse momento Bella entrou no cômodo, junto de Edward, e disse:

—Apesar de achar que sim, eu vou fazer de tudo para que não aconteça.

Anne Louise olhou surpresa para Bella e sorriu amplamente ao ver a confiança ferrenha nos olhos da amiga. Draco sorriu também, um pouco mais inseguro, mas logo o clima voltou a ficar sério, pois Carlisle disse:

—Mas temos de discutir algo sério aqui. Assim como Bella há alguns anos, Anne Louise quebrou a regra mais importante no nosso mundo. Nunca revelar o que somos a ninguém.

—Nós temos uma espécie de realeza, os Volturi. –Jasper disse. –Eles são responsáveis por manter nosso mundo em ordem e isso inclui manter nosso segredo e punir infratores.

—Portanto se eles ficarem sabendo... –Bella estremeceu. –Eles virão atrás de nós e não deixarão ninguém sair impune.

—E qual é a punição? –Draco perguntou, temendo a resposta, pois imaginava qual seria.

—A morte. Para ambos. –Rosalie respondeu por Bella.

—E para quem foi conivente, ou seja, todos nós. –A morena completou.

—Mas eu não vou contar a ninguém! Isso parece besta. Eu não revelando nada a ninguém, não há como eles ficarem sabendo.

—Não importa. São as regras. Além disso, os Volturi não dão segundas chances. –Bella cortou. –O que devemos fazer é mantê-los bem longe daqui e impedir que qualquer outro vampiro saiba que você sabe.

—É melhor nem saberem que ele existe. –Anne Louise enfatizou.

Draco olhou para ela contemplando o tamanho do risco que ela assumira ao ceder ao pedido dele no hospital alguns dias atrás. Além disso, pensou em como ela não o alertara da existência de tal risco. Até aquele momento, o único risco que parecia haver era dela querer se alimentar dele ou qualquer outra pessoa. Naquele momento, percebeu o potencial risco que seu filho estaria correndo por sua causa.

—A única solução além dessa seria a sua transformação. –Edward acrescentou, preocupado com os pontos que os pensamentos do jovem trouxe.

Bella fechou os olhos com força ante essa declaração, Draco olhou surpreso para a amada, mas a morena foi mais rápida e impediu Anne Louise de dizer qualquer coisa:

—Não será necessário chegarmos a esse extremo. A humanidade dele não precisa ser sacrificada.

—Ainda. –Rosalie disse ácida. –Esse é o preço por entrar em nosso mundo.

Bella fuzilou a loira com o olhar. Rosalie apenas jogou o cabelo para trás, ignorando a irmã. Sabia que estava certa e a prova era o ruivo telepata que considerava seu irmão. Edward concordava com a irmã, Draco deveria ser transformado. Até porque seria o modo mais seguro e completo para o casal permanecer junto. Coisa que Bella, aparentemente não pensou para eles mesmos. Seu olhar em sua direção era acusador, mas a morena não notou, ainda focada na loira. Além disso, Kevin, o filho adolescente de Draco era outro fator a ser considerado antes de uma transformação.

—Não há necessidade de nos preocuparmos com isso agora. Ninguém, além de nós, sabe sobre o relacionamento de Draco e Anne Louise e devemos nos focar em manter tudo desse modo. –Carlisle encerrou o tópico, apaziguador, e também tendo em mente que as decisões a serem tomadas futuramente eram muito mais complexas do que pareciam. Ele também pensara no filho do homem, como fizera tantas vezes que este estivera internado no hopsital sob seus cuidados, não sabendo se seria a última internação ou não.

Os presentes ficaram alguns segundos em silêncio, até Draco perguntar se havia ainda alguma regra importante que ele deveria saber, seus olhos de ébano percorrendo o seu redor, concentrado e atento. Eles negaram e o humano estava prestes a acreditar que aquela reunião estava terminada quando Bella disse:

—Eu ainda gostaria de expor algumas coisas... –Ela se voltou para Draco, que se empertigou no lugar, pronto para qualquer ataque verbal. –Eu comecei com o pé esquerdo com você e sinto muito, mas faz parte de mim esse lado impulsivo. E você, Anne, poderia ter me contado o que vinha acontecendo de algum modo, já que me conhece e sabe como reajo a surpresas.

—Eu sei disso, Bella... Mas eu achei que poderia me esquivar disso sozinha, até descobrir que estava apaixonada. É algo além do meu controle! Por favor, tente entender...

—Eu entendo e peço desculpas por agir como se mandasse em você.

—Você faria o mesmo se fosse qualquer um da família, Bella. Você é superprotetora demais. –Rosalie disse dando de ombros. “Intrometida demais”, seus pensamentos diziam o que ela considerava mais adequado, mas ela preferiu não começar mais uma briga e foi mais suave.

Bella suspirou e voltou a fitar Draco.

—Venham à minha cabana. Temos muito que conversar ainda, apesar de não haverem mais regras mortais ocultas do seu conhecimento.

—Por que não ficamos por aqui mesmo? –A ruiva sugeriu, ainda temendo algum rompante da amiga e preferindo ficar onde havia mais vampiros que pudessem restringi-la.

—Na verdade, acho que prefiro ir para casa. Foi muita informação de uma vez só para o humano aqui. Além disso, estou realmente muito cansado. –A voz, já grave, estava ainda mais devido o cansaço notável.

A expressão de Bella suavizou e modificou-se em uma de compreensão e um pequeno sorriso complacente formou-se em seus lábios. Edward conhecia bem aquela expressão. Sempre que alguma necessidade humana o assaltava e Bella notava, era assim que o olhava. A única diferença era a falta do brilho no olhar agora ausente.

—Muito bem. Foi um prazer conhecê-lo, Draco, apesar dos meus modos nada civilizados. Traga Anne Louise mais vezes para cá. Desde que te conheceu, ela abandonou as amigas. –Brincou ela.

—Claro, não é você que se afunda em trabalho. Imagina! –Anne Louise retrucou sarcasticamente. Bella apenas deu de ombros, sorrindo suavemente.

O casal rapidamente se despediu do restante dos Cullen e partiu, após combinarem a próxima visita, já que Esme reforçou o pedido de Bella por visitas mais frequentes e prometeu fazer um lanche da próxima vez.

Quando o carro não pôde mais ser ouvido pela audição sobrenatural dos oito, Bella foi a primeira a quebrar o silêncio:

—Preciso caçar. Alguém me acompanha?

Apesar de Emmett adorar caçar naquela época do ano, por conta da abundância de ursos, ele sabia, tanto quanto a esposa que, depois de passar por um evento turbulento, o humor da irmã estaria horrível, e eles não estavam dispostos a presenciar qualquer destempero sem necessidade. Alice já puxava Jasper para o quarto dos dois e Edward respondeu prontamente com uma negativa seca, já havia caçado no fim de semana anterior e não estava com sede ainda. Carlisle e Esme se entreolharam e depois se voltaram para a filha.

—Claro. Também estamos com sede. –Carlisle respondeu.

Para a surpresa geral, a caçada ocorreu sem maiores eventos. Os três caçaram em silêncio. Bella, quando terminou sua última presa, uma corça idosa que ficara para trás quando o bando pressentiu a presença dos três predadores, andou calmamente até os pais.

—Desculpe-me pelo pilar, Esme. Irei consertá-lo.

—Ah! Querida, o pilar é o que me preocupa menos.  Você não pode se descontrolar desse modo, ainda mais com essa idade. –Esme repreendeu suavemente. –Não pode deixar que suas emoções tomem conta de você toda vez que algo a aborrecer.

—Eu sei, mãe. É que foi algo que me pegou de surpresa e tocou em um ponto sensível não muito bem cicatrizado. Eu sempre fui bem controlada, exceto quando o assunto era Edward. – Ela admitiu quase a contra-gosto. –Sempre foi assim.

—Bem, tente trabalhar nisso de agora em diante, está bem? –Esme disse puxando a filha para um abraço.

Carlisle sorriu amavelmente para as duas e disse:

—Acho que já está na hora de voltarmos, temos muito que fazer e um pilar para reforçar. A casa que restaurou, amor, é muito bonita para cair sobre nossas cabeças por conta de um descuido.

As duas mulheres assentiram e então todos voltaram prontamente para casa. Depois de se vestir com o que Alice separara para aquele dia, Bella foi para com Esme na loja de material de construção que abria naquela manhã antes de seguir para seu plantão no hospital. Já Carlisle foi para o hospital ao mesmo tempo em que os outros filhos iam para a escola.

No final da tarde, Bella retornou exausta para casa. Sendo o hospital em que trabalhava referência na região, todos os setores faziam muitos atendimentos, inclusive o dela. Eram raros os dias mais tranquilos. Estar exausta era uma sensação estranha. Até porque ela não estava fisicamente exausta. Isso era quase impossível de acontecer. Mas ela se sentia mentalmente esgotada. A sensação lhe trazia um deja vu de muitos séculos atrás. Será que aquilo era a sensação de ter sono? Não. Sono era outra atividade impossível para ela. Mesmo assim, naquele momento, era só o que ela queria poder fazer.

Nenhum evento fora do habitual naquele dia. Ou nos dias subsequentes. Até que Bella chegou de um plantão jogando a chave de qualquer forma no suporte, expressão fechada. Ela cruzou a sala, murmurando um cumprimento antes de seguir direto para os fundos e, em seguida para a cabana. Jasper já estava acostumado com as alterações de humor da irmã então só acompanhou-a com os olhos, levemente preocupado. Rosalie, que também estava na sala, só ignorou e continuou a ler o novo livro de mecânica, ao mesmo tempo em que folheava um catálogo de peças, pensando nas próximas alterações que faria nos carros.

—Chega, Alice! Pelo amor! –Eles ouviram a voz de Edward enquanto ele e a irmã caminhavam pelo corredor até as escadas.

—Mas Edward... –Ela prolongou o “a” e continuou seu pedido pelos pensamentos.

Jasper podia sentir a exasperação do ruivo descendo as escadas com ele. Revirando os olhos ele inquiriu a esposa qual a razão da discussão. Alice tentava propor a Edward que ele e o humano, Draco, saíssem para se conhecerem melhor e “trocar ideias”.

—Eu não vou ser babá do humano.

—Você prometeu ajudar! E Anne Louise precisa conversar direito com a Bella.

A discussão rapidamente deixou de interessar ao loiro, que voltou a pesquisar no notebook detalhes de sua viagem com Alice.

—Bella não vai querer conversar hoje. –Carlisle se intrometeu ao entrar pela porta da frente. –Ela perdeu o primeiro paciente no fim do plantão dela. Ela me ligou. –Ao ver Jasper se levantar, ele disse. –Acho melhor deixá-la sozinha.

Edward revirou os olhos, mas disse para a irmã firmemente:

—Viu?! Nem vai dar para sair hoje. E você sabia disso.

—Anne Louise é a pessoa certa para distrair Bella do que aconteceu hoje. Vamos Edward, você sabe que eu vou conseguir o que eu quero. Melhor desistir agora do que gastar mais saliva.

—Jesus Cristo! Vocês estão me cansando. Vai logo, Edward. –Rosalie disse sem nem erguer a voz.

Edward só suspirou e voltou a subir as escadas.

—Já estou ligando para ele! –Alice exclamou com o celular na mão.

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—Bella, querida? –A voz suave de Carlisle atravessou a porta cerrada e atingiu os ouvidos da morena que estava de ponta cabeça no sofá.

Seus pés balançavam acima do encosto e sua cabeça pendia, seu olhar para o tapete da sala, sem realmente ver. Para quem olhasse de fora, parecia uma adolescente entediada.

—Bella, minha filha. –Dessa vez houve uma leve batida na porta.

—Entre. –Foi o murmúrio que ele ouviu do lado de fora.

Ele abriu suavemente a porta da frente da cabana, entrou, fechou-a atrás de si tão silenciosamente quanto a abriu, e se sentou ao lado da filha. Ela não se moveu, seu olhar ainda fixo. Carlisle, em um movimento muito humano, suspirou e recostou no sofá.

—Sabe, um dos fardos em ter nossos sentidos mais aguçados, nossa mente ampla e repleta de percepções mais precisas do que muitos exames, é estar limitado. Nós temos possibilidades infinitas dentro de nós, mas não sabemos tudo sobre as doenças e se soubermos um pouco mais, temos de guardar para não chamar atenção dos humanos. Meu primeiro paciente morreu de uma doença completamente tratável e curável hoje em dia.

—De quê?- Seu tom tinha uma leve curiosidade. Seu pai acertara em cheio sua frustração: tanto potencial em sua natureza desperdiçado pela falta de conhecimento.

—Tuberculose. Mas o pior sempre são aquelas que você nota, mas não pode fazer nada. Como explicar para um humano o diagnóstico precoce de uma leucemia, porque o cheiro do meu paciente está diferente e característico? Isso para citar apenas um exemplo. Tantas doenças que poderiam ser diagnosticadas de maneira mais precoce, mas os humanos não têm os meios para isso sem a sintomatologia que eles percebem.

—Não quero que isso ocorra comigo. Deixar meu paciente morrer, porque eu não sabia como tratar, é ruim o suficiente.

—Infelizmente são realidades que temos de aprender a lidar. Não há escolha.

—De que adianta ter tanto potencial para ajudar se não podemos usá-lo?

—Não podemos? Coisas explicáveis que percebemos antes dos outros é uma das melhores vantagens que temos para salvar vidas. Apesar de ter muita coisa que não sabemos, ou que não podemos dizer, também existem diversas doenças que dão sinais precoces que raros humanos diagnosticam, mas nós, com nossos sentidos, podemos diagnosticar com muito mais frequência e certeza.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, Bella absorvendo o discurso de Carlisle, quando este acrescentou:

—Além do mais, creio que não escolhemos medicina apenas para fazer uso de nossas habilidades extras, mas sim para ajudarmos como pudermos.

—Eu sei, mas não deixa de ser frustrante.

Silêncio. Com o tom desolado que tomara conta do tom de voz da filha, Carlisle puxou-a delicadamente para seu colo e ficou fazendo cafuné. Bella então escondeu o rosto na barriga do pai e seus ombros passaram a se mover com os soluços que passaram a sair de seu peito, manifestando sua forma de choro. Aos poucos, ela foi se aquietando e, se sentido confortada, agradeceu Carlisle e o abraçou.

Novas batidas na porta chamaram a atenção dos dois e Bella foi abrir e receber quem chegara. Anne Louise estava vestida com roupas elegantes e despojadas, sorrindo. Sua cabeleira ruiva domada em um rabo de cavalo baixo.

—Olá, Bella! Achei que hoje seria um ótimo dia para conhecermos a biblioteca estadual de Washington. O que acha?

Carlisle se aproximou colocando-se ao lado da filha e disse:

—Boa noite, Anne. Acho uma ótima ideia.

—Você viu que horas são? –O tom da morena era quase cômico.

—Alice me disse que arranjou uns ingressos muito legais para a ópera hoje. Dá pra passar a noite lá e amanhã ver a biblioteca.

—Ahn... Sendo assim... –Bella deu de ombros concordando.

Carlisle aproveitou para voltar para casa. Bella estava em boas mãos.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Edward estacionou em frente à casa de Draco e ouviu a voz grave soar de dentro das paredes:

—Tem certeza que não precisa de nada? Vou sair só por algumas horas.

—Não, pai, pode deixar que peço pizza. Acho que Cameron virá aqui jogar video game comigo. –Edward ouviu a culpa que tomou os pensamentos de Draco ao lembrar qu não jogava atempos com o filho. A voz do filho o trouxe de volta ao que ocorria. –Não vai sair sozinho, né pai? –A voz do menino transbordava preocupação, enternecendo tanto o pai quanto o telepata, que via tudo da mente de Draco, como um invasor.

—Fique tranquilo, estou saindo com um amigo de Anne Louise.

—Ok. Divirta-se!

—Você também, filho!

Com isso, Edward viu a porta da frente se abrir e o vulto escuro do homem sair. Vestia calça jeans e moletom, fazendo-o parecer mais jovem, ainda mais sendo tão alto e desproporcionalmente magro, como um adolescente no estirão. O nervosismo era notável nos ombros tensos do humano. O telepata, lendo o nervosismo e a hesitação nos pensamentos do rapaz se modificando para indecisão, abaixou o vidro e exclamou:

—Prometo que eu não mordo!

—Muito engraçado. –Ele resmungou antes de abrir a porta e entrar no carro. –Não era isso que eu estava pensando. –Protestou finalmente.

—Anne Louise andou falando demais sobre mim.

O tom dele foi brincalhão, mas, mesmo assim, Draco sentiu o rubor subir às bochechas.

—A culpa é da minha curiosidade.

—Ah é?

—Acabei de descobrir uma espécie nova. Óbvio que fiquei curioso.

—Assim fico me sentindo um bicho. –Edward brincou.

—Todos nós somos animais. –Draco disse, simplesmente.

Eles ficaram em silêncio por mais um tempo até Edward dizer:

—Você imagina que, além de conhecê-lo melhor, eu estou aqui para esclarecer algumas coisas da encrenca na qual se meteu não é?

—Imaginei. Faz menos de uma quinzena que Anne nos apresentou e fui apenas brevemente informado da minha situação.

A construção formal do jovem teria surpreendido Edward, se ele não soubesse, pelos pensamentos do rapaz, que essa era sua forma natural de comunicação. Incomum para a idade naquela época. Edward atribuiu aquela maturidade ao fato de ter sido pai mais cedo e ter de se comportar como se tivesse cinquenta anos, apesar de ter apenas 34. Não estava de todo errado.

—Você tem alguma dúvida que queira esclarecer? Mais fácil do que eu ir desembuchando tudo o que existe por aí.

O primeiro pensamento de Draco foi questionar sobre a história dele com a amiga de Anne, Bella, mas a expressão do rosto do vampiro com a ideia fez com que ele fosse para perguntas menos polêmicas.

—Quantos de vocês estão por aí?

—Depende. Vegetarianos ou tradicionais?

—Ahn?

—Caçadores de animais ou de humanos?

—Os dois.

—Mais tradicionais. Além de nós, só conheço mais um clã em Denali, no Alasca. Mesmo assim, não somos tantos assim. Pense, somos os predadores. Em uma savana africana, quantos leões há para quantos bisões? Quase não dá para comparar. A diferença é que humanos são presas mais fáceis.

—Hm... E por que vocês decidiram viver só de animais?

—Cada um tem sua razão.

—Qual a sua? –Draco perguntou antes que Edward pudesse citar a dos outros.

Antes que ele pudesse responder, porém, estacionou o carro. Eles haviam chego aonde Edward pretendia levar Draco para conversar livremente. As docas em Port Angeles eram relativamente vazias no fim de tarde, ainda mais quando já escurecia daquela forma. Normalmente Draco ficaria preocupado em andar àquelas horas num lugar daqueles, mas como a criatura mais perigosa fosse provavelmente o vampiro que caminharia ao seu lado, não havia o que temer.

—A princípio por uma pessoa, mas depois eu percebi que, na verdade, eu deveria fazer isso por mim. Pelo humano que já fui. Todos os vampiros foram humanos um dia. Eu só queria manter minha humanidade. –Ele disse antes de saírem do carro.

Quando estavam descendo as escadas que dava nas docas em si, ele continuou:

—No fundo, eu acho que todos os que seguem essa dieta tem essa vontade.

Draco absorveu rapidamente a resposta e logo continuou:

—Como é ler a mente das pessoas? Como funciona esse negócio de habilidades extras que alguns de vocês têm?

—É um inferno na maior parte do tempo. Eu invado a privacidade alheia, escuto o que não quero, fico com um barulho incessante dentro da minha cabeça. Mas ás vezes é útil. Ajuda a me proteger em situações complicadas para mim ou para minha família.

—Como você não enlouquece com tanta gente falando ao mesmo tempo aí dentro?

—Não sei. Acho que minha sorte foi que meu dom foi se ampliando com o tempo. Logo depois que fui transformado, eu só ouvia os pensamentos muito próximos. E como eu já me mantinha longe de pessoas para não matá-las sem querer, não foi tão sobrecarregador no início, quando tudo é mais difícil.

—Imagino que seja. –Ele murmurou, tentando ser compreensivo.

—Não. Você não sabe. –Foi a resposta ríspida e amarga de Edward.

Instalou-se um silêncio constrangedor e o telepata se sentiu mal. O homem ao seu lado não tinha culpa de sua ignorância. Ele respirou fundo para se acalmar, ainda se surpreendendo com o cheiro esquisito, mais fraco, do humano ao seu lado, e disse:

—Você também perguntou sobre como funciona com os outros. Eu, Carlisle e Eleazar discutimos sobre isso certa vez. Nossa teoria é que, enquanto humanos, temos habilidades ou características mais marcantes e então, quando transformados, junto com todo o resto, essa característica ou habilidade é acentuada também. –Edward leu a dúvida nos pensamentos de Draco e continuou. –Eu tinha essa habilidade de saber a intenção das pessoas pela expressão delas ou algo não verbal... Não sei dizer exatamente... Com o tempo as memórias vão se esvaindo... –Ele ficou com um tom pensativo e distante, mas logo retomou a linha de raciocínio. –Carlisle sempre foi compassivo e trouxe essa compaixão para essa vida e ele usa para cuidar das pessoas... Rosalie aparentemente sempre foi muito obstinada e tenaz. Dá para ver que continua até hoje. Esme tem essa capacidade de amar incondicionalmente, Emmett... Bem, basta olhar para ele. Na verdade, não conheci nenhum deles enquanto humanos, mas essa foi a conclusão lógica que nós três chegamos.

Draco soltou um som de compreensão com a garganta. “Qual seria minha característica mais marcante?” Se perguntou ele.

—O que você gosta de fazer no seu tempo livre? –Perguntou, mudando de assunto.

—Tocar piano, ler, aprender alguma língua nova. –O telepata respondeu. –E você?

—Ler e ver filmes. Que tipo de música você toca?

—Os clássicos e algumas composições minhas. Você gosta de música?

— Sou indiferente à música. Não me incomoda, mas também não fico de fones de ouvido por aí.

—Hm. E você lê o quê?

—O que eu encontrar e me intrigar. Li muitos clássicos. É... Eu tenho uma preferência por ficção. Li pouquíssimas biografias e nada de jornalismo, filosofia, esses textos não ficção. –Edward viu os títulos passando rapidamente pela mente dele.

—Minhas leituras são mais amplas, mas também tive mais tempo livre. Não tenho preferência. Com o tempo, o tédio é tanto que qualquer informação nova é bem vinda.

—Não consigo imaginar como ter todo tempo do mundo possa ser entediante.

—Muito fácil. Você deve ter uma ideia do que gostaria de fazer se tivesse a eternidade. Pense que você vai esgotar todas essas coisas e ainda vai ter mais uma eternidade sobrando.

—Mas quanto mais coisas eu faço, mais coisas novas eu vou descobrir e mais coisas vou querer conhecer mais a fundo, não é?

—Isso é um idealismo. Uma hora tudo se esgota. Inclusive sua vontade de fazer coisas.

Draco não disse mais nada, apesar de seus pensamentos ainda discordarem do telepata. Sensatamente, Edward não quis prolongar a discussão, especialmente se sua comoanhia escolheu não verbalizar seus pensamentos.

—Como é fazer o ensino médio repetidamente? Acho engraçado como, apesar de ter a aparência de um adolescente, visivelmente você não é um.

—Perceptivo, você. –Edward aquiesceu. Não fui transformado tão jovem também. Tinha 18 anos, creio. Quanto ao ensino médio: Um tédio. Tem certas coisas em que sabemos bem mais do que os professores. E os outros alunos... Argh! Eu consigo entender porque Isabella quis fazer faculdade e trabalhar.

—Então por que vocês ainda vão para a escola?

—Muitas razões. É mais fácil manter as aparências para os humanos. E quanto mais jovens fingimos ser, mais tempo podemos ficar no mesmo lugar. Sem contar que: muitos de nós parecemos muito jovens para trabalhar, ou muito velhos para começar antes na escola. Então o ensino médio e faculdade é o que conseguimos fazer.

—Então porque ela resolveu trabalhar?

—Ela sabe se fazer parecer mais madura quando quer, então ela consegue se manter trabalhando por um tempo razoável no mesmo lugar. O ensino médio é insuportável para ela. Eu não sei a razão, só imagino, pelo ambiente. Jasper deve saber, com certeza. Ou você pergunta para ela.

—Talvez eu pergunte...

Eles estavam caminhando por pouco tempo, mas Draco já começava a sentir o cansaço tomando conta.

—Ahn... Você se importa se voltarmos para o carro? –Ele perguntou, hesitante.

—Claro. –Edward respondeu distraído. Parecia estar ouvindo algo ao longe. –Na verdade, é a melhor ideia. Tem um assaltante atrás daquela casinha. –Ele apontou para a pequena construção há uns 150 metros a frente deles.

Estava escuro, já, e apenas a iluminação elétrica fornecia luz, então além de não haver muito movimento ali, não era surpresa para Draco, haver alguém querendo se aproveitar de um passante desprevenido.

—Não há necessidade de correr, eu espero. –Ele disse, temeroso. Se tivesse de correr o caminho de volta, passaria mal, com certeza.

—Não. Podemos voltar com calma, ele não decidiu vir atrás de nós.

—Você é bem útil de ter por perto, não é? –Ele fez piada, aliviado.

Edward apenas sorriu. O resto da caminhada foi em silêncio, mas chegando no carro, ele perguntou:

—Como você reagiu quando ficou sabendo sobre nós? –A palavra vampiro parecia ser um tabu ao ser pronunciado fora de sua própria residência.

—Ah... –Ele deu de ombros. –Eu já desconfiava que Anne fosse diferente. Depois eu percebi que Alice tinha algumas coisas em comum com Anne. Eu não desconfiava de Alice, no início, nem de nenhum de vocês até ver Anne se juntando a vocês na saída da escola quando fui buscar Kevin um dia desses. Enfim... Quando ela me contou, não foi difícil acreditar. Todos vocês são tão diferentes, não sei como ninguém mais fica desconfiado.

—O humano normal só sabe instintivamente. Em algum lugar eles sabem que somos perigosos, então mantém sua distância. Evita muito contato ou prestar muita atenção em nós. De vez em quando surge um ou outro que enxerga um pouco mais conscientemente. Eu costumo detectar isso e, então, nós vamos embora sem dar a chance da dúvida virar suspeita e depois descoberta. Anne Louise estava tão fixada em você que me vi forçado a não interferir, apesar de a minha família estar diretamente envolvida. Mas eu não perguntei como você descobriu. Quero saber como você reagiu.

—Eu só... Aceitei. Eu não sei! –Deu de ombros novamente. -Não consigo colocar esse detalhe em um ponto mais importante do que os sentimentos que tenho pela Anne.

—Um detalhe? O que somos não é um mero detalhe! Você não sentiu medo?

—Não. Eu não me importo, Edward. Você sentiu medo?

—O quê?! –Ele olhou para o loiro surpreso.

—Você era humano quando conheceu Isabella, não era?

Edward, então, paralisou por um breve instante. Parecia que ele havia se esquecido de como havia sido para ele, mas então as memórias, humanas e borradas, voltaram para sua mente de uma vez.

FLASHBACK ON

Ele se deitou sentindo-se exausto, exaurido. Aquele dia havia sido turbulento, para dizer o mínimo. Edward tinha muito que absorver.

A orquestra de Chicago havia aceitado recebê-lo para uma audiência e isso era o menor dos eventos.

Sua vida, seu mundo e tudo no que ele acreditava haviam sido virados de cabeça para baixo naquele dia depois do ataque. Isabella Marie de Chevalier, Bella, era uma vampira. Um monstro sedento de sangue.

Ele hesitou. “Um monstro?!” pensou ele, descrente. Não! Para ele, Bella não poderia ser um monstro. Mas ele vira a força, a violência... Bella lutou contra dois outros de olhos vermelhos como se não fosse nada! E um deles quase o matara pelo seu sangue. Ela lutara por ele, para salvá-lo. Sem contar tudo o que ela fizera por ele até ali. Não, Bella podia fazer parte do mundo dos monstros, porém não era um deles.

Havia ainda muitas dúvidas e a ameaça que ela fizera caso ele contasse para alguém mantiveram sua hesitação. Será que seria tão simples, tão fácil, para ela se livrar dele? Será que tudo antes não passara de uma mentira e ele não passava de um passatempo? Também não. Edward podia ver nos olhos dela a genuinidade de todos os gestos, todas as risadas, todas as discussões acaloradas que tiveram até ali. Talvez só ele a amasse, mas ela o via como um bom amigo e isso ele sabia que era genuíno.

Por um momento sentiu-se culpado por ter duvidado dela, mas ela havia escondido algo muito sério dele. E ele entendia a razão. Qualquer ser humano racional ia ficar aterrorizado. Ele ficara aterrorizado durante aquela tarde. Só que quanto mais ele pensava, mais ele percebia que não importava. Obviamente ele estava curioso e com receios, mas ele não a temia e seus sentimentos não mudaram. Bella ainda era a mesma para ele, só que com mais mistérios do que ele imaginava.

Suspirando, ele virou na cama. Amanhã seria um dia complicado, mas o ruivo estava esperançoso. Talvez com aquela barreira a menos entre eles, tudo ficaria menos complexo.

Mal sabia ele que estava certo... E errado.

FLASHBACK OFF

—Eu não tive medo dela. –Respondeu ele por fim. –Mas eu descobri em um contexto diferente do seu.

—Como? –Draco perguntou curioso.

—Não quero falar sobre isso.

—Certo...

Edward dirigiu sem um rumo definido por um tempo, dando tempo para Draco pensar. Eventualmente, ele percebeu os pensamentos do rapaz se tornarem lentos, nubilosos, desfocados. Ele olhou para o lado e viu os olhos se fechando. O humano estava com sono. Para o telepata, foi fácil esquecer essa necessidade humana que era dormir, então nem pensara que ele estaria cansado o suficiente para dormir. Rapidamente traçou e iniciou o rumo para casa.

No caminho, ele aproveitou para refletir no que aquela conversa rendera para si. Foi interessante ver o ponto de vista do garoto das coisas e ele ficou surpreso ao perceber que, apesar da grande diferença de idade entre eles, o telepata se identificou muito com o humano. Alice tinha razão, assim como a sua intuição inicial, de que ele poderia ajudar, que a situação de Draco não era tão diferente da sua, há quase dois séculos antes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e comentem! Até o próximo capítulo!
Beijos



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