POV Nico
Acordei assustado com o rock que tocava em meu iPod, perdendo o sono. Era madrugada ainda, provavelmente umas três da manhã. Rolei algumas vezes na cama, mas desisti assim que tive uma ideia.
Levantei, lavei o rosto e escovei os dentes. Coloquei um casaco e pulei pra fora da janela, levando comigo alguns cobertores e dois travesseiros. Deixei eles na parte de trás de meu chalé, no pé da escada que levava ao mini terraço que eu tinha. Ele era decorado com algumas luzes e tinha umas cadeiras para pegar sol, mas eu raramente as usava.
Fui andando devagar e sorreteiramente até o chalé número um, onde, mesmo estando completamente escuro, ainda se podia ver alguns raios passando nas janelas.
Para passar pela porta, tive que viajar pelas sobras. Afinal, eu não queria fazer barulho nem levar algum choque.
Parei do lado da beliche onde minha amiga dormia. Como esperado, toda a raiva que eu sentia algumas horas atrás tinha ido embora.
Me agachei ao lado da cama, cutucando seu ombro algumas vezes. Quando percebi que ela não acordaria, sussurei baixinho em seu ouvido.
- Thalia... Acorda, Para-raios – Ri com o apelido, e ela pareceu ter escutado.
- Di Ângelo? – Ela abriu os olhos – O que Hades você faz aqui?
- Bom, eu perdi o sono e resolvi vir visitar minha amiga – Sorri torto – Não que você se encomode, não é?
Ela bufou e revirou os olhos.
- Me deixe voltar a dormir – Ela virou de lado.
- Nem pensar! – Falei, aumentando a voz.
A peguei pelo braço, puxando-a até que saísse da cama.
- Você está louco? O que quer de mim, idiota? – Ela puxou a mão, me obrigando a soltá-la. Cruzou os braços na frente do peito, tentando se cobrir ao máximo. Rolei os olhos e ri.
- Eu pensei em nós darmos uma saída por ai, o que acha?
- Por qua!? – Ela grunhiu alto – Eu estou com sono, com frio e provavelmente vá ficar zangada daqui alguns minutos.
Andei até o interruptor e o liguei, iluminando o quarto. Thalia apertou os olhos, os protegendo da luz.
- Vamos, coloque uma pantufa e um moletom – Falei, olhando para sua camisola curta – E bem, a não ser que se sinta confortável assim, coloque uma calça também.
Dei uma olhada rápida nela. Mesmo tentando esconder, podia-se ver que ela tinha um corpo lindo. Mas me forçei a ignorar, esperando-na fazer o que eu disse.
A filha de Zeus pegava as coisas aleatóriamente, sem combinar ou coisa parecida. Colocou uma calça quadriculada, um casaco do Batman e uma pantufa listrada. Se ela não estivesse linda, eu teria rido. (Clique aqui para ver o pijama)
Feito, nós caminhamos na direção do meu chalé. Eu a obriguei a subir no terraço, falando que contaria a todos sobre seu medo de altura.
- Eu te odeio, Di Ângelo- Thalia sussurou, subindo a escada.
Ri e peguei os cobertores e travesseiros que tinha deixado ali.
- Você vai ter que arranjar um apelido para mim, por que esse já está ficando gasto – Comentei enquanto deitava.
As duas cadeiras de tomar sol estavam lado a lado, quase como se formassem uma cama de casal.
- Que tipo de apelido? – Ela pegou um cobertor e se aconchegou, virada para mim. Me cobri e fiquei na mesma posição.
- Gostosão, o Poderoso, Mr. Bang Bang... Coisas assim – Disse, sorrindo torto.
Thalia riu e revirou os olhos.
- Ridiculo – Falou.
- Invente um melhor então – Ergui as sobrancelhas – Vamos ver se você é tão boa assim.
Ela mordeu os lábios e ficou pensando por um minuto. Observei cada detalhe de seu rosto, tentando memorizar aquele momento. Ela ficava linda a luz das estrelas.
- Zé Vampir – Disse, com um olhar maroto.
- O quê? – Perguntei, rindo.
- Da Turma da Mônica – Ela falou, encolhendo os ombros.
Eu começei a gargalhar o mais alto que consegui. Ela me olhou surpresa e depois tapou minha boca com sua mão que estava para cima do corpo.
- Cala a boca, idiota! – Ela sussurou – Você acordar todo mundo!
Sem aguentar, lambi a palma de sua mão. Ela emitiu um som de nojo e eu ri mais ainda. Thalia limpou sua mão no meu braço, molhando meu moletom.
- Nico Di Ângelo, pelo amor dos Deuses, fica quieto! – Ela me bateu no braço, tentando ao máximo não gritar – Ou você se esqueceu que tem Harpias no Acampamento?
Parei subitamente e ela sorriu, vitoriosa. Me virei para cima e ela fez o mesmo. Ficamos alguns minutos em silêncio observando as estrelas, e assim que eu tinha certeza que não iria dar um ataque de volta, falei:
- Zé Vampir? – Virei-me para olhar em seus olhos.
- O quê que tem? – Ela parou - Pelo menos você tem um apelido.
- Quem disse que você não tem um? – Sorri – Ou você esqueceu do que eu te dei quando fui te acordar?
Ela me olhou, curiosa.
- Para-raios – Disse, me cobrindo com as mãos enquanto ela me dava tapas.
- Não acredito nisso! – Revirou os olhos.
- Não fale nada! – Ergui as sobrancelhas - Sobre o meu apelido... Não tinha algo menos ofensivo? – Falei, fingindo estar magoado.
Ela riu baixinho e pegou em minha mão.
- Eu posso encontrar outro apelido – Sorriu de uma forma meiga – Não que eu me importe com seus sentimentos, claro.
Apertei mais sua mão contra a minha.
- É, eu sei que não – Suspirei.