Cap. 04: Desmaio

Estávamos no palco do teatro.

Era hora de ensaio da peça e estávamos experimentando as roupas. A professora Mary me obrigou a usar um bigode muito, muito ridículo.

Joshua se exibia com aquela roupinha colada que ele tinha que usar. Como ele era forte, então seus músculos ficavam à mostra, o que fez a roupa ficar ainda mais estranha.

Mas eu não ficava para trás. Tirando aquele bigode e o cabelo encharcado de gel, eu estava...

Ok, eu estava ridículo, ridículo, ridículo e... ah! RIDÍCULO!

– Summer, você está perfeita!- ouvi a professora dizer. Virei-me para trás e a vi... perfeita.

Seus cabelos estavam presos num coque, onde alguns fios cacheadps caíam ao redor de seu rosto. Summer vestia um vestido longo, justo no busto e leve, um pouco rodado a partir da cintura. O vestido era de um tom dourado claro, que destacava muito bem seus cabelos loiros e os olhos azuis.

Arfei quando a vi.

Logo lembrei-me da semana passada, quando eu a levei em casa e quase a beijei. Naquela noite Christofer mandou eu não dar falsas esperanças à Summer. O por quê eu não sei, afinal, Chris é como a irmã: estranho à beça.

Algumas meninas com as quais Summer conversava ficaram paparicando-a e tirando fotos. Quando as pessoas ao seu redor se dispersaram, Summer olhou para mim.

Acho que pela a minha cara devia estar bem óbvio o quanto eu a achei bonita, pois Summer corou violentamente.

– Ei, Mark. Tem baba aqui.- Dylan, um dos meus colegas de classe, apareceu ao meu lado. Ele sorria, achando graça da minha cara e apontava para o canto da própria boca. Levei meus dedos ao canto dos meus lábios e constatei que realmente havia um pouco de baba.

– Ela está linda, não é?- sem nem perceber, afirmei com a cabeça.- Está afim dela?- eu quase afirmei quando olhei para ele de olhos arregalados.

– NÃO!- gritei, atraindo a atenção de algumas pessoas. Dylan riu de mim e deu um tapinha nas minhas costas.

– Seu segredo está guardado, pode deixar.- tentei lhe dizer que era um engano, mas não conseguia dizer uma palavra. Dylan saiu ainda rindo de mim. Me senti corar.

Olhei para o lado e vi Summer olhando para mim e rindo. Coloquei as mãos no rosto, morrendo de vergonha. Eu nunca sentira tanta vergonha na minha vida!

– Mark.- pulei de susto ao me deparar com Summer bem ao meu lado. Ela sorria, divertida.- Por que está vermelho?- gaguejei, incerto. Eu não sabia ao certo o que dizer.

Summer estava bem próxima a mim, suas finas mechas de cabelo soltas e cacheadas emolduravam seu rosto. Seus olhos azuis me observavam atentamente.

Senti meu coração bater fortemente. O que era isso, afinal? Por que Summer, quando se aproximava de mim, me fazia sentir assim?

– Er... n-não é nada, nada...- falei, nervoso. Summer riu.

– Summer, vamos ensaiar a cena final agora!- Josh falou, se aproximando de nós dois. Ele pegou Summer pelo cotovelo e eu vi o sorriso dela sumir. Josh me lançou um sorriso falso e saiu rebocando Summer para longe de mim. Suspirei, ficando um pouco irritado. Joshua Sparks estava começando a me irritar profundamente.

Eu estava sentado em uma das cadeiras do teatro, observando Summer atuando cenas românticas... com Joshua.

Eu vi que Summer era bem profissional na hora de atuar, já que não gostava de Joshua ( o que eu acho que era bem óbvio) e, mesmo assim, fingia muito bem que gostava.

Em certo momento, Summer foi tentar andar rápido até ondo Josh estava, no outro lado do palco, mas parou abruptamente na metade do caminho.

Viu seu rosto começar a ficar pálido, e sua boca ficou entreaberta.

– Summer?- Josh ficou com a expressão confusa, assim como todos os outros presentes. Fiquei em alerta.

Arfei quando vi Summer indo em direção ao chão.

Para os outros com certeza foi rápido demais, mas para mim foi em câmera lenta. Vi seu corpo magro e esguio indo ao chão e batendo nele com tudo. Seus olhos semiabertos me encararam por segundos antes de fecharem-se.

Continuei parado, em estado de choque, por alguns segundos. Ao longe eu ouvia o pessoal tentando tentando acordar Summer.

– Mark! Mark! Mark!- voltei ao normal ao ouvir Dylan gritando por mim.- Nos ajude a leva-la à enfermaria!

Levantei-me da cadeira rapidamente, correndo para cima do palco. Ajudei os outros garotos a pegá-la no colo e corremos para a enfermaria.

O que estava acontecendo com aquela garota, afinal?

Já haviam se passado uns 40 minutos e nada de Summer acordar.

Eu fiquei na enfermaria, esperando ela acordar, e os outros foram ajudar a arrumar as coisas do ensaio da peça, já que estava na hora de ir embora.

Respirei fundo, agoniado.

– Summer é sua namorada?- a enfermeira, cujo nome estranho eu nunca conseguira gravar perguntou para mim.

Corei. Por que pensavam aquilo?

– N-n-não...- gaguejei, fazendo-a rir.- Ela é apenas minha... amiga.- falei, sentindo minha garganta fechar. “Amiga?”

Eu nunca pensei que um dia chamaria uma garota de amiga. Até um tempo atrás eu as considerava um objeto, sabe? Daqueles que você usa, usa, usa e joga fora. Mas Summer... tinha algo estranho nela. Além da loucura, claro. E a felicidade extrema. Se bem que... tenho notado que muitos de seus sorrisos têm saído forçados..

– Irei até a cantina comer algo. Daqui a alguns minutos eu volto.- a enfermeira disse, vestindo um casaco e saindo da enfermaria. Não se passou nem um minuto e Summer abriu os olhos. Ela parecia sonolenta.

Não sei o que deu em mim, mas me senti feliz demais quando ela me olhou e sorriu fracamente. E não fora um sorriso forçado.

– Que bom.- murmurei, em relação a ela ter acordado. A ajudei a sentar na maca (que mais parecia uma cama), ela parecia estar sem força alguma.

– Cadê a enfermeira?

– Foi na cantina.- falei. Summer assentiu fracamente. Seu rosto permanecia muito pálido e agora seus olhos estavam fundos. Summer estava abatida.

Mas por quê? Ela estava tão bem pela manhã...

– Summer - chamei baixinho. Ela olhou para mim.-, o que estava acontecendo?

Seus olhos arregalaram-se um pouco, surpresos. Summer negou algo com a cabeça.

– Me diga, por favor.- insisti. Levei um tremendo susto quando ela me encarou com os olhos cheios de lágrimas.

– Me deixa em paz, Mark...- ela pediu, num misto de tristeza e raiva.

Ah não! Se tinha um coisa que eu não suportava era me preocupar com alguém e esse alguém pedir para eu deixa-la em paz!

– Te deixar em paz? Eu quero saber o que você tem!- Summer abaixou o rosto, chorando. Segurei seu pulso, ficando irritado com a choradeira.

– Summer, olha para mim!- eu praticamente gritei, fazendo-a chorar ainda mais. Sem nem pensar, apertei seu pulso com força. E acho que com força demais...

Summer deu um grito agudo, me assustando. Afrouxei meus dedos de seu pulso e senti algo quente e molhado em meus dedos.

Era sangue. Sangue.

A palavra ecoou várias vezes em minha cabeça até eu me dar conta da situação.

Summer puxou seu pulso da minha mão, apertando-o contra o próprio peito. A enfermeira havia trocado a roupa dela, Summer não usava mais o vestido da peça.

Mas eu não prestava atenção em sua roupa, apenas em um fato: meu peito doía, e doía muito. Eu não apertei seu pulso com tanta força, então por que sangrava tanto?

O que eu havia feito com ela...?