When Youre Gone escrita por TaTa B-P, Babi


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Com uma folga nos estudos para medicina, estou de volta! Espero que gostem do capítulo!



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“Às vezes o sonho nos dá o que a realidade nos nega.” Anônimo.

Esme balançou o saquinho vermelho e antes mesmo de ler os nomes, Alice saltou do sofá e disse:

–É o meu para a Bella!

Esme se sentou enquanto Alice saltitava até os poucos pacotes que restavam ao pé da árvore. Em seguida, ela saltitou até a irmã estendendo o embrulho azul. Bella abriu o presente sem rasgá-lo, levando mais tempo e deixando a cunhada impaciente. Quando finalmente o presente foi aberto, a baixinha perguntou:

–E então?

O presente era um porta-retratos de ébano onde Alice colocara uma foto da família inteira, tirada no Alasca durante o casamento de Kate e Garrett. Bella olhou para o presente sorrindo e disse com a voz emocionada:

–Obrigada, Alice! Eu adorei.

–Que bom! – Ela exclamou dando pulinhos entusiasmados. -Na verdade, agora só faltam você e Edward trocarem os presentes. -Ela acrescentou.

–Certo. – Bella suspirou se virando para o telepata.

Edward se levantou com sua típica carranca e foi até a mesa pegar o pequeno embrulho com o cordial cartão igual ao de todos os outros anos. Ele o estendeu para a vampira que agradeceu em um murmúrio. Bella suspirou tomando coragem. Não havia mais volta e lhe bastava entregar o presente e torcer pela melhor reação.

Cuidadosamente, ela se aproximou de Edward que a encarava desconfiado. Ela pegou a mão dele fazendo com que uma corrente passasse entre ambos e ele quase retirou sua mão, mas apenas não o fez para não ser indelicado. Bella conduziu-o até a "mesa" onde todos os presentes estavam quase uma hora antes. Ele olhou confuso para a mesa e ouviu a vampira sussurrar ao seu lado:

–Eu o encontrei por um acaso em Port Angeles. A verdade é que ele sempre pertenceu a você e eu só estou devolvendo... Mas mesmo assim... Espero que não fique chateado.

Ela se afastou e Edward se aproximou ainda mais da mesa. Ele esticou o braço e retirou a toalha vermelha. O piano de 1859 em madeira marrom saltou-lhe aos olhos e o vampiro ficou sem reação. Bella olhava para ele, impassível aguardando sua reação, enquanto Jasper inclinou-se nervoso, pronto para retaliar qualquer reprimenda; Alice sorria em expectativa; Anne Louise admirava a obra de arte que era aquele instrumento e o restante da família arfava em surpresa com o presente.

–Ele é lindo! – Esme exclamou.

Edward estava em choque. O fluxo de memórias foi inevitável.

FLASHBACK ON

Edward era levemente empurrado por Isabella para fora da biblioteca e quando fechou a porta, ela disse:

–Vamos ao próximo quarto! – Ela caminhou entusiasmada pelo corredor com Edward acompanhando-a curioso.

Eles pararam em frente a uma porta de madeira escura. Bella retirou a chave de algum bolso e destrancou a porta.

–Faz dois anos que não entro nessa sala... Ontem eu passei a noite limpando-a para você. Acho que aqui você se sentirá mais à vontade, mas se você não gostar, eu posso...

–Bella. – Edward interrompeu-a, sorrindo. -Você está tagarelando.

–Ah! – Ela exclamou envergonhada. – Desculpe.

Edward riu e disse:

–O que você ia me mostrar mesmo?

Bella abriu a porta e entrou dando passagem para o humano. A sala era pintada em um tom creme bem claro e vários quadros ocupavam as paredes mostrando antigas épocas e identidades que Bella já assumira além de um canto com suportes para vários instrumentos, mas não foi isso que prendeu a atenção de Edward e sim o piando de cauda marrom claro situado no meio da sala. Ele era ricamente trabalhado em entalhes minuciosos e estava perfeitamente lustrado.

–Está afinado e é todo seu. – Bella disse, sorrindo.

FLASHBACK OFF

A mesma surpresa e fascinação que Edward sentiu ao ver o instrumento na primeira vez, sentiu naquele momento. Momento esse em que ele esqueceu seu rancor e seu ódio e não procurou pretextos para o presente. Ele se virou para Isabella e sorriu-lhe levemente.

–Obrigado.

–N... Não foi nada! – Bella gaguejou, surpresa.

Jasper, Anne Louise e Rosalie estavam estupefatos, já que ninguém esperava reação semelhante, mas todos eles permaneceram em segundo plano quando Alice desandou a tagarelar:

–Quando o caminhão chegou eu fiquei pensando onde deixar sem que ninguém soubesse! Você nem notou! – Ela bateu palminhas. -Gostou da surpresa? Eu planejava deixar no lugar do outro piano que levamos para a cabana, mas se você quiser...

–Está tudo bem, Alice. Depois pensamos nisso. – Carlisle disse refreando a energia da filha.

–Eu adorei a surpresa. – Edward disse se voltando tanto para Alice quanto para Bella. – Obrigado. – Agradeceu mais uma vez.

Apesar do tom formal e distante, Bella sentiu que poderia corar e abriu um largo sorriso, como há muito não fazia.

–Fico feliz que tenha gostado. – Sua voz doce e suave transbordava alegria e contentamento. – Está afinado e é todo seu. – Repetiu a fala de um século atrás.

Jasper sorriu ao sentir o quanto aquelas poucas palavras reviveram-na. Ele percebeu que, naquele Natal, eles teriam uma trégua e isso pareceu tirar uma tonelada da tensão constante na casa.

–Toque alguma coisa, querido! – Esme pediu com os olhos brilhando.

–É, mano! – Emmett endossou a ideia.

Então algo ainda mais surpreendente aconteceu: Edward voltou a olhar para Bella e perguntou ainda formalmente:

–Acompanhar-me-ia?

Bella se sentia num sonho. Ela sabia que tudo permanecia o mesmo entre eles pelo olhar frio e a voz distante, mas a atenção que recebia de maneira tão delicada fazia com que desejasse que aquele sonho no meio da triste realidade nunca acabasse. Todos na sala olhavam-na em expectativa e, por fim, ela respondeu com uma leve reverência:

–Eu adoraria. O que sugere que toquemos?

–O que acha de Bolero de Ravel?

–Para mim é perfeito. Deseja que eu toque violino ou flauta?

–Não possui mais seu violoncelo? – Edward pareceu genuinamente surpreso.

Bella balançou a cabeça:

–Não.

–Eu vou pegar o violino. – Jasper disse subindo as escadas até seu quarto.

–Então será violino. – Edward concluiu.

Alice mal cabia em si de entusiasmo com a cena que se desenrolava, assim como Esme; Anne Louise achava que estava sonhando assim como Rosalie e Emmett que não acreditavam que Edward voltaria a fazer algo de bom grado junto à Bella; Jasper colaborava, pois sabia que Edward fazia aquilo apenas pela família que não suportava a animosidade crescente entre o antigo casal. Ao voltar para a sala, ele entregou o Stradivarius para a irmã que agradeceu sorrindo radiante. Por último, ele sorriu de volta e se sentou, puxando a esposa para seu colo.

–Pronta? – Edward perguntou quando

Bella se colocou ao lado do piano com o violino apoiado no ombro.

–Sim.

O telepata se sentou na banqueta e abriu o piano. Após dedilhar as notas e testar a afinação, ele contou até quatro e eles começaram.

Primeiramente Edward fez apenas o acompanhamento nas notas mais graves enquanto Bella tocava a melodia principal, mas depois, quando chegaram ao auge da música, os sons do piano e do violino se misturaram na complexa formação de notas que formava aquela obra de arte. Ambos estavam imersos na música e a sincronia causou admiração na família. "É como se fossem um só." Carlisle observou admirado.

A música foi chegando ao seu fim e com ela foi-se também aquela aparente magia. Bella abaixou o violino e Edward tirou as mãos do piano. A família explodiu em aplausos e, como se estivessem em um concerto, Edward se ergueu e, junto de Isabella, se curvaram em agradecimento.

Depois disso a conversa tomou rumos mais amenos até o amanhecer quando cada um se retirou. Bella subiu sorridente para seu quarto na mansão e pegou lápis de cor, aquarela e grafite, além de papel cartão para poder desenhar o seu momento mais feliz daquela década.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

O ano novo se aproximava e com ele as visitas aos Cullen. Peter e Charlotte e os Denali foram os clãs que permaneceram para passar o ano novo ali. Bella dedilhava algo calmamente no piano preto em sua cabana, quando ouviu baterem na porta da frente. Ela parou de tocar e foi atender a porta. Carlisle, Jasper, Edward (emburrado), Eleazar, Kate e Tanya (que não desgrudava de Edward) aguardavam do lado de fora.

–Wow! É uma festa e não me avisaram? – Ela perguntou sarcástica e recebeu um olhar de reprimenda de Carlisle. – Desculpe-me, pai. – Ela suspirou. – Sentem-se.

–Bella, você já imagina o porquê de estarmos aqui. – Eleazar disse.

–Na verdade sim.

–Pois bem. Devo dizer que desde a primeira vez notei algo de diferente em você, mas podia jurar que você tinha consciência disso e, portanto, não comentei nada na ocasião. Você me bloqueia do mesmo modo que parece bloquear Edward. E por isso trouxe Kate. Espero que não se incomode se ela testar se o dom dela funciona em você.

–Hum... Creio que não há problema. – Bella murmurou um tanto temerosa.

O dom de Kate era a corrente elétrica que irradiava por sua pele atingindo e inativando momentaneamente o inimigo. Bella pensava que, se seu dom fosse uma barreira mental, como era especulado, o dom da loira não a afetaria.

Kate se aproximou e esticou a mão dizendo:

–Está pronta?

Bella respirou fundo e esticou o braço, colocando sua mão sobre a dela. A sala ficou em silêncio esperando alguma coisa, mas a única alteração foi o franzir de cenho de Kate. Em seguida, ela soltou a mão e disse:

–Ela não sentiu absolutamente nada.

–Interessante. – Eleazar e Carlisle murmuraram ao mesmo tempo.

–O quê? – Bella perguntou.

Edward, que estava curiosamente interessado no resultado de tudo aquilo, leu uma ideia experimental de Eleazar e se sentiu curiosamente incomodado com ela, apesar de achar que não deveria se importar. O vampiro moreno gostaria de golpear Bella para ter certeza que o dom não era físico também, já que o resultado da tentativa de Kate ampliou as chances.

–Bella, gostaria de saber se aceitaria fazer mais um teste.

–Que tipo de teste, Eleazar? – Jasper perguntou por ela, demonstrando sua preocupação e ansiedade.

–Um teste físico, tendo em vista que seu sistema nervoso como um todo parece estar protegido.

–Pretende me golpear? Então é melhor sairmos. – Bella estava se divertindo, o que parecia surpreendente. – Não quero destruir a sala.

O grupo saiu e Bella se posicionou no meio da clareira atrás de sua cabana rodeada por floresta.

–Pronta? – Eleazar perguntou.

–Venha com força total. – A vampira fez troça.

Um instante depois Eleazar avançou e desferiu um poderoso soco e a morena foi arremessada diretamente para trás. Duas árvores foram para o chão com o impacto. Jasper correu em direção à floresta para socorrer a irmã fazendo Edward revirar os olhos.

–Eu não sou de papel, Jasper! Tire as mãos daí!

O grupo ouviu Bella resmungar e desataram a rir. Bella reapareceu emburrada e Jasper constrangido, o que fez Edward, Tanya e Carlisle gargalharem ainda mais alto. Quando o silêncio voltou a imperar, Kate disse:

–Então o dom dela é mental, mas não puramente mental.

–Provavelmente protege o sistema nervoso dela, já que ela não sentiu suas descargas elétricas. – Carlisle emendou. – É como se protegesse todo o seu sistema nervoso de ataques psíquicos.

–Deve protegê-la de outros vampiros então. Mas não posso entender porque meu dom e o dom de Alice a afetam. – Jasper comentou.

–Esse dom é algo que jamais vi. – Eleazar disse. – Não é algo que eu possa precisar.

–Os Volturi ficariam muito interessados nisso. – Edward comentou.

Jasper rosnou, cerrando os punhos e Bella disse duramente:

–Os Volturi não sabem de nada e se depender de mim, jamais irão saber. Quero distância eterna deles.

A atmosfera ficara subitamente tensa e para tentar diminuir essa sensação, Eleazar mudou o rumo da conversa.

–Será que você poderia expandi-lo? – Ele perguntou à “sobrinha”.

–Você diz proteger outras pessoas? Eu não sei! Não tinha nem consciência de que podia proteger minha mente!

–Impressionante! – Tanya exclamou. – Quantos anos você tem mesmo?

–É indelicado fazer essa pergunta a uma dama. – Isabella respondeu de pronto.

Edward sentiu o deja vu o tomar quando reconheceu a mesma resposta que ela lhe dera quando perguntara sua idade anos atrás.

–Ela é bem velha. – Jasper resmungou, provocando-a. – Acho que a idade danificou o cérebro dela.

Ela mostrou-lhe a língua em protesto e Carlisle censurou-os pela atitude infantil, sorrindo:

–Meninos, comportem-se.

–Claro pai. – Disseram em uníssono e depois sorriram um para o outro.

No fim, Bella disse:

–Fui transformada no século XIII, mas não sei precisar o ano.

Edward engasgou-se ao ouvir a resposta. Carlisle o olhou de soslaio e Jasper lançou-lhe um olhar carrancudo. A vampira não se deixou abater pela reação que ela já esperava do telepata e fez graça apontando para o amado:

–É por isso que eu não digo a minha idade. Imaginem se fosse um humano?! Uma palavra: In-far-to!

Deu certo, os presentes riram de sua brincadeira, exceto Edward, que ficou revirou os olhos por ser o centro da piada. Logo Tanya retomou a conversa sobre a expansão do escudo e sugeriu que Bella treinasse com esse fim. A ideia foi amplamente aprovada e Jasper insistiu para que a irmã aprovasse também. Ela parecia hesitante, não acreditava ser capaz de fazê-lo, já que em oito séculos nunca teve consciência de sua habilidade, mas não foi necessária muita argumentação e ela prometeu que iria tentar. Kate iria se por como voluntária para ajudá-la, quando Alice surgiu seguida de Emmett.

–Vai cair uma tempestade logo. Emmett quer jogar, o que acham?

Jogar baseball foi um hobby que os Cullen adquiriram com os anos como uma atividade em família, projetaram uniformes, bolas, luvas e tacos adequados para resistirem ao máximo possível à força vampiresca. Toda vez que se mudavam, Alice Esme e Emmett procuravam o lugar mais adequado para montarem o campo e em Forks foi escolhido um lugar alto em que geralmente não chovia quando o mundo parecia desabar na tempestade da cidade.

Jasper não demorou muito para avaliar a proposta e já topou, provocando o parceiro de apostas:

–Vai perder mais uma vez pra mim, Emmett?

–Só em seus sonhos, Major. – Emmett devolveu também provocador.

Edward riu e disse:

–Tudo bem, vamos ver com Esme e Rose a divisão dos times. Acho que vamos ter um Cullen versus Denali, aqui, então vocês dois terão de trabalhar em equipe.

Carlisle e Eleazar riram e acompanharam os vampiros adolescentes de volta para casa. Esme e Carmen conversavam no jardim, enquanto Irina e Rosalie conversavam sobre roupas no quarto da loura. Alice e Tanya prontamente se juntaram a elas e prepará-las para o jogo. Carlisle e Eleazar se juntaram ás suas esposas e os garotos já discutiam estratégias de jogo e, por que não, uma aposta. Kate e Bella observavam tudo um pouco mais distantes, próximas ao rio que margeava a floresta e a propriedade da família.

–Acha que eu seria capaz de proteger toda a família?

–Eu não sei dizer. Cada um é diferente. O dom de Edward se expande cada vez mais, Alice continua sem poder ver o futuro dos lobos de La Push e eu só consegui estender meu dom para meu corpo, não podendo lançar mais longe. Você só vai saber treinando. Primeiramente você tem de criar consciência de que ele está aí e então aprender a controlá-lo.

–Você faz parecer fácil. – Ela resmungou.

–Quem dera fosse fácil... – Kate suspirou e então riu.

–Ei! Vocês não vão se trocar? – Emmett gritou para as duas.

Bella suspirou e foi, acompanhada de Kate para seu quarto na mansão pegar seu uniforme. Ela retirou um molho de chaves do bolso e escolheu uma delas para abrir a porta de seu quarto. Kate olhou para ela surpresa, pois não imaginava haverem segredos entre os Cullen. Ao questionar a prima sobre os motivos de manter aquela porta trancada, Bella disse:

–Você vai ver, mas não pode pensar nisso em momento algum. Eu venho com sucesso mantendo uma fachada indiferente, não quero que ele descubra.

A Denali de início ficou confusa, mas ao adentrar o quarto e ver o número absurdo de desenhos e pinturas espalhadas pelas paredes, pela mesa e secando em seus suportes. Eram imagens variadas, indo desde rostos a paisagens, momentos de família e Edward. Definitivamente o rosto do vampiro predominava por entre todas as pinturas.

–É uma obsessão! – Ela se viu murmurar.

Bella sorriu tristemente.

–A única coisa que sobrou de nosso relacionamento foi meu amor, agora convertido nessa “obsessão”. A única maneira de tê-lo comigo.

–Até quando vão ficar assim? Quando você irá lhe dizer a sua versão dos eventos? A verdade sobre o que aconteceu?

–Quando ele quiser ouvir. – A vampira morena respondeu do closet.

Cinco minutos depois saiu vestida e estendeu um de outra cor para Kate. – Acho que este irá lhe servir. Está na hora dos Denali terem seu próprio uniforme.

Kate riu e concordou indo para o closet. Já vestida saiu para encontrar Bella debruçada sobre a escrivaninha desenhando. Ela se aproximou e espiou sobre o ombro da desenhista. O desenho consistia apenas em alguns padrões aleatórios e Kate pulou como se tivesse sido pega fazendo algo errado quando Bella murmurou perguntando:

–Já está pronta?

–Sim.

Então elas saíram. Zelosamente, Bella trancou a porta e Kate tratou de mudar o rumo de seus pensamentos. Naquela última década, todos foram se acostumando com a falta de privacidade e o cuidado exigido pelo dom de Edward, consequentemente não seria difícil para a vampira manter-se afastada de certa linha de pensamentos.

No segundo andar encontraram Rosalie, Alice, Tanya e Irina. Todas devidamente vestidas, elas desceram juntas o último lance de escadas até chegarem à sala onde o restante as esperava.

–Finalmente, hein? Achei que não ficariam prontas nunca! – Emmett reclamou.

–Vamos meninas? – Esme disse animada e foi apoiada de maneira unanime.

Eles partiram, correndo pela floresta até atingir a clareira aumentada pelos membros da família para dar mais espaço ao campo. Já podiam ser identificados os montes que marcavam as bases e o monte do arremessador. Apenas Emmett e Rosalie que foram com o Jipe, levando os equipamentos para o jogo.

O jogo correu bem, no geral. Tiveram as típicas infantilidades de Emmett e Jasper com usa competitividade e Esme foi, como sempre, juíza da partida. Bella e Kate competiram avidamente entre si e Alice estragou tudo ao revelar que vira a Denali vencer, apenas para provocar Bella.

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–Champanhe? Pra que champanhe, Alice?! – Rosalie perguntou quando a baixinha entregava mais taças para a loira distribuísse entre os familiares já reunidos na sala.

–Nós nunca fizemos isso e é uma tradição de virada de ano! – Alice explicou enquanto pegava a garrafa na geladeira e saltitava passando pela irmã em direção à porta da cozinha.

Rosalie revirou os olhos e decidiu não discutir com a irmã maluca. Os Denali e Cullen primeiramente ficaram surpresos com a ideia da vidente, mas sorriram e comemoraram como se a bebida fosse realmente ser ingerida. Bella olhou para o espumante e revirou os olhos e indagou:

–O que vou fazer com isso, Alice?!

–Sei lá. – Deu de ombros e sorriu zombeteira. – Jogue no Edward.

–Vou jogar em você! – Resmungou colocando a taça de lado para depois pegá-la novamente quando a irmã olhou-a carrancuda.

Edward ao receber a sua também a deixou de lado e recostou no sofá olhando para a neve que despencava do lado de fora da casa, no jardim dos fundos. Emmett sentou-se ao seu lado e disse:

–É... Mais um ano que se vai e nós aqui. – Soltou uma gargalhada. – A Alice tem as ideias mais absurdas.

–Ninguém para aquela força da natureza, Emm. – Edward sorriu. – Seu último ano na escola ano que vem huh?

–Pois é! Rose quer mais uma viagem de lua de mel para comemorar o fim. – Ele disse e começou a divagar, fazendo Edward empurrá-lo.

–Controle seus pensamentos, Emmett! Quase dois séculos e você não aprendeu a se controlar perto de mim?

O grandão só gargalhou em resposta. Em seguida, Tanya apareceu fazendo com que Edward contivesse seu impulso de revirar os olhos. Ele sabia pelos pensamentos da loira que ela se interessara nele, mas seu coração se mantinha fechado para qualquer investida feminina e Tanya era insistente. Além disso, Tanya o fazia lembrar-se dos ciúmes de Isabella revelado no Natal e Edward não pôde conter um sorriso debochado. Sorriso esse que Tanya interpretou como um belo sorriso dedicado a ela e sentou-se na poltrona ao lado do sofá onde Edward se sentara, aumentando a proximidade dos dois.

–Você está deslumbrante nesse terno, Edward. – “Tentador.” Disse ela colocando a taça de champanhe delicadamente na mesma mesa que Edward deixara o seu.

–E você está encantadora, Tanya. Como sempre. – Edward respondeu educadamente, ignorando o pensamento. O sorriso da loira foi largo.

Nesse instante todos os presentes se virar ao som de uma taça se espatifando. Bella olhou de suas mãos para a família. Constrangida tentou sorrir, o que saiu mais como uma careta, e disse:

–Pequeno descontrole de força. Estava testando até onde a taça aguentava. Alice, suas ideias são absurdas.

Bella disparou em direção à cozinha, voltou, limpou a sujeira que fizera e voltou a sumir na cozinha. Todos pareceram se convencer exceto Edward. Ele sabia que aquilo foi uma reação à sua resposta. Conhecia a vampira o suficiente e pensou com seus botões como ela ainda podia sentir ciúmes. Resolveu que iria ignorá-la e controlou a vontade de rir em deboche. Tanya, por outro lado notou a expressão diferente de Edward em relação ao ocorrido e decidiu que era hora de dizer o que pensava. Mesmo com ele ouvindo seus pensamentos.

–Se quer conversar acho melhor irmos lá fora. – Edward disse.

Eles se levantaram, abandonando a champanhe na mesinha e saíram na noite fria e branca, no jardim dos fundos. Tanya tentava deixar a mente em branco e Edward suspirou olhando para o céu esperando a Denali ter seu tempo para começar.

–Eu sei uma parte de sua história, Edward. Aquela que Bella nos contou. Mas e você? Nunca tentou impor seu ponto de vista. Afirmou que a odeia porque ela o abandonou e pronto! Ficou por isso mesmo! Vi a cena ali na sala e, assim como os outros, não sou cega. O que há?!

–Ela não me amou. Ela me enganou. Obviamente a odeio. – Resmungou ele. – Nem Rose e Emmett sabem meu lado da história. E eles que me encontraram vagando. Eu não gosto de reviver meu passado e eles entenderam e respeitaram, mas parece que você não vai desistir.

–Por que não me conta a sua história? Eu quero saber o que aconteceu. Eu me importo, sabia?

Edward suspirou e ponderou por um momento. Ninguém se preocupara em saber seu lado da história. Sempre fora muito fácil declararem-no o vilão. Mesmo Rosalie e Emmett que o encontraram vagando, desistiram de perguntar sobre seu passado com sua primeira recusa a contar, apesar de que Emmett conseguira manter-se neutro no conflito e Rosalie já ter se cansado da tensão constante na família quando os dois estavam presentes. Ele sabia que o interesse de Tanya era o principal fator por trás de suas ações, mas ter alguém ouvindo era tentador demais e ele decidiu ceder.

–Eu conheci Bella ainda humano. Apaixonei-me. Amei-a. E descobri que tudo foi uma mentira, pois ela não queria me transformar quando eu já havia dito que era o que eu queria independentemente das consequências. Como ela poderia me amar se não me desejava pela eternidade? Então na nossa última discussão eu saí irado e decepcionado. Praticamente abandonei minha família, minha vida para viver com ela e ela não me amava. Eu sofri um acidente naquela mesma noite.

–A carruagem tombou. Você caiu no lago. – Tanya disse se lembrando do relato de Bella.

–E eu ia morrer. Mas de repente comecei a queimar. Eu não sabia na época, mas estava me transformando. – Ele falou olhando para a lua no céu. – Quando acordei com a garganta seca de sede, a primeira coisa que pensei foi que Bella deveria estar louca de preocupação atrás de mim. Na volta para casa descobri o que me tornei e entrei em pânico. ‘Será que Bella havia me transformado? Ou outro vampiro? Qual seria a reação dela se me visse assim?’ Eram as perguntas que rondavam a minha cabeça. Percebi que o ardor na minha garganta deveria ser sede então resolvi que seria como Bella, caçaria animais. Aproveitei que estava na floresta e cacei. Foi muito estranha e desagradável minha primeira caçada e ao entrar na cidade novamente, tive muita dificuldade de manter o controle com o cheiro de tantos humanos. Lembrei-me de permanecer escondido e fui para o palacete. Precisava de Bella. Só ela poderia me ajudar. Quando entrei, notei que tudo estava escuro e silencioso. Os móveis estavam cobertos com panos brancos e não havia mais quadros nas paredes. Assustado, corri até seu quarto. Mas estava igual ao restante da casa, vazio. Fui até a biblioteca, já derrotado e sem saber o que fazer, quando comecei a ver coisas na minha cabeça. Era uma voz feminina e várias imagens. Posteriormente percebi serem pensamentos. Enfim, adentrei a biblioteca e uma vampira loira estava lá no meio daquelas estantes vazias. – Ele fez uma pausa e olhou para a Denali. –Não sei quem ela é. – Respondeu ele aos pensamentos dela. – Mas ela me mostrou quem Isabella era de verdade. Mostrou-me e me contou sobre Bella fugindo com Jasper, coisa que ela fazia depois que se cansava de brincar com o “humano de estimação”. Bella costuma brincar com humanos, foi o que a estranha me disse. A única coisa que ela errou foi que Jasper não é o parceiro dela. Depois que a verdade me foi revelada eu fiquei com muita raiva. Meu coração havia sido despedaçado, eu havia perdido minha vida, minha família, tudo que era meu por conta dela e no fim fiquei só. Vaguei por anos como nômade até conhecer Rosalie e Emmett. Ensinei a eles minha dieta, a dieta dela, e estamos juntos desde então.

Tanya absorveu o relato do telepata e reviveu mentalmente o quanto conheceu dele até ali. Por fim disse, surpreendendo-o:

–Você não pertence a eles.

–Perdão?

–Veja como é deslocado entre os Cullen! Emmett e Rosalie se completam e vivem em harmonia com o trio que é o centro da família de Carlisle e Esme. – Ela disse se referindo a Jasper, Alice e Bella.

–Você está parcialmente enganada. O centro da família é o trio, mas porque eles focam em Bella que se faz parecer mais frágil. Apesar de se completarem e interagirem melhor com o restante, Emmett e Rosalie são meus irmãos também e se preocupam tanto comigo quanto com Bella. Sem contar que Alice e eu temos muito em comum e conseguimos deixar nossas desavenças de lado e estamos nos aproximando cada vez mais. Eu aprecio a companhia de Carlisle e Esme. Eles são sábios e carinhosos, como os pais que sempre desejei ter.

–Jasper não gosta de você. – Tanya constatou.

–Não, mas é porque ele insiste em achar que sou o culpado por qualquer problema que Bella tenha.

–E você é, Edward?

–Não! – Ele exclamou, rápido demais. Uma vozinha na sua cabeça não deixou de questionar essa resposta, mas ele rapidamente calou-a.

–Certo. – Ela disse antes do silêncio cair sobre eles.

Pelo menos, o silêncio verbal, pois o fluxo mental de Tanya e de todos os presentes na casa, exceto Bella, ainda era bem audível pelo telepata. Ele suspirou e olhou para a casa onde a família de vampiros conversava animadamente. Rapidamente uma linha de pensamentos nada agradável veio da loira à sua frente e ele já preparava uma desculpa delicada, quando Alice surgiu naquele passo típico dela que era uma mistura graciosa de passos e dança. “Agradeça-me depois.” Pensou ela antes de dizer:

–Vamos! Vamos! Vamos! Dois minutos para a virada de ano! Entrem para começarmos a contagem regressiva!

Tanya revirou os olhos para o entusiasmo da prima, mas obedeceu, assim como Edward e os três entraram juntos. Bella já estava de volta à sala e conversava animadamente com Jasper, Edward pôde até notar um esboço de sorriso em seu rosto. Quando percebeu o que estava fazendo, ele repreendeu-se mentalmente e forçou-se a desviar sua atenção dela e engajou na conversa de Emmett, Carlisle e Eleazar sobre melhores lugares de caça na região.

Faltando exatamente um minuto para a virada de ano, Alice interrompeu os diálogos da sala e todos se reuniram em uma roda de mãos dadas para começar a contagem. As três irmãs, seguidas de Carmen e Eleazar, depois Emmett, Rosalie e Edward; Carlisle e Esme; Alice e Jasper; Peter e Charlotte deram as mãos e por fim, Bella juntou-se a eles fechando a roda ao dar as mãos para Jasper e Irina e ficando, ironicamente, de frente para Edward.

–Dez! – Alice entoou.

Edward suspirou.

–Nove! – Onze dos treze presentes entoaram animadamente.

Bella olhava para o chão, sua voz um leve murmúrio entre as treze vozes entusiasmadas.

–Oito!

Edward lia todos os planos para o novo ano na mente dos parentes.

–Sete!

E para sua maldição, a de Bella (que ele sabia, em vão, não dever se interessar), um silêncio constante e perturbador.

–Seis!

Bella sentiu quando os olhos de Edward deixaram de vagar entre os presentes e pousaram nela, mas ela manteve seu olhar pregado no chão de madeira cuidadosamente e impecavelmente encerada.

–Cinco!

Ela não mais contava. Agora lutava com todas as suas forças para não ceder àquela misteriosa força que queria puxar seu olhar para sua frente, para ele.

–Quatro!

Ele não conseguia deixar de olhar para ela. Ora desejava que seu olhar matasse, com raiva de toda a dor de cabeça que ela o trazia no presente e toda a dor que ela o causou desde o passado.

–Três!

Ora apenas a admirava com seus olhos vampirescos, vendo detalhes que seus fracos olhos humanos não podiam ver, como a sutil diferença entre os lábios inferior e superior dela, ou então a leve ruguinha entre suas sobrancelhas que aparecia quando ela se concentrava - como naquele momento em que ela insistia em manter os olhos baixos, uma mecha de seu cabelo castanho, comprida, brilhante e aparentemente sedosa caindo sobre seu rosto.

–Dois!

Ele se repreendeu novamente por se deixar levar por aquela estranha atração, mas não lutou contra aquela força que mantinha seus olhos cravados nela.

–Um!

E então ela também ergueu os olhos, perdendo sua batalha interna, e um olhar finalmente se encontrou com o outro. E o tempo parou. Ou não.

–Feliz ano novo! – Explodiram as vozes na sala.

Casais se beijaram, as irmãs se abraçaram e a alegria coletiva que tomou conta de Jasper se expandiu pelo ambiente, como uma explosão de positividade. Todos alheios àquela conexão única que acontecia no meio de felicitações empolgadas e apaixonadas.

Edward e Bella se encaravam e, naquele momento, enxergaram um à alma do outro. Toda a dor, solidão, raiva e melancolia pareciam ter sido compartilhadas e um estranho sentimento de pertencimento, compreensão e conforto os tomou. Parados ali, naquela sala enorme, nunca estiveram tão próximos - e tão distantes - em séculos. Nenhum entendia o que acontecia, mas não pareciam ter a urgência de entender. Apenas sentir.

Mas o momento foi breve e os olhares se separaram causando quase uma dor física, a solidão retornou. E Bella viu, com uma agonia que nunca pôde descrever em palavras, Edward ser puxado e Tanya selar seus lábios cheios e vermelhos nos dele, fazendo-o fechar os olhos automaticamente.

–Feliz ano novo, Edward. – A loira murmurou sedutoramente em seu ouvido, quando o abraçou após encerrar o beijo.

Surpreso e desconfortável naquele abraço, Edward teve apenas tempo de ver quando Bella foi puxada mecanicamente para um abraço de Jasper, antes de ele próprio ser puxado por um abraço de Emmett. E quando ele cumprimentou todos, a vampira morena não podia mais ser vista em lugar nenhum.

A estranha magia daquela virada de ano havia acabado.


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Notas finais do capítulo

Demorei para postar, mas estava sem tempo devido aos estudos para medicina. Não prometo capítulos mais frequentes porque agora que entrei na universidade não sei como será minha disponibilidade, mas pelo menos eu tenho um longo aqui pra vocês.
Enfim, espero que gostem e comentem!



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