Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 14
Enfrente, chore, sofra. Viva.


Notas iniciais do capítulo

Eu AMO esse capítulo! Espero que gostem!
Obrigada pelas recomedações, amo cada uma delas!



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Enfrente, chore, sofra. Viva.

Dizem que quando morremos, nossa vida passa como um filme em nossas cabeças, dizem que nos damos conta do que realmente vale a pena. Não sei da onde saiu essa besteira, afinal não conheço ninguém que tenha morrido e depois voltado para contar história. Pensando bem, eu conheço, meu próprio pai fez isso, mas foi diferente, foi em uma ocasião diferente e garanto a vocês, ele não viu a vida passar pelos seus olhos. Na verdade ele não gosta de tocar no assunto mas me garantiu uma coisa a vida não pode ser reproduzida.

Nem a mais moderna e sofisticada maquina fotográfica, seja ela trouxa ou bruxa pode captar a vida, nenhum aparelho reprodutor de som capta a vida, nem uma câmera, nem um desenho, nenhum feitiço, nada. Nada pode transmitir a vida, você só sabe como ela é se a vive, mas você só da importância a ela quando está prestes a morrer.

Talvez esse seja o maior erro da humanidade, desprezar a vida. Não há nada que cause mais pavor do que estar consciente da proximidade da morte. Não me peça pra explicar, não me peça para descrever como é estar parada em frente aos portões da morte e criar forças para dar meia volta e enfrentar a dor. Não me peça para descrever a dor alucinante de se manter respirando, eu não vou contar como é muito mais fácil se deixar morrer, como ela, a morte, vem fácil sedutora e prazerosa em comparação a vida.

Na verdade não quero contar como você sofre das mais profundas alucinações, geradas pela dor, pelo pânico, mas acima de tudo pela vontade de permanecer vivo. Não quero lembrar dos gritos, não quero lembrar das vezes que acordei encarando meu próprio corpo sem vida, não quero lembrar do som da voz da minha mãe chorando.

Mas por mais que eu não queira, por mais que eu deseje profundamente esquecer, eu não posso, as memórias voltam fáceis e os sonhos, alucinações, visões chame como quiser, ficarão sempre na minha memória, sempre estarão lá pra me lembrar do quão perto eu cheguei da morte.

Eu gosto de pensar no meu acidente como um teatro, um drama, uma ópera talvez. Prefiro imaginar que tudo se passou com uma atriz parecidíssima comigo e que eu apenas estava lá assistindo de camarote enquanto tudo a acontecia.

1º ATO -DOR

Dor, essa era apalavra de ordem, eu não entendia o que estava acontecendo, mas eu ouvia gritos por todos os lados. Em um primeiro momento pensei que tinha morrido e estava no inferno, imaginei que fossem os prisioneiros gritando ao pagar por suas punições. Mas então identifiquei uma voz e percebi que de algum modo ainda estava viva.

–SE AFASTEM TODOS VOCÊS, OS MEDIBRUXOS E CURANDEIROS ESTÃO A CAMINHO! – Identificar a voz de Katerine Sullivan não pode ser descrito como um alívio, seria ela meu carrasco durante a punição eterna?

Mas então, eu senti a chuva, era incrível que ainda soubesse distinguir a sensação da chuva, tamanha a dor que eu sentia em todo meu corpo. Ou talvez eu não sentisse nada, simplesmente era horrível, e mais uma vez devo ter perdido a consciência porque quando acordei novamente estava em um lugar bem diferente.

Estava ensolarado, eu estava na Toca, na beira do lago devia ser o auge do verão e era uma tarde tranquila. Eu não sentia mais dor, na verdade eu me sentia ótima estava pronta para uma nova partida de quadribol. Foi com um choque que avistei duas figuras sentadas a beira do lago, era eu, sim, eu estava me vendo, mas ao mesmo tempo não era eu. Lá estava a garotinha de cabelos acobreados sentada no colo de sua mãe, que lia um livro de capa azul e brilhante.

–E assim eles se casaram e viveram felizes para sempre! Fim. – Falou a mais velha com um sorriso.

–Conta de novo mamãe? -A eu de quatro anos de idade pediu.

–Já chega por hoje Lílian, já contei três vezes a mesma história! Você não enjoa nunca da Cinderela? - Perguntou minha mãe rindo da empolgação da pequena garotinha, ou seria da minha empolgação?

–Mãe, ela é linda, tem uma fada “madina” e casa com o pincipe. Eu quero ser ela! - Ah Merlin, eu já fui fofa assim? Sorri involuntariamente ao ouvir a doce garotinha tropeçar nas palavras, tão diferente da Lílian de hoje.

–Quer sabes uma coisa sobre contos de fadas trouxas Lily? - Perguntou a ruiva mais velha, em resposta a garotinha balançou a cabeça no sinal universal de negação.

– Eles não existem... - Achei brutal a forma como minha mãe me revelou aquilo, eu poderia ter ficado traumatizada sabe?

–Mas mamãe, eu quero... -

–Escuta a mamãe, eles não existem porque as princesas não são assim! As princesas de verdade devem lutar para conquistar o que desejam, a sua adorada Cinderela não fez nada só teve muita sorte e é isso que não existe minha pequena. -

–Mas mãe, eu quero ser uma pincesa! - A eu mais nova estava ficando realmente brava, ela fazia biquinho enquanto teimava com minha mãe, ou sua mãe, droga isso é muito confuso.

–Ah Lily, um dia você vai entender que por mais que agente sonhe e queira algo, acima de tudo é preciso muita luta.

–Mas eu não gosto de brigas. - Essa inocente resposta fez com que eu e Gina ríssemos.

–Não, brigas não são legais mesmo. O que eu quis dizer é que você não chega a lugar nenhum se ficar parada, as coisas não vem de graça, não acontecem por acaso.

–Então eu posso ser uma pincesa? - Perguntei novamente, estava bem claro que todo aquele papo de luta e determinação não estava me convencendo, no momento eu só queria ser uma princesa com as das histórias trouxas.

–Você já é uma princesa Lily, a minha princesinha. - Minha mãe então começou a me fazer cócegas fazendo com que a eu que estava sentada em seu colo começasse a gargalhar freneticamente e balançar as perninhas brancas tentando escapar da "tortura".

Tudo então começou a se dissolver a minha frente e quando dei por mim já estava sentindo dor novamente.

–Ditnamo, agora! - Pediu a voz de um homem com urgência, segundos depois senti como se toda a minha musculatura estivesse em chamas, eu estava sendo queimada viva só podia ser isso. A dor me atingia com muita força, eu não conseguia respirar, tudo doía, seria tão mais fácil voltar a sonhar.

–Quando eu contar três todos juntos! 1, 2 e 3! - Feitiços vindos de todos os lados me atingiram, a dor sumiu e eu estava no jardim da minha casa.

Estava claro pra mim que aquilo era mais uma lembrança antiga e esquecida em minha memória, afinal a minha antiga casa de bonecas ainda estava no centro do gramado, próximo ao balanço de Alvo, antes que eu pudesse me preparar algo pequeno e de cabelos compridos passou por mim como um borrão.
Me reconheci novamente, devia estar com 7 ou 8 anos, e na verdade aquela lembrança não era tão esquecida assim, eu sabia o que a pequena Lily estava indo fazer. Ela iria arrombar o armário de vassouras e tentar voar sozinha, coisa que sua mãe e seus irmãos mais velhos ainda não permitiam.

Segui na direção da garotinha, estava me sentindo muito mas muito estranha mesmo, era diferente assistir tudo como uma observadora, eu me lembrava do quanto estava apavorada e ansiosa naquele dia. Eu havia esperado o verão inteiro por uma brecha nos constantes cuidados da superprotetora Gina e finalmente o dia tinha chego!

Mamãe estava na Toca com os garotos e meu pai que deveria estar cuidando de mim, roncava sonoramente no sofá.
Quando a pequenina pegou a vassoura que pertencia a James fechou os olhos de prazer, não podia deixar de sorrir, era muito prazeroso saber que em poucos segundo estaria no ar.
Como se voasse todos os dias a Lílian mais nova montou em sua vassoura e ganhou os ares, era incrível como uma garota tão nova podia ser tão habilidosa. Sorri enquanto via a mim mesma, eu realmente havia nascido para o quadribol, nada completaria minha vida como o esporte completava.

A garotinha já gargalhava queria que seus pais e irmãos estivessem ali para vê-la! Ela voava melhor que James, por que ele tinha uma vassoura e ela não? Eu apenas observava maravilhada quando a dor me atingiu novamente e mais uma vez o mundo se desfez.

–ELA NÃO ESTÁ RESPIRANDO! OS BATIMENTOS ESTÃO DIMINUINDO! VAMOS PERDÊ-LA!. –

Dor, muita, inexplicável, não sei se consigo me lembrar exatamente do momento em que decidi que era mais fácil morrer, não, eu não queria vida se para isso era preciso sofrer tanto, eu estava cansada. Meu peito subia e descia com força, senti espasmos por todo o meu corpo e então decidi que queria abrir os olhos.

–ELA ESTÁ CONSCIENTE SENHOR! – Um homem jovem usando uma máscara verde limão cobrindo a boca e o nariz me encarou surpreso. Foi a última cisa que vi antes de desistir, não suportava mais, antes de perder a visão ouvi a última frase dita em um tom baixo, quase que como um suspiro.

–Nós a perdemos.

2º ATO – FAÇO UMA VISITA À MINHA AVÓ

Quando abri meus olhos estava um lugar estranho, na verdade demorei um bom tempo para perceber que estava no estádio das Harpias de Holyhead. Mas ele estava diferente, eu me encontrava parada em pé nas arquibancas mais altas, mas não conseguia ver o campo que estava encoberto por uma estranha névoa branca, nem um pedaço de grama estava visível. Era como se fosse uma grande nuvem branca, muito alta e espessa, quando tentei olhar para o céu fiquei atordoada, acima de mim havia apenas uma luz branca muito forte. Como se exatamente em cima da minha cabeça houvesse um daqueles canhões de luz gigantescos.

–Você fica bem nesse uniforme Lílian. – Um grito ficou mudo em minha garganta, vinda de lugar algum estava uma mulher de cabelos arruivados, exatamente como os meus, mas ela havia sido agraciada com belos olhos verdes. Assim que vi os olhos a reconheci, aquela era Lílian Evans a mãe do meu pai, o motivo do meu nome ser Lílian. Então eu estava morta? Deveria estar, aquela mulher estava morta e eu podia vê-la e conversar com ela então também estava, simples assim.

–Obrigada senhora. – Respondi sem saber muito bem como agir, após o choque em ver minha falecida avó, me toquei sobre o elogio. Uniforme? Encarei meu próprio corpo e sorri ao me ver usando o uniforme oficial do Harpias, no meu conceito de moda, aquilo era praticamente um traje de gala.

–Não me chame de senhora, já é estranho falar com uma neta que tem mais da metade da minha idade. – Respondeu sorrindo pra mim. Fiquei em silêncio encarando o lugar e algumas vezes olhava para minha avó que sorria docemente e não parecia disposta a me explicar o que estava acontecendo.

–Então? – Perguntei por fim.

–Então? –Ela refez minha pergunta achando graça em minha confusão.

Você está morta? – Certo, pergunta estúpida, mas mesmo assim “Lílian vó” respondeu.

–Definitivamente.

–Então, eu estou morta?

–Está? – Mas que droga de resposta era aquela, como assim? Era difícil responder sim, ou não?

–Acho que sim, se você está morta, eu estou aqui falando com você...aliás onde exatamente é aqui? –Perguntei ficando cada vez mais confusa.

–Me responda você, onde estamos? – Franzi a testa cansada dessas perguntas, não deveria ser eu quem perguntava? Meio transtornada respondi.

– Estádio das Harpyas de Holyhead, estamos nas arquibancadas.

–Interessante. – Sem mais saber o que falar resolvi permanecer calada, quer dizer, ela não me dava respostas objetivas, por que eu iria gastar saliva? Não sei quanto tempo passou, mas finalmente comecei a ganhar minhas explicações.

– Você tem uma opção Lily, eu não tive, você pode escolher o que quer. – O que ela queria dizer com isso, eu tinha morrido certo? Eu ouvi o curandeiro falando que tinha me perdido e bom eu sabia o que isso significava.

–Isso quer dizer que? – Perguntei tentando entender.

–Isso quer dizer que você não morreu, não ainda, se o que deseja é voltar é isso que você terá. Por outro lado se permanecer é seu desejo será bem vinda aqui. – Eu estava apavorada, não queria voltar a sentir dor, eu me sentia tão bem, estava tão saudável, a qualquer momento eu podia pegar uma vassoura e voar eternamente.

Isso eu poderia passar a minha eternidade jogando quadribol, sem nunca mais sentir medo, dor, fraqueza, nunca mais teria meu coração partido e nunca mais choraria. Era tão fácil ficar.

–O que tenho que fazer para ficar? - Perguntei indecisa quanto ao que eu queria.

–Apenas desça até o campo, siga em frente, é só isso. Tem certeza Lily? Eu adoraria ter você comigo, mas posso esperar mais alguns 80 anos. – Eu poderia conviver com minha vó se eu ficasse? Eu poderia conhecer meu tio Fred?

–Eu não sei, eu não sei...- Falei para ninguém em especial, eu estava ficando apavorada, meu coração batia acelerado, minha respiração estava desregulada como um lembrete que ainda poderia viver.

–Se ficar você nunca vai saber como seria se tivesse tentado, nunca mais irá se apaixonar, não irá envelhecer, nunca mais vai saber como é vencer um medo. Não poderá constituir uma família, nem encontrar seu grande amor, se ficar Lily será sempre o que é hoje, você não vai evoluir não vai crescer.

–Eu não sei...-Respondi contendo as lágrimas, mas no fundo eu já sabia, minha decisão estava tomada. Lílian Luna Potter não fugia da dor, ela lutava até o fim, ia até o seu limite todos os dias, por que naquela situação seria diferente?

Como se alguém lesse meus pensamento tudo clareou, não enxergava mais nada por causa da luz cegante, e como em um sussurro ouvi a voz de Lílian Evans.

–Ainda nos veremos minha querida!

Antes mesmo de abrir os olhos, já estava me preparando para a dor lancinante que era manter meu corpo vivo, porém nada aconteceu, para meu completo desespero eu estava em pé encarando a mim mesma sem vida na maca.

Não aquilo não estava certo, eu queria viver! Eu queria sentir a dor, eu queria viver! Não quero mais a morte, eu encarei seus portões e recusei!

–ALGUÉM ME AJUDE!NÃO QUERO MORRER!ESTOU AQUI! ESTOU VIVA! – Por mais que eu gritasse a plenos pulmões, ninguém me ouvia, as enfermeiras começavam a retirar as poções da sala, logo eu estaria sozinha ali, eu e meu cadáver.Todos os curandeiros haviam desistido, me deram como morta, mas eu não estava. Eu queria gritar para eles voltarem a cuidar, de mim, lancem mais feitiços!

Foi quando ouvi um grito ainda mais forte e sofrido que o meu.

–NÃO, NÃO A MINHA FILHA NÃO. A MINHA PRINCESINHA NÃO! – Minha mãe gritava como nunca antes, nunca tinha visto ela perder controle, eu ouvia seu choro soluçante, ouvia as pessoas tentando acalmá-la. Mas ela não parava de chorar.

Nunca quis tanto abraçar minha mãe quanto naquele momento, ela tinha cuidado de mim a vida inteira, por nove meses seu corpo havia sido o meu também, ela precisava saber que eu queria viver. Eu precisava viver.

Quando estava decidida a sair daquele quarto uma ruiva entrou correndo e chorando, Gina Weasley havia vencido os enfermeiros, se transformara em uma leõa que morreria por seus filhotes se fosse preciso.

Já sentiu o coração sangrar? O meu sangrou ao ver minha mãe derramando lágrimas sobre meu corpo, sangrou ao ver a forma como ela me abraçava e soluçava inconsolável, senti sangrar ao ver meu pai abraçar minha mãe. Harry Potter chorava copiosamente, não fazia barulho, não falava ou gritava apenas derramava lágrimas e mais lágrimas enquanto tentava segurar minha mãe.

Doeu ver meus irmãos parados na porta encarando a cena, doeu ver James cair no chão sentado e então dobrar os joelhos e segurá-los como uma criança assustada faz para se esconder do mundo, meu irmão mais velho meu irmãozão se balançava enquanto dirigia palavras de consolo a si mesmo. E Alvo? Sempre tão calmo começou a gritar com o curandeiro mais próximo.

–NÃO, ISSO ESTÁ ERRADO! VOCÊS DEIXARAM ELA MORRER! NINGUÉM MORRE POR CAIR DA VASSOURA! A CULPA É DE VOCÊS! – E então meu controlado e passivo irmão do meio avançou no pobre homem que não tinha respostas.

Eles me amavam, realmente me amavam, e eu precisava voltar. Caminhei em passos firme até a cama e olhando com firmeza para meu corpo desejei algo do fundo da minha alma, nunca antes havia desejado algo assim.

EU QUERO VIVER, EU QUERO VOLTAR! EU QUERO, PAGO QUALQUER PREÇO MAS EU QUERO A MINHA VIDA! EU LÍLIAN POTTER DIGO NÃO PARA A MORTE!

3º ATO

–Mãe, você está me sufocando.


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Notas finais do capítulo

NB/ Certo. Sabe o que é ruim em betar uma fic excelente? Você nunca tem grandes contribuições a fazer.
Nada a declarar sobre este capítulo. Ou melhor tudo a declarar. Feito com perfeição e muito comovente mostra uma Lily Potter com garra, com vontade de viver a vida.
Gêmea, você se superou neste capítulo. Quando me disse que este era o seu preferido eu já imaginava que estivesse ótimo. Se fosse NOMS seria um Excede Expectativas.
Um comentário? MANDEM MUITAS REVIEWS PQ EU QUERO O PRÓXIMO CAP LOGO.
Beijos da beta, completamente assombrada com a genialidade de sua gêmea (é meio óbvio que na nossa irmandade quem pegou toda a criatividade foi a Lore).
Milady Balck
NA/ Bom, é isso. Beta não exagere, você sabe que quando a esmola é de mais até o santo desconfia! E é óbvio que a parte criativa é sua, a parte dramática é minha!
COMENTEM!
RECOMENDEM!
Beijos
Loreline Potter