Olho Azul Apresenta:
Distração Minha

Capítulo 4 - Sobre Aquele Príncipe

  Desta vez, eu não sonhei. Apenas dormi bem pesado e quando estava mais perto de acordar passei em minha cabeça as recordações do último dia. Desde que gritei xingamentos ao alto para Darien ouvir a respeito de sua namorado até meu último desmaio em seus braços, enquanto ele me dizia preferir ficar ao meu lado ao dela. Não fazia sentido...
 
  Ainda assim, lá estava ele cochilando em uma cadeira ao lado de minha cama naquele mesmo quarto de hospital de antes. E parecia tão cansado... Havia se ferido bastante antes, estaria melhor a ponto de poder dormir ali? Ou eu ficara desacordada por muito tempo?
 
  Com algum custo, sentei-me na cama e estendi minha mão até seu rosto, um pouco caído com o sono profundo. Era tão lindo que meu estômago se revirava de emoção. Puxei-me mais para que pudesse me levantar e andar até perto dele. Agachei-me um pouco e pus em seu rosto minhas duas mãos. Elas não conseguiram cobri-lo tão maior era. Aquele calor contra a minha pele, contudo, deixou-me com as bochechas queimando. Em o que agora me aprecia um sonho, ele trocara a namorada por ficar ao meu lado. Aquele homem...
 
  Dei-lhe um leve beijo na testa e voltei à minha cama para observá-lo deitada até que acordasse.
 
  Não custou muito. O azul de seus olhos brilhou entre os cílios e, aos poucos, pareceu lembrar aonde estava. Assustou-se ao me perceber acordada, piscando algumas vezes até me cumprimentar:
 
-Como se sente? - Um sorriso ensaiou-se em seus lábios. Senti-me tentada a beijá-lo bem ali para aprender a não ser tão encantador perto de uma menina doente.
-Tudo certo, - assenti, - E a Hitomi-san?
-Está ótima. Só não se lembra de muito... Foi problemático contar toda a história para ela desde que terminamos. Senti-me um pouco culpado, sabe? É como se tudo tivesse acontecido porque fui egoísta em terminar com ela tão de repente.
-Pera, rebobina. Terminar? - Meu cérebro começou a imaginar uma ilha deserta, o pôr do sol, o mar, uma brisa suave, Darien me trazendo um coco... Seria verdade? Parecia bom demais para isso, mas eu ouvira direito! Tinha certeza de que não imaginara.
-Hitomi e eu terminamos um dia depois que soube que ela me traiu. Não simplesmente por isso... De toda a forma, eu já tinha te dito.
-Não tinha, não.
-Você recebeu as flores.
-Flores não significam "terminei com a vaca". Ooops! - Levei as duas mãos à boca.
 
  Darien sorriu, puxando-as de lá e segurando meus pulsos de leve:
 
-Mas o cartão nelas sim. A menos que tenha outra interpretação para "Terminei com a Hitomi. Quero te ver."
 
  Balancei minha cabeça, sem conseguir encarar de volta. A hula, a música romântica tocando ao som de violinos, a água de coco, a chuva que nos faria buscar abrigo embaixo de uma palmeira, o arco-íris ao longe, tocando o mar... Nada disso parecia tão longínquo. Exceto, talvez pela paisagem toda... Mas Darien e eu, abraçados embaixo de uma palmeira era bem possível! "Quero te ver" é algo como eu te amo, não é?
 
  Não, eu precisava confirmar. Mandei meu coração parar de bater um pouco antes de respondê-lo:
 
-Posso interpretar como "não posso viver sem você, nunca mais saia do meu lado", então? - perguntei, tentando conter minhas reais interpretações. Sim, a coisa do arco-íris na ilha deserta...
-Bem, se eu dissesse algo assim, ia ser em vão, né? Por mais que eu te peça, você não fica quieta nessa cama pra melhorar direitinho...
 
  Antes que ele pudesse começar com a série de sermões, eu o beijei. Até eu fiquei surpresa com minha velocidade em pular em cima dele e roçar nossos lábios. Não demorou muito para sentir que ele me retribuía, apenas de forma mais continua, mas também mais carinhosa. o choque de alegria que me percorria a espinha era tamanha que as lágrimas vieram aos meus olhos. Bem, fazer o quê? Eu era uma menina chorona por natureza! E talvez nosso beijo demorasse tanto que meu rosto já teria até secado... Não fazia diferença, eu não queria mais me conter.
 
  Abracei-o bem forte assim que sentir que me faltava o ar e afundei meu rosto em seu ombro, ainda de pé na sua frente. Darien envolveu-me cuidadosamente, provavelmente, com medo pelas minhas feridas, mas como que se dissesse que não mais largaria. era tão boa a sensação de estar segura ali.
 
-Eu realmente te amo, Darien... - disse o mais alto que pude, para que minha voz não fosse abafada por seu ombro, - Sempre me senti tão bem contigo, mesmo brigando daquela forma. Por favor, não arrume mais namoradas... Eu odiava vê-lo feliz por todos os cantos como aquela Hitomi. Mesmo antes do yakuza assassinar meu sorvete!
-Do que está falando, cabeça de vento? E quanto a você?
-Eu não vou arrumar namorados! Prometo...
-Serena. Eu quero dizer quanto à gente?
 
  Levantei meu rosto apenas o bastante para que meu rosto inquisitivo fosse visível. Como assim?
 
-Não estamos namorando? - perguntou-me, devolvendo uma expressão ainda mais confusa que a minha.
-Estamos!? Sério!? Tipo, felizes no parque, no cinema, no salão de jogos, no lago, na ilha deserta, embaixo da palmeira!?
-Acho que sim. Apesar não de entender de onde tirou isso tudo... Não consigo imaginar como eu poderia não estar feliz se você estará comigo.
 
  Abracei-o novamente. Chorando, é claro. Bem alto. Não conseguia me conter e soltei o berro. Era tão bom, imaginar que todos os meus sonhos poderiam se tornar realidade! Pelo menos a parte que importava, estar com o Darien.
 
  Aos poucos fui me acalmando, até ser convencida a voltar para minha cama e deitar calminha lá. Darien sentou-se novamente e passou a mão em meu rosto, quase que cobrindo-o todo, até tirar todos os fios de cabelo que ali grudaram. Era tão quentinha...
 
-E a Hitomi-san? - perguntou, após tomar coragem.
-Já disse, nós terminamos.
-Mas você já a esqueceu? E ela aceitou?
-Podíamos parecer o casal feliz, mas eu já pensava em terminar. Quando ouvi que você também gostava de mim, sendo que eu já sentia o mesmo fazia tempo... Bem, e ainda havia o caso de você tê-la visto com outro, né? Não havia por que manter nosso relacionamento, ainda que você não aceitasse me ver para que eu pudesse confirmar tudo. Naquele dia ficou bem óbvio para mim o quanto eu não ligava para a Hitomi e o quanto eu ansiava que o que você gritara fosse verdade. Digo, sobre gostar de mim...
-Mas o yakuza realmente matou meu sorvete também.
-Por falar nele, eu o conheci da última vez que fui visitar a Hitomi no hospital. Anteontem, acho. Ele é um colegial que está prestando vestibular para uma universidade bem famosa. Confesso que o penteado é bem moderninho, mas não havia nada como o sujeito mal encarado que me descreveu, Serena.
-Mas aquele penteado! Tenho certeza que era da máfia! Quer ver meu desenho dele? Tá lá em casa. Aí você compara para ver se é o mesmo...
-Não importa. Só quero dizer que a Hitomi vai realmente assumir o namoro dos dois agora. Ela o conheceu quando ainda nem estávamos juntos, mas tinha vergonha de levá-lo a sério por ser mais novo. Mas, poxa, uns três anos nem é muito. Ou é?
-É bom que não seja... Você é bem mais velho que isso!
 
  Darien sorriu, pondo a mão atrás da cabeça. O comentário o deixara indiscutivelmente constrangido. E aquele seu lado era tão meigo que eu tive que pular de novo nele, mas não para beijá-lo. Precisava apertar aquelas bochechas, agora somente minhas!
 
  Porque aquele homem dissera bem claramente que agora era meu, que seríamos felizes no parque, no cinema, no salão de jogos, no lago, na ilha deserta, embaixo da palmeira! Ou, ao menos, concordou com quando eu o disse. E depois que você diz algo, não tem como voltar atrás para fingir que não o fez.
 
  E, por experiência própria. É muito melhor que não volte, já que meu pequeno deslize rendeu-me algo assim tão perfeito. Ah, Darien Chiba... Só de pensar nesse nome eu começo a rir que nem boba. Acho que esse é o tanto que gosto dele, né?
 
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  Corri com todas as minhas forças. Precisava chegar logo, mas nunca chegaria na hora, a menos que eu pudesse viajar sabe no tempo. Bem, é que eu já estava quase que uma hora atrasada... Darien nem iria passar o Natal em Tóquio, mas com a família dele em Kyoto. Não a família de verdade. Ele me contou sobre como perdera os pais quando mais novo, mas aí foi adotado por uns ricões lá e se deu bem. Obviamente, meu amado Darien sabe muito bem escolher as palavras, ao contrário de mim, então, ele não chamou os pais adotivos de "ricões" e muito menos a sua condição de "se deu bem", só que, em resumo, foi exatamente isso o que aconteceu. Ou alguém discorda?
 
  De toda forma, eu estava correndo. Muito. Mesmo. Eu juro. Tá, o tanto que as calçadas escorregadias e meu sapato novinho me permitiam. Mas eu meio que já sou acostumada a correr, por isso, se eu digo que estava correndo, é verdade, poxa. Deve ser por isso que eu me atraso, de tanto que me acostumei a chegar aos lugares num piscar de olhos, eu sempre me esqueço do quanto me cansei com o exercício, aí saio tarde de casa. A Lita vive comentando que eu ainda alcanço a velocidade da luz e acabo viajando no tempo. Ou foi a Ami? Hm, é um comentário que tem a cara de uma no início e da outra no final.
 
  Comentários... Em pensar que essa história toda, digo, a minha com o meu amado Darien, começou por causa de um comentário muito infeliz à época. Ele me diz para não achar que porque entre a gente deu tudo certo que eu posso ficar gritando ao vento o que bem entendo, só que é impossível não fazê-lo tendo um exemplo de prêmio tão bom por ser imprudente!
 
  E a vaca? Como ela estará agora? Teve um dia que eu juro tê-la visto com um cara mais velho, muito mais velho. Tipo, quarentão. Bem, um tantinho menos. Só que mais velho que ela... E rico. Os dois tavam muito bem vestidos. E íntimos demais... Teria ela largado o gangsterzinho ou só caíra no velho costume de manter um relacionamento conveniente para o público vê-lo felizes ali, aqui, acolá...?
 
  Outra coisa que às vezes ainda me perturbava era o que minhas amigas conversaram com Darien naquele dia. Ao verem o cartão que ele me deixou com as rosas, elas já tinham certeza de seus sentimentos por mim, então, por que tinham de vê-lo. Ela nunca quiseram me dizer e ele sempre me olhou com a expressão assustada, como se contar fosse lhe custar o pesco-
 
  AAAAAAAAAAAAH!
 
  Caí muito feio! Sério, ainda bem que eu tava com uma calça por debaixo do vestido. Mas minhas roupas estavam arruinadas... Aquela calçada suja e úmida por causa do inverno arruinou tudo!
 
-Serena... Você está bem?
 
  Olhei para cima para ver meu pedacinho de paraíso ajoelhado à minha frente e mexendo a cabeça para verificar se todo o meu corpo ainda estava da forma como deveria, ou se havia torcido, quebrado, perdido algo. Devia estar tudo bem, porque Darien apenas riu-se e estendeu sua mão tão larga... E devia estar quentinha com aquela luva linda que ele usava.
 
-Tudo certo... - disse, ainda atordoada, enquanto me levantava. Sim, muito quentinho aquele aperto firme a me equilibrar.
-Não se machucou mesmo? - Igual a um pai para a filha, o outro passou a mão de leve na minha roupa como que varrendo o que podia. - Ainda bem que o chão não está muito sujo...
 
  Olhei para mim mesma e assenti. Só estava um pouco molhada, apesar de meu medo inicial. Ainda perfeita para o meu primeiro Natal com o amor da minha vida.
 
  Grudei nos braços do Darien, que me conduziu até uma pequena lanchonete de que ouvira falar recentemente. Ao sentarmo-nos no banco, percebi o quanto o clima ali era agradável e natalino. Cantigas entoavam e havia um monte de Papais Noéis, bonecos de neve...
 
-Aqui é lindo! - comentei com um sorriso.
-Que bom que gostou. - Ele então fez um sinal para o garçom que respondeu com gestos que já chegaria ali.
-Ué? - Levantei as sobrancelhas, confusa: - O normal não seria atenderem ao pedido do cliente?
-Eu já deixei algo especialmente encomendado.
-Ah, seu espertinho!
 
  Olhei ansiosa o pequeno embrulho que o rapaz trazia, mal contendo o próprio sorriso. Ele sabia o que havia ali dentro e Darien também, já eu, mal podia esperar para descobrir. Então, o garçom o pôs com jeito à minha frente e desejou-me um feliz Natal.
 
  Eu não conseguia parar de sorrir enquanto levantava a caixinha para ver o prato delicioso que Darien encomendara apenas para mim. O outro, por sua vez, afastou-se indicando, com mímicas, que estaria às ordens para meu namorado. Os dois deviam estar esperando que eu abrisse minha surpresa...
 
  Encarei o meu presente.
 
-Feliz Natal, minha coelhinha, - disse Darien. Seu sorriso não era nada encantador, pelo contrário, havia uma pontinha de escárnio nele.
-Um... sorvete? - perguntei, ainda confusa.
-Tava pensando no que você gostaria de ganhar de Natal e lembrei-me do quanto reclamou de quando o namorado da Hitomi havia derrubado sua casquinha. Devo lhe garantir que esse sorvete é um dos melhores que já provei! E é de chocolate, seu favorito.
 
  Aquela brincadeira não tinha graça... Mas ainda assim decidi prová-lo, afinal, todos esses dias que passei com ele foram bons demais para eu já não considerá-los meu presente. E eu ainda não tinha dado nada para ele de tão tonta ficara com o tombo ao encontrá-lo, era só dar-lhe um beijo e dizer que era o meu presente. Vingança, ho ho.
 
-GOSTOSO! - gritei ao sentir o leite derreter na minha língua. O cheiro de chocolate ia no meu nariz e eu estava no paraíso. Aquilo era realmente perfeito! O bastante para eu perdoá-lo pela piada? Bem, era o primeiro presente que eu ganhava dele... Olhei triste para o sorvete, já pela metade.
-Gostou mesmo, huh? - O azul de seus olhos mostrava-me que a surpresa de sua expressão não fora falsa. - Então, por que parou de comer? Vai acabar derretendo... Já vou pedir mais, tá? Coma!
-Mas... Este é o meu presente! - Lágrimas brotaram nos meus olhos e antes que eu pudesse me mandar calar a boca, já abrira o berreiro atraindo a atenção dos outros clientes, em geral, casais universitários tomando chocolate quente ou café em xícaras enormes.
-Sim, é sim. Não impede que você coma mais... - respondeu Darien, fazendo sinal que eu ficasse mais calma.
-Você não entende... Se eu o comer, como vou poder guardar comigo o primeiro presente que meu primeiro deu no meu primeiro Natal com ele!?
 
  Entre as lágrimas, percebi que Darien ergueu apenas uma sobrancelha. O silêncio tomara conta do pequeno lugar e os clientes deviam estar surpresos com a minha resposta. Alguma vergonha me bateu pela resposta boba que acabara de dar.
 
  Respirei fundo e percebi que o garçom perguntava a Darien apenas mexendo a boca se ele queria mais sorvete. Respondeu-lhe que sim, que se apressasse, o que o rapaz fez literalmente. Antes que eu conseguisse forças para que pegar a colher e voltar ao meu sorte, uma taça muito bonita era posta à minha frente:
 
-Pode terminá-lo, agora, senhorita, - disse-me ele. Parecia já impaciente com a minha demora.
 
  Minhas bochechas estavam vermelhas e apenas olhei meu namorado de esguelha. Também estava com a mesma expressão do outro. Podia até ver seus pés se mexendo de um lado para o outro, ainda que a mesa não fosse transparente. Era essa a cara que ele me fazia.
 
-Obrigada, Darien... - pensei em que pegar uma câmera e fotografar, enquanto pegava a colher com mais força a colocava naquela montanha gelada de chocolate.
 
  Duro... Algo que não era o prato havia se chocado contra minha colher. Seria um pedaço de biscoito? Ainda não o sentira na cremosidade que foram as primeiras colheradas, por isso estranhei. Tirei a colher e comecei a explorar com a ponta o lugar onde a coisa estava. Não podia ser... O Darien não era ligado em coisas bregas como o que eu estava pensando. Mas ao pescar a tal coisa, dei de cara com um anel prateado, empastado em chocolate.
 
-Oh! - gritei tão alto que atraí novamente a atenção de todos, - É um...
-Anel de compromisso, - completou Darien, agora com seu sorriso mais meigo.
-Mesmo você faz esse tipo de coisa... Pôr o anel no meio de um sorvete.
-É o seu efeito em mim, eu suponho. Mas a idéia maior era te dar o sorvete mesmo. O anel é um brinde! - ele pontuou a frase com o indicador para o anel em minha mão e voltou ao seu sorriso irônico com o qual me acostumara em ver.
 
  Levantei e fui correndo ao banheiro feminino lavar o anel, sem dar muita explicação. Não importava, sabia que voltaria bem rápido, tamanha minha ansiedade. E o fiz, meio que caindo de paraquedas no meu lugar (favor ler como: eu tropecei em algo pelo caminho, aí quando fui me equilibrar antes de caí, acabei de escorregando. Vi meu meu lugar e ajeitei nele em vez se ir com a cara no chão). Voltando à história, mostrei o anel novinho em folha para meu melhor namorado do mundo junto com meu maior sorriso, o qual estava fixo no meu rosto ainda que eu houvesse tentado tirá-lo um pouco. Darien entendeu o gesto caminhou até mim, sentando-se ao meu lado:
 
-Mostre-me a sua mão.
 
  Ele a pegou com toda a delicadeza que duvido haver tido no príncipe da Cinderela quando lhe foi experimentar o sapato. E aí o encaixe do anel foi perfeito! Bem, quase... Darien disse ter pedido a uma das minhas amigas ajuda pelo tamanho do anel e, como podíamos muito bem ver, não funcionara.
 
-Amanhã mesmo irei pedir que ponham um pouco mais apertado. - fez menção de tirá-lo, mas puxei na mesma hora minha mão.
-Não posso ficar com ele até lá? Eu me encontro contigo na loja! Aí tiram a medida certinha e tudo o mais...
-Claro. - Eu podia jurar que o seu rosto estava levemente corado.
 
  Antes de mais nada, o garçom apareceu com uma torta enorme. Fiquei imaginando se ele teria errado de mesa, pois, desta vez, eu tinha certeza de que Darien não fizera nenhum sinal secreto! Teria sido enquanto eu fora ao banheiro?
 
  Mas a torta era linda! E tão colorida... Darien voltou ao seu lugar e pediu ao outro para que não partisse a torta, mas deixasse o trabalho para ele. Então, olhou bem nos olhos, percebendo que o garçom já partira, e sussurrou:
 
-Feliz Natal, meu amor.
 
  Eu devo ter desmaiado. Ou não. Sei lá, aquele dia todo estava sendo um sonho desde que sentira seus dedos deslizando aquele anel prateado no meu. Com palavras como aquelas... Como eu não poderia derreter!? Aliás, o outro sorvete! Ih, estava todo derretido já... Como fui permitir esse desperdício!? Preciso prestar mais atenção com essa minha mania de me distrair.
 
FIM!
 
Anita , 22/12/2008 e 27/12/2008